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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
O David nasceu em setembro, quatro meses após a morte do Tomás. O seu nascimento esteve por isso envolto em muita emoção, e os dias passavam-se com muitas lágrimas onde a tristeza e a alegria, a saudade e a felicidade alternavam a uma velocidade relâmpago, empurradas pelas alterações hormonais do pós-parto.
Esta pequena história aconteceu quando o David tinha uns oito dias de vida. Ouvi tocar a campaínha. Era a carteira. Vinha na sua motorizada, como costume. Quase todos os dias parava à nossa porta com um embrulho novo, vindo de Lisboa, da Irlanda ou de Barcelona, com um presente para o nosso bebé recém-nascido. Fui abrir.
- Bom dia! Nova prenda! De onde vem esta hoje? - Perguntei.
- Bem, esta não vem de lado nenhum - Respondeu-me a carteira, a sorrir timidamente.
- Mas... Como assim? É um embrulho...
A carteira pareceu hesitar um instante. Depois explicou:
- Já dei conta de que o seu bebé nasceu, porque vejo tantos embrulhos todos os dias. Também dei conta de que o seu outro bebé morreu... Sim, trouxe tantos telegramas e cartas de condolências... Nós os carteiros sabemos tudo... Bem... Eu também tenho filhos, e tenho chorado ao pensar na sua história! Agora quero alegrar-me consigo: esta prenda é... minha!
Abri o embrulho, com lágrimas nos olhos. Trazia dentro um lindo babygrow e um gorro pequenino. Abracei a carteira, que sorria envergonhada.
Hoje é o dia da Madre Teresa de Calcutá. E em sua honra, é também o Dia Internacional da Caridade. Foi ao ler alguns pensamentos da Madre que hoje recordei esta pequena história. Nas suas visitas ao ocidente, a Madre repetia muitas vezes as mesmas perguntas: "Será que nós sabemos onde está o nosso irmão que sofre? Conhecemos a dor dos nossos vizinhos?" Quando lhe pediam para resumir o principal do Evangelho, a Madre costumava pegar na mão aberta do seu interlocutor e soletrar, tocando em cada um dos cinco dedos: "YOU DID IT TO ME" (A Mim o fizestes). Chama-lhe o Evangelho dos Cinco Dedos...
A carteira que servia a nossa rua, na Gafanha da Encarnação, estava atenta. Distribuir o correio era para ela ocasião de fazer o bem, de partilhar a dor e a alegria do seu próximo, vivendo no trabalho o Evangelho dos Cinco Dedos.
Cá em casa, estamos todos de volta à escola e ao trabalho. É altura de todos aprendermos a praticar o Evangelho dos Cinco Dedos! A história da Madre Teresa foi uma belíssima forma de recordarmos em família o essencial da mensagem de Jesus...
"«Senhor, quando foi que Te vimos com fome ou com sede e Te demos de comer e beber, despido e Te vestimos, preso ou doente e Te visitámos, estrangeiro e Te acolhemos?» «Sempre que o fizestes a um desses vossos irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.»" (Mt 25, 37-40)