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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Este outono, pela primeira vez, o nosso jovem diospireiro encheu-se de frutos. Como quase todos adoramos diospiros, tem sido uma verdadeira festa! O António e a Sara, em especial, passam o tempo a correr à horta para colher diospiros. Vêm ter comigo com as mãos cheias e o sumo espesso entre os dedos: "Mamã, olha!"
No sábado fui com eles apanhar diospiros e enchemos uma taça. Depois sentámo-nos no jardim e cortei diospiros para toda a família, até não sobrar nenhum.
- Olha só isto, Niall, uma taça cheia de diospiros terminada!
- Está visto que colhemos todos os dias a dose certa! - Riu-se ele. - Acho que a nossa árvore tem o tamanho ideal: se colhêssemos mais diospiros por dia, eles acabavam por apodrecer, porque os diospiros têm esta característica de apodrecerem muito depressa também!
- É verdade! A nossa árvore dá-nos todos os dias a dose certa... Nem demais, nem de menos!
Lembrei-me então do maná, essa bela surpresa de Deus no deserto. Naquela madrugada, o povo acordou e viu uma fina camada branca e orvalhada sobre a areia:
"Os filhos de Israel disseram uns aos outros: «Que é isto?» Pois não sabiam o que era aquilo. Disse-lhes Moisés: «Isto é o pão que o Senhor vos dá para comer. Foi isto que o Senhor ordenou: ‘Recolhei cada um conforme os que habitem na sua tenda.’»
Assim fizeram os filhos de Israel, e recolheram, uns muito, outros pouco. Não sobejava a quem tinha muito e não faltava a quem tinha pouco. Cada um recolhia conforme o que comia.
Disse-lhes Moisés: «Ninguém guarde até de manhã.» Porém, alguns não escutaram Moisés, e guardaram até de manhã; mas ganhou vermes e cheirava mal. E Moisés irritou-se contra eles. Recolhiam-no todas as manhãs, cada um conforme o que comia. E quando o sol aquecia, derretia-se." (Ex 16, 17-21)
O maná não foi apenas o alimento do povo no deserto; foi sobretudo uma lição de confiança e de simplicidade. Em cada madrugada, as famílias aprendiam a confiar um bocadinho mais no Senhor, recolhendo apenas o necessário para cada dia, e aprendiam a vencer invejas, rivalidades, receios, ganância.
Quantos de nós nos preocupamos em recolher, em cada dia, apenas o alimento necessário? Talvez estejamos a trabalhar demais, não por necessidade, mas para enriquecer... E talvez com isso estejamos a roubar tempo a Deus e à família! Por outro lado, talvez nos tenhamos fechado ao dom da vida, com medo de não termos nem dinheiro nem paciência para educar mais um filho... Estaremos a fazer as contas ao imprescindível ou ao supérfluo? Quanto à paciência, é-nos oferecida em cada manhã de acordo com o tamanho da família, tal como o maná! Onde fica a fronteira entre prudência e o receio, entre a confiança e a irresponsabilidade, entre a generosidade e a loucura? Senhor, dai-nos o pão de cada dia, e com ele, a sabedoria do coração... Ámen!