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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Ontem à noite, o Francisco teve um encontro de jovens aqui em Anadia. A atividade estava programada para jovens dos quinze aos dezoito anos, e o tema era o namoro. Sobre o que falaram e trataram, ele mesmo escreverá, se o entender. Segundo ouvi dizer, foi um sucesso! Eu quero falar de outra coisa - e não me levem a mal...
Como animador de um grupo de jovens, o Niall esteve nas reuniões de preparação para este encontro. Foi também ele quem sugeriu e convidou a oradora, da Associação Família e Sociedade. Mas as divergências chegaram com a definição da faixa etária do encontro. O Niall e a oradora propunham idades entre os quinze e os dezoito; alguns dos restantes elementos do grupo arciprestal queriam alargar o encontro, propondo idades entre os doze ou treze e os trinta. Por fim, no espírito de amizade e procura que caracteriza este grupo, todos chegaram a um acordo, e ficou assente que o encontro seria para jovens entre os quinze e os dezoito.
O que é um jovem? As crianças hoje em dia deixam de ser crianças muito cedo. Eu lembro-me de saltar à corda e jogar ao elástico no sétimo ano... Os pais falam dos seus filhos de nove anos como "pré-adolescentes" (o que é isso?), e os modernos concertos musicais estão atolhados de crianças vestidas de adultos.
No verão passado, enquanto vigiava um exame de décimo segundo ano, depois de rezar dois terços e de continuar sem nada para fazer além de olhar para os alunos (que é o meu trabalho como vigilante, mas que é mesmo muito aborrecido), decidi olhar para os seus pés. Onde estão as sapatilhas desbotadas da minha juventude? As unhas arranjadas com precisão e os saltos altos fizeram-me por momentos pensar que estava numa festa de adultos... A Clarinha tem várias colegas que se maquilham diariamente, na casa-de-banho do colégio. E ainda não fizeram catorze anos!
Os meus filhos sempre tiveram alguma dificuldade em se integrar nestas modernas definições de infância e juventude. A falta da televisão e do telemóvel e as longas horas passadas em Náturia causam um natural prolongamento do tempo de infância. Recordo os comentários de alguns professores do Francisco, durante o segundo ciclo, que me faziam sorrir de satisfação: "O Francisco é um aluno de excelência, com um comportamento exemplar, mas é um pouco infantil, quer dizer, não na forma de pensar, mas porque precisa muito de brincar..." E lembro-me das queixas do Francisco ao chegar a casa, depois da escola: "Os rapazes da minha turma são uns chatos! Não querem jogar aos polícias e ladrões nem correr. Toca para o intervalo, e eles ficam sentados, a conversar e a jogar com as consolas..." Mais tarde, o colégio lembrou-se de proibir as consolas e os telemóveis durante o intervalo da manhã e de tarde, e o Francisco recuperou algum tempo de brincadeira com os amigos.
Ao mesmo tempo que se apressam as crianças a deixar a infância, prolonga-se indefinidamente a juventude. Trinta anos, jovens? Noitadas, farras, carnavais, vida sem grandes responsabilidades, e sem qualquer pressa em casar, em ter filhos ou em assumir algum outro compromisso? Eu sei que me vão falar no desemprego e na crise, nos estudos prolongados e na dificuldade em arranjar casa, mas nada justifica a completa infantilização de muitos jovens adultos de hoje.
Naturalmente que nem todos são assim, graças ao Senhor (eu pertenço à famosa "geração rasca", e por isso tenho raiva a generalizações!). Eu conheço vários jovens adultos, alguns leitores deste blogue, com histórias belíssimas de audácia e responsabilidade; e bastam uns quantos com garra para mudar o mundo...
Quando ouço comentários de colegas, na brincadeira, com saudades dos tempos de juventude, sinto sempre um arrepio. Eu detestaria ter de passar de novo pelas crises da adolescência, as paixões não correspondidas, as dúvidas de namoro, os conflitos com os amigos, as horas de estudo e o stress dos exames. Deus me livre! É tão bom ser adulta! Eterna juventude? Haja paciência! Tive uma juventude recheada de felicidade, mas uma vez bastou... Gosto de dizer que tenho 42 anos e sinto muito orgulho nos meus cabelos brancos, que são bastantes!
Viver o presente, em plenitude, com alegria, com realismo. Agradecer a Deus o dom do dia de hoje. Estar plenamente aqui, onde estou, seja criança, adolescente, jovem, adulto, idoso. Como diz o grande Livro do Eclesiastes:
"Há um tempo para cada coisa debaixo do céu.
Tempo de nascer e tempo de morrer
Tempo de plantar e tempo de colher
Tempo de matar e tempo de curar
Tempo de destruir e tempo de construir
Tempo de chorar e tempo de rir..." (Ecl 3, 1-8)
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