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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Enquanto faço a minha cama, pela manhã, dou-me conta de uma enorme mancha de cola na colcha.
- David! António! Lúcia! - Chamo, bem alto.
Os meninos aparecem a correr.
- O que foi, mamã?
Aponto para a colcha:
- Quem fez isto?
Silêncio. Olhares cúmplices. Depois, a costumada resposta:
- Eu não!
- Eu não!
- Eu não!
Finjo que não me importo e encolho os ombros.
- Bem, tínhamos combinado ir juntos à loja. Enquanto não souber a verdade, não vamos sair. Claro que, se demorar muito, eu saio sozinha. Agora vão pensar no assunto, e avisem-me quando souberem alguma coisa.
Os meninos afastam-se em silêncio. Alguns minutos mais tarde, a Sara aparece a correr junto de mim.
- Fui eu! Fui eu! Fui eu! - Cantarola ela, aos saltinhos.
- Foste tu o quê, Sara?
- Não sei! Não sei! Não sei! - Responde, sempre muito feliz.
Disfarço um sorriso e ponho o meu ar mais sério. Lá terei de chamar novamente os três meninos... Aparecem a correr:
- Então, mamã, já descobriste quem foi?
- Não, mas já descobri quem NÃO foi. Não foi a Sara, meus amigos. Por favor pensem melhor e decidam-se, que são horas de sair!
Silêncio. Alguns minutos que parecem uma eternidade. Então o António, sempre muito sério, dá um passo em frente:
- Sabes, mamã, eu estive a pensar... Sabes, parece, acho, bem, acho que se calhar, se calhar mesmo, fui eu... Mas olha, não me consigo lembrar!
A confissão atabalhoada do meu filho de cinco anos fez-me pensar na quantidade de vezes que encontramos desculpas e procuramos bodes expiatórios para os nossos pecados. É por isso que é tão, mas tão importante a instituição da confissão individual. E não são apenas os católicos que o afirmam: Martinho Lutero nunca deixou de a fazer durante toda a sua vida, e inúmeros psiquiatras, crentes e não crentes, já atestaram o seu poder.
"Por minha culpa, minha tão grande culpa...", rezamos todos os dias na missa, batendo com a mão no peito. Na verdade, assumirmo-nos culpados dos nossos pecados é o primeiro e mais importante passo para acolhermos a misericórdia infinita de Deus. O Rei David, que foi um grande santo, foi também um grande pecador. A ele devemos o magnífico salmo 50, onde David confessa publicamente a sua culpa e, arrependido, pede perdão:
"Lava-me completamente da minha iniquidade,
e purifica-me do meu pecado.
Porque eu conheço as minhas transgressões,
e o meu pecado está sempre diante de mim.
Contra Ti, contra Ti somente pequei,
e fiz o que é mal à Tua vista..."
(Salmo 51/50, 2-4)
Querido António, hoje a tua confissão foi suficiente. Mas crescer vai significar também seres capaz de assumir a tua culpa e enfrentar o teu pecado sem hesitações... Que o Senhor e eu te ajudemos neste caminho de perdão!