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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Hora de oração familiar. De joelhos, no Canto de Oração, fazemos a nossa consagração:
"Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná,
consagramos-te hoje e sempre a nossa família.
Confiamos na tua intercessão de Mãe,
para que o vinho da fé, da esperança e do amor
nunca acabe em nossa casa.
Faz de nós servos do Senhor, como Tu,
e ensina-nos a fazer tudo o que Jesus nos disser.
Ámen!"
Depois, rezamos o terço.
- Hoje vamos rezar em especial pela família da Fabiola.
- De quem?
- Da Fabiola.
- E pode-se saber quem é a Fabiola?
- É a mãe de uma nova Família de Caná. No outro lado do oceano!
- No Brasil?
- Sim, no Brasil. Hoje recebi esta foto da sua casa:
- É o seu Canto de Oração?
- Sim, é. A Fabiola e o seu marido têm dedicado os últimos dias a preparar o seu novo Canto de Oração. Decidiram ser Família de Caná, e então puseram mãos à obra!
- Que giro!
- Pois é. E já repararam bem na fotografia que emolduraram? A Fabiola mandou-me uma foto de mais perto:
- Quando recebi esta foto no mail, até me emocionei... Do outro lado do mar, a imagem da Mãe de Caná...
- E a família da Fabiola já vive as Cinco Pedrinhas?
- Calma! Estamos a trabalhar com uma "pedrinha" de cada vez. Começámos pelo Canto de Oração. Hoje será o grande dia da consagração da família à Mãe de Caná! Sugeri-lhes que o fizessem de uma forma mais solene a primeira vez, com cânticos, flores, velas. Depois, começarão a fazê-la diariamente, com simplicidade. Em breve conversaremos sobre as próximas "pedrinhas"! De qualquer forma, a filhota de dois anos já se apercebeu da alegria nova que experimentam quando são horas de rezar...
- Bem, é um pequeno milagre... As Famílias de Caná chegaram ao Brasil!
- Mas, mãe, tens noção do tamanho do Brasil? Sabes que vivem lá mais de duzentos milhões de pessoas?
- E...?
- E alegras-te porque tens lá uma Família de Caná? Só tu!
- Só eu, e Deus, claro! Jesus teria dado a vida, na cruz, por uma única pessoa sobre a Terra. Jesus alegra-Se por uma única Família de Caná... Deus não sabe o que são milhões! Ele não é bom aluno a Matemática... Deus nunca aprendeu a contar! Deus só conta até um. Um, um, um, um...
Cada Família de Caná que nasce, é uma pequena igreja que surge. As famílias são chamadas a ser Igrejas Domésticas, a Igreja que vive em cada casa, em cada prédio, em cada bairro. E onde nasce uma igreja, tudo fica diferente. Não damos conta, claro, porque o Espírito Santo atua de mansinho... Mas uma única família evangelizada é a semente de uma bela planta, capaz de crescer e abrigar nos seus ramos os passarinhos que voam dispersos no ar. Foi o que Jesus nos disse:
"O Reino de Deus é como o grão de mostarda, que na semeadura, é a menor de todas as sementes da terra. Mas, depois de semeado, cresce e torna-se maior do que todas as hortaliças. Estende ramos tão grandes que os passarinhos podem abrigar-se à sua sombra." (Mc 4, 30-32)
Na sua Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho - que aconselho vivamente como leitura obrigatória para todos os católicos - , nos números 84, 85 e 86, o Papa Francisco faz um apelo:
"Não ao pessimismo estéril
Os males do nosso mundo (...) devem ser vistos como desafios para crescer. (...) A nossa fé é desafiada a entrever o vinho em que a água pode ser transformada, e a descobrir o trigo que cresce no meio do joio. Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre. Ninguém pode empreender uma luta, se de antemão não está plenamente confiado no triunfo. (...) O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória (...) Não deixemos que nos roubem a esperança!"
Uma única Família de Caná no Brasil inteiro; um único aluno com vontade de falar sobre a fé; um único professor com visão para além do manual; uma única psicóloga com vontade de acreditar nos alunos marginalizados; uma única escola pública onde se desafiam os alunos a construir presépios; um único membro da família que reza... Deixemos aos anjos a separação do trigo e do joio, e lancemos as mãos ao arado, com caras alegres, que a vitória está garantida!
De entre as muitas fotos de férias que a Nathalie (nossa querida jovem leitora a partir do Brasil) me enviou, houve duas que chamaram a minha atenção - as fotos da Catedral de Brasília, dedicada a Nossa Senhora Aparecida:
A Catedral é toda circular, as paredes são vitrais e não existem sequer colunas a sustentar o magnífico teto! Fiquei absolutamente encantada. Que maravilha! E que sensação deve ser, estar no interior de tão bela Catedral, onde também se encontra a cruz de madeira construída para a primeira missa em Brasília, no mato.
Cada um destes vitrais pequeninos deixa passar a luz celeste, colorindo-a com a sua própria cor, mas sem com isso lhe retirar o brilho. Antes pelo contrário! Filtrada através de cada vitral, a luz que ilumina o interior da Catedral torna-se ainda mais bela.
Quando Adão e Eva se descobriram pecadores, optaram por se esconder do Senhor e por tapar a sua vergonha:
"Então abriram-se os olhos dos dois e perceberam que estavam nus; entrelaçaram folhas de figueira e cingiram-se." (Gn 3, 7)
Mais tarde, Jesus disse-nos no Evangelho:
"Não há nada oculto que não venha a ser descoberto" (Mt 10, 26)
Este "vir a ser descoberto", quanto a mim, não significa que a nossa vida tenha de ser exposta num grande "Big Brother" televisivo, mas antes que a nossa vida deve ser exposta ao olhar luminoso do Senhor, sem qualquer receio, sem qualquer hesitação. Tudo, bom e mau, deve ser confiado à misericórdia divina, que tudo perdoa, que tudo corrige, que faz crescer todo o bem. O sacramento do perdão, que obriga ao segredo absoluto da parte do confessor, obriga-nos também à exposição absoluta do nosso pecado diante de Deus, sem "folhas de figueira". Não há caminho mais simples para se deixar atravessar pela luz celeste!
Cada um de nós é um vitral colorido, destinado a deixar passar a luz de Deus, colorindo-a com a sua própria vida, a sua personalidade distinta, as suas boas obras, as suas virtudes e até o seu pecado, desde que entregue à misericórdia divina. Nada do que somos e fazemos, nada mesmo, deve impedir a luz de passar através de nós para iluminar os que se abrigam sob o nosso olhar - os nossos filhos, amigos, vizinhos, colegas.
Quando assim o fizermos, o pequeno vitral que somos, ligado por Deus aos pequenos vitrais de cada um dos nossos irmãos, sustentará a Igreja do Senhor...
- Meninos, venham cá ver estas fotos no computador!
Passos apressados e pequenos gritinhos. Todos correm para junto de mim.
- Olhem, esta é a Nathalie.
- A Nathalie, do Brasil?
- Sim. A Nathalie, leitora do nosso blogue. Ela escreveu-me a contar as suas férias, pois no Brasil agora é verão. Ela é enfermeira, e finalmente concretizou um dos seus grandes sonhos: entrar na faculdade de medicina!
- Que bom! Parece muito simpática.
- E é!Tenho de contar no blogue, porque muita gente rezou por ela, quando ela fez os exames. Foi muito bonito na altura! Deus fica muito feliz quando rezamos uns pelos outros.
- Eu lembro-me! Nós também rezámos cá em casa!
- Mas o que eu vos queria mostrar mesmo é esta fotografia. Vêem este animal?
- Ena! Que giro!
- Que animal tão estranho! O que é?
- A Nathalie diz que é uma capivara. Já tinha ouvido falar, nas telenovelas brasileiras, há muitos anos atrás, quando as via... Mas não fazia ideia de como era uma capivara.
- Penso que é um roedor. Uma espécie de castor!
- Espectacular...
- A vida tem destas coisas: quando é que alguma vez na vida eu iria imaginar que, um dia, iria receber uma fotografia de uma capivara, vinda directamente do Brasil?
- Achas que as Famílias de Caná vão chegar ao Brasil?
- Claro que sim! A Nathalie está noiva. Daqui a um ano, irá casar, e nessa altura, será uma Família de Caná. Mas ela já se esforça por viver as Cinco Pedrinhas na sua vida, e por isso, ela e o seu namorado já são Noivos de Caná.
- Isso é uma ideia gira! Noivos de Caná...
- É uma ideia natural. Na verdade, as Famílias de Caná nasceram ali, naquela festa de casamento, há dois mil anos atrás, quando os noivos de Caná decidiram convidar Maria e o seu Filho Jesus para a sua festa. O seu noivado tornou-se santo! Quanto mais cedo os namorados e os noivos convidarem Jesus e Maria para a sua festa, mais fácil será construirem uma Família de Caná.
"Ao terceiro dia, celebrou-se em Caná da Galileia um casamento, e a Mãe de Jesus estava lá. Jesus também foi convidado para o casamento..." (Jo 2, 1-2)
Haverá aí no Brasil mais noivos com vontade de fazer esta caminhada de Noivos de Caná? E em Portugal? Haverá sacerdotes interessados em trabalhar com noivos a partir do ideal das Cinco Pedrinhas? Escrevam-me para o mail!