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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Falei ontem nos presentes de Deus... Nem a propósito: gritando de entusiasmo, o António entrou hoje na cozinha a correr:
- Mamã, olha uma prenda para ti!
Deixei o que estava a fazer e abri a caixinha que ele me oferecia. Depois contive um pequeno grito: lá dentro, uma minhoca retorcia-se desajeitadamente.
Estou acostumada aos presentes magníficos que todos os meus filhos gostam de me dar quando têm entre três e seis anos. E já aprendi a reagir com um apropriado "Uau!" a todos eles, sejam desenhos, flores murchas, pedaços de terra, cacos de objectos, pedras brilhantes, pedras escuras, pedras sujas, e naturalmente, minhocas. Sei que a oferta vem revestida de amor, e portanto, nada mais me importa.
Mas quando é Deus o ofertante, tenho muita dificuldade em Lhe oferecer o dito "Uau!" É fácil reagir com alegria aos seus presentes mais agradáveis, como uma palavra simpática de um desconhecido, o sorriso de um aluno, o telefonema de um amigo, um dia de sol, o ordenado ao fim do mês, a cura de uma constipação, o beijo de um filho. Mas não é nada fácil reagir com o mesmo entusiasmo quando o presente é... um dia de chuva, uma doença, a falta de dinheiro para chegar ao fim do mês, uma turma barulhenta, um filho birrento.
E no entanto, o ofertante é o mesmo, e o amor com que o faz é infinito!
Não é Deus quem nos envia os males, claro; mas se os permite, é porque eles nos trazem algo de muito, muito melhor. Diz S. Paulo:
"Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a a Deus!" (Rm 8, 28)
Santa Teresinha registou um episódio maravilhoso de aceitação destes "presentes" pouco agradáveis do Senhor:
"Estava a lavar a roupa em frente de uma irmã que me deitava água suja para o rosto cada vez que erguia os lenços no lavadouro; o meu primeiro movimento foi recuar, limpando o rosto, para mostrar à irmã que me aspergia que me faria um grande favor se estivesse quieta, mas logo pensei que era bem tola ao recusar tesouros que me eram dados tão generosamente, e tive todo o cuidado em não deixar transparecer o meu combate. Fiz todo o esforço por desejar receber muita água suja, a tal ponto que no fim tinha verdadeiramente tomado o gosto a este novo género de aspersão, e prometi a mim mesma voltar outra vez a este feliz lugar onde se recebiam tantos tesouros." (História de Uma Alma, Manuscrito C)
Aprender a receber tudo das mãos de Deus, os bens e os males, e por tudo Lhe agradecer... Eis o segredo da felicidade!