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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Num destes dias, recebi um mail muito simpático do diretor de uma das minhas turmas de Curso Vocacional: todos os professores estavam convidados a participar numa celebração festiva de "padrinhos e madrinhas" dos alunos! Que celebração seria esta?
Em conjunto com a psicóloga da escola, cada aluno escolhera um professor com quem se sentia mais identificado, mais à vontade, mais em sintonia. Esse professor iria desempenhar junto do aluno o papel de padrinho /madrinha, ajudando-o a crescer como pessoa. No mail, descobri que fora selecionada por um dos alunos para madrinha. Senti-me particularmente honrada!
O dia da "cerimónia de investidura" chegou. Dirigi-me para a escola com muita curiosidade. Em que sala estariam os alunos do Curso Vocacional? O barulho não me deixou enganar.
Entusiasmadíssimos, os alunos saltitavam entre as carteiras, indicando aos professores o seu lugar. Sentei-me na carteira que me foi atribuída, sentindo-me um bocadinho estranha "deste lado" da sala de aula, e esperei. A psicóloga conduzia a actividade, com um sorriso feliz.
- Podemos começar? - Perguntou. Todos estávamos ansiosos!
Ligando o som do computador, a canção dos Delfins "Nasce Selvagem" percorreu a sala. Sempre adorei esta canção pop, e relacioná-la com as fotografias dos meus alunos, que entretanto iam sendo projectadas na tela, causou-me um arrepio. Cada um daqueles meninos cheios de problemas, cada um daqueles meninos com pouca higiene e nenhuma educação era afinal o protagonista de um vídeoclip musical, e de um filme real, a percorrer lentamente a tela cinematográfica da vida.
"Para ti serás alguém nesta viagem..." Cantavam os Delfins. E os meus alunos, em poses divertidas e fotogénicas, sucediam-se na tela, com sorrisos desafiantes, tentando descobrir para quem seriam eles "alguém"...
"Quando alguém nasce, nasce selvagem..." Viamo-los ali, nascidos mas não amados, "selvagens" desde a primeira hora, à espera de um abraço que lhes ensinasse o sentido de pertença...
Depois, na tela surgiu projetado o texto que, com a ajuda da psicóloga, eles tinham escrito para nós:
"APELO aos Padrinhos- MESTRES DE VIDA
O peso dum passado
A dor do presente
Que nos impedem de viver e ser homens
E voar……
Quem me dá a mão para não me afundar
Para sobreviver
Respirar.
Me acalma os ânimos
Ouve as minhas lágrimas escondidas?
Quem me dá abrigo
Amizade
Me faz rir
Me ensina a multiplicar
A escrever palavras de amor
A RECLAMAR A VIDA
Preciso que não desistam de mim
Me façam sentir com valor
Me ensinem do aço fazer aviões para voar
Me ajudem a ver e cuidar das flores que não vejo
QUE NÂO CONSIGO VER
Há Mestres de OBRAS
INSTRUTORES
EDUCADORES
Nós requeremos mãos de obra , TÉCNICOS ESPECIALIZADOS em vida pois ás vezes somos material perigoso, explosivo, poluente…
PRECISAMOS de Mestres de Vida: Moldadores de Homens
Mestres Mentores que me ajudem a tirar as vendas, abrir a mente e a ALMA
FAÇA-SE OBRA
DO BARRO SE MODELE VIDA
DO METAL SE GEREM ASAS PARA VOAR"
Cada "afilhado" ofereceu ao "padrinho / madrinha" um bolbo de jacinto, para plantarmos nos nossos jardins e nos recordamos que devemos ajudar a fazer crescer e a fazer florir. Enquanto dava um forte abraço ao meu "afilhado", recordei-me da Palavra do Senhor:
"O meu Amado desceu ao seu jardim.
Foi pastorear nos jardins e colher jacintos..."
(Cc 6, 2)
São precisas tantas combinações de elementos, para uma flor brotar e crescer! A minha contribuição é certamente limitada, mas nem por isso menos importante...
Senhor, que eu nunca desista de trabalhar nos canteiros que me ofereces para jardinar! Que eu perceba sempre a Tua presença suave, caminhando no teu jardim por entre as tuas flores...