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Um beijinho

por Teresa Power, em 01.04.14

Todas as manhãs, ao chegarmos ao Centro Social S. José de Cluny, onde deixo a Sara, o António e a Lúcia, somos acolhidos por uma irmã sorridente. Cheia da ternura de Deus, ela abraça um a um os meus filhos, chama-os pelo nome e dá-lhes um beijinho carinhoso. Só depois continuamos caminho até à sala de acolhimento, onde a cena se repete, desta vez com uma auxiliar fantástica, a Célia.

Ontem de manhã, chegámos ao Centro e não estava ninguém na portaria. Admirado, o António exclamou:

- Hoje não há ninguém para dar um beijinho! Que esquisito, não é, mamã?

Ainda mal tinha acabado de falar, quando a irmã apareceu. Tinha sido chamada ao escritório por uns breves instantes. E o António recebeu o seu beijinho!

 

Fiquei a pensar no que significa isto de acolher o outro, e no quão importantes são os nossos gestos de acolhimento. Ser cristão, como já disse aqui e aqui, é ser capaz de acolher como Jesus acolhia. Meu Deus, a fasquia é alta! Porque Jesus tratava a todos pelo nome - as irmãs no Centro também! - e a todos acolhia com amor infinito. Mesmo Judas foi acolhido com amor, quando chegou junto de Jesus para O trair!

 

Como estamos nós, Igreja de Cristo, a praticar o acolhimento? Será que há alguém "para dar um beijinho" à porta das igrejas, no início da missa? Serei eu capaz de acolher, enquanto esposa, enquanto mãe, enquanto filha, enquanto profissional? O papa Francisco não se cansa de pregar a importância do acolhimento. Acima de todas as normas da Igreja, acima de todos os ritos e de todo o conhecimento, está o amor que acolhe e que abre portas. Disse Jesus:

 

"Ide aprender o que significa: prefiro a misericórdia aos sacrifícios" (Mt 9, 13)

 

As irmãs do Centro dão testemunho do amor de Jesus com um simples beijinho carinhoso. Jesus prometeu:

 

"Em verdade vos digo: quem der de beber um copo de água fresca a um destes mais pequeninos, por ser meu discípulo, não ficará sem a sua recompensa." (Mt 10, 42)

 

Enquanto não percebermos isto, não percebemos nada do que é ser cristão...

 

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publicado às 08:46

Galinhas à chuva

por Teresa Power, em 25.02.14

Numa das noites de temporal deste inverno, o Niall sentiu pena das galinhas e colocou-lhes dentro das suas "casas" (umas casotas de cães no fundo do galinheiro) umas mantas velhas, para minimizar os efeitos da lama e da água que por lá corria. Antes de nos deitarmos, dada a quantidade de chuva que caía do céu e o vento que uivava lá fora, o Niall decidiu espreitar pela janela e verificar o estado das árvores e do galinheiro. E o que viu deixou-o boquiaberto: com medo das ditas mantas, as galinhas recusavam-se a entrar nas casotas, aninhando-se umas nas outras no telhado das mesmas, completamente enxarcadas. Suspirando, o Niall calçou as galochas, enfiou uma gabardine e saiu para o jardim. Retirou as mantas das casotas e, uma a uma, obrigou as galinhas a entrar nelas, para passarem a noite um pouco menos molhadas. Depois, o meu pobre marido regressou a casa, para se secar junto do lume.

 

Talvez pensem que estou a escrever esta história para elogiar o atitude nobre do Niall - capaz de enfrentar a tempestade por um bando de galinhas. Podia fazê-lo, acrescentando uma série de outros exemplos igualmente notáveis de respeito pela vida animal, pois o meu marido até as moscas respeita. Mas não é esse o meu objectivo.

 

Acontece simplesmente que aquelas galinhas com medo fizeram-me pensar na quantidade de pessoas que se recusam a entrar na Igreja Católica porque não entendem, não aceitam ou se assustam diante de algum dos seus ensinamentos.

Ter fé não significa, naturalmente, deixar de fazer uso da razão. Ter fé é pensar os assuntos de Deus, questioná-los e explorá-los o mais possível. Mas ter fé implica também confiar com coração infantil. Precisamos de olhar para os ensinamentos da Igreja, as palavras do Papa, as exigências do catecismo ou da lei moral cristã com a certeza de que não há neles nenhuma ameaça à nossa felicidade.

Mesmo que alguma "manta" do cristianismo nos pareça absurda ou ameaçadora, não fiquemos ao relento, aguentando sozinhos a chuva fria do mundo; entremos confiantes na casa da Igreja, e encontraremos o abrigo de que necessitamos.

 

Ah, deixamo-nos morrer de frio, e Deus aqui tão perto...

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publicado às 09:01

Acolhimento

por Teresa Power, em 06.01.14

Poucos dias antes do Natal, um vizinho anónimo (as crianças andam à procura de pistas sobre a sua identidade) ofereceu-nos uma gatinha preta. "Ofereceu-nos" não é bem a palavra. O que ele fez mesmo foi despejá-la no nosso jardim, sabendo que aqui ela encontraria um lar. E não se enganou! Esta foto foi tirada dois minutos depois de a encontrarmos:

 

 

E esta foi tirada na manhã seguinte, depois do Niall e eu corrermos toda a casa à sua procura, antes das crianças acordarem:

 

 

Conseguem distinguir qual destes dois "peluches" é verdadeiro?

 

 

 

A Bella entrou nas nossas vidas, e agora faz parte da família. Sabemos, naturalmente, que em qualquer momento podemos ficar sem ela, pois é comum os nossos gatos morrerem atropelados na estrada. A morte faz parte da vida e vamo-nos acostumando a ela. Mas por enquanto, alegramo-nos com a sua visita.

 

No salmo 84/83, o salmista canta assim as maravilhas do Templo do Senhor:

 

"Como são amáveis as tuas moradas, ó Senhor do universo!

Até os pássaros encontram abrigo

E a andorinha um ninho para os seus filhos,

Junto dos teus altares, Senhor Deus do universo.

Felizes os que habitam em tua casa

E te louvam sem cessar!"

 

Jesus tinha um coração maior do que o mundo, acolhendo com amor infinito quem d'Ele se aproximava. E a seu exemplo, a Igreja procura ser esta casa de portas abertas, onde até o mais pequeno dos filhos dos homens é acolhido. Ao longo dos séculos da sua aprendizagem na escola do Senhor, a Igreja cometeu muitos erros, mas também foi ela a primeira a chegar lá aonde ninguém queria chegar: aos pobres, aos abandonados, aos famintos. Foi a Igreja que fundou as primeiras escolas, os primeiros hospitais, os primeiros orfanatos. Quando o supertufão atacou as Filipinas,o mundo levou algum tempo a encontrar formas de voar até às ilhas para ajudar os sobreviventes. Mas ao chegar, descobriu que as Missionárias da Madre Teresa de Calcutá já lá estavam, de mangas arregaçadas e sorriso no rosto.

 

Também as portas das nossas casas precisam de se abrir a quem bate. E não apenas a gatinhos "perdidos": é preciso acolher todos os que procuram um abrigo, um ombro amigo, uma palavra, um saco de roupa, um cabaz de comida, ajuda para encontrar emprego, ou apenas uma oração...

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publicado às 10:19

Bem-vindo

por Teresa Power, em 25.11.13

Pedi aos alunos para ligarem os computadores, a fim de darmos início a uma pesquisa para a aula de Inglês. Pouco depois, um dos meus alunos mais irrequietos, famoso pelas suas faltas disciplinares, chamou-me. Fui junto dele e vi o seu sorriso aberto, enquanto apontava para o "ambiente de trabalho" prestes a abrir: "Vê, professora, o único lugar onde sou "Bem-Vindo"!

Ser católico é também fazer os outros sentirem-se bem-vindos à nossa vida, todos os dias e a toda a hora. Jesus era capaz de acolher até os mais rejeitados pela sociedade, desde as pecadoras públicas aos leprosos ou aos samaritanos. Será que o meu sorriso, as minhas palavras e os meus gestos transmitem esta mensagem de acolhimento e amor? Nem sempre. Talvez vezes demasiadas, a minha impaciência ou irritabilidade levam os outros - amigos, alunos, marido ou filhos - a sentirem-se intrusos junto de mim. "Bem-vindo!" O meu aluno sentiu-se mais acolhido pela máquina do que por mim. Perdão, Senhor!

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publicado às 15:55



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