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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Ontem, ao contemplar o presépio, algo estranho chamou a minha atenção: misturados com as ovelhinhas, os pastores, as conchinhas da praia e os restantes elementos bucólicos que se espraiam pelo musgo, estavam duas ferozes criaturas...
Como terão o leão e o tigre ido parar ao presépio? Fiquei em pânico, com medo que algo pudesse acontecer ao Menino Jesus, tão frágil, deitado numa manjedoura pequena demais para Ele, e já com um pezinho partido à custa de beijinhos desajeitados... Mas depois lembrei-me de que talvez o leão e o tigre conhecessem a profecia de Isaías, e daí o terem arriscado caminhar até à gruta de Belém:
"Então o lobo habitará com o cordeiro e o leopardo deitar-se-á com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o animal cevado estarão juntos, e um menino os conduzirá. A vaca e o urso pastarão lado a lado, as suas crias deitar-se-ão juntas, e o leão comerá feno como o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e a criança desmamada porá a mão na cova da serpente." (Is 11, 6-8)
Um urso a pastar ao lado de uma vaca e um leão a comer feno como um boi é verdadeiramente uma revolução grandiosa, difícil de imaginar. Num dia da semana passada, conversando com um aluno da minha direcção de turma, perguntava-lhe:
- Como queremos nós que haja paz na Terra, se vocês, jovens, não conseguem relacionar-se no espaço de uma turma? Escrever insultos no Twitter sobre as tuas colegas não parece uma estratégia muito apropriada para se conseguir ser aceite...
Ele ficou pensativo. Depois assentiu:
- Tem razão, professora. - E acrescentou: - Mas mesmo que eu tente mudar e voltar a ser amigo delas, elas já não acreditam em mim. Ninguém, nem os professores nem os meus amigos, me quer dar outra oportunidade!
Quando ele saiu de junto de mim, fiquei a pensar no que significa isto de fazer a paz. Às vezes, somos nós os leões que precisam de aprender a comer feno; outras, somos o menino que precisa de não ter medo de meter a mão na toca da víbora...
Fazer a paz implica trabalhar o nosso carácter, dominar os nossos instintos e converter o nosso coração; mas também implica dar ao outro a oportunidade de provar que está mudado! Precisamos - na família, no casamento, nas amizades - de muita humildade e de muita confiança em Deus para colocarmos a mão na toca da víbora, acreditando que, desta vez, ela não nos morderá.
Ah, a paz de Jesus é tão exigente!...