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O lixo e o amor

por Teresa Power, em 16.10.14

Numa casa cheia de filhos, o chão está sempre cheio de lixo. Assim, uma das actividades que mais tempo me consome é o acto de me debruçar, apanhar algo do chão, voltar a endireitar-me, enfiar esse algo no bolso e fazer mentalmente um apontamento sobre o local exacto onde esse algo pertence, que tanto pode ser o cesto da roupa suja, como a caixa dos legos, a caixa de costura, a gaveta dos lápis de cor, a gaveta das roupas das bonecas, a biblioteca, o saco dos brinquedos, ou simplesmente - e maioritariamente - o lixo.

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Um destes dias, a minha mãe veio cá e, com frio, vestiu o meu casaco de fato de treino, que costumo usar quando estou por casa. De repente, os meus filhos viram-na levar as mãos aos bolsos e tirar de lá botões, pedaços de papel, aparas de lápis, umas cuecas de nenuco e mais alguns objectos não identificados. Mais tarde, ri-me com ela: sim, o meu casaco funciona frequentemente como um caixote de lixo! Lembrei-me então de um pensamento de Santa Teresinha:

 

"Tudo é tão grande em religião... apanhar um alfinete por amor pode converter uma alma. Que mistério!... Só Jesus pode dar um tal valor às nossas acções." (Carta 164, à sua irmã Leónia)

 

Na verdade, já S. Paulo o dissera:

 

"Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus." (1Cor 10, 31)

 

Eu apanho todos os dias bem mais do que um alfinete do chão. A questão é: será que o faço por amor? Estou consciente de que o meu mais pequeno gesto pode ser oferecido a Jesus pela conversão do mundo? Ou faço-o com indiferença, com irritação, porque tem de ser?

Como Santa Teresinha, também eu não tenho grandes oportunidades de mostrar a Jesus o meu amor (a triste "moda" de matar cristãos ainda não chegou a Portugal), pelo que me restam as pequenas oportunidades... Não as quero desperdiçar!

Hoje, quando me debruçar pela milésima vez para apanhar lixo do chão, vou dizer no meu coração: "Jesus, aceita este gesto pequenino pela felicidade de quem Tu quiseres." Ámen!

 

 

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publicado às 06:56


6 comentários

De Olívia a 16.10.2014 às 11:18

Que curioso, uma das primeiras coisas que se aprende ao ler os 7 hábitos das famílias altamente eficazes é efectivamente o fazer estes (e todos) pequenos gestos com amor, e quantas vezes os faço zangada ou irritada? Pois muitas vezes... e é bom que nos vamos dando conta disso, já que na maioria das vezes passam-nos ao lado!
Como dizia a Madre Luíza Andaluz: «Mesmo o que é muito pequeno tem importância se com ele podemos provar o nosso amor a Jesus.» Pamplona 1946
Olívia

De Alexandrina Andrade a 16.10.2014 às 16:25

Curiosa esta visão. Eu também ando sempre a pôr no sítio as coisas que as minhas filhas desarrrumam. Mesmo agora que já têm 14 e 10 anos, é um casaco que se atira para o sofá, as botas tiradas na sala quando chegam da escola, eu sei lá. Como gosto e preciso de ordem, lá vou eu pôr tudo nos respetivos lugares. Sempre achei que foi por "habituá-las" mal que elas continuam desarrumadas ... então, se tinham sempre a mãe para arrumar. Sempre pensei que tinha escolhido o caminho mais fácil. Porque educá-las a arrumar no final das brincadeiras custa mais do que se for eu a pôr tudo no sítio. Nunca pensei nisto como um gesto de amor! Obrigada por me fazer ver o outro lado.

De sara a 16.10.2014 às 21:47

Eu também sempre vi isso como um ato que promove a irresponsabilidade dos mais novos e de cada vez que ando a arrumar essas coisas que todos deixam por todo o lado penso sempre que assim não contribuirei para que se tornem pessoas mais arrumadas...mas quem precisa dessa ordem sou eu não eles logo quem se sente mal com isso (eu) é que faz algo para reverter a situação.
Só mesmo a Teresa para ver as coisas dessa outra maneira...

De Teresa Power a 16.10.2014 às 21:50

Bem, meninas, eu também passo a vida a gritar e a ralhar: arrumem, arrumem! Mas mesmo com os seis a arrumar, acreditem, sobra muito lixo para mim...

De Olívia a 16.10.2014 às 22:51

Nem queiras saber a cara da minha mais pequenina a ver o quarto da Lúcia nesse estado! Acho que no fim de semana também vai fazer uma tenda! Ao que se seguiu um «vês mãe a Lúcia espalhou tudo no chão e não fez mal», mas eu expliquei que Lúcia certamente arrumou o quarto ou a Sara teria dormido na cama dela... ;) e sim mesmo depois deles "arrumarem" quanta tralha ainda sobra para nós...

De Guida Campos a 17.10.2014 às 00:19

Ai, Teresa, obrigada hoje pelo tema que se encaixou que nem uma luva no meu dia de hoje (aliás, como normalmente acontece.....), mas hoje particularmente, depois do caos cá em casa ler agora no final do dia este tema fez-me respirar oxigénio....eu sei lá.....de facto a visão da oferta do "sacrifício"......sim porque às vezes é um autêntico suplício..em minha casa as coisas parece nascerem do chão como cogumelos e ganharem vida propria do género "epa, eu não tinha já levado isto daqui para ali?".......Enfim....acalmei.......e encarar estas tarefas desta forma ajuda-nos a faze-las com mais alegria e a incentivar os outros tambem a ajudar com outra motivação.......obrigada......

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