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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Há nos quinze anos uma beleza escondida, uma luminosidade especial. Quinze anos! Quinze anos... A infância ficou definitivamente para trás, mas ainda não está definido aquilo que iremos ser... O corpo, a mente e o espírito despertam para realidades novas, e aos quinze anos já estamos a caminho das águas profundas de que nos fala o Evangelho:
"Faz-te ao largo e lança as tuas redes para a pesca." (Lc 5, 4)
A Clarinha já se fez ao largo, e há uns tempos que navega em águas profundas. Sem perder a transparência e a inocência da sua infância feliz, a Clarinha cresceu. Observo-a quando toma conta dos irmãos por sua livre vontade, contando-lhes histórias, ensinando passos de ginástica à Lúcia e à Sara, ajudando-os a vestir ou a tomar banho. Observo-a quando se oferece para me ajudar com a lida da casa, se repara que estou mesmo muito cansada, ou dobra meias enquanto rezamos o terço. Observo-a quando controla a vontade de me responder mal, mordendo os lábios para não dizer o que sabe que não deve, ou quando chora no meu ombro, pedindo desculpa depois de se ter excedido, ou ainda quando me perdoa, sorrindo, se por acaso fui eu quem se excedeu. Observo-a quando ri à gargalhada com o Francisco, conversando no quarto do irmão sobre coisas que só os dois partilham. Observo-a sentada à sua secretária, livros abertos com determinação, disposta a melhorar a cada dia os seus resultados escolares. Observo-a quando patina ao desafio com os irmãos, à volta da casa, numa velocidade estonteante. Observo-a de tablet na mão e auriculares nos ouvidos, visionando competições de ginástica e concursos de dança, ou conversando online com as primas e as amigas. Observo-a ao serão, no Canto de Oração, rezando concentrada.
Escrevo este post na manhã de sábado. A Clarinha está na cozinha a fazer a pizza para o almoço. Enquanto mistura os ingredientes e espera que o molho de tomate fique pronto, vai cantando, cantando, cantando, atingindo as notas mais agudas sem qualquer esforço.
Ao cantar, a Clarinha alterna com naturalidade entre as canções pop da moda e as canções de Danielle Rose, uma cantora católica americana que descobriu no blogue da Marisa. "The Saint That is Just Me" é uma das suas canções preferidas, e ela canta-a de cor, com voz forte. Ao serão, também a costuma tocar na guitarra ou no bandolim, sentada em frente da lareira. Como Danielle, a Clarinha já intuiu que Deus nos chama à santidade, e que o caminho de santidade de cada um é único, irrepetível e insubstituível.
No Retiro em Lordelo, a Clarinha ficou muito tempo de joelhos, durante a adoração, a conversar com Jesus. No fim do dia, enquanto arrumávamos tudo para regressar a casa, a Clarinha voltou a escapulir-se para a igreja e voltou a ajoelhar-se diante de Jesus, para conversar com Ele mais um bocadinho.
"Não consigo imaginar a minha vida sem o Evangelho", diz-me ela de vez em quando. E continua, pensativa: "Como seriam os meus pensamentos? Como ficaria eu quando os testes correm mal, ou quando não consigo fazer um exercício de ginástica? Sem Jesus, acho que nada na minha vida faria sentido!" Este ano letivo não tem sido fácil para a Clarinha, que tem passado muitas horas a estudar matérias difíceis, e muitas outras horas a tomar decisões também difíceis, como se devem recordar (e como contei aqui, aqui e aqui). A adolescência nunca é fácil, não é verdade? Mas todos os dias, ao serão, lemos em conjunto a Palavra de Deus, que a Igreja oferece na missa diária. Acredito que, mais do que os meus esforços como mãe, é esta Palavra partilhada, mastigada, contemplada, que dá à Clarinha a confiança para viver cada dia com alegria e simplicidade.
De facto, a cada dia que passa, a minha missão educativa vai diminuindo, e a missão educativa do próprio Jesus vai crescendo... É por isso que é tão importante - sobretudo quando se têm filhos adolescentes - meditar as Escrituras em família, proclamando não as nossas palavras educativas, mas as de Deus. João Batista sintetizou num único versículo o essencial da missão educativa cristã:
"É preciso que eu diminua para que Ele cresça." (Jo 3, 30)
Ser mãe da Clarinha há quinze anos tem sido para mim um enorme privilégio, e todos os dias agradeço a Deus ter-me oferecido esta filha e os seus irmãos para com eles partilhar a vida.
Senhor, à medida que a minha influência maternal for diminuindo na vida da Clarinha, aumenta, Te peço, a tua! Que ela navegue em águas cada vez mais profundas e seja santa, a santa que só ela pode ser...
E hoje que fazes quinze anos... PARABÉNS, QUERIDA FILHA!