Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Liberdade de educação?

por Teresa Power, em 03.05.16

Segunda-feira começou o mês de maio, e com ele, o mês de Maria.

- Mãe, temos de levar uma flor para Nossa Senhora! - Lembravam os meninos ao sairmos para a escola.

- Sim, vamos ter oração no pátio!

- É tão bom quando temos oração no pátio!

Chegámos ao colégio pelas oito e vinte da manhã, como costume. A manhã estava quente e, pela primeira vez este ano, os meninos iam vestidos com saias ou calções. No ar cheirava a primavera. No pátio do colégio, as crianças e os jovens estavam já agrupados por turmas, em silêncio, e a diretora do colégio, a Irmã Idalina, falava de Nossa Senhora e da forma digna como esperava que este mês fosse vivido. Aproximei-me para escutar e para rezar uma Avé-Maria em conjunto com toda a escola que escolhi para os meus filhos.

DSC06517.JPG

Entretanto, no edifício da creche e do pré-escolar, a excitação era muita: os meninos preparavam-se para fazer a sua homenagem à Mãe do céu e à mãe da terra, cantando e rezando. A homenagem do Dia da Mãe acontece, já há alguns anos, na primeira segunda-feira de maio, logo às nove da manhã, para não atrasar a vida das mamãs. Eu consegui trocar as duas primeiras aulas da manhã e, assim, ficar disponível para assistir a esta breve homenagem.

Concluída a oração no pátio, os mais velhos subiram para as suas aulas. Eu tinha cerca de vinte minutos livres até à homenagem dos mais novos, às nove horas. Como ocupar o tempo? Da forma que o faço sempre, ali no colégio, quando tenho de esperar por alguma reunião de pais ou algum espetáculo dos alunos: dirigi-me à capela e rezei. Que graça que é ter uma capela na escola! Em silêncio, agradeci à Mãe este dom.

Nove horas. A Sara e o António, com as suas batas vestidas, procuraram-me com o olhar e, logo que me viram, acenaram-me. Depois cantaram canção após canção, intercalando o tema da Mãe do Céu com o da mãe da terra. Não faltou o Avé de Fátima, nem o Quero ser como tu, Maria. Nas faces da maioria das mães - mesmo aquelas que, como eu, há muitos anos escutam as mesmas canções e são homenageadas da mesma forma - corriam grossas lágrimas de emoção.

P_20160502_092959.jpg

Eram dez horas quando, por fim, cheguei à minha escola. Já muitos amigos e colegas me perguntaram, ao longo do tempo: Por que razão não tenho eu os meus filhos comigo no Agrupamento de Escolas de Anadia? Porque não acredito na qualidade do ensino da minha escola? Porque tenho medo das influências dos alunos problemáticos? Por causa da diferença de posicionamento no ranking? Hoje, depois de conhecer ambas as escolas e várias outras pelo país, talvez algumas destas razões tenham o seu peso. Mas a razão principal e, na altura, única que me levou a escolher o Colégio foi esta: o Niall e eu queríamos uma escola católica para os nossos filhos. Esta razão foi suficiente para nos fazer mudar de casa, de Aveiro para Anadia. Em Aveiro há muitas e belas escolas, com ótimos professores e bem posicionadas no ranking (que vale o que vale); mas não há uma única escola católica.

As escolas com contrato de associação são a oportunidade que os pobres e as famílias numerosas de classe média têm de escolher a escola dos seus filhos. Os ricos têm muitos colégios à disposição, claro. As ordens religiosas que se dedicam ao ensino e várias outras instituições laicais têm ótimos colégios em muitas cidades do país para os que podem pagar propinas. Mas não terão os pobres e as famílias numerosas de classe média direito a escolher, de igual modo, a escola dos seus filhos? São estes os valores socialistas de igualdade? "Se queres uma escola diferente da estatal, terás de pagar", ouço dizer frequentemente. Porquê? Onde é que diz na lei que os meus filhos são obrigados a frequentar o ensino laico, estatal, igual para todos? Que mania é esta agora, num mundo cada vez mais plural e diversificado, de obrigar todos os alunos - que não possam pagar - a entrar no mesmo molde e receber o mesmo estilo de educação? Será que igualdade é uniformidade? Subsidiar uma escola já existente, com ótimas instalações suportadas na sua maioria por ordens religiosas autónomas, com corpos docentes estáveis e ótimos resultados escolares parece excessivo ao Estado? Será que fica mais barato ao Estado construir mega-escolas de raiz, empenhando milhões de euros?

Claro que por detrás de tudo isto não estão os fatores económicos nem de sucesso académico, pois as evidências em contrário são muitas: por detrás de tudo isto está o ódio que o mundo tem a Jesus. Já O crucificámos, já Lhe imobilizámos as mãos e os pés com pregos, e Ele continua a incomodar tanta gente...

 

"Se o mundo vos odeia, reparai que, antes que a vós, Me odiou a Mim. Se viésseis do mundo, o mundo amaria o que é seu; mas como não vindes do mundo, pois fui Eu que vos escolhi do meio do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Se Me perseguiram a Mim, também vos hão de perseguir a vós." (Jo 15, 18-20)

DSC06521.JPG

Se os contratos de associação terminarem, como o governo agora deseja, teremos de retirar os nossos filhos do colégio que escolhemos para eles, há quinze anos atrás. Segunda-feira, naquele pátio, sob aquele sol de primavera, escutando aquela Avé-Maria, percebi que tinha vontade de chorar.

DSC06522.JPG

Já assinaram as petições pela liberdade de escolha?

Façam-no aqui! E aqui!

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:00


21 comentários

De Isabel Silva a 03.05.2016 às 09:52

Querida Teresa, obrigado por escrever este post!
Também acredito que por trás de toda esta controvérsia de terminarem os contratos de associação está um ataque dissimulado à Igreja, afinal a maioria dos colégios abrangidos por este regime são católicos.
Tiraram as cruzes das salas de aulas e agora querem tirarem-nos a liberdade de escolher o projecto educativo que julgamos mais adequado aos nossos filhos, à família!

De Isabel Prata a 03.05.2016 às 10:15

Isabel,

parece-me que está enganada, a maioria das escolas com contrato de associação não são católicas. Por outro lado a escola pública para respeitar todas as religiões e aqueles que não têm religião alguma, tem que ser laica e, portanto, não deve priviligiar os símbolos de nenhuma religião.

De Isabel Prata a 03.05.2016 às 10:10

Bom dia, Teresa

Em primeiro lugar, esclareço que tive os meus dois filhos mais velhos e tenho agora o mais novo numa escola católica com contrato de associação. E que um dos motivos da escolha foi, justamente, o tratar-se de uma escola católica.

Posto isto, tenho a certeza de que esta discussão, sim ou não aos contratos de associação, não tem nada a ver com ódio a Jesus. A grande maioria das escolas com contrato de associação até são laicas. E tem muito pouco a ver com liberdade de escolha, já que as escolas com contrato de associação são apenas uma pequeníssima maioria mesmo no universo das escolas católicas, portanto só uma pequeníssima percentagem da população teria direito a essa liberdade de escolha. Por outro lado, em muitas dessas escolas com contrato de associação, católicas ou não o acesso é de alguma forma condicionado. No colégio do meu filho a grande, grande maioria dos alunos pertence a uma classe de média alta para alta. Aliás, eu estou a escrever isto tudo e possivelmente o meu filho será o único menino da turma dele que abandonará o colégio porque a família não pode continuar a suportar esse encargo, está no 6º e até agora sempre pagamos. Em 1º lugar o Estado tem que garantir uma educação de qualidade para todos e sendo os recursos limitados tem que os optimizar. Note-se que os contratos de associação só terminarão em zonas onde haja cobertura pública adequada. Por fim critico veementemente o facto de se ir quebrar unilateralmente um contrato que foi feito para 3 anos. O Estado como pessoa de bem não o pode fazer. Apesar disso, e pelos motivos que expressei, não assino estas petições pelos termos em que estão postas.

De Teresa Power a 03.05.2016 às 10:42

Em relação às escolas de ricos e pobres, Isabel, conheço o exemplo da escola dos seus filhos e também sei que, no colégio da mesma ordem religiosa onde estão os meus, muitos têm possibilidade de pagar e, portanto, não sairão do colégio com o fim dos contratos. Mas deixe-me dar-lhe o exemplo do colégio dos salesianos aqui em Mogofores (que os meus filhos não frequentam porque só tem dois ciclos de ensino, e eu precisava de todos os ciclos): há várias crianças que a segurança social quer retirar aos pais e que, como condição de não as retirar, impõe matricular os filhos no colégio dos salesianos. Várias! Sei-o de fonte segura. E sabe porquê? Porque no colégio dos salesianos cada criança é cuidada com toda atenção personalizada, e os professores, ao contrário da minha escola e de todas as que conheço, passam os intervalos no recreio, onde estão os alunos... Tive vários - vários! - alunos em turmas vocacionais, ou seja, alunos com todo o tipo de repetências e problemas, que acabaram por sair da escola e ir para os salesianos, onde foram aceites incondicionalmente. Quando pergunto ao nosso pároco por eles (o nosso pároco foi diretor dos salesianos até este ano letivo) ele diz-me que não, que lá não faltam às aulas, que lá não têm dado problemas, e que sim, que têm tido um acompanhamento altamente cuidado... Agora, se os contratos de associação terminarem, esta escola dos salesianos vai acabar. E sabe porquê? Porque o diretor se recusa a pedir dinheiro aos alunos. E ponto!

De isabel a 03.05.2016 às 10:54

Não tenho dúvida do que me diz. Aliás costumo dizer em favor dessas escolas que a escola pública teria muito a aprender com elas. E que os pais, sobretudo das escolas periféricas, não escolhem a escola privada em detrimento da pública porque qualquer razão de status, mas porque efectivamente a privada lhe oferece melhores serviços (e já nem estou a falar da educação religiosa). Os meus filhos mais velhos frequentaram até ao 9º o privado e passaram no 10º para uma pública, até ao 4º pagaram mensalidade. O meu filho mais novo frequentou sempre a privada, fazendo nós grandes sacrifícios para o ter lá, porque foi sempre paga. Mas achamos que valeram a pena esses sacrifícios. Em conclusão: a escola pública tem muito a aprender com esses bons exemplos da privada, mas é por aí que se deve ir quando os recursos são escassos. Em segundo lugar, os contratos de associação devem ser avaliados caso a caso e se calhar no caso da escola salesiana que refere o Estado devia mesmo subsidiar o ensino desses meninos mesmo sem contrato de associação.

De Anónimo a 03.05.2016 às 12:31

Teresa, sou leitor assíduo do seu blog, porque aprecio o seu testemunho de cristã, mãe de família e cidadã. Sobre o assunto deste post, permita-me que lhe deixe a minha opinião, precisamente enquanto cristão, pai de família e cidadão: misturar política e religião é perigoso e pode prejudicar ambas as esferas. E é o que a Teresa está a fazer ao transformar as medidas do governo relativamente aos contratos de associação em ataques à Igreja e ao próprio Cristo! Não se esqueça de que muitos colégios em causa nada têm a ver com a Igreja; por outro lado, boa parte dos colégios religiosos em nada dependem do Estado.

Tem toda a legitimidade para defender a escola dos seus filhos, de cuja qualidade possui, certamente, muitas provas. Porém, ao extrapolar essa defesa para todo o universo dos estabelecimentos com contrato de associação, está, desculpe os termos, a fazer o frete a muitos empresários que se dedicaram ao ensino pela mera perspectiva do lucro, sem sentido de serviço público nem preocupações com o futuro dos mais jovens ou com o bem-estar imediato da comunidade escolar (alunos, professores e demais funcionários).

Entretanto, a liberdade de escolha de que fala existe apenas para alguns, mesmo que todos contribuamos para ela, com os nossos impostos. Eu não tenho, na zona onde vivo, nenhuma opção de ensino privado gratuito para o meu filho. Perante isto, ao Estado, posso apenas (e é muito) exigir ensino público de qualidade. Quanto à educação religiosa, ela é, antes de mais, da minha responsabilidade, não do Estado laico.

De Teresa Power a 03.05.2016 às 13:09

Obrigada pela partilha! De facto, a função do estado é essa: onde não há outra oferta, terá de garantir que todos tenham acesso à educação e oferecer escola pública de qualidade. Agora onde a oferta já existe - seja ela católica, evangélica, islâmica, budista, laica, o que for - e garantindo que seja de qualidade e não haja violação de direitos humanos, cabe ao estado apoiar e subsidiar. Esta é a minha visão de estado, e a visão que está por detrás da educação noutros países que conheço de perto: não existe nada? Faça-se! Existe, e é bom? Apoie-se! Claro que esta visão de estado se distingue totalmente do estado "Big Brother" soviético.
Agora quanto à mistura de política e religião, eu pessoalmente não tenho vocação para ela, mas graças a Deus que há quem a leve como missão de vida. Penso em Assunção Cristas, a voz que mais se tem ouvido fazer em defesa dos contratos de associação, e rezo para que o seu exemplo inspire muitos de nós a realmente misturar política e religião, levando a fé a todos os campos da vida! Ab

De João a 03.05.2016 às 18:30

Concordo a 100 ou 200% com este comentário. Teresa, neste ponto não posso de maneira nenhuma concordar consigo. Pode-se concordar ou não com o fim dos contratos de associação. Mas dizer que "por detrás de tudo isto está o ódio que o mundo tem a Jesus. Já O crucificámos, já Lhe imobilizámos as mãos e os pés com pregos, e Ele continua a incomodar tanta gente..." é estar a ver o filme errado e estar a alinhar em teorias da conspiração que não interessam a ninguém. Há países em que os católicos e os cristãos são perseguidos mas entre nós? Pelo contrário, eu sou católico e tenho sempre encontrado da parte de todos os tipos de pessoas, incluindo ateus convictos, comunistas e sem ser comunistas apreço pela Igreja Católica e respeito por ela no que ela tem de respeitável, enquanto instituição e seguramente nenhum ódio a Jesus.
Lutar contra uma decisão de cessação dos contratos de associação com o argumento do ódio a Jesus parece-me profundamente errado.

De Anónimo a 03.05.2016 às 15:56

Boa tarde,
Não concordo com a Teresa quando diz que nas escolas públicas Cristo foi banido. Os meus filhos frequentam o ensino público, o antigo diretor do agrupamento é formado em Teologia, agora é professor de EMRC. Tem desenvolvido atividades cristãs, desde construção de presépios e exposição dos mesmos. O ano passado levou um grupo do 9º ano, durante um fim de semana a Barcelos à casa de S. João de Deus, proporcionando a esses alunos, uma experiência única de contato com doentes mentais. A minha filha e restantes alunos, vieram de lá muito enriquecidos.
Infelizmente sobre as escolas particulares das redondezas, os ecos que me chegam não são lá muito bons.
Numa delas (não religiosa), quando algum aluno se magoa, enquanto não conseguirem contatar com os pais, nada fazem, mesmo que para isso tenham de esperar horas! Uma funcionária que lá trabalhou assistiu a uma cena de um miúdo que sofre de epilepsia. Pois num desses ataques, tentaram contatar com os pais e como não atendiam, nada faziam. Essa funcionária, ficou tão indignada que agarrou no miúdo e levou-o ao hospital. Essa funcionária, contou-me ainda, que as notas são forjadas, há uma “selecção” dos alunos que não depende só da condição social.
Numa escola religiosa das Filhas da Caridade, que tem creche, Jardim de Infância e 1º ciclo (não sei se tem 2º e 3ºciclo), a situação é bem pior. As irmãs são muito más umas para as outras (e para os alunos também), não as une sentimentos de fraternidade e solidariedade. Parece que se detestam, falam umas com as outras sempre com rispidez sobretudo com as Irmãs mais novas, fazendo-lhes a vida negra. Eu já testemunhei isso mesmo, quando ainda era muito jovem e frequentava grupos de jovens em que nos reuníamos nesse local. Eram muito intransigentes, severas até. Hoje, conheço uma senhora que é cozinheira nessa mesma escola e ela, que até é católica, está abismada com o relacionamento das Irmãs, nada fraterno. Para além disso, os bebés são deixados a chorar nos berços muito tempo, porque não se podem habituar ao colo, dizem elas. Acho que não gostaria nada de ter lá os meus filhos, é certo que não posso pagar, mas estes gestos nada têm a ver com os gestos de Jesus. Não há amor, não há carinho!
Como alguém disso num dos comentários, cabe aos pais a educação religiosa e levá-los à catequese.
O estado não tem de proibir ou incentivar a opção religiosa de cada um.
As escolas públicas estão cheias de problemas, desde alunos problemáticos, turmas excessivamente grandes, falta de funcionários, professores que não são colocados a tempo e horas, deixando os alunos sem aulas durante mais de um mês.
Porquê o subsídio a escolas privadas, quando há tanto a fazer nas públicas?

De Helena Atalaia a 03.05.2016 às 16:09

Já assinado!

Espero que pela verdadeira liberdade haja recuos de tão "boas intenções".

Embora, a liberdade na educação, não seja uma realidade a nível nacional infelizmente, esta medida só serve para agravar mais ainda a falta dela.

Rezaremos pela verdade.

De Sofia a 07.05.2016 às 11:50

Teresa... Oa colégios de teor confessional são uma minoria no panorama de colégios com contrato de associação.
Custa-me que tenha sempre uma visão tão lúcida das coisas e esteja neste momento a deixar-se enrolar por teorias da conspiração...

De qualquer forma, imagine quando fica doente: pode escolher se quer ser tratada no público ou privado, certo? (Deve ter adse mas imagine que não tinha)
Mas o estado não tem acordos com as clínicas privadas para tratar tudo e todos. No entanto, faz acordos para que o comum cidadão possa tirar umas análises a quase custo zero, seja operado num privado quando o público não dá resposta...
Agora qual é a lógica de estar a financiar uma escola privada quando a 1 ou 2 km há uma escola pública a metade da sua ocupação?
A primeira escola é em casa e a Teresa nunca devia duvidar que tem a melhor escola. Não tenha medo. A pluralidade de alunos não vai corromper os seus filhos. O que faz em sua casa no dia-a-dia vale ouro.
Abraço

De Teresa Power a 07.05.2016 às 12:07

Teorias da conspiração, achar que o mundo continua a ter ódio a Jesus? De facto, somos um país de brandos costumes, e a Igreja cala-se a muito. O PCP é capaz de chumbar uma a uma todas as propostas de Assunção Cristas para o apoio à natalidade; o PCP não aprovou sequer a moção de censura ao genocídio aos cristãos no Médio Oriente, e nós achamos que não, que não há nisto nenhuma ofensa à Igreja de Cristo... Eu não tenho qualquer dúvida de que sim, de que há um ataque tão subtil quanto intencional. Agora continuo a afirmar com toda a clareza de que não estou a falar de A ou B, porque conheço comunistas crentes e verdadeiramente convencidos de que estão no caminho certo. Ninguém se atreva a julgar seja quem for, claro! Longe de mim atirar pedras. Mas que a ideologia de ataque à Igreja está lá, como base sólida, está. Quanto ao medo de contágio, acho que já escrevi o suficiente sobre isso, e já demonstrei de que não tenho qualquer receio. Acho que estamos no mundo para o evangelizar, e os meus filhos têm-no feito com mestria. Não é por medo que tenho os meus filhos num colégio católico (os colegas não são muito diferentes numa escola ou noutra) mas porque me parece o complemento perfeito para a educação recebida em casa. Ab

De Teresa Power a 07.05.2016 às 13:00

Só mais uma questão, Sofia: fez as contas a quantas são as escolas católicas? Corre a notícia de que são uma minoria, outra notícia falsa, naturalmente... O que é isso de minoria? Aqui onde vivo são duas, e na cidade de Coimbra são três, as escolas católicas com contrato de associação. Aqui, onde vivo, já são uma maioria, e os habitantes locais questionam-se o que passou pela cabeça dos governos (eu não questiono, porque sei) para construir uma mega-escola de raiz... Num país onde a natalidade continua a descer com a ajuda do governo, como pretendem eles encher a escola? Ah, claro, destroem-se as outras duas, que por sinal são as preferidas da população... Mas são católicas, claro!

De Anónimo a 07.05.2016 às 22:40

Concordo com o leitor que disse que a educação religiosa cabe às famílias, e é por isso que gosto tanto do seu blog. A um Estado laico não pode caber financiar uma escola religiosa, pois, para bem ou para mal, a Igreja está sempre separada do Estado. Mesmo que isso implique que certas famílias não poderão optar pela escola regisiosa.

Para estas situações, tenho pensado que a melhor opção seria ter as crianças na escola pública, mas depois a paróquia disponibilizar uma espécie de ATL, em que as crianças poderiam frequentar, depois das aulas, não só a catequese mas outras atividades em que se sentiriam num grupo cristão (coro, voluntariado, sala de estudo, etc.), o que teria um custo mais suportável para as famílias.

Para além do mais, penso que a fé se fortalece mais num ambiente paroquial, numa comunidade unida, do que no ambiente fechado de um colégio. É bonito, sim, ter uma capela na escola, mas ainda é mais bonito as crianças saírem juntas da escola para irem todas à igreja/catequese, e até acabarem por convidar outras crianças, que nunca teriam educação religiosa se não conhecessem católicos na escola.

De Teresa Power a 08.05.2016 às 08:17

Querido leitor, tem toda a razão no que diz sobre a paróquia, etc. O que está a acontecer aqui no blog e um pouco por todo o país é o choque entre visões de Estado opostas, como já disse noutro comentário. O Estado é o garante das liberdades individuais, não o seu substituto. O Estado, a meu ver, deve oferecer a educação onde ela não existe ou não é suficiente; e onde ela existe e é suficiente, deve apoiar, desde que não vá contra os direitos humanos (por exemplo, uma escola fundamentalista, que fechasse as portas a não cristãos, etc). É assim em muitos outros países. Impor a educação laica a todos? Porquê? Se um grupo de pessoas quiser uma educação religiosa, que cumpra todos os requisitos de garantia e de sucesso académico e humano, por que não há de o Estado apoiar? Fica-lhe bem mais barato do que construir uma mega-escola de raiz. Não concebo, de forma alguma, absolutamente alguma, um Estado que retira o seu apoio ao que existe de bom para o dar ao que ele mesmo quer construir. Isso é um Estado totalitário. Quanto à grande mentira que circula por aí de que os cidadãos pagam duas vezes: se destruirmos os contratos de associação, aí sim, pagam duas vezes. Os meus impostos devem ser suficientes para eu escolher a escola dos meus filhos. Graças a Deus não esperei pelo apoio do Estado para ter uma família numerosa.

De Anónimo a 09.05.2016 às 21:37

O meu argumento não é de que os cidadãos pagam duas vezes (sobre isso nada sei).
O meu argunto é simplesmente este: onde há separação entre a Igreja e o Estado, o Estado não pode financiar escolas religiosas, tal como a Igreja não pode financiar escolas do Estado.

De Sofia a 08.05.2016 às 14:29

Teresa, vá... Aqui está o link.
https://www.google.pt/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://www.dgae.mec.pt/c/document_library/get_file?p_l_id=1323185&folderId=1323239&name=DLFE-82977.pdf&ved=0ahUKEwjFr9C0wsrMAhWEPRoKHbUIAVUQFggdMAA&usg=AFQjCNFJu_LiOZbVnXJ1_xV_Uw_mKuwotg&sig2=JEhgvMqt6j-Bw3gqT5Tn3A

A maioria não é católica pelas minhas contas (algumas tenho dúvidas).
Quanto ao parque escolar, estamos de acordo. Acho simplesmente ridículo, um gasto desnecessário, não tem qualquer lógica o que foi feito. Reabilitação de escolas públicas, é uma coisa. Construir de raiz armazéns de aulas, obliterando as velhas escolas existentes foi claramente uma manobra de "lavagem de dinheiro" e favorevimento de amiguinhos com grandes impérios da construção civil.

Foi doloroso ler quando colocou no mesmo patamar um "veto" à moção de censura ao genocídio de cristãos no Médio Oriente e o parecer favorável ao fim dos contratos do associação pelo PCP.
Há tantos locais no mundo onde ser Cristão é realmente um acto de coragem... Onde ser Cristão implica viver no limite, com medo das perseguições. Portugal, com os seus defeitos e virtudes, não é um desses sítios. Nascemos num cantinho do mundo tão abençoado...
Mas pronto. Cada um tem os seus first world problems :)

De Teresa Power a 08.05.2016 às 14:52

Sofia, peço desculpa, mas é tendencioso dizer que eu estou a colocar tudo no mesmo patamar. Se ler o meu comentário com atenção, eu escrevi: "não aprovou sequer uma moção de censura..." Ao colocar o "sequer", subentende-se que estou a falar de algo que devia ser básico. Peço o favor, com toda a humildade mas também com indignação, de não fazer comentários deturpados do que eu digo aqui!
Mas vou explicar-me melhor: conhece a história do sapo que, metido em água fria, depois de ligarem a panela foi aquecendo, aquecendo, até morrer escaldado sem dar conta? Nós vamo-nos, como Igreja (salvo belas exceções), calando a tudo: casamentos homossexuais, barrigas de aluguer, legalização do aborto... Pelo caminho deitamos abaixo as escolas católicas (se não são a maioria são pelo menos metade, que eu já me dei ao trabalho de as contar) e as medidas de apoio à natalidade. Quando acordarmos, será tarde demais, a panela já estará a ferver. Ab

De Sofia a 08.05.2016 às 16:51

No entanto, 20 deles pertencem a um grupo económico apenas:
http://www.lusopt.com/portugal/2833-o-ensino-privado-um-negocio-de-ex-politicos-que-todos-sustentamos

Teresa, aceite as minhas desculpas sinceras em relação ao que escrevi. Pelo texto e comentários, entendi (erradamente) que estaria a generalizar a intolerância religiosa ao nosso cantinho. Felizmente não pensa assim, perdoe-me a má interpretação.

Aceito plenamente que esteja contra o fim dos contratos de associação. Eu tenho muitas reservas em relação à sua existência mas reconheço-os como necessários em determinadas situações. Ambas estamos no nosso direito.
Só me faz confusão que aponte como ataque aos Católicos portugueses e a Cristo o motivo para tal...
Há tantos argumentos, tantos... Que usar esse, num país como o nosso, acaba por fugir ao cerne da questão.
Além disso, no meu ver, ser contra ou a favor do aborto extravasa a questão religiosa! Ser a favor do aborto é ser a favor de homicídio, ponto!! Naturalmente que nós, Cristãos, temos ainda mais motivos em unir-nos na defesa da Vida, mas não devíamos ter TODOS?...

A panela está a ferver... Com uma imensidão de atrocidades todos os dias cometidas mesmo à frente dos nossos olhos. Verdadeiras ofensas a Jesus e ao Seu Bom Coração...
Nas quais não consigo incluir o fim dos contratos de associação.

De Isabel Silva a 09.05.2016 às 11:46

Olá Teresa,
Fui a primeira a comentar este seu post e estou a ver que já fez “correr muita tinta”. É positivo, concorde-se ou não com a medida, pelo menos fala-se sobre o assunto.
Mantenho a minha posição, neste despacho há um implícito ataque à igreja. Depois de uma sua leitora me dizer que estava enganada, fui analisar uma lista de escolas de 2011 com contrato associação e verifiquei que cerca de metade são católicas, dou-me por satisfeita!!
Como a Teresa sabe, tenho 2 Marias. A “Maria menor” frequenta a primária, numa escola estatal, que anteriormente já tinha sido frequentada pela irmã. Não escolhemos esta escola pelo facto de ser pública/privada, nem por ser frequentada por filhos dos “Drs e Engs” ou por etnias. Escolhemos porque conhecíamos minimamente o seu projeto e porque nos permitia conciliar com o ATL da instituição que tinham frequentado a pré-primária (continuidade). A “Maria maior” quando terminou a primária, foi para a escola estatal. Foi o nosso maior erro, enquanto pais não correspondeu minimamente às nossas expectativas . Insatisfeitos, no ano lectivo seguinte analisámos a oferta educativa da nossa área de residência (não correspondendo à reduzida área da freguesia) e optámos pelos salesianos com contrato de associação. Nesta CASA todos se conhecem, pais, alunos, profs, bem ao espírito salesiano. E para mim há algo que considero tão ou mais importante que a educação: são os princípios incutidos, promoção da partilha, a solidariedade, o amor ao próximo, enfim….
Julgo que a grande questão passa pela liberdade de escolha, pela democracia que temos consagrada na nossa Constituição. Fizemos as nossas escolhas porque tivemos liberdade para isso!
Se para mim é importante uma escola de cariz católico, o mesmo pode não ser para o meu vizinho. Mas o Estado tem o dever de criar oferta educativa que satisfaça os seus cidadãos. Os pais têm o direito de escolher a escola que querem que os seus filhos frequentem!
Vamos lá analisar em termos fiscais, se os pais escolhem uma escola com contrato de associação, o mesmo aluno não faz despesa na escola estatal. Porém, os pais continuam a pagar impostos para terem direito ao acesso à educação. Fazendo o raciocínio ao contrário, porque é que os meus impostos deverão ser gastos em pagar escolas públicas a alunos que ficam mais caros que os meus?
Há outra coisa que acho engraçado a quem apregoa aos sete ventos de que a escola pública tem de ser laica. Então e as aulas de EMRC que são ministradas no 2º e 3º ciclo do ensino estatal, e agora até na primária?
bjs

Comentar post


Pág. 1/2




subscrever feeds


livros escritos pela mãe

Os Mistérios da Fé
NOVO - Volume III

Volumes I e II



Pesquisa

Pesquisar no Blog  


Arquivos

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2014
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2013
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D