Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Na quarta-feira passada, a nossa carrinha estava na revisão, e portanto restava-nos o carro de cinco lugares para transportar os meninos. O Niall foi a pé para a estação e de comboio para o trabalho, o Francisco foi de bicicleta até ao colégio, e eu encaixei os restantes cinco no carro - em contra-ordenação, eu sei, porque no banco traseiro viajavam quatro crianças, duas partilhando o mesmo cinto de segurança. Teríamos assim dois quilómetros de apertos até ao colégio, por estradas de campo, e tudo se devia resolver a bem.
Mas não resolveu: a meio caminho, cruzámo-nos com o Francisco, parado ao lado da sua bicicleta.
- Que se passa, Francisco? - Perguntei, descendo a janela do carro.
- Um furo!
Fiquei sem saber o que fazer. Como ia agora conseguir enfiar no carro o Francisco e a sua bicicleta? Entretanto, ao nosso lado iam parando outros carros que se dirigiam para o colégio, preocupados connosco. A fila de carros não parava de aumentar, parecendo uma imensa caravana de amigos.
- Precisam de ajuda? - Perguntou uma mãe solícita.
- Sim! Pode-me levar algumas crianças no carro até ao colégio? Obrigada!
Distribuí os meus atarantados filhos, o Francisco enfiou a bicicleta - com bastante dificuldade - no banco traseiro e sentou-se ao meu lado, no carro, enquanto outros carros iam parando e os condutores perguntando se precisávamos de ajuda. Chegámos ao colégio sãos e salvos, com uma história bastante divertida para contar, e com o coração agradecido por termos tantos amigos e por haver tanta gente boa no mundo!
Nessa noite, sentada no sofá com o Niall, reparei no seu ar pensativo. Ele escutara a nossa história com um sorriso, mas também com bastante preocupação:
- Eu não vos pude valer... Que aborrecimento!
- Já passou, Niall!
- Pois já. Mas eu devia ter lá estado para recolher a bicicleta e ter facilitado tudo. Pensei em todos os pormenores ao levar a carrinha à revisão, e estava convencido de que não me iria escapar nenhum detalhe...
- És um pai e um marido precioso. Tomas muito bem conta da tua família!
O Niall sorriu:
- Sabes, eu procuro ser como S. José: cuidar de ti e das crianças com a mesma atenção ao pormenor e à vontade de Deus com que ele cuidou de Maria e de Jesus, e esquecer-me de mim o mais possível.
Dei-lhe um abraço de gratidão. Na verdade, e mesmo sem nos ter podido valer na quarta-feira, o Niall tem sido mesmo assim...
(Niall carpinteiro...)
S. José foi o guardião da Sagrada Família, como tão bem lhe chamou o Papa Francisco na homilia inaugural do seu pontificado. S. José é a imagem do pai atento, cuidadoso e orante, o pai cristão. Imagino o cuidado de S. José a preparar a caravana que devia levar Maria grávida a Belém... Imagino a preocupação de S. José, levantando-se durante a noite para acordar Maria, que dormia com Jesus nos braços, e a conduzir ao exílio, sem a assustar... Imagino o cuidado contínuo de S. José em fazer com que o sustento nunca faltasse na casa de Nazaré...
"Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor." (Mt 1, 24)
E quando penso em S. José, instintivamente penso no Niall.
Quero hoje rezar para que os pais cristãos não se demitam da missão de guardiães das suas famílias, e saibam sempre, como S. José, escutar a voz de Deus, esquecendo-se de si para servir aqueles que lhes foram confiados.
Rezo também por aqueles que não têm na terra um pai disponível como S. José, para que nunca lhes faltem caravanas de amigos, capazes de parar à beira da estrada das suas vidas e de os socorrer prontamente...
Ámen!