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O mal que não quero

por Teresa Power, em 18.02.14

Numa noite da semana passada, como já vinha a acontecer demasiadas vezes, o António portou-se muito mal durante os dez minutos da oração familiar. Enquanto cantávamos e rezávamos, ele voava para o sofá e de lá mergulhava na carpete, corria atrás dos gatinhos, metia-se com a Sara e brincava com carrinhos no chão. Perdendo a paciência, puxei-o por um braço e fi-lo sentar no banquinho de cortiça, onde muito contrafeito, o António permaneceu nos poucos segundos que faltavam para acabarmos a oração.

Depois, já na cama, foram horas de conversar.

- António, já tens quatro anos, por isso a partir de agora tens que te portar bem a rezar. Nenhum menino de quatro anos se porta assim!

- Ai não?

- Não.

- Mas eu ainda não gosto de sopa quente, mesmo com quatro anos.

- Agora não estamos a falar da sopa, esse é outro assunto também bastante complicado. Uma coisa de cada vez! Agora estamos a falar da oração.

O António hesitou por um instante. Depois continuou:

- Eu bem tento!

- Então tens de tentar melhor.

- MAS EU NÃO CONSIIIIIIIGO!

 

A confissão do António acertou-me como um soco na cara. Quantas vezes eu me esforço por ser melhor mãe, melhor esposa, melhor filha, melhor professora, melhor cristã, e simplesmente esbarro com a minha impotência? Quantas vezes prometo a mim mesma: "Agora vou mudar", e instantes depois, repito as mesmas faltas e caio nos mesmos defeitos e vícios?

Uma das minhas palavras preferidas de S. Paulo - preferida porque tão humana, tão verdadeira, tão humilde - é esta:

 

"Eu não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Que homem miserável eu sou!" (Rm 7, 19.24)

 

Decidi assim ajudar o António a vencer o seu pequeno defeito. Procurei na Net uma imagem para colorir com um menino em oração, imprimi uma página com várias cópias da imagem e coloquei-a em destaque no Canto de Oração. Depois combinei com o António: cada vez que ele se portar devidamente durante o tempo de oração familiar, poderá colorir uma das imagens. Quando a página estiver cheia, festejaremos e, com fita-cola, colocaremos a página na cortina do nosso Canto de Oração, em acção de graças ao Senhor.

Ele adorou a ideia e deu logo uma sugestão para a "festa":

- Podemos ir lá fora de noite com as lanternas acesas!

Pois...

 

A ideia resultou maravilhosamente. Todas as noites, antes de rezarmos, relembro ao António o nosso compromisso. Ele olha com orgulho para a sua folha já meio pintada e porta-se à altura durante todo o tempo da oração. No final, munido de lápis de cor, pinta mais um menino a rezar. Já falta pouco para a nossa "festa"!

 

Olhando para a felicidade do António, decidi fazer uma página também para mim e trazê-la no bolso. Em vez de imagens, escrevi nela a palavra de Deus que me convida a vencer o meu maior defeito. Como o António, anoto as vitórias: de cada vez que consigo agir positivamente sobre esse defeito, coloco um pequeno traço à frente...

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publicado às 08:59




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