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Privacidade (ou a falta dela)

por Teresa Power, em 27.08.14

Escrito pelo Francisco:

 

De sábado até ontem (terça-feira) tivemos, cá em casa, a companhia dos nossos primos de Barcelona. Três crianças, da idade do António, da Lúcia e do David. “Só” mais três crianças para juntar à confusão que os meus cinco irmãos já fazem. Eles divertiram-se imenso, mas o seu divertimento implicou que a minha privacidade (que já não era muita) fosse reduzida a um mínimo. Quando eu queria ler um livro, praticar magia em paz, pesquisar qualquer coisa na internet, etc., eu ia para o meu quarto. Mas lá estavam o David e o primo a jogar Lego. Tentava o escritório mas ora estava lá a minha mãe a trabalhar ou estava lá o António e o primo a jogar Lego ou a disfarçar-se. Por estranho que pareça a sala era impensável, pois como é a divisão da casa com mais entradas, estava sempre a ser “visitada” por crianças aos gritos (isso quando o órgão não estava com o volume no máximo com eles a tocar, e eles não tocam propriamente Beethoven). Em suma, não havia nenhum lugar confortável onde eu pudesse estar em paz. Tive que me contentar com esta falta de privacidade.

 

 


Esta falta de privacidade não é assim tão má como parece por uma razão: ensina-me (ou devo dizer “obriga-me”) a ser menos egoísta. Ensina-me que nunca tenho tempo só para mim. Quando penso que tenho algum tempo só meu aparece o António a pedir que lhe faça um avião de papel, ou um primo a pedir que eu faça magia.
Eu tenho noção de que quando partilho alguma coisa com os meus irmãos essa coisa não vai acabar no mesmo estado em que começou. Desde que partilhei a minha colecção de Lego com o David, o que antes eram camiões, aviões ou helicópteros de Lego é agora um monte de peças soltas. Ou o meu cubo mágico que já perdeu dois autocolantes desde que o David começou a usá-lo. Sim, partilhar é difícil e até perigoso para mim, mas desde que estou numa família numerosa tornou-se inevitável.
Cá em casa gostamos muito do acrónimo J.O.Y.: "Jesus first, Others second, You last. That is the secret of joy" (Jesus primeiro, os outros em segundo, tu em terceiro, eis o segredo da alegria). E a verdade é que apesar desta falta de privacidade sou muito feliz.

 

 

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publicado às 07:15


4 comentários

De Isa David a 27.08.2014 às 09:39

O humor do Francisco é absolutamente delicioso. O que me ri.
Beijinhos

De gralha a 27.08.2014 às 11:16

Este testemunho fazia tão bem a tanta miudagem (e não só) que conheço. Grande Francisco :)

De Olívia a 27.08.2014 às 11:21

Que bom que é ler um texto assim!
Saber que uma casa cheia é uma casa alegre!

Parabéns Francisco

De Carla a 29.08.2014 às 00:01

Parabéns Francisco.... Aprendi hoje contigo o JOY.... Soberbo... Quanto à privacidade, podias ter vindo cá a casa umas horas.... Estava um silêncio que metia dó.. Eu até agradecia....um grande beijinho para ti.....

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