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Festa do pijama

por Teresa Power, em 24.11.14

No dia 20 deste mês, o António e a Sara foram para a escola de pijama. Sim, de pijama! Nos braços, levavam a sua almofadinha e um ursinho de peluche. E na cara, um grande sorriso!

festa do pijama.JPG

20 de novembro foi o Dia Nacional do Pijama, e o Centro Social de S. José de Cluny é uma das escolas que adere a esta celebração. A intenção é recordar ao país que todas as crianças têm direito a viver no seio de uma família, seja a sua, seja uma família de acolhimento. Em Portugal existem 8142 "crianças invisíveis", como os mentores deste dia lhes chamam, separadas dos seus pais e que vivem em instituições. Na maior parte dos outros países europeus, a norma é estas crianças viverem em famílias de acolhimento. Porque não em Portugal?

 

No dia 20, ao ver os meus filhos tão divertidos a brincar de pijama o dia inteiro, recordei os meus quatro sobrinhos adoptados, na Irlanda. Sim, a irmã mais velha do Niall sabia que não iria poder ter filhos biológicos desde os doze anos de idade, altura em que foi submetida a uma delicada operação e lhe foi retirado o útero; o irmão mais velho do Niall também não conseguiu ter filhos biológicos, apesar da sua mulher ter engravidado algumas vezes. Ambos os casais adoptaram duas crianças, que vivem felicíssimas no seio das suas famílias.

A minha sobrinha mais velha, filha da irmã mais velha do Niall, é uma bela rapariga romena, bem morena, estudante universitária de grandes olhos negros. Os pais foram buscá-la à Roménia quando a menina tinha quatro anos. Vivia num enorme orfanato, com muitas outras crianças, e assim que viu os meus cunhados entrar no recinto, atirou-se-lhes para os braços com a exclamação (em romeno, naturalmente):

- Finalmente já chegaram! Estava à vossa espera! Vamos para casa?

Os meus cunhados apertaram-na nos braços. Que emoção! Estavam pela primeira vez diante da sua filha... Precisavam de um intérprete para entenderem as suas palavras, mas não as suas emoções.

- Vamos ficar no hotel uns dias - Disseram-lhe. - Depois vamos para casa.

A menina mostrou-se extremamente desapontada. Num hotel? A cada dia que passava, mais se impacientava. Até que os meus cunhados decidiram desistir das três semanas que tinham pensado passar na Roménia, achando que seriam necessárias para a integração da menina... A sua nova filha esperara quatro anos por uma casa e uma família, não por um hotel! Alteraram o voo como puderam e em poucos dias regressaram à Irlanda, onde a sua nova filha foi recebida com grande alegria pelos avós, tios e primos. Que futuro teria esta menina tido na Roménia? Certamente um futuro de prostituição e pobreza extrema. Na Irlanda, é uma jovem realizada e bem disposta.

 

"Quem receber um destes pequeninos em meu nome, a Mim recebe." (Mt 18, 5)

 

A esterilidade física de um casal não precisa de ser esterilidade do coração. Às vezes, os tratamentos da infertilidade prolongam-se tanto e são de tal forma agressivos, que enchem o coração de amargura. E quando a amargura se instala no coração, é capaz de o tornar também infértil... Acolher uma criança, através da adopção ou tornando-se família de acolhimento, é acolher o próprio Deus. Aquele menino traquinas que vai aprender a crescer em casa dos seus novos pais, afinal, é o próprio Jesus... Que maravilha!   

 

O blogue Adotar, Amar, Viver e o blogue Beijo de Mulata são dois óptimos testemunhos de como a adopção pode encher a vida do amor de Deus. Mas há milhões de outros testemunhos, silenciosos e luminosos, no mundo inteiro! Que o Senhor nos mostre, em cada momento, como podemos acolhê-l'O em nossa casa. Ámen!

 

 

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publicado às 06:44


1 comentário

De Rogerio Ribeiro a 24.11.2014 às 18:30

Parabéns Teresa pelo aniversário do blogue!

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