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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Quem me vem ajudar a tratar da horta?
- Eu!
- Eu!
- Eu!
- Eu!
Rodeado de quatro crianças, o Niall calça as galochas, pega na enxada e dirige-se para a horta. O trabalho que se segue promete ser árduo, pois a nossa horta tem estado um pouco abandonada, entre tantos trabalhos que todos os dias se nos oferecem.
- Já percebi que a minha tarde vai ser trabalhosa - Diz-me, a sorrir - Quando tenho quatro ajudantes, demoro também quatro vezes mais!
Mas o Niall sabe que o importante não é a qualidade da nossa horta. Felizmente, ela é apenas uma experiência pedagógica e não precisamos dela para comer! O importante é a qualidade do amor que os nossos filhos experimentam na sua tarde de trabalho na horta...
Mas se os mais novos adoram ajudar - desajudando -, os mais velhos já não insistem para que os deixemos trabalhar.
- Francisco, não vens comigo?
-...
- Francisco, preciso que retires todas as ervas daninhas.
- Todas, pai?
- Sim. É preciso limpar tudo para depois começar a plantar. Tens ali tudo o que é preciso, e o carrinho de mão está no pátio. Vens ou não vens?
Um suspiro quase imperceptível, o computador que se fecha, e o Francisco vai ajudar o pai.
O Niall sorri, contente. De novo, o que está em jogo é muito mais do que uma horta experimental... Importa ensinar aos nossos filhos o valor do trabalho e oferecer-lhes oportunidades para, também eles, aprenderem a amar, servindo.
Ao pôr do sol, encontro o Francisco na horta, três baldes de ervas daninhas a seu lado.
- Estás a fazer um belo trabalho! - Digo-lhe.
- Eu sei. Mas estou estafado! Hoje acordei com dores de costas por ter saltado tanto ontem com os cavalos.
- Todos nós estamos cansados. É natural! Agora importa não desperdiçares o teu trabalho desta tarde.
- Como assim, desperdiçar?
- Fizeste o que tinha de ser feito, porque o teu pai te pediu. Como filho obediente que és, não te passava pela cabeça não o fazer. Para o trabalho ficar feito, é indiferente estares de boa ou de má vontade... Mas para Deus, isso faz toda a diferença! Para Deus, só conta o que for feito por amor. O resto é pura perda de tempo.
- Eu sei. E é por isso que tenho estado a tarde inteira a oferecer a Jesus este trabalho!
Oferecer a Jesus o trabalho, por amor. Não é preciso que o trabalho nos faça sentir bem, nem que nos apeteça: basta dirigir a nossa intenção e, como o Niall e o Francisco, oferecer a Jesus o que tem de ser feito, unindo cada gesto à sua entrega na cruz. E de repente, tudo ganha sentido!
Desperdiçamos tantas oportunidades na vida, fazendo o que tem de ser feito por obrigação, contrariados, resmungando, para parecer bem, para não falarem de nós, por vaidade, por orgulho, por submissão... Dizia a Madre Teresa:
"Na nossa vida, não somos chamadas a fazer grandes coisas,
mas antes a fazer pequenas coisas com um grande amor."
E S. Paulo explica, no belíssimo capítulo 13 da sua primeira carta aos Coríntios:
"Se eu falar as línguas dos homens e dos anjos
mas não tiver amor,
sou como bronze que soa ou tímpano que retine.
E se eu possuir o dom da profecia,
conhecer todos os mistérios e toda a ciência
e tiver tanta fé que chegue a transportar montanhas,
mas não tiver amor,
nada sou.
E se eu repartir todos os meus bens entre os pobres
e entregar o meu corpo ao fogo,
mas não tiver amor,
nada disso me aproveita." (1Cor 13, 1-3)