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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
No sábado tivemos o nosso Retiro de Natal, em Fátima. Que dia tão cheio de bênçãos! Ainda estamos em clima de retiro nos nossos corações, depois de uma experiência tão forte da misericórdia do Senhor.
E forte porque começou logo de madrugada, com a perceção da sua imensa bondade, nos raios do sol nascente que atravessavam as nuvens ao longo da nossa viagem. Depois de tantos dias de chuva intensa, o sol brilhou para nós! Das trevas nasceu a Luz...
Apesar de muitas baixas de famílias inteiras neste retiro, sobretudo por causa dos vírus da época, estávamos cerca de quinze famílias no Centro Pastoral Paulo VI. Algumas destas famílias fizeram um esforço muito grande para ali estar, pois vinham com bebés muito pequeninos! A mais pequenina era, claro, a Lúcia, da querida Família Batista. E que bem que ela se portou o dia inteiro!
É sempre uma grande alegria ver chegar as famílias aos nossos encontros. Que saudades uns dos outros, durante os períodos mais ou menos longos em que apenas comunicamos por mail - ou por oração!
Com a pontualidade característica das Famílias de Caná, começámos o nosso retiro com oração cantada e dançada, cheios de alegria no Senhor. Rezámos o Shemá, consagrámo-nos a Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná, e por fim, o David ajudou-me a orientar um mistério do Rosário.
Depois, enquanto as crianças saíam com o Niall e a Clarinha para brincar e falar de Jesus numa outra sala, eu fiz a meditação sobre a Misericórdia e o Natal, na sala S. João Paulo II. Os sorrisos abertos fizeram-me sentir que o Senhor estava connosco, também através desta meditação. A Palavra que Ele nos ofereceu ao longo de três quartos de hora foi verdadeiramente desafiante e cheia de esperança:
“Alarga o espaço da tua tenda sem olhar a despesas, estende sem medo as cortinas das tuas moradas, alonga as cordas, reforça as estacas, porque vais expandir-te para a direita e para a esquerda: a tua descendência conquistará as nações e povoará as cidades abandonadas.” (Is 54, 1-3)
Seguiu-se a missa na Basílica da Santíssima Trindade, onde o nosso encontro foi referido, no início, como tratando-se do Encontro Nacional das Famílias de Caná. Na verdade, podemos ser poucas famílias, mas já somos de âmbito nacional... E se continuarmos a alargar o espaço da nossa "tenda", a "reforçar as estacas", a "estender as lonas", em breve conquistaremos o mundo para Deus.
Que alegria, passar pela Porta Santa!
O almoço foi partilhado em grande festa, e durante o tempo livre do início da tarde, muitos tiveram ocasião de se confessar. Depois demos início à Via Stellae, a nossa meditação natalícia, pelo Caminho dos Pastorinhos. O céu ameaçava chuva, pelo que fizemos o caminho com passo rápido e sem demoras. Mas o Senhor segurou as nuvens com a sua mão poderosa, não permitindo senão algumas gotas de chuva de vez em quando!
Como a Cláudia tinha esquecido o carrinho da Alice em casa, decidimos que a Sara faria o caminho a pé e cederia o seu carrinho à amiga, bem mais pequenina. Para nossa grande surpresa, a Sara percorreu o caminho inteiro a pé, como gente grande. Um grande "viva" à Sara!
As crianças fizeram a sua caminhada quase por inteiro no meio das flores, que brotavam abundantes nas ervas dos campos em redor. Felizes, colhiam flores que iam oferecendo aos pais e uns aos outros.
Em cada estação, ajoelhámos, guardámos uns momentos de silêncio e meditámos no texto que vos tinha proposto. Depois, sempre em clima de oração e silêncio, continuávamos o nosso caminho até à estação seguinte.
Ouvido de passagem:
- Coitado de Jesus aqui nesta estação! Vou dar-lhe as minhas flores!
E a Lúcia depositou o seu ramo aos pés de Jesus, caído sob o peso da cruz.
- Os pastorinhos faziam este caminho todos os dias?
- Sim, todos os dias! Sem estrada marcada, claro, sempre pelos montes...
- E sem sapatos também...
- Ah...
Alguns bebés foram carregados ao colo, outros às costas, e outra ainda, muito pequenina, teve de voltar atrás porque precisava de mamar e a chuva miudinha dificultava a operação ali, em plena Via Sacra. Mas que sentido teria uma Via Sacra - uma Via da Estrela - sem algum sofrimento? Amor rima sempre, sempre com dor. No Natal também.
Finalmente chegámos ao Calvário Húngaro, onde terminámos a nossa caminhada. A chuva cá fora empurrou-nos para dentro da capela, e como não estava lá mais ninguém, pudémos cantar e rezar em voz alta, agradecendo ao Senhor, ali presente entre nós no Santíssimo Sacramento, o dom deste dia.
A Via Stellae terminou. Chegou o tempo de brincar! De um momento para o outro, a chuva parou, o sol brilhou, e as crianças puderam correr de novo, felizes, brincando na Loca do Anjo e junto das casas dos pastorinhos, que visitámos por fim.
Quantas lições de humildade e simplicidade, nestas casas pequeninas e pobres!
Tal como no ano passado, também neste retiro terminámos o nosso encontro junto ao poço da casa da Lúcia. Algumas famílias já tinham ido embora, mas ainda tínhamos crianças suficientes para cobrir o poço de canções...
A Sara recuperou o seu carrinho de passeio para um muito merecido descanso e uma bolacha:
"Alarga o espaço da tua tenda", foi-nos dizendo o Senhor ao longo de todo o dia. E nós alargámos... E o milagre da alegria, da paz, da esperança aconteceu!
Ámen.