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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Festa de "finalistas" da Lúcia: a pré-escola terminou! A Lúcia está apta a entrar no primeiro ciclo, e por isso merece uma festa!
Com simplicidade, assistimos todos à sua exibição, escutámos as canções e batemos palmas. Depois regressámos a casa, a Lúcia guardou a cartola e entregou-se às suas brincadeiras com os irmãos.
Passados alguns dias, a Lúcia fez-me uma pergunta:
- Mãe, o que é um restaurante?
Depois de um momento de surpresa, percebi que a Lúcia não tinha como saber o que era um restaurante. Não me recordo de alguma vez a ter levado a um! Quando saímos, levamos sempre um piquenique. Bem, se ela me perguntasse "o que é um piquenique?" isso sim, seria razão para alarme!
Mas a pergunta da Lúcia tem uma razão de ser. É que quase todos os seus amiguinhos foram jantar ao restaurante para festejar o fim da pré-escola! Eu sei que é fantástico encontrarmos ocasiões para celebrar a vida com os amigos, e fazermos um esforço por nos relacionarmos com os pais dos amigos dos nossos filhos. Não é nada disso que me fez reflectir. A questão é outra! Dizia-me uma amiga com nove filhos, de quem já falei aqui, e que também não foi ao restaurante celebrar:
- Hoje, para se ser pai é preciso fazer tudo tão perfeito, tão perfeito, que não se podem ter muitos filhos! Transformámos as crianças no "Rei Sol", e orbitamos à sua volta como planetas assustados...
Eu já ouvi mães dizerem, com tristeza e sinceridade, que não se sentem capazes de ter mais filhos porque acham que não iriam ter tempo para eles, ou porque talvez não os pudessem amamentar como tinham feito com o irmão, ou porque não teriam possibilidades de oferecer a outra criança as condições de vida que oferecem à primeira. Vejo a toda a hora pais exaustos, que não têm tempo para o casal ou para si mesmos, porque passam o pouco tempo livre que têm a fazer de motoristas dos filhos, levando-os da natação ao ballet, do judo ao futebol. No Evangelho, Jesus acusa os fariseus de atarem fardos demasiado pesados aos ombros do povo simples (Mt 23, 4). É o que está a acontecer com a maternidade e a paternidade! Complicamos tanto as coisas, que se torna impossível ter uma família realmente numerosa.
A boa notícia é que não precisamos de carregar nenhum destes pesados fardos! Jesus diz-nos claramente no Evangelho:
"Procurai primeiro o Reino de Deus, e tudo o resto vos será acrescentado." (Mt 6, 33)
Será realmente preocupante a Lúcia não saber o que é um restaurante, porque os pais não têm tempo nem dinheiro para isso, se puder brincar numa casa cheia de irmãos? Será realmente preocupante não poder amamentar um bebé, porque as exigências dos patrões em tempo de crise não o permitem, se os filhos experimentarem um amor incondicional a toda a hora? Será realmente preocupante não ter uma festa de anos com insufláveis, se os amiguinhos puderem jogar com os pequenos aniversariantes ao lego no chão da sala? Será realmente preocupante a criança não frequentar um sem-número de desportos, se em vez disso tiver a liberdade para subir às árvores, jogar à bola no jardim ou patinar na cozinha?
O que procuramos nós primeiro? Quem ou o quê colocamos nós no centro da nossa vida? Tenhamos a coragem de colocar Deus no centro da nossa vida. Se for preciso, tenhamos a coragem de corrigir a rota do nosso pequeno planeta familiar e deixar de orbitar em torno de tudo o resto, para que só Deus seja o nosso Sol. Não conseguiremos fazer tudo aquilo que o mundo exige de nós, e não seremos perfeitos aos olhos do mundo, claro, porque não aguentaremos o seu ritmo. Mas que nos importa isso? Tudo nos será acrescentado, segundo a promessa de Jesus. Tudo? Sim, tudo: a felicidade! Ah, e que felicidade...