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Humildade e gratidão

por Teresa Power, em 12.03.15

Num destes domingos passados, na Eucaristia, tivemos uma surpresa: o senhor Martins, irmão salesiano, despediu-se de nós. Irá passar o tempo final da sua vida na casa de repouso que os salesianos têm perto de Lisboa, pois a idade já não lhe permite cumprir a rotina diária da casa de Mogofores.

O senhor Martins tem noventa e dois anos, um sorriso magnífico, e um carinho imenso para partilhar com todos os que dele se acercam. Foram noventa e dois anos ao serviço do Senhor! Nunca o vi triste, desiludido, ou dando mostras do cansaço que deve sentir. Nunca me aproximei do senhor Martins sem regressar mais cheia de Deus. Quando o conheci, há oito anos atrás, lembro-me de pensar: "Este senhor, quando morrer, vai direitinho ao Céu!" E tenho a certeza de que assim será.

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Custa-me imaginar o Santuário sem o senhor Martins, sem o seu sorriso tão bonito, sem os seus gestos tão profundos no serviço do altar, sem o carinho que sempre oferecia às crianças e os conselhos que gostava de nos dar. Enquanto o escutava, não consegui evitar que as lágrimas me molhassem os olhos.

Mas o que mais me comoveu no seu discurso de despedida foi a imensa lista de agradecimentos que o senhor Martins nos apresentou. Em vez de nos relembrar a sua obra, feita dia a dia com tanto esmero, o senhor Martins usou o seu "tempo de antena" para nos recordar todas as pessoas, sacerdotes ou leigos, que foram passando pelo Santuário durante a sua vida. Recordou as senhoras da limpeza e os diretores do colégio, as cozinheiras e os professores. De ninguém se esqueceu, e a todos se referiu com imensa gratidão. Lembrei-me do salmo:

 

"Bendiz, ó minha alma, o Senhor, e não esqueças nenhum dos seus benefícios." (Sl 103/102)

 

A gratidão nasce no solo fértil da humildade. Quem não é humilde, pensa sempre que tudo lhe é devido e queixa-se do que não recebe. A humildade, pelo contrário, torna-nos gratos, porque nos damos conta de que nada merecemos do bem que recebemos. 

Senhor, que eu saiba agradecer! Senhor, que eu saiba contemplar o teu amor naqueles que me rodeiam e nos gestos simples de serviço que neles descubro... Senhor, se algum dia eu vier a ter noventa e dois anos, que sejam noventa e dois anos de humilde gratidão! Ámen.

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publicado às 06:23


5 comentários

De maria da conceição simões a 17.03.2015 às 16:18


Foi realmente uma despedida muito comovente.
Também vou sentir muito a falta do Sr Martins, que tanto me ensinou com o seu exemplo. Muitas vezes entrava no Santuário, e o Sr Martins estava sentado num banquinho perto do Santíssimo. É um bom companheiro de Jesus.
Se ele não vai para o Céu poucos irão. As vezes peço a Nossa Senhora que no dia em que Deus o chamar, seja num primeiro sábado, pois vamos ter a certeza que vai logo ter com Ela. Estava sempre pronto para fazer alguma hora que faltasse na Adoração dos primeiros sábados.
Um grande exemplo para todos.

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