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Santos imperadores

por Teresa Power, em 15.04.15

- Vou contar-vos uma história verdadeira, que descobri outro dia na net.

Estávamos todos sentados num prado florido, a fazer o nosso piquenique em Fátima. A toda a volta, milhares de flores pequeninas e os sons da primavera.

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- Conta, mãe, o que foi?

- A história de um casal de imperadores...

- Imperadores?

- Sim, imperadores santos do século vinte.

- O quê?

- Um deles está sepultado, imaginem, na Ilha da Madeira. Sabiam que havia um imperador já beatificado, Carlos da Áustria, sepultado no nosso país?

- Nunca tal ouvi falar!

- Pois nem eu. Carlos e Zita casaram-se em 1911, e em 1914 eram imperadores do império austro-húngaro. Zita cuidava dos pobres desde pequenina. Clarinha, ela também gostava de costurar, como tu. Quando tinha mais ou menos a tua idade, pediu como presente de anos uma máquina de costura. Imagina para quê? Para fazer roupas para as crianças pobres!

- Que lindo!

- Carlos governou sempre com justiça, empregando todos os esforços para alcançar a paz, antes do rebentar da primeira guerra. Ficou conhecido como "O príncipe da paz". Ele e Zita tiveram oito filhos, que educaram na fé católica todos os dias da sua vida.

- Os imperadores tinham tempo para educar os filhos?

- Tinham. Zita ensinava-lhes o catecismo e preparava-os para os sacramentos; Carlos contava-lhes histórias da Bíblia. Vêem, como nós gostamos de fazer cá em casa! Todos os dias rezavam em família.

- E depois, que aconteceu?

- Depois veio a guerra, a queda do império, e o exílio. Em 1921, Carlos e Zita foram exilados na Madeira, primeiro sem os filhos, depois com permissão de terem os filhos com eles. Juntos, conheceram a pobreza e até alguma fome. Mas tudo aceitaram com alegria e simplicidade. Tinham sido ricos e felizes, agora eram pobres mas continuavam felizes, porque queriam acima de tudo cumprir a vontade de Deus. O povo madeirence levava-lhes leite e ovos para ajudar a alimentar as crianças. Eles aceitavam e sabiam que era Deus a cuidar deles. Entretanto, Zita estava grávida do oitavo filho...

- E depois?

- Carlos apanhou uma pneumonia. Naquele tempo não havia antibióticos, e Carlos ficou de cama, gravemente doente, até morrer. Morreu dois meses antes do nascimento da última menina. Morreu com os olhos fixos no Santíssimo, dizendo ora a Jesus, ora a Zita o seu amor por eles.

- Que triste!

- Durante o seu funeral, o povo aglomerava-se para tocar na urna e prestar a sua homenagem a um príncipe que consideravam santo.

- E Zita? Ficou só?

- Zita cuidou dos filhos sozinha, com coragem, numa vida de oração profunda. Dedicou-se aos pobres e às causas da paz, aos orfãos e aos soldados feridos durante a Segunda Guerra Mundial, e até ao fim da vida esteve envolvida em causas humanitárias. Quando o marido morreu, Zita tinha vinte e oito anos, imaginem! Nunca mais voltou a casar, e pouco antes de morrer alegrava-se com o pensamento de em breve voltar a ver o seu Carlos. Morreu em 1989. Há tão pouco tempo!

- E são santos?

- Carlos já é beato; Zita está em processo de beatificação. Em breve teremos um casal de beatos, queira Deus! Precisamos de muitos casais de santos.

- Porquê?

- Porque eles existem, e é preciso que a Igreja no-los dê a conhecer. Jesus disse:

 

"Não se acende uma lâmpada para colocar debaixo da mesa, mas sobre o candelabro, e assim iluminar todos os que estão em casa." (Mt 5, 15)

 

- Em História, nós falamos no Império Austro-Húngaro e na dinastia dos Habsburg, mas ninguém nos fala deste casal!

- Tens, razão, Francisco, e eu lamento imenso que não haja em Portugal um punhado de cristãos capazes de editar livros de História, Português, Inglês, Ciências e todas as disciplinas escolares a partir de uma visão cristã, dando a conhecer os santos e divulgando os valores cristãos. Estes manuais fazem falta nas escolas católicas! Esperemos que surjam um dia, como já surgiram nos E.U.A. e noutros países...

- Eu ia adorar, aprender sobre a vida dos santos nas aulas de História!

- Eu sei, Clarinha. Às vezes, ficamos com a ideia de que os imperadores e reis eram todos corruptos, e afinal havia  - e há - santos entre eles. Tenho de investigar mais!

O piquenique estava muito saboroso, o sol brilhava, os sinos de Fátima tocavam as Ave-Marias, e os passarinhos cantavam no céu. A toda a volta, flores e mais flores...

 

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Se quiserem ver um dos vídeos que eu encontrei na net, aqui fica:

 

 

 

 

 

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publicado às 06:23


7 comentários

De Bruxa Mimi a 15.04.2015 às 07:17

Não escrevi "Obrigada" no post "Obrigado", mas não posso deixar de escrever "Obrigada" agora! Obrigada por mais este post. Também não conhecia este casal.

De Helena Le Blanc a 15.04.2015 às 09:45

Ola Teresa

Gostei tanto de conhecer a "Avó da Europa". Que bom!

Mas, para além da história de vida deste casal, o point " para mim foi aquela entrada na Igreja, no funeral, enquanto mortal e pecadora.

Ela tinha tantos títulos, e foi tão "maltratada" pelos governos!

Obrigada!

De Helena Atalaia a 15.04.2015 às 10:08

Querida Teresa, obrigada pela partilha desta belíssima parte da História. E sim manuais católicos são urgentes! Quem sabe Deus não nos prepara umas surpresas? Daquelas que vêm junto com a nossa entrega e trabalho? Grande abraço!

De ana santos a 15.04.2015 às 10:50

Uma "mortal e pecadora" excecional !!

De Olívia a 15.04.2015 às 11:00

Meu Deus, tão perto de nós, tão do "nosso tempo" e nunca tinha ouvido falar destas pessoas!
Obrigada

De maria joão da luz a 15.04.2015 às 15:34

Teresa, também não fazia ideia desta história verídica. Que falta fazem testemunhos de vida como este.
beijinho enorme

De Bruna Bastos a 16.04.2015 às 04:06

Obrigada Teresa querida!
por esse post, por tudo ;)

Que Deus permaneça entre vós, linda família Power!

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