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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Uma das famílias que estiveram neste retiro veio dos lados de Proença. Traziam três filhos pequeninos e muita vontade de conhecer de perto as histórias e os protagonistas deste blogue. No domingo, depois da missa, almoçaram em nossa casa. O sol brilhava sorridente, o que permitiu às crianças brincar toda a tarde em Náturia, enquanto nós, os pais, conversavamos como se nos conhecessemos desde sempre. No final do dia, ao olhar para os seus filhos sujos, molhados, rotos e felizes, os nossos novos amigos entenderam melhor aquela história dos ciganitos... e decidiram que, de futuro, à casa dos Power virão com roupa velha!
Antes de partir, ofereceram-nos um garrafão com cinco litros do seu azeite. Ontem cozinhei com este azeite tão puro e tão raro, e com ele temperei a nossa salada. Delicioso! Fez-me lembrar tempos antigos, quando comia em casa dos meus avós e me deleitava com os seus pratos beirões. Depois procurei uma velha lamparina, que costumo acender no Natal. Deitei nela um pouco deste azeite e acendi o pavio.
Os nossos novos amigos iluminaram a nossa casa com a sua alegria e a sua partilha; a luz do seu azeite iluminou o nosso Canto de Oração.
Fiquei a pensar no significado bíblico do azeite.
E imaginei Maria e José na apanha da azeitona. Quanto trabalho! Apanhar, escolher, curtir, tratar, esmagar, prensar. Tudo para que, daquelas bolinhas pretas e ácidas, pudesse nascer o azeite, e do azeite, pudesse nascer a luz.
A luz que brilha nas trevas tem por detrás uma longa história de trabalho, dedicação e amor.
Como esta família, precisamos urgentemente de nos empenhar na elaboração do nosso "azeite" familiar. Precisamos de tempo, de entrega, de esforço; precisamos de oração simples mas constante; precisamos da Eucaristia; precisamos da Confissão; precisamos de gestos de amor e partilha. Do nosso compromisso fiel como Família de Caná, nascerá um azeite puro e único, diferente de todos os outros - o nosso. Com ele iluminaremos a nossa casa; e se o partilharmos, iluminaremos as casas de muitos à nossa volta...
No centro do nosso jardim há uma oliveira. Velhinha, com mais de duzentos anos, foi-nos oferecida quando nos mudámos cá para casa, há seis anos atrás, e aqui voltou a rebentar, a dar sombra e a dar frutos. Os meninos adoram subir aos seus ramos, sentar-se lá em cima a sonhar ou a ler um livro, brincar às escondidas por detrás do seu tronco forte. Na primavera, os passarinhos fazem ninhos num pequeno buraco no tronco, e é uma delícia observá-los a entrar e a sair para alimentar os filhotes!
Cada vez que observo os meus filhos a brincar na oliveira, vem-me à memória o belíssimo versículo do salmo 128 (127):
"Teus filhos, como rebentos de oliveira ao redor da tua mesa!"
No sábado passado fizemos a apanha da azeitona. Com uma só oliveira, passámos a tarde inteira à volta das azeitonas... Imagine-se quem tem dez! Enfim, tentámos todas as técnicas: abanar a árvore a ver se as azeitonas caem ao chão (não resulta!); subirem todos à árvore (muito giro, mas os ramos vão-se partindo!); construir um sistema de roldanas com baldes da praia e cordas de saltar (muito divertido, os mais velhos constroem e os mais novos destroem, mas pouco eficaz!); finalmente, quando os meninos se cansam da tarefa e decidem ir patinar, o pai sobe à oliveira e apanha as azeitonas (única técnica que realmente resulta!). Foi uma fantástica tarde de outono em família!