Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



O abismo

por Teresa Power, em 19.05.15

Faz hoje nove anos que tu partiste para o céu, meu pequeno Tomás. Nesse dia, eu só conseguia pensar na alegria imensa que devias estar a experimentar, liberto do teu corpinho doente como uma borboleta a voar para longe do seu casulo opressor... E a certeza de que estavas bem melhor suavizou a minha dor.

No dia seguinte, na missa, fizemos-te uma festa. Não queríamos, de forma alguma, que a celebração da tua vida eterna fosse uma cerimónia triste. O teu pai e eu escolhemos, com cuidado, os teus cânticos preferidos, e tocámo-los na viola, cantando com quanta força tínhamos. Lembras-te? Cantámos cânticos pequeninos como tu, e que nos falavam do amor com que o Senhor cuida de nós:

"Eis-me aqui, sou criança que procura a mão!

Eis-me aqui, pequenino, nos teus braços!

Dá-me hoje teu amor, teu perdão, Senhor!

Guarda-me pequenino, para Ti!"

IMG_20150515_0001.jpg

Às vezes, mães que perdem os seus filhos ou que os vêem muito doentes perguntam-me se é possível voltar a ser feliz. É, Tomás, não é verdade? Eu pensei que não, e durante algum tempo convenci-me que não, mas é. O tempo cura tudo? Não, o tempo não cura nada: o que cura é o amor. A tua morte escavou em mim um abismo imenso, e eu deixei que o amor o preenchesse. A felicidade que agora experimento é diferente da que conhecia antes da tua partida, porque é mais profunda, como mais profundo é o abismo da minha vida. Agora, Tomás, não sou feliz porque tenho saúde, porque tenho filhos, porque tenho trabalho, porque tenho sucesso ou por qualquer outra razão... Deixei de ter medo de perder tudo isso, sabes? Que libertação, quando perdemos o medo! Agora, Tomás, sou feliz porque amo e sou amada, infinitamente amada por Deus. Como tu!

Afinal, o que é o Céu senão este tsunami de amor que, de repente, invade o imenso abismo que somos?...

 

"Se subir aos céus, Tu lá estás;

se descer ao abismo, ali Te encontras também.

Se voar nas asas da aurora

ou for morar nos confins do mar,

mesmo aí a tua mão há-de guiar-me

e a tua direita sustentar-me-á.

Se disser: «Talvez as trevas me possam esconder,

ou a luz se transforme em noite à minha volta»,

nem as trevas me ocultariam de Ti

e a noite seria, para Ti, brilhante como o dia..."

(Sl 139/138)

 

 

IMG_20150515_0003.jpg

Tomás, reza por nós!

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:20


12 comentários

De Bruxa Mimi a 19.05.2015 às 21:02

"O tempo cura tudo? Não, o tempo não cura nada: o que cura é o amor."

Li o post de manhã, como quase sempre, e não comentei (já não me lembro se por falta de tempo, ou por outra razão), mas voltando a ler, não podia deixar de comentar. Lembro-me que quando li o post de há um ano chorei emocionada, desta vez não chorei, mas emocionei-me à mesma. De todo o post, a parte que mais me marcou (ou assim parece neste momento) foi "o que cura é o amor". É uma forma tão melhor de ver as coisas, as situações da vida! Vou tentar lembrar-me desta frase e espalhá-la ao meu redor, sempre que ouvir a que diz que o tempo cura tudo!

Comentar post




Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds


livros escritos pela mãe

Os Mistérios da Fé
NOVO - Volume III

Volumes I e II



Pesquisa

Pesquisar no Blog  


Arquivos

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2014
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2013
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D