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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Faz hoje nove anos que tu partiste para o céu, meu pequeno Tomás. Nesse dia, eu só conseguia pensar na alegria imensa que devias estar a experimentar, liberto do teu corpinho doente como uma borboleta a voar para longe do seu casulo opressor... E a certeza de que estavas bem melhor suavizou a minha dor.
No dia seguinte, na missa, fizemos-te uma festa. Não queríamos, de forma alguma, que a celebração da tua vida eterna fosse uma cerimónia triste. O teu pai e eu escolhemos, com cuidado, os teus cânticos preferidos, e tocámo-los na viola, cantando com quanta força tínhamos. Lembras-te? Cantámos cânticos pequeninos como tu, e que nos falavam do amor com que o Senhor cuida de nós:
"Eis-me aqui, sou criança que procura a mão!
Eis-me aqui, pequenino, nos teus braços!
Dá-me hoje teu amor, teu perdão, Senhor!
Guarda-me pequenino, para Ti!"
Às vezes, mães que perdem os seus filhos ou que os vêem muito doentes perguntam-me se é possível voltar a ser feliz. É, Tomás, não é verdade? Eu pensei que não, e durante algum tempo convenci-me que não, mas é. O tempo cura tudo? Não, o tempo não cura nada: o que cura é o amor. A tua morte escavou em mim um abismo imenso, e eu deixei que o amor o preenchesse. A felicidade que agora experimento é diferente da que conhecia antes da tua partida, porque é mais profunda, como mais profundo é o abismo da minha vida. Agora, Tomás, não sou feliz porque tenho saúde, porque tenho filhos, porque tenho trabalho, porque tenho sucesso ou por qualquer outra razão... Deixei de ter medo de perder tudo isso, sabes? Que libertação, quando perdemos o medo! Agora, Tomás, sou feliz porque amo e sou amada, infinitamente amada por Deus. Como tu!
Afinal, o que é o Céu senão este tsunami de amor que, de repente, invade o imenso abismo que somos?...
"Se subir aos céus, Tu lá estás;
se descer ao abismo, ali Te encontras também.
Se voar nas asas da aurora
ou for morar nos confins do mar,
mesmo aí a tua mão há-de guiar-me
e a tua direita sustentar-me-á.
Se disser: «Talvez as trevas me possam esconder,
ou a luz se transforme em noite à minha volta»,
nem as trevas me ocultariam de Ti
e a noite seria, para Ti, brilhante como o dia..."
(Sl 139/138)
Tomás, reza por nós!