Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Eu estava bastante zangada com o David. No entanto, o disparate que o David fizera não fora por mal, e certamente não merecia a minha impaciência, ou pelo menos, não merecia tanto. Depois de ralhar, e de perceber que exagerara, abracei-o.
- Desculpa, David! - Disse, com sinceridade.
- Já te desculpei há muito - Respondeu-me ele, encostando a cabeça ao meu corpo num abraço. - Eu sei que me portei um bocadinho mal, e também sei que tu não querias ralhar tanto.
- Tens razão. Fomos os dois um pouco tontos. Vamos esquecer?
- Já está!
Tranquilizada com o perdão do meu filho, entrei no escritório para arrumar uns livros, e qual não foi o meu espanto ao deparar-me com isto:
A letra, o uso das maiúsculas e o esforço visível empregue neste trabalho não me deixaram dúvidas:
- Lúúúúúúúúcia!
A Lúcia apareceu a correr:
- Que foi, mãe?
- Posso saber quem andou a escrever nos móveis?
- ...
- Não consigo ouvir. Dizes-me por favor quem andou a escrever nos móveis?
- ...
- Lúcia?
- Mas, mãe, tu foste um bocadinho tótó. Ralhaste com o David e ele não tinha feito de propósito!
- E era preciso escrever isso no móvel?
O David chegou nesse momento. Perante a obra de arte da irmã, comentou:
- Oh Lúcia! Isso nunca mais vai sair! Um dia quando tu tiveres filhos, eles vão pensar que a nossa mamã ainda é tótó!
Não consegui disfarçar um sorriso. Mas foi com um ar forçadamente sério que explorei a ideia do David:
- Ai, Lúcia, os meus netos, bisnetos, trisnetos e tetranetos vão todos ficar a saber que eu sou tótó. Que tristeza!
A Lúcia tinha os olhos muito abertos:
- Ah, não pensei nisso! Olha, eu depois digo-lhes que me enganei.
E aos saltinhos, foi brincar.
Eu sei que, quando descobrimos o prazer da escrita, todas as superfícies são boas para escrever. Mas também sei que há coisas que só se devem escrever na areia. Entre elas, os pecados e os defeitos dos outros! Quando nos ensinou a rezar, Jesus ensinou-nos a perdoar o próximo prontamente, como o David fez:
"Perdoai-nos as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos
aos que nos ofendem." (Mt 6, 12)
É que é na areia, também, que Deus escreve os nossos pecados, para poder, com uma só onda da sua misericórdia infinita, apagá-los assim que Lho peçamos...
"Tem piedade de mim, ó Deus, segundo a tua misericórdia,
segundo a tua grande clemência, apaga as minhas trangressões!
Lava-me todo inteiro da minha culpa
e purifica-me do meu pecado!
Pois reconheço as minhas culpas
e tenho sempre presente o meu pecado.
Lava-me, e ficarei mais branco do que a neve!" (Sl 51/50)