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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Niall, vem cá depressa ler o mail que recebi da Bruna!
- Da Bruna do Brasil?
- Sim. Ela enviou-me um link com uma grande novidade. Vem ver! Os pais de Santa Teresinha vão ser canonizados durante o Sínodo da Família!
- Uau! que maravilha! O primeiro casal canonizado em conjunto!
- Pois é. Zélia e Luís Martin foram beatificados pelo Papa Bento XVI em outubro de 2008, e agora vão ser canonizados, também em conjunto.
- E são um casal tão perto de nós no tempo! Casaram em em 1858, em França... Foi há cerca de 150 anos atrás! Tu não tens aí um livro sobre eles?
- Tenho. Quer dizer, emprestei-o à Olívia outro dia. Chama-se História de Uma Família. Mas não me faz grande falta, porque o conheço quase de cor!
A família de Zélia e Luís tem sido uma inspiração para nós desde o início do nosso casamento e continuou a ser quando as Famílias de Caná nasceram. Vamos assim, com toda a certeza, adotá-los como nossos santos padroeiros, no dia da sua canonização!
Zélia e Luís tinham defeitos e problemas, como toda a gente. Mas acima de tudo, tinham uma fé imensa no amor do Senhor, e uma vontade enorme de serem santos. Eles sabiam que a santidade é obra de Deus nas nossas vidas, e que basta abrirmo-nos à graça, empenhando nesta tarefa toda a nossa vontade, para que Deus no-la ofereça.
Num tempo em que se escreviam muitas cartas, Zélia deixou-nos um enorme tesouro escrito sobre a vida espiritual da sua família. Na sua casa - como na casa das Famílias de Caná - rezava-se o terço e meditava-se na Palavra de Deus todos os dias. Na sua casa - como na casa das Famílias de Caná - havia um lugar de oração, encimado pela imagem de Nossa Senhora das Vitórias, a mesma imagem que um dia sorriu à futura Santa Teresinha, curando-a miraculosamente. Na sua casa - como na casa das Famílias de Caná - contavam-se histórias da Bíblia e histórias das vidas dos santos, visitava-se o Santíssimo nas diversas igrejas da cidade, servia-se o próximo com amor.
Zélia e Luís tiveram nove filhos, mas quatro morreram na primeira infância. Eles conheceram bem a dor! Com uma fé imensa, aceitaram prova após prova, sem nunca se revoltarem, plenamente convencidos do amor absoluto e infinito de Deus por eles. Depois destas quatro mortes, Zélia engravidou novamente. Tinha quarenta anos. Estaria louca? Todos a criticaram... Nove meses depois, nascia Santa Teresinha. Imagino a festa que Deus terá feito a Zélia e a Luís quando eles chegaram ao céu... Imagino Jesus a agradecer-lhes não terem recusado o dom que Santa Teresinha representou para a Igreja!
Quatro mortes, pensamos nós, seriam uma cruz suficiente para qualquer família. Mas não foi: quando Teresinha tinha quatro anos, Zélia faleceu com cancro da mama. Viúvo, Luís mudou-se com a família para Lisieux, onde viviam os cunhados, para que as filhas crescessem na companhia dos tios e das primas. Em Lisieux, as meninas conheceram o Carmelo, onde quatro das cinco irmãs se consagrariam totalmente a Deus.
Zélia e Luís tiveram uma vida difícil. Luís era relojoeiro, Zélia era costureira. E embora Zélia trabalhasse em casa, onde tinha uma pequena oficina com trabalhadoras contratadas por ela, o seu horário de trabalho era longo, prolongando-se por vezes até à meia-noite. Mesmo assim, às cinco da manhã, o casal saía de casa e dirigia-se à igreja mais próxima para participar na Eucaristia.
A sua vida familiar conta com alguns episódios bem divertidos, relatados por Teresinha na sua autobiografia e por Zélia nas suas cartas. Foram uma família alegre, que gostava de festas, de rir, de cantar, de passear no campo e de ir à pesca. As suas portas estavam abertas a todos os mendigos que passavam na rua, e os avós foram acolhidos na casa de Alençon no final das suas vidas, cuidados por Zélia e Luís até partirem para o céu. No jardim havia um baloiço onde as pequeninas brincavam. Teresinha e Celina, como os meus filhos, faziam tisanas de brincar com as ervinhas do jardim, para servir às bonecas e aos papás, e sujavam os vestidos na terra. Uma família feliz!
A santidade não é privilégio de alguns, mas vocação do ser humano. Disse Jesus:
"Sede perfeitos, como o vosso Pai que está nos Céus é perfeito."
(Mt 5, 48)
Que Luís e Zélia nos ajudem neste caminho de santidade familiar! Amen.
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