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Fardos leves e jugos suaves

por Teresa Power, em 18.06.14

Num destes domingos, no final da missa, uma mãe muito querida veio ter comigo. Empurrava a cadeira de rodas do seu filho do meio, um menino lindo, de cabelos encaracolados escuros e olhos grandes, com paralisia cerebral profunda. Debrucei-me sobre o menino, acariciei-lhe os caracóis e afaguei-lhe as faces:

- Como estás, Nuno? Há uns tempos que não te via! Lembras-te de mim?

- Claro que se lembra! - Respondeu-me a mãe - Quando a Teresa começa a cantar, na missa, ele bate logo palmas e faz os seus sons de mimo, a querer dizer que reconhece! - Depois a mãe mudou de tom, os olhos cheios de lágrimas:

- Venho pedir-lhe orações... O meu menino vai ser operado novamente, e desta vez com a coluna aberta de alto a baixo... - Chorou durante alguns minutos, enquanto eu acariciava o rostinho do seu filho. E continuou: - Os médicos têm medo que ele não acorde...

Olhei de novo para a criança, e de novo para a mãe. Conheço bem o amor que circula entre os dois! Em silêncio, dei graças a Deus pelo dom magnífico que Ele nos faz da maternidade. Aquela mãe, numa lógica que é tão divina como materna, estava a pedir a Deus que não a libertasse ainda do seu "fardo"... Que lhe devolvesse o seu menino, esse mesmo menino que a prende em casa, que a impede de "tirar férias dos filhos", como tanto se ouve dizer por aí, que não lhe permite sonhar: "Um dia, quando eles crescerem e saírem de casa, ou quando eles deixarem as fraldas e se tornarem independentes, então vou aproveitar a vida!"

 

Fico a pensar no egoísmo deste nosso mundo ocidental moderno, que aceita com naturalidade as nossas "queixinhas" porque a vida não é fácil e ter filhos é trabalhoso. Lembro-me da mãe sudanesa que tem de cuidar de dois bebés com os pés acorrentados, como referi aqui e aqui. Lembro-me das mães indianas que não têm que dar de comer a seus filhos. Lembro-me das mães sírias, palestinianas, israelitas, que vêem os seus filhos serem mortos na guerra. E lembro-me de todas aquelas que, como a minha amiga, têm filhos diferentes. Com que direito nos queixamos nós?

 

Depois recordei-me do que Jesus nos disse:

 

"Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de Coração, e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve." (Mt 11, 28-30)

 

Hoje - o amor é um verbo que se conjuga sempre no presente! - não me vou queixar de nada, "pois Deus ama a quem dá com alegria" (2Cor 9, 7).

O amor torna leve os fardos pesados que vão surgindo, e um coração manso e humilde encontra a paz no meio da dor...

Hoje, quarta-feira, é o dia da longa operação do Nuno. Estará na sala de operações o dia inteiro... Rezemos juntos por ele e pela sua família!

 

 

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publicado às 06:41


1 comentário

De Olívia a 18.06.2014 às 09:30

Hoje muitas famílias se juntarão à família do Nuno em oração.
Hoje rezamos assim:

Que o Sagrado Coração de Jesus aconchegue o menino durante a operação, para que não esteja assustado.

Que o Espírito Santo Ilumine os cirurgiões que nestas horas têm nas mãos esta árdua tarefa.

Que o Pai conceda à família a graça de não desanimar e de confiar na sua bondade.

Ámen

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