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Roupas cristãs?

por Teresa Power, em 04.06.15

- S., a T-shirt que trazes vestida não é apropriada... Já viste que tem desenhada duas mamas à mostra?

- Mas não são as minhas, professora!

- Pois não, mas quem olha de repente, até dá ideia de que sim! E aliás, é esse o objetivo da T-shirt, não é?

Silêncio, depois um sorriso provocante:

- Ora! E que mal tem?

Todos os anos, com a chegada do calor, tenho estas conversas com os alunos e com os adolescentes da catequese. As alças, os umbigos à mostra, as cavas, os calções, os decotes, os chinelos. Os alunos vêm para a escola - e vão para a igreja - vestidos como quem vai para a praia.

Que mal tem? Repetem-me as meninas, quando lhes digo que os calções curtados pelas virilhas não são apropriados senão para a praia ou o desporto, por muito modernos que pareçam. Que mal tem?

A roupa que vestimos fala da pessoa que somos. Uma roupa limpa, bonita, cuidada, simples, dá de nós a imagem de uma pessoa limpa, bonita, cuidada, simples;  uma roupa provocante, demasiado decotada ou com dizeres indecentes, dá de nós a imagem correspondente (verdadeira ou não). O que queremos que os outros vejam, quando olham para nós? Um corpo bem feito? Só isso? Ou uma pessoa inteligente, simpática e interessante? Para que lado cai o pêndulo? Para a roupa que usamos, capaz de chamar a atenção pelo desleixo, pelo luxo, pelo sujo ou pela indecência? Ou para a pessoa que somos, para as palavras que dizemos e para a expressão facial que transmitimos, e que a nossa roupa, pela sua discrição, não consegue ofuscar?

Vão responder-me que o pecado está no olhar mais ou menos puro de quem nos avalia. Claro. Ninguém pode ser acusado de ter feito outra pessoa pecar pela forma como se vestiu, porque o pecado está sempre com quem o pratica. Mas eu estou a falar de outra coisa... Estou a falar da minha verdadeira intenção, consciente ou não, ao escolher esta ou aquela peça de vestuário para me dirigir para este ou aquele local específico. Há muito menos ingenuidade do que desejaríamos em nós mesmos e nos nossos filhos, se formos verdadeiros nesta avaliação... E nesta ambiguidade, oferecemos ao outro uma ocasião de pecado - mas oferecêmo-la sobretudo a nós mesmos.

- Eu gosto que os rapazes reparem em mim, professora - Confessou-me a S., exibindo a sua estranha t-shirt. Tem treze anos e frequenta o sétimo ano. Os colegas tratam-na por "a boazona".

S. Paulo fala do nosso corpo como de um templo, porque nele habita Deus. E escreve:

 

"Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, porque O recebestes de Deus, e que vós já não vos pertenceis? Fostes comprados por um alto preço! Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo." (1Cor 6, 19)

 

O Espírito Santo faz de nós príncipes e princesas do Reino de Deus... Vistamo-nos apropriadamente!

sara princesa 2.JPG

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publicado às 06:16


12 comentários

De FM a 04.06.2015 às 09:21

Bom dia Teresa,

Tenho lido algumas coisas e em muitas até concordo (agora tenho menos tempo para conseguir responder, já que tive uma mudança profissional recente, mas continuo aqui!).

Por um lado concordo consigo - há que saber vestir. Ou seja, ir para a escola deve ser encarado como um "trabalho" e eu também não venho para o trabalho com determinadas roupas... Se bem que muitas vezes me questione se isso faz sentido.

Sou mais competente porque venho de fato? Sou mais competente nos dias em que venho de saltos altos? Sou mais profissional se tiver de camisa?

Ou é só uma questão de imagem que passa? E se é uma questão de imagem que passa, faz sentido que sejamos assim? Que julguemos só porque tem um decote, uns calções curtos ou uns chinelos no pé?

Eu própria dou muitas vezes a pensar na forma como a ou b está vestido, por exemplo numa reunião. E depois tento afastar os estereótipos e vejo para além da roupa... e afinal enganei-me.

E ver um corpo bem feito, uma roupa mais "luxuosa", devem impedir-nos de ver a inteligência, simpatia e interesse da outra pessoa?

Eu gosto de usar decotes por exemplo. E nem por isso deixo de ser o que sou. Se uso, em determinadas situações? Não... porque não gosto dos olhares. Mas não sou eu que devia mudar uma coisa que não tem maldade... e ai sim está nos olhos de quem vê.

Por isso, apesar de também seguir muita coisa por causa dos outros, nao consigo concordar totalmente consigo... é facto que temos de ser nós a saber ultrapassar o que o outro veste. E eu continuarei a acreditar nisso. E continuarei a usar decotes, saias, vestidos, etc... com a certeza que nao fazem de mim melhor ou pior pessoa... mais burra ou mais esperta...

De Ricardo a 04.06.2015 às 22:33

Eu concordo consigo também por um lado só.
Não me sinto mais competente porque vou de fato para o trabalho e não de calças de ganga e de t-shirt. Sou tão competente de t-shirt como de camisa.
Mas também sou tão competente de camisa e de t-shirt como de pijama e trabalho em casa muitas vezes de pijama. Mas nem vou nem quero ir de pijama para o trabalho e acho mal se isso for permitido.
Estou a falar em termos gerais, pode ser que até haja trabalhos que seja adequado fazer de pijama, mas não me estou a lembrar.
Mas acho que as coisas têm de ser conforme as circunstâncias. Acho que seria uma enorme balda e que teria efeitos muito perniciosos se cada um fosse para o trabalho como lhe desse na real gana mesmo sendo todos muito competentes.
Também não vou para a igreja de pijama e rezo muitas vezes de pijama.

Não acho adequado de todo ir para a escola com mamas de fora da roupa mesmo que as mamas estejam só desenhadas na roupa e não sejam de quem as traz vestidas,
Mas a t-shirt é da rapariga que a traz vestida´. É falta de senso dos pais deixarem a rapariga vestir assim e também é falta de senso dos professores que não reagem.

Pudor e modéstia à parte, mesmo assim o que a Teresa diz é do maior bom senso e senso é uma coisa que vai faltando muito na nossa sociedade.

De FM a 08.06.2015 às 09:50

Acho que percebeu o que quis dizer e naturalmente não é preciso ir ao ridículo da questão do pijama.

As coisas tem de ser de acordo com as circunstâncias, mas um decote ou uma saia numa reunião implicam alguma coisa? Só se for de quem olha... E o bom senso tb tem de ser de quem olha. eu nao posso adaptar-me para que os outros nao olhem... a minha liberdade começa onde acaba a do outro... e eu posso livremente ter uma saia e nao estar com isso a dizer "violem-me"...

Se acho adequado uma t-shirt dessas? Não. E por isso sou apologista de fardas na escola... Se os pais deviam deixar? Nao, mas ha momentos em que o melhor é ceder para que as crianças percebam por elas determinadas coisas. mesmo.

O bom senso é crítico. Mas o bom senso é também não julgar os outros.

De Maria de Jesus a 04.06.2015 às 09:55

Oh Teresa que post tão apropriado. Eu farto-me de dizer isso às minhas filhas. Ainda ontem a Margarida queria ir para a escolar de chinelo de enfiar o dedo e eu não deixei. Disse-lhe exactamento o que a Teresa escreveu. Nós temos que nos vestir de acordo com a nossa personalidade mas também de acordo com a ocasião. Chinelo de dedo e calções curtos são para a praia e para a piscina. Quando elas ao Domingo vestem um vestido de alças e levo sempre um casaquito para vestirem antes de entrarem na igreja, e depois vemos lá adultos com as costas à mostra e as coxas de fora. Enfim, não é fácil transmitir estes valores aos nossos filhos quando à volta tudo gira em sentido contrário. Seria mais fácil deixá-los ir com a maré, mas para mim isso não é educar. Fico muito aliviada quando vejo que afinal há mais mães a pensarem como eu, senão qualquer dia, basta um raio de sol e andamos todos de bikini na rua!
Beijinhos para todos
Mª Jesus

De Anónimo a 04.06.2015 às 10:07

"Ninguém pode ser acusado de ter feito outra pessoa pecar pela forma como se vestiu, porque o pecado está sempre com quem o pratica." Acho que nós temos a nossa quota parte de pecado ao sermos a causa do pecado do outro.
E gostaria de acrescentar aos decotes, calções,... as blusas e calças justas que, tal como o resto, também são provocantes e podem ser ocasião de pecado.
Um beijinho,
Paula

De Teresa Power a 04.06.2015 às 10:18

Claro que sim! Devemos ter muito cuidado em não ser ocasião de pecado para o outro. Isso é um passo à frente, um nível maior de perfeição. Mas o outro só peca se quiser. É terreno perigoso dizer que nós levamos o outro a pecar... A prostituta à beira da estrada, só peca quem quiser, não é verdade?
O importante é pensar: qual a minha intenção? A verdadeira? Bj

De Alexandrina Andrade a 04.06.2015 às 10:40

Olá Teresa,
Não podia concordar mais. Ler os seus textos, não só este mas todos os outros, fazem-me sentir que afinal eu não sou a ave rara que achava que era. Ainda bem que as minhas filhas, talvez por serem muito magritas, não gostam de decotes, nem de calções muito curtos. O engraçado é elas comentarem em casa "a figura ridícula que faziam" as suas colegas, ao virem com decotes enormes que fazem questão de exibir e colocar-se em posições em que praticamente se vê tudo.

(Agora entre nós: Desculpe a minha ausência, nunca deixei de ler um post, embora sempre de fugida. Um colega de trabalho foi para a reforma e as tarefas dele foram divididas pelos restantes. Andamos todos doidos e "irritados" com tanto trabalho.)

Um beijinho,
Alexandrina Andrade

De Sónia a 04.06.2015 às 11:33

Eu concordo plenamente e sinceramente não gosto de ver meninas, porque com 13 anos são meninas... vestidas de forma tão vulgar, como mãe de duas meninas nem sequer imagino o que se passa na cabeça de certos pais para permitirem que elas vão para a rua assim vestidas...
E fico triste por a falta de amor próprio que as crianças de hoje em dia demonstram, expor o corpo em roupas que não tapam muito mais do que um soutien e uma cueca sinceramente demonstra isso... falta de amor próprio.
É claro que vejo a imagem do lado cristão, mas mesmo que assim não fosse... o nosso corpo é o nosso templo, devemos cuidá-lo e preservá-lo, tento passar estes cuidados às minhas filhas e demonstrar-lhes que a beleza vem de dentro e que para sermos amadas de verdade temos de preservar os nossos valores.
Infelizmente à muita falta de valores na sociedade e as roupas usadas por muitas meninas de hoje em dia demonstram isso mesmo.
Beijinhos

De Cecília a 04.06.2015 às 11:43

Não podemos não comunicar! Tudo é forma de comunicação ... A roupa é mais uma forma, escolhida conscientemente ou não, mas é!
É expectável que muitos adolescentes (rapazes e raparigas) tentem chamar a atenção com a forma de vestir e muitas vezes são mesmo "ingénuos", pois podem gostar que os colegas olhem para eles, mas se for o senhor que está a trabalhar nas obras a mandar um comentário ou um homem já adulto que olha com outros olhos para a menina de mini-saia, já não se sentem bem!!

Há muitos adultos que às vezes ainda parecem adolescentes nesse aspecto, a sua forma de afirmação pessoal não mudou muito... Culpa de todos, que valorizamos demasiado a imagem! Não é fácil não o fazer...

De Olívia a 04.06.2015 às 13:37

Tens toda a razão, não é uma questão de vestir roupas mais ou menos caras, mais ou menos simples, é uma questão de educação e saber estar.


À porta da escola da mais velha parece um desfile para a praia, desde rapazes a raparigas, eu já nem falo na igreja... parece-me que apesar deste tema ser polémico, é bom que seja falado... mas lá está, para muitas pessoas "não tem nada de mal"...

De Anónimo a 05.06.2015 às 11:26

Teresa, não vale a pena tentar exigir comportamentos cristãos a quem não é cristão. Se acredita que vestir bem é um dever cristão, como o título deste post sugere, então não insista com quem não é cristão para que se vista de determinada forma. Se Jesus não é importante para eles, para quê ir impor comportamentos cristãos? Não se começa a evangelização por aí, começa-se por conquistar as pessoas para Jesus, tudo o resto vem por acréscimo.
E quanto a vestir adequadamente para a escola, não vale a pena aconselhar os seus alunos. Só vão vê-la como uma professora «chata» e «antiquada». Eles usam essas roupas para provocar, e quanto mais comentários negativos de adultos eles receberem, melhor se sentem porque cumpriram o objetivo de provocar. O melhor é fingir que não vemos, porque assim eles deixam de ter incentivo para usar roupas provocatórias. Um dia hão de entender as figuras tristes que fizeram e hão de arrepender-se delas. Mas nisto, como em tantos assuntos na vida, é melhor aprender com os próprios erros, e é inútil tentar impor-lhes a experiência de terceiros.

De Teresa Power a 05.06.2015 às 11:32

Tem toda a razão quando diz que a evangelização não se começa por aí! Mal seria! Quanto a ser ou não cristão, todos os alunos desta turma o são... Ab

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