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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Os meus filhos têm na Irlanda dois avós, dezasseis tios e dezassete primos. Ena, que fartura! Infelizmente, quase nunca se vêem, pois as viagens para famílias numerosas como a nossa ficam muito caras. A última vez que fomos à Irlanda foi há cinco anos atrás. Os avós nunca deixaram de nos visitar, e de vez em quando aparece por cá uma família Power, com dois ou três primos simpáticos. É uma festa!
Há uns meses, os avós telefonaram-nos muito tristes. Tinham chegado à conclusão de que já não conseguiam viajar de avião, e lamentavam ainda nem sequer conhecerem a Sara. O Niall concordou que estava na altura de voltarmos à Irlanda... Enchemo-nos de coragem, e para a semana, lá vamos nós! Preparem-se aí desse lado para postagens do país verde...
Estes nossos serões têm sido muito atarefados. O Niall senta-se ao computador, de telefone em punho e calculadora à mão, e tecla sem parar, quer no computador, quer no telefone, quer na calculadora, para marcar tudo o que é preciso marcar antes de partirmos. Eu fico a olhar para ele, muito espantada, pois não faço ideia do que ele está a tratar...
- Como não entendes o que é preciso fazer? - Pergunta-me ele, tentando sorrir no meio da atrapalhação - Temos de marcar comboios, estacionamento dos carros no aeroporto, autocarros, mais comboios na Irlanda, mais autocarros, porque isto não é apanhar o avião e acordar em casa dos meus pais!
Eu aceno com a cabeça e finjo escutar com muita atenção tudo o que ele me diz. Também aceno quando ele me pergunta se acho que lhe fizeram um bom preço por uma viagem de comboio para os oito, ou um bilhete de autocarro. E ele lá continua, calculadora na mão, a fazer contas e mais contas...
Mas não pensem que eu não faço nada! Chegou a minha vez de me vingar - agora é ele que fica a olhar para mim:
- Estás tão atarefada porquê? - Pergunta-me, espantado - É abrir as gavetas, pegar em algumas roupas e meter nas malas!
- Algumas roupas? Para oito pessoas? Na Irlanda nunca sabemos se é inverno ou verão (bem, cá também não) e precisamos de camisolas de lã, fatos de banho, impermeáveis, botas e sandálias... E isto para oito pessoas! A Sara costuma mudar de roupa pelo menos duas vezes por dia. Depois ainda há os presentes para levar, e objectos que não podem ficar para trás. Sim, senhor Niall, isto demora!
E lá continuamos os dois nos nossos preparativos, cada um com as suas tarefas, mas ambos muito ocupados.
Uma família cristã é acima de tudo uma família que sabe de onde vem e para onde vai: vem de Deus, pelo baptismo, e vai para o Céu, a sua verdadeira Casa! Assim, uma família cristã não se pode "deixar andar", rumando ao sabor dos ventos sem grande preparação. A ideia de que "tudo se ajeita" não resulta na vida da fé! Precisamos de pensar muito bem na viagem desta vida, tratando de cada pormenor com atenção e seriedade. A "segurança do voo" das nossas crianças depende de nós, seus pais! Que "bagagem" não podemos esquecer? Que "ligações de trajectos" não podemos deixar ao acaso? Que "contas" é preciso fazer? Jesus foi muito claro:
"Quem de vós, ao construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos para ver se tem com que terminá-la? De contrário, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos o verão e começarão a troçar, dizendo: «Este homem começou a construir e não pôde acabar.»" (Lc 14, 28-30)
Quantas famílias começam a construir e não conseguem acabar! Sentemo-nos então todos os dias, ou todas as semanas, e façamos os nossos preparativos. O plano de voo, já o temos: está bem delineado nas Escrituras Sagradas! Podemos meditar nele através das três leituras que a Igreja propõe na missa diária. Nós fazemo-lo sempre cá em casa desde que nos casámos, e podemos testemunhar como o Espírito Santo tem guiado o nosso voo, pela Palavra, no meio dos mais terríveis furacões...