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Rotinas, Inglês e oração

por Teresa Power, em 04.02.15

Na maior parte do material didáctico das nossas escolas, o tema religioso foi completamente branqueado. Em nenhum texto do manual de Inglês se lê que as famílias vão à missa, ao culto, à sinagoga ou a qualquer outro acto religioso que não, claro, as festividades paganizadas, como o Natal do Pai Natal ou a Páscoa dos ovos e dos coelhos. No entanto, a America, a Inglaterra e todos os outros países anglófonos estão cheios de cristãos que vivem a sua fé. Porque desapareceram eles da literatura?

Será proselitismo falar de fé? Não é antes a fé religiosa - qualquer que seja a religião - um dos temas da vida? Não poderemos nós, numa escola pública, partilhar os temas da fé do ponto de vista cultural, conversando com naturalidade sobre as realidades que a fé toca? Já tive alunos Adventistas, que sexta-feira ao último tempo, durante o período de inverno, tinham de faltar à minha aula de Inglês, por ela ter lugar depois do pôr-do-sol. Já tive alunos Geová que não estavam autorizados pelos pais a cantar Christmas Carols na minha aula. E os alunos católicos? Poderemos falar de religião?

 

Turma de sétimo ano. Aproveito o tema da "Rotina Diária", nas aulas de Inglês, para falar um bocadinho de Deus. Como não tenho a ajuda do manual, escrevi eu mesma um texto, que distribuo pelos alunos. Já perto do final, o texto diz assim: "After dinner, they pray the rosary" (depois do jantar, rezam o terço). Na parte inicial, uma outra curta frase: "On Sundays, they go to mass" (Aos domingos, vão à missa).

- A rotina desta família é semelhante à vossa? - Pergunto, depois da leitura do texto.

- Mais ou menos. Eles fazem uma coisa que eu não faço: rezar!

- E vão à missa ao domingo! Eu só vou quando é obrigatório.

- Obrigatório?

- Sim, professora, quando a catequista manda.

- Ah, então tu vais à catequese?

- Vou sempre. Todos os sábados e nunca falto!

- Mas faltas à missa...

- A missa não é assim tão importante, professora. O importante é ir à catequese. A missa é só quando calha! A professora não percebe nada...

- Olha que eu também sou católica, sabes, e acho que não é bem assim!

- A professora vai à missa?

- Vou. Todos os domingos! Para os católicos, a missa é o que existe de mais importante na vida. É melhor faltar à catequese do que à missa!

- Tem a certeza, professora? Mas a missa é uma seca!

- Eu por mim nunca vou.

- E eu também não!

- E alguém aqui reza o terço, como aquele menino do texto?

- Rezei um dia com a minha avó, na igreja. Ena, demorou uma eternidade! Pensei que ia ficar lá para sempre!

- Olha que não. Deve ter sido um terço especial! Sabes, na minha casa o terço demora quinze minutos.

- A professora reza o terço?

- Rezo. Todos os dias! Vocês agora, quando voltarem à catequese, já podem dizer à catequista que sabem dizer "rezar o terço" em inglês!

- Ai, que ela ainda me manda rezar o terço!

 

No fim da aula, um menino vem ter comigo:

- Eu também vou à missa todos os domingos, professora...

Sorrio, e faço-lhe uma festa na cabeça enquanto saímos, juntos, da sala.

DSC00877.JPG

Dar testemunho da nossa fé não é complicado. Fala-se naturalmente de quem se ama, e se verdadeiramente amamos o Senhor, falamos naturalmente d'Ele. Façamo-lo com simplicidade, sem afetações nem imposições, na atitude de quem partilha a vida com tudo o que a compõe, e abertos à partilha do outro. Recordemo-nos da Palavra de Jesus:

 

"Todo aquele que der testemunho de Mim diante dos homens,

também Eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus."(Mt 10, 32)

 

 

 

 

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publicado às 06:20


17 comentários

De Catarina Silva a 04.02.2015 às 14:41

Ai Teresa, hoje (não sei se estou com mau feitio), mas não concordo!
Dar testemunho da nossa fé é extremamente complicado!
Quando em casa temos de lidar com todo o tipo de comentários jocosos, é mesmo muito complicado. Sinto-me a usar camisola de gola alta quando todos andam de manga curta, assim como a Olívia diz hoje no seu blog: sinto-me a remar contra a maré!
A Teresa e o seu marido foram muito corajosos. Corajosos e inteligentes porque se uniram e conseguiram dessa forma proteger os vossos filhos.
Só para lhe dar um exemplo:
Quando está um estádio cheio de adeptos do futebol a assistirem a um jogo debaixo de chuva torrencial, toda a minha boa gente aceita. Afinal, estão a apoiar a sua equipa e isso vale qualquer sacrifício .
Se por outro lado o mesmo numero de fieis estiver no santuário de Fátima (ou noutro santuário qualquer) a assistir à missa debaixo da mesma chuva torrencial, são uns idiotas a prestarem-se aquele sacrifício só para estarem a ouvir o padre a falar, que até pode ser um pedófilo porque o que não falta para aí é padres pedófilos e blá blá blá ..
Pergunto eu:
Porque será que Deus nos põe certas pessoas no caminho...pessoas que nos levam por vezes ao desespero. E logo a uma pessoa como eu, que não me calo, que argumento e argumento até à exaustão.
Será que vale mesmo a pena? Não seria melhor ignorar e afastar-me? Teria certamente mais paz...
A resposta a esta e a outras perguntas, é a minha busca constante.
Beijinhos e desculpe o desabafo.

De Teresa Power a 04.02.2015 às 14:52

Catarina, Catarina, argumentar até à exaustão só deve ser feito - do meu ponto de vista, claro - em alguns casos muito particulares. Por exemplo, quando se trata de defender a vida, etc. De resto, demos testemunho da forma simples que procurei mostrar neste texto, sem intenção direta de evangelizar - apresentando factos, dizendo "Eu faço assim, eu sinto-me feliz assim", sem procurar aprofundar ou justificar, a não ser, claro, que no-lo peçam. Aí, entremos em conversa! Mas acredite-me: argumentar com quem não tem qualquer vontade de ceder ou dialogar é perder tempo e rouba-nos a paz! A oração e o testemunho de vida têm muito mais poder... Bj grande e lance para lá esse mau feitio :)

De c a 04.02.2015 às 15:11

Sim Teresa , talvez seja esse o caminho.
Custa muito ouvir tanto disparate e ficar calada. O melhor será mesmo dizer-lhes: "Que Deus vos perdoe por tantos disparates que dizem" e seguir com a minha vida. Não tenho intensão directa de evangelizar, só tenho intensão de obter o respeito pela minha fé. O mesmo respeito que tenho por quem não a tem. E esse respeito manifesta-se com a contenção nas palavras...
Enfim, adiante. Quanto ao mau feitio, vou tentar dar cabo dele! BJ

De Teresa Power a 04.02.2015 às 15:17

Estava a brincar consigo, Catarina. Deve ter melhor feitio que eu :) Agora a sério, experimente a técnica do silêncio, do testemunho silencioso, paciente, orante, e talvez veja frutos mais depressa do que pensa... Bj

De Teresa Power a 04.02.2015 às 15:50

Se me enviar a sua morada para o mail, empresto-lhe um livro :) Bj

De Anónimo a 04.02.2015 às 16:32

Também queremos saber que livro é! :)

De Teresa Power a 04.02.2015 às 16:51

Tem toda a razão :)
http://livraria.apostoladodaoracao.pt/produto/este-combate-nao-e-teu/

A história verídica desta mulher, mãe e esposa, fazendo face ao adultério do marido e à falta de fé da sua família, é impressionante... A conversão - de todos, incluindo do marido infiel, mas sobretudo dela própria - deu-se a partir desta certeza: o combate não é nosso, mas do Senhor! Não carreguemos com o fardo pesado de fazer valer as nossas razões, mas confiemos no Coração que carrega os nossos fardos. Sejamos testemunhas a partir da vida, e actuemos no mundo a partir da oração. E só muito, muito depois, utilizemos as palavras... Adoro este livro! Ab e boas leituras!

De João Miranda Santos a 05.02.2015 às 17:12

Ainda bem que este livro veio aqui à baila! A Teresa falou desta história no retiro em Fátima e eu achei um óptimo exemplo extremo do que me faz falta a mim e a tanta gente que é ocupar-nos mais a converter-nos a nós próprios antes de converter os outros, e confiar em Deus para o resto.
Já está encomendado!

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