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Misericórdia

por Teresa Power, em 26.03.15

Domingo de manhã. O Niall saiu para ir buscar pão (não, não houve tempo para panquecas!) e regressou muito feliz:

- Teresa, encontrei a resposta para a minha dúvida do outro dia!

- Que dúvida? - Perguntei-lhe, enquanto vestia a Sara, a única criança acordada. O Niall estava cheio de entusiasmo:

- Aquela dúvida sobre o perdão de Deus. Deus perdoa, mas será que esquece?

- Ah, já me lembro! Estávamos a falar na omnisciência de Deus, e como é possível para Deus, que sabe tudo, perdoar e esquecer mesmo a sério. E então, podes explicar-me como é que chegaste à resposta enquanto foste comprar pão? Terá sido o padeiro a tirar-te a dúvida?

- Não, foi a própria Palavra de Deus. Enquanto fui ao pão, liguei a Renascença e acertei mesmo em cheio: estavam a ler as leituras deste domingo. A primeira leitura é tão bela, tão bela, que senti arrepios ao escutá-la. Foi ela que me trouxe a resposta.

- E?

- Ora escuta... Prepara-te, porque é mesmo muito bonito. Vou tentar lembrar-me das palavras exatas:

 

"Dias virão, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e a casa de Judá uma aliança nova. Hei-de imprimir a minha Lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no seu coração. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Todos eles Me conhecerão, desde o maior ao mais pequeno, diz o Senhor. Porque vou perdoar os seus pecados e não mais recordarei as suas faltas." (Jer 31, 31-34)

 

- Que maravilha, esta Palavra! Tens razão, Niall. Deus fala muito claramente aqui!

- Sim. Ele diz que o nosso pecado não só é totalmente perdoado, mas também que não mais será recordado. Deus esquece as nossas faltas, e não mais se lembra delas, depois de nos perdoar! Não devemos voltar a confessar faltas antigas já confessadas por medo de não termos sido perdoados, porque isso é uma ofensa ao perdão absoluto que o Senhor nos dá.

- Pois é. O amor de Deus supera a sua omnisciência... Espero não estar a dizer nenhum disparate teológico!

- Não estás. Todas as qualidades de Deus estão inseridas naquilo que Ele é: Amor. Fora do Amor absoluto que Ele é, Deus não é mais nada.

- Mas não é possível fazer uma confissão geral da nossa vida, em determinadas alturas, como por exemplo no Ano Santo?

- Claro que sim, por desejo profundo de colocar tudo diante da luz do Senhor. Dizia o Rei David: "Tenho sempre diante de mim o meu pecado..." (Sl 50) Mas não o devemos fazer por medo de não termos sido perdoados, isso nunca!

 

Os mais velhos acordaram entretanto, e todos juntos fomos tomar o pequeno-almoço.

- Meninos, tenho um desafio para vos fazer. - Disse o Niall, enquanto comíamos - Hoje, na missa, quero que estejam muito atentos à primeira leitura, porque ela vai trazer a resposta para uma pergunta que tinhamos feito uns aos outros no outro dia, durante a oração familiar.

- E qual é essa pergunta? Nós fazemos sempre tantas!

- Também vos desafio a descobrir a pergunta, Francisco.

 

Depois da missa, à hora do almoço, o Niall quis saber se todos tinham encontrado a resposta.

- Sim, encontrámos - Adiantou-se a Clarinha. - A pergunta era: Deus perdoa sempre, mas será que esquece? E a resposta é: sim, Deus esquece.

- Muito bem! O Papa Francisco tem toda a razão ao propor um Jubileu da Misericórdia para o ano que vem. Nós ainda entendemos muito mal o perdão de Deus!

- Vai ser maravilhoso viver um Ano Santo, experimentando na nossa vida este perdão absoluto, e redescobrindo o amor absoluto do Senhor!

- O Papa quer as igrejas abertas e muitas, muitas confissões. Vamos ver a misericórdia do Senhor a correr como um rio na sua Igreja, e uma nova primavera a desabrochar. Ah, que alegria...

flores.JPG

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publicado às 06:25


6 comentários

De Joana a 26.03.2015 às 12:36

Tão bonito! Recentemente fui-me confessar mas fiquei ainda com a "pulga atrás da orelha"...e agora penso, engraçado como nos custa mais a nós perdoar as nossas faltas do que a Deus. Obrigada por esta partilha! :) Beijo

De Teresa Power a 26.03.2015 às 13:02

É verdade, Joana, ainda compreendemos muito mal a misericórdia de Deus! Bjs

De Fm a 26.03.2015 às 21:40

Belo texto!

Quantas vezes, no nosso dia-a-dia, fazemos o oposto. Dizemos que perdoamos, mas à mínima oportunidade voltamos a castigar a outra pessoa (ou a nós mesmos).

Uma das coisas que gosto na minha relação com o meu marido é algo que combinamos quando namorávamos há muito pouco tempo: quando nos chatearmos (sim, porque ia acontecer :)), e fizermos as pazes, não vamos depois voltar a falar nisso noutra discussão qualquer. Não vamos guardar rancor e acusar a pessoa da falha passada, quando cometer outra falha qualquer.

Até hoje cumprimos isto. Nunca houve um "porque tu há 2 anos fizeste isto assim"... E isto faz toda a diferença na nossa vida.

Também aqui perdoar é mesmo esquecer. E por isso, para efetivamente esquecer, tem de ficar bem resolvido, temos de crescer e saber que vamos evitar falhar novamente na mesma coisa.

Fm

De Teresa Power a 26.03.2015 às 21:49

Que propósito fantástico, Fm! Quantos casamentos beneficiariam de um acordo assim! E a relação pais-filhos também pode beneficiar deste mesmo propósito. Imitar a misericórdia do Senhor é caminho seguro de felicidade familiar!

De Anónimo a 27.03.2015 às 16:49

Foi essa uma das perguntas que o Niall fez no ultimo encontro das famílias da Caná! Obrigada por este post porque assim não foi so o Niall que obteve a sua resposta!
Um grande Beijinho para toda a Família Power,
Beatriz M.

De Claudia Duarte Sousa a 31.03.2015 às 00:15

Eu também tinha esta dúvida! Obrigada Nial por partilhares... Obrigada Senhor por nos fazeres perceber a tua palavra mesmo quando menos esperamos.

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