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Livres

por Teresa Power, em 11.04.14

O Francisco tem um único jogo de computador que gosta de jogar. É um jogo que mistura a brincadeira e a engenharia, permitindo-lhe construir mundos imaginários ao pormenor. Ele sabe que pode jogar ao fim-de-semana durante cerca de uma hora. O resto do tempo, o Francisco passa-o ao ar livre, ou a ler, ou a tocar guitarra. Também se senta ao computador, mas a aprender, pois poucas coisas lhe dão mais prazer do que aprender novos truques de ilusionismo, observando os grandes mágicos no YouTube, ou descobrir sobre engenharia, ciência, física e o universo.

 

Há cerca de um ano, um grande amigo convenceu o Francisco a instalar um novo jogo no computador, e durante algumas semanas, o Francisco entregou-se a este novo jogo com entusiasmo. Notei que jogava mais tempo do que o estipulado - naturalmente não o controlo com rigidez, dada a sua idade - e que não tinha tanta disponibilidade para visionar os vídeos sobre ciência que o fascinam. O tempo passou, o Francisco regressou aos seus interesses e tudo voltou à normalidade. Um dia comentei, enquanto ele lanchava:

- Não tens jogado o jogo novo!

- Já o desinstalei há algum tempo - Respondeu-me entre dois goles de leite.

- Porquê? Não gostavas?

- Gostava, mas descobri que era um jogo viciante. E como tu sabes, detesto vícios! Prefiro assim. Sou mais livre sem o jogo! E tenho mais tempo para inventar, construir e descobrir coisas!

 

Um ano mais tarde, o Francisco continua "livre", segundo as suas palavras. Rezo para que assim se mantenha. Ontem espreitei a sua secretária: agora que são férias, os livros estão todos arrumados na gaveta, e sobre a secretária encontrei isto:

 

 

Escreveu S. Paulo aos cristãos da Galácia:

 

"Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes, e não vos sujeiteis outra vez ao jugo da escravidão." (Gl 5, 1)

 

Um dos grandes objectivos do jejum e de outras formas de mortificação quaresmal é abrir-nos as cadeias que nos impedem de ser livres. Quem é capaz de fazer jejum do alimento, da televisão, dos jogos de computador, das compras desnecessárias, das conversas fúteis, é capaz de tudo!

Enquanto vivermos ao sabor dos nossos apetites, seremos sempre escravos. Só os seres humanos, de entre todas as criaturas terrestres, são capazes de se elevar acima dos seus instintos através da vontade, da inteligência, e do amor. É preciso um esforço superior de renúncia - como o Francisco fez ao desinstalar aquele jogo - para nos tornarmos senhores de nós mesmos, verdadeiramente humanos - e verdadeiramente divinos! É que nesta mesma carta de S. Paulo está também escrito:

 

"Agora já não és escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro, por graça de Deus!" (Gl 4, 7)

 

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publicado às 09:04




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