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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Fui visitar o Nuninho, que felizmente já está em casa. A operação resultou, conseguindo o seu objectivo: endireitar um pouco mais a coluna do Nuno, para que ele possa continuar a sentar-se na sua cadeira e não fique acamado. Foram quinze dias de grande sofrimento para o Nuno e para toda a família. E que grande herói, o pequeno Nuno... A sua mãe pediu-me que agradecesse, em seu nome, a todos os que se uniram a nós em oração. Agora, naquela casa respira-se felicidade.
Felicidade? Esta palavra pode incomodar muita gente que conhece o Nuninho. A paralisia cerebral profunda, fruto de um nascimento muito prematuro e uma incubadora que correu mal, parece ser um passaporte para a infelicidade. Acreditem que não é! O Nuno tem à sua volta uma família que se ama e que o ama profundamente. E uma mãe sempre a sorrir, que irradia felicidade!
A mãe do Nuno contou-me algumas histórias de vida que presenciou no Hospital Pediátrico e as conversas que teve com os enfermeiros. Estava no hospital um menino lindo, de grandes olhos e sorriso triste, sempre sentado num carrinho de passeio. Depois de o ver ali durante alguns dias, a mãe do Nuno perguntou a uma enfermeira por que razão nunca se via a mãe, e apenas os enfermeiros o passeavam. A resposta partiu-lhe o coração: o menino fora abandonado no hospital pelos pais, e aguardava agora a institucionalização... Também estava no hospital uma adolescente que tentara suicidar-se, aos catorze anos de idade. E muitas outras crianças sem amor. Comparado com elas, o Nuno é um príncipe!
Onde reside, afinal, a felicidade? Numa saúde de ferro? Na beleza? Não estará a felicidade... no amor? Só o amor realiza profundamente a vocação do ser humano. Somos criados "à imagem e semelhança de Deus" (Gen 1, 27). Portanto, para sabermos quem somos, temos de saber quem é Deus. E que nos diz a Bíblia? "Deus é amor" (1Jo 4, 8).
Assim, a própria saúde não é um bem absoluto: se a saúde me afastar do amor - se a saúde me afastar de Deus - e se a doença me aproximar do amor - se a doença me aproximar de Deus -, então a doença é superior à saúde... Difícil de aceitar? Mas se só o amor importa! Diz S. Paulo:
"Quem nos separará do amor de Cristo?
O sofrimento, a angústia, a perseguição,
a fome, a nudez, o perigo, a espada?
Mas em tudo isso somos vencedores
n' Aquele que nos amou.
Pois estou convencido de que
nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os poderes celestiais,
nem o presente, nem o futuro, nem as forças cósmicas,
nem a altura, nem a profundeza,
nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus
manifestado em Jesus Cristo, Nosso Senhor." (Rm 8, 35-39)
E podemos continuar este belíssimo hino ao amor de Deus, com as estrofes da nossa vida:
"... nem a pobreza, nem o desemprego,
nem a doença, nem a crise, nem a morte,
nem o marido, nem a mulher, nem os filhos, nem os pais,
nem o trabalho, nem o cansaço, nem a solidão,
nem o tempo, nem o espaço,
nada nos poderá roubar a felicidade que encontramos no amor de Deus..."
Ámen!