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Peregrinos

por Teresa Power, em 13.05.15

Ao longo destes últimos dias, a minha vista, durante os curtos trajetos de carro entre a casa, a escola e o colégio foi esta:

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A fila de peregrinos foi constante e ininterrupta, ao longo de todo o dia. Caminhavam com alegria e entusiasmo, acenavam quando lhes sorriamos. Nestes dias que antecedem o dia treze, todos os caminhos parecem ir dar a Fátima.

Enquanto os via passar, sentia os olhos molhados. Durante toda a semana anterior, os meus alunos escuteiros trouxeram ao pescoço o lenço que os identifica, em homenagem aos dois jovens escuteiros falecidos no caminho de Fátima, no trágico acidente que vitimou cinco peregrinos, às quatro horas da madrugada. A morte não pareceu, contudo, assustar os peregrinos, que continuaram a caminhar, e que hoje, dia treze, devem estar cansados, transpirados, esgotados - felizes, louvando Jesus e Nossa Senhora, em Fátima.

O caminho dos peregrinos é frágil. Nele, a morte e a vida parecem separadas por um fino véu, por uma fração de segundo, por um passo a mais fora do tracejado.

Como o caminho dos peregrinos, também o caminho da vida é frágil. O perigo espreita a cada esquina, e a morte surge de improviso tantas e tantas vezes.

Porque não protege Nossa Senhora os seus peregrinos? Porque não protege Nosso Senhor os seus fiéis? E no entanto, o Evangelho assegura-nos:

 

"Nenhum passarinho cai por terra sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados." (Mt 10, 29-30)

 

Talvez a proteção divina seja um conceito bem diferente do nosso... Talvez Deus nos proteja e nos guarde, mesmo quando permite o mal, a doença, a morte... Talvez o amor de Deus seja tão grande, tão poderoso, tão infinito e tão profundo, que nada, nada mesmo, nem a morte, nem a doença, nem sequer o pecado sejam capazes de o beliscar. Talvez o verdadeiro perigo mortal não seja morrer à beira da estrada, mas caminhar nela sem amor...

Disse S. Paulo:

 

"Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?

A tribulação, a angústia, a perseguição,

a fome, a nudez,

o perigo, a espada?

Estou convencido de que nem a morte, nem a vida,

nem os anjos, nem os principados,

nem o presente, nem o futuro,

nem a altura, nem o abismo

nem qualquer outra criatura

poderá separar-nos do amor de Deus!"

(Rm 8, 35-39)

 

Depois de verem Nossa Senhora, os pastorinhos nada mais desejavam do que estar eternamente junto dela. Diz-se que a Irmã Lúcia, velhinha, no Carmelo de Coimbra, suspirava muitas vezes: "Mãe querida, disseste-me que tinha de ficar na terra mais um bocadinho... É a isto que chamas "mais um bocadinho"?" Um pequeno vislumbre do céu é suficiente para reorientar todas as prioridades de uma vida!

 

Não somos senão peregrinos nesta Terra, caminhando à beira da estrada em direção ao Céu. Que o nosso caminho seja feito de amor concreto, simples e alegre, como o caminho de tantos peregrinos de Fátima; e que a morte, ao colher-nos por fim numa qualquer curva da nossa peregrinação, não faça senão lançar-nos mais depressa na meta.

Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!

Sara e David na escolinha.JPG

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publicado às 06:23


5 comentários

De carla a 13.05.2015 às 15:48

Gostaria mto de fazer, mas falta-me a coragem. Admiro mto todos os que se empenham nesta árdua tarefa. A recompensa deve ser imensa. Por isso a maior parte volta. Talvez um dia N. Senhora me dê essa graça...

De Catarina Silva a 13.05.2015 às 17:47

Olá Teresa,

Fui peregrina este ano (já não era desde que os meus filhos mais novos nasceram) e emocionou-me o mar de gente que caminhava estrada fora.
O grupo em que eu ia inserida, fez 102 km em dois dias. Foi muito difícil , mas chegar ao santuário é uma experiência única, de verdadeira alegria e emoção! Bjs

De Teresa Power a 14.05.2015 às 20:18

Querida Catarina, que maravilha! Deve ser mesmo bom caminhar até Fátima! Ainda não o fiz, mas espero fazer um dia, sim!!! Bjs grandes

De FM a 15.05.2015 às 07:38

Olá Teresa,

Desculpe a ausência e queria ter comentado mais cedo, mas não tenho conseguido...

Não consigo encarar as coisas assim. Como se justifica algo como os sismos no Nepal??? Ou como o boko haram?

Enquanto houver coisas destas...

Aquilo que diz parece-me uma forma de justificar a pura maldade dos homens... Ou há alguém lá em cima com um sentido de humor muito sádico... Ou não chego lá.

De Teresa Power a 15.05.2015 às 09:04

Querida FM, eu também não entendo! Mas a minha atitude é esta (e penso que a expliquei um bocadinho no post sobre a praia): ou eu acredito que Deus é amor, e só amor, e todo amor, ou eu não posso acreditar sequer que Ele exista. Para mim, se Deus não for só amor, tudo deixa de fazer sentido... Eu prefiro acreditar que sim, que Ele me ama e ama cada um de nós, que Ele me devolverá tudo o que me tirar agora, que Ele devolverá a todos toda a felicidade que não experimentarem agora. Se eu não acreditar nisto, mais vale desistir de viver! Deus é mistério, sim. Mas Deus, FM, é amor. Tem de ser! Bjs

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