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Madeira verde

por Teresa Power, em 31.01.15

O frio que se tem feito sentir neste inverno obrigou-nos a comprar mais dois metros de lenha, pois durante o fim-de-semana, é preciso manter a lareira acesa durante todo o dia. Contudo, a lenha que comprámos nesta segunda leva não tem a qualidade da primeira: está verde, cheia de água, assobiando na lareira quando tentamos acender o lume. Que difícil que é fazer arder lenha verde! Acendalha após acendalha, fósforo após fósforo, e o fogo não se ateia. Que desilusão! Chegar a casa ao fim do dia e ter de me concentrar na lareira, enquanto tantas outras coisas - e pessoas - precisam da minha atenção, é desesperante!

- Tu consegues, mamã, força! - Animam-me os mais novos, a meu lado, estendendo-me pequenas achas. E depois dizem uma frase muito simpática: - Se cá estivesse o papá, já tinha conseguido!

Mas o pai só chega perto da hora do jantar, e entretanto é preciso aquecer a sala. Finalmente, com o fogo aceso, escutando a água a evaporar-se lentamente da lenha a arder, deixo-me cair ao lado da lareira com a Sara ao colo. E fico a pensar naquela belíssima e épica passagem do profeta Elias: reunindo todo o povo, Elias preparou um altar de pedra, colocou nele a lenha e sobre esta, o animal para o sacrifício. Depois, fez um sulco a toda a volta do altar, derramando nele doze talhas de água, que fizeram transbordar o sulco. Como podia o fogo atear-se sobre um altar encharcado assim?

 

“À hora do sacrifício, o profeta Elias aproximou-se, dizendo: ‘Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, mostra hoje que és Tu o Deus em Israel, que eu sou o teu servo; às tuas ordens é que eu fiz tudo isto. Responde-me, Senhor, responde-me! Que este povo reconheça que Tu, Senhor, é que és o Deus, aquele que converte os corações.’ De repente, o fogo do Senhor caiu do céu e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, a lama e até mesmo a própria água do sulco.” (1Rs 18, 36-38)

 

Uma leitora muito querida do blogue enviou-me o mail, falando-me do seu esforço vão em procurar crescer na fé. Já abrira a Bíblia várias vezes, já procurara contar as histórias da Bíblia à filha mais velha, de seis aninhos, e vira-se incapaz de lhe responder às suas mais elementares perguntas infantis. "Não vale a pena!" Dizia-me ela.

Quando nos descobrimos lenha verde, achamos que nunca vamos conseguir "pegar fogo", não importa o quanto nos esforcemos. Mas a boa notícia é que, a Deus, nada é impossível, e a história do profeta Elias prova-o bem! Não foi a qualidade da lenha, muito menos toda a porcaria e toda a lama que a rodeava, que fez atear o fogo, mas tão somente a graça divina, que sempre se sente atraída por tudo o que é fraco, pobre, pequeno e mal cheiroso.

Eu também sou lenha verde, encharcada de pecado, de vaidade, de orgulho, de ignorância, de respeitos humanos. Sozinha, nunca conseguirei atear em mim o fogo do Senhor... No entanto, se eu perseverar em oração, como Elias, se eu me ajoelhar e suplicar ao Senhor que converta o meu coração, que me responda, que faça descer sobre mim o seu fogo, então verei como num instante, tudo será consumido - o holocausto, a lenha, as pedras, a lama e até a própria água do sulco...

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publicado às 06:30


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