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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Durante as férias do Natal, o Niall e eu procuramos que pelo menos um de nós vá à missa todos os dias. Ontem, por ser dia de Santo Estêvão, o padroeiro do Niall, coube-lhe a vez. Assim, enquanto eu fiquei na cama - ou melhor, num cantinho da cama, que àquela hora já estava rodeada de crianças a brincar sob o edredão - o Niall foi à missa.
Regressou quando tomávamos o pequeno-almoço.
- Foram bonitas as leituras hoje? - Perguntaram os meninos.
- Sim, claro, mas é estranho... Estamos no Natal, e as leituras falam de perseguição e morte! Por que razão se festejará o martírio de Santo Estêvão no dia imediatamente a seguir ao Natal?
Ficamos em silêncio por instantes.
- Bem, Niall, enquanto nós passámos o Natal em festa e em família, na Síria, no Iraque e em muitos outros lugares do mundo, o Natal foi um dia de perseguição, de medo, e até de terror...
- E faz hoje precisamente dez anos que aconteceu aquele desastre terrível, o tsunami na Indonésia!
- Natal não é luzinhas a brilhar e casinhas de Pai-Natal, prendas na lareira e perú recheado!
- O nascimento de Jesus não nos traz a paz que gostaríamos de viver, realmente... O nascimento de Jesus traz-nos uma outra paz, a paz do Senhor, a paz que resulta da luta contínua por construir o Reino de Deus.
"Penseis que vim trazer a paz? Eu não vim trazer a paz, mas a espada." (Mt 10, 34)
Celebrar o Natal não pode ser ficar no quentinho da lareira, a pensar nas ovelhinhas de lã e nos anjinhos do presépio. Celebrar o Natal também não pode ser ficar a recordar os Natais da nossa infância, numa nostalgia do passado sem qualquer proveito para o presente.
Celebrar o Natal é prepararmo-nos para a espada - a espada da dor, da luta contínua contra os valores deste mundo, do combate da fé. O nascimento de Jesus em Belém não teve nada de burguês! Jesus nasceu fora de portas, num estábulo, longe da sua terra e da sua casa, e poucos dias depois já era um refugiado no Egito, perseguido por um louco assassino, o Rei Herodes... O Natal de Jesus foi muito pouco romântico!
E no entanto, nada houve de mais sublime, de mais belo, de mais verdadeiro: ali, deitado na manjedoura, refugiado, pobre, esquecido, estava o Amor; ali, deitado na manjedoura, sinal de contradição, estava a Paz.
Santo Estêvão, o primeiro mártir cristão, deu a vida por este Amor e por esta Paz.
Jesus nasceu para dar a vida por nós; e nós celebramos o Natal porque estamos dispostos a dar a vida por Ele. Deixemo-nos de romantismos: tudo o que não for isto, não é Natal.
(A Sara a evangelizar a sua boneca: "Vês, é o Jesus no ó-ó...")
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