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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Hora de oração familiar. Juntos, lemos o Evangelho do dia. É a minha vez de ler em voz alta, e leio assim:
"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «A todo aquele que Me tiver reconhecido diante dos homens também o Filho do Homem o reconhecerá diante dos Anjos de Deus. Mas quem Me tiver negado diante dos homens será negado diante dos Anjos de Deus." (Lc 12, 8-9)
- Que significa negar? - Pergunta a Lúcia, atenta.
- Alguém quer explicar?
- Eu explico - Diz a Clarinha - Imagina que um amigo te pergunta se vais à missa, e tu dizes que não. Isso é negar Jesus.
Silêncio.
- Às vezes tenho vergonha de dizer que quero ser padre - Diz o David, hesitante. - Mas depois ganho coragem e consigo dizer. Não estou a negar Jesus, pois não?
- Ainda bem que tens coragem - Sorrio - Assim não estás a negar Jesus! Cada um é livre de dizer o que pensa vir a ser, quando crescer. E, claro, és livre para mudar de ideias e vires a ser outra coisa qualquer. Mas se agora achas que queres ser padre, então ainda bem que tens coragem de o dizer.
- Sabes o que é que os meus amigos me respondem logo?
- Não faço ideia! O que é?
- Eles dizem que os padres não ganham dinheiro!
Ficamos todos em silêncio. Por onde andam os sonhos infantis de heroismo, os desejos de ser bombeiro, enfermeiro do INEM, piloto aviador? Por onde anda a infância dos nossos filhos? Que fizemos dela? Aos nove anos já não têm direito a sonhar? Lembrei-me do Principezinho, daquela passagem em que Saint-Exupéry fala da diferença entre os adultos e as crianças:
"As pessoas crescidas gostam de números. Quando lhes falam de um amigo novo, nunca perguntam nada de essencial. Nunca perguntam: «Como é a voz dele? A que é que ele gosta mais de brincar? Faz coleção de borboletas?» Em vez disso, perguntam: «Que idade tem? Quantos irmãos tem? Quanto é que ele pesa? Quanto ganha o pai dele?» Só então julgam ficar a saber quem é o vosso amigo. Se contarem às pessoas crescidas: «Hoje vi uma casa muito bonita de tijolos cor-de-rosa, com gerânios nas janelas e pombas no telhado...», as pessoas crescidas não conseguem imaginá-la. Precisam de lhes dizer: «Hoje vi uma casa que custou quinhentos mil euros.» Então já são capazes de a admirar: «Mas que linda casa!»
"O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (1Tm 6, 10)
Assim escreveu S. Paulo a Timóteo.
Talvez seja um bom exercício verificarmos a frequência com que falamos de dinheiro na nossa casa, em brincadeiras, em comentários mais ou menos maledicentes sobre a roupa e o carro dos outros, em discussões sobre poupanças e gastos, em ralhetes, em... É que pela frequência com que falamos de um assunto pode medir-se a importância que esse assunto tem para nós. Os nossos filhos observam atentamente todos os nossos gestos e escutam até as palavras que calamos. Que mensagens lhes transmitimos sobre o dinheiro?
Ah, a Palavra de Deus a identificar as nossas feridas antes de as poder curar...