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O frio e os nossos (des)confortos

por Teresa Power, em 15.01.15

Este inverno tem sido luminoso, azul, e gelado. Lembra-me os invernos da minha infância, em Castelo Branco, onde eu precisava de mergulhar as mãos em água quente antes de praticar as lições de piano...

Cá em casa está muito frio. Na sala, o lume arde lentamente na lareira, mas os quartos estão gelados. Contudo, ninguém parece importar-se muito: quando os meninos estão a estudar, acendem um pequeno aquecedor a óleo; quando estão a brincar, nem dão pelo frio, porque brincar como eles brincam aquece o corpo e a alma!

Entre uma casa aquecida como as casas "do estrangeiro", e uma casa fria como a da minha infância e a nossa actual, claro que qualquer um escolheria a primeira. Eu sofro bastante com o frio e adoraria poder passear-me de manga curta entre a cozinha e os quartos! Mas fico contente por não poder escolher, pois sei que a falta deste conforto extra me faz melhor ao espírito.  E porquê? Porque como já disse e repeti várias vezes neste blogue, um bocadinho de desconforto, um bocadinho de dificuldade, ajuda-nos a crescer!

 

- Este ano, pela primeira vez em muitos anos, o frio chegou na altura certa - dizia-nos o senhor Manel, dono da mercearia onde compramos fruta e vegetais - e isso significa que a fruta vai ser boa!

 

Santa Teresinha do Menino Jesus confessou, no final da sua vida de 24 anos, que o maior sofrimento físico da vida conventual fora... o frio. Imaginem a França do final do século XIX, um convento antigo, em pedra, uma única lareira no coro, onde as irmãs se reuniam, e depois o frio gelado das celas pobres e despidas, aonde se chegava atravessando os claustros descobertos... Santa Teresinha tinha uma única coberta remendada para se aquecer durante a noite, e nunca ouvira falar em aquecimento central, naturalmente. Confessou que muitas noites não era capaz de dormir, tal o frio que sentia! Hoje, a maior parte dos conventos estão bem aquecidos, mas nem por isso têm mais habitantes.

 

Claro que não vamos ficar nem deixar os nossos filhos ficar acordados de noite com o frio; mas também não precisamos de os tratar - a eles e a nós - como "coitadinhos", incapazes de sofrer algum tipo de desconforto! Façamos deles homens e mulheres fortes nos pequenos detalhes da vida, capazes de aceitar, com um descontraído encolher de ombros, pequenas contrariedades - como por exemplo, e no meu caso, o frio. Porque se o frio e as pequenas dificuldades da vida chegarem na altura certa, os frutos serão certamente muito bons no verão...

 

"Servo bom e fiel, porque foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei." (Mt 25, 21)

DSC00545.JPG

 

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publicado às 06:32


16 comentários

De Fm a 15.01.2015 às 06:49

Como é que se pode interpretar este texto para "países estrangeiros" que tem os ditos aquecimentos? Que os frutos não são bons?!

Parece me uma má comparacao... Sim, as dificuldades são importantes para o crescimento, mas não o frio...

De Bruxa Mimi a 15.01.2015 às 08:28

Não me parece que se possa interpretar assim o texto relativamente aos países que têm os ditos aquecimentos. Acho até que é preciso ter um bocadinho de má vontade para interpretar assim. Não há nada de mal em ter os aquecimentos, uma vez que não faltarão outras dificuldades para compensar. A Teresa não fez nenhuma ode ao frio, pois em sua casa também o combatem! Têm é de o combater sentindo-o primeiro - o tal desconforto que ajuda a crescer.

De Olívia a 15.01.2015 às 08:37

Parece-me a mim que se percebe perfeitamente o sentido da comparação... afinal nos ditos "países estrangeiros" existem muitas outras formas de combater as adversidades com um simples encolher de ombros: a neve até ao joelho ao sair de casa, a chuva que cai dias e dias seguidos sem parar, a electricidade que falha pois os cabos congelam... oh temos tantos exemplos!
Cabe certamente a cada um de nós, pais, ensinar os nossos filhos de que devem ser gratos por tudo quanto têm, que devem aprender a viver com o que têm e acima de tudo que devem crescer em todo o sentido da palavra!
Olívia

De Teresa Power a 15.01.2015 às 16:39

Cara Fm, como sabe, visto ler assiduamente este blogue, os pormenores do dia a dia são por mim sempre aproveitados como termos de comparação para algo espiritual, deixando de fazer sentido apenas em si mesmos. Assim tem sido desde o início do blogue! Eu detesto o frio, e daí ele ser para mim fonte de desconforto. Como eu disse no post, quem me dera poder ter a casa aquecida! Mas não posso, e para a saúde da minha pobre alma, ainda bem. Porque eu tenho de aproveitar os sacrifícios que a vida me oferece, pois por mim mesma não sou capaz de inventar sacrifícios. Quanto aos habitantes dos países estrangeiros, não lhes faltarão ocasiões para se sacrificarem também, como a Olívia tão bem referiu!

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