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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Acorda, papá! Acorda, já são horas!
- Deixem-me dormir um bocadinho, meninos. Ainda não são sete da manhã! Se fosse dia de escola, aposto que tinha de vos acordar. Porque é que ao fim-de-semana não deixam o pai e a mãe dormir um bocadinho?
- Porque se não te levantares depressa não tens tempo de fazer as panquecas antes da missa!
O Niall suspira, e um pouco contrariado, levanta-se. Os meninos têm razão: nos dois últimos domingos ficaram sem panquecas, porque acordámos todos um pouco mais tarde, isto é, depois das sete e meia.
As panquecas ao domingo de manhã fazem parte dos rituais da nossa família desde o início. Tipicamente irlandesas, foi o Niall quem as introduziu em nossa casa e é o Niall quem as continua a fazer todas as semanas. Como cada vez há mais crianças para comer panquecas, cada vez levam mais tempo a fazer, e daí a pequena hesitação do Niall em algumas manhãs mais apertadas de domingo.
Os rituais familiares são como uma lareira numa casa: aproximam as pessoas e fazem-nas demorar um bocadinho mais umas com as outras, antes de se dispersarem pelos seus afazeres. As famílias precisam de rituais. O Principezinho diz que os rituais são uma coisa de que toda a gente parece ter-se esquecido... Será? Na verdade, muitas famílias vivem ao sabor da corrente, sem tomar grande consciência dos gestos de cada dia, deixando que os espaços em branco entre as pessoas sejam ocupados com a televisão ou os auriculares. É preciso um bocadinho de criatividade e muita força de vontade para transformar as rotinas em rituais.
Como nascem os rituais? Alguns são herdados da família alargada. Que bem que sabem! "Sempre se fez assim", repetem os pais aos filhos, transmitindo gestos de amor. Outros, pelo contrário, precisam de cortar com os rituais da família alargada, pelas mais variadas razões. Há rituais que nascem espontaneamente nas famílias, outros que são pensados, desenhados, inventados com amor. Alguns pegam, como pequenas sementes na terra, outros murcham e são postos de lado. Todos precisam de cuidados para crescerem e darem fruto.
Como uma sã família judia, a Família de Nazaré tinha muitos e belos rituais. Enquanto crescia, Jesus contemplava a repetição dos gestos de Maria e de José, acendendo castiçais, preparando alimentos, curvando-se em oração, levantando a candeia na casa, contando histórias das Escrituras.
Nós também temos muitos rituais, que dão magia aos momentos mais triviais do dia: as panquecas ao domingo de manhã; a televisão ao sábado antes de jantar; os croissants com nutella domingo depois do grupo de oração; os walkie-talkies nas viagens longas com dois carros; a hora da história bíblica, ao serão; a história antes de dormir; a oração familiar; os jogos de cartas aos serões, nas férias familiares...
Será que alguns destes rituais vão passar para a geração dos nossos netos, através da memória feliz dos nossos filhos? Afinal, os rituais mais não são do que formas de narrarmos a nossa vida, parábolas sobre a nossa família...
"Quando amanhã o teu filho te perguntar: «Que significam estes mandamentos, estas leis, estes decretos que o Senhor nosso Deus vos prescreveu?» Então responderás ao teu filho: «Nós éramos escravos do Faraó no Egito, e o Senhor libertou-nos do Egito com mão forte...»" (Deut 6, 20-25)
PS - Hoje à tarde estaremos no Centro Paroquial da Sé de Aveiro para falar de Família Escola de Fé. Apareçam!