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Homens de joelhos

por Teresa Power, em 19.10.15

- Lara, a tua terra tem uma igreja muito bonita!

- Conhece, professora?

- Fui lá ontem pela primeira vez. Era quinta-feira, e disseram-me que às quintas há adoração ao Santíssimo todo o dia. Como fica aqui perto da escola, fui lá rezar.

- Ah, tem lá umas cenas assim, tem... Já tinha ouvido falar!

- E tu não costumas ir?

- Acha, professora?

- Isso não é para velhotes? - Atalha a Ana, curiosa.

- O quê - adorar Jesus? Ana, tu vais à catequese?

- Vou, estou quase a fazer o crisma. Pensei que essa cena era para velhotes!

- Eh, malta, estão a falar das cenas da igreja? Eu até já vi a professora numa missa ou coisa assim. Estava a cantar!

Sorri - Sim, costumo cantar no coro.

- Eu até ia à missa quando era miúdo, e andei na catequese, mas agora já sou homem!

- E os homens não vão à igreja, Mateus?

- Os homens não precisam de lamechices! Já viu algum homem a sério na igreja?

- Olha, o meu marido vai sempre à missa. E é um homem a sério!

- Que estranho...

Sorrio, enquanto procuro retomar a aula de Inglês nesta turma barulhenta do Curso Vocacional. É, na verdade, bastante comum ver os homens sentados nos bancos de trás da igreja, ou até lá fora à espera, enquanto as mulheres se aproximam do altar. Parece que a religião é coisa de mulheres... E segundo a percepção dos meus alunos, coisa de "velhotas"! O que há de lamechas na capacidade de dar a vida por outro? Lembro-me da passagem do Livro de Josué, em que este grande líder, bem masculino, afirma a sua fé em nome pessoal e em nome da sua família, perante os perigos do paganismo à sua volta:

 

"Escolhei hoje a quem quereis servir: quereis adorar os deuses cananeus? Quereis antes adorar os deuses egípcios, donde Moisés vos foi buscar? Ou quereis adorar o Senhor nosso Deus, o único Senhor, que vos tirou do Egipto e vos conduziu pelo deserto? Eu e a minha família serviremos o Senhor.” (Js 24, 15)

 

Uma mãe de joelhos a rezar é uma imagem poderosa numa casa; mas um pai de joelhos a rezar, no mundo de hoje, é-o muito mais. No debate da Renascença no dia 4 de outubro, do qual participei, o padre Rui Pedro Trigo Carvalho, que esteve no recente encontro mundial de famílias em Filadélfia, falou num estudo curioso apresentado ao papa: quando procuramos evangelizar a família começando pela criança, como acontece com a catequese, alcançamos 5% das famílias; quando começamos pela mãe, cerca de 20%; mas se for o pai o primeiro a converter o seu coração, o sucesso é de 90%. 

Uma criança, um adolescente, um jovem que vê o pai de joelhos, em oração, jamais o esquecerá. "Ena, Deus deve ser mesmo importante, para até o meu pai, que não tem tempo para nada, se ajoelhar diante d'Ele!" Rezar em família não pode ser adiado para quando formos "velhotes". Tem de ser aqui e agora, no meio da agitação da vida moderna, quando os filhos estão em crescimento.

Todas as noites, na nossa casa, o chefe da família ajoelha-se para rezar. É ele quem começa e termina a oração "em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". É ele quem traz para a oração o que acontece pelo mundo fora, depois de escutar o relato das notícias na rádio, durante os três quartos de hora de viagem até casa, ao fim do dia. E muitas vezes, é ele quem segura nos braços os mais pequeninos, enquanto passa nos dedos as contas do terço. Haverá maior conforto do que adormecer ao colo do pai, ao som das avé-marias?

Ontem, pela primeira vez na História, o Papa canonizou um casal em conjunto: os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. Sobre o seu pai, escreveu Teresinha: "Bastava olhar para ele, durante a oração familiar, para ver como rezam os santos."

Não, Mateus, a oração não é coisa de mulheres; não, Ana, "essas cenas" da Igreja não são coisa de "velhotes". Ontem, no Vaticano, o Papa deu um sinal magnífico ao mundo inteiro, oferecendo-nos a imagem de uma família que reza como modelo de santidade. Imitemo-los...

canonização dos pais de santa teresinha.jpg

 Estandarte no Vaticano, durante a missa de canonização

 

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publicado às 06:00


4 comentários

De Olívia a 19.10.2015 às 15:24

É mesmo muito bom podermos ter como referência um casal, com filhos, só nos mostra que é possível uma vida de santidade!

Por acaso ninguém sabe em que dia do ano se comemorará o dia do Santo casal Martin?

De D. a 19.10.2015 às 15:43

Parece que será a 12 de Julho.

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