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Passeios orantes

por Teresa Power, em 31.03.16

- Meninos, estão a bater à porta! Alguém que abra, por favor!

- Mãe, é para ti. É um senhor, e não parece muito simpático.

Enxugo as mãos, pois estou a fazer o jantar, e apresso-me a chegar à porta. O senhor que me aguarda não está, realmente, com ar de grandes amigos.

- Não quero ter problemas com a senhora - Diz-me. Mentalmente e no espaço de dois segundos, revejo a minha vida nos últimos quarenta e três anos à procura de algum crime esquecido.

- Desculpe, não estou a entender...

- Este cão aqui é seu?

Já estou a entender.

- Sim, é. Jack, vem cá!

- Pois há dois minutos atrás, e como acontece todos os dias, ele estava na minha casa. Tal como estava às seis da manhã.

- Seis da manhã? Mas nós só o soltamos quando nos levantamos, pelas seis e meia...

- Então eram seis e meia.

- Na sua casa? A fazer o quê? Nós só o soltamos para eles esticarem as pernas e fazerem as suas necessidades no descampado aqui atrás da nossa casa. Depois eles entram em casa e ficam aqui connosco...

- Não, eles não fazem as necessidades no descampado; eles fazem-nas no meu jardim, que fica duas ruas atrás desta.

- Ah! Desculpe! Não sabia! Como eles não mordem a ninguém, nem se atravessam diante dos carros, costumamos tê-los soltos, à nossa volta... Nunca demos conta de irem para longe!

- Prenda os cães e não vamos ter problemas.

- Pois... Assim farei.

- Muito boa tarde então.

- Boa tarde!

Fecho a porta, volto-me e deparo-me com seis pares de olhos, fixos em mim.

- Que vais fazer agora, mãe?

- Eu? Vocês é que vão fazer! A partir de hoje, meus meninos, começam a levar os cães a passear com trela, como o resto do mundo faz.

- Mas nós só chegamos da escola às cinco horas!

- Bem, vamos fazer uma escala. O pai passeia-os de manhã, ao acordar, eu passeio os cães à hora de almoço, e vocês ao fim da tarde. Combinado?

Chegamos a um acordo, e mais relaxados, deixamo-nos cair no sofá a rir à gargalhada, imaginando um pouco a situação que deu origem às queixas do vizinho. Depois, suspiro. Não sei como vou conseguir encaixar mais esta atividade no meu horário...

Diz a Escritura: 

 

"Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus." (Rm 8, 28)

 

Nem sempre me recordo deste versículo, ao longo do meu dia. Quantas vezes uma pequena contrariedade é suficiente para me entristecer ou oprimir? Se, pelo contrário, me recordar da Escritura, deixo-me tomar por um sentimento de "santa" curiosidade: que quererá Deus que eu aprenda desta vez? Que planos terá Ele para mim? Tenho procurado fazer assim com tudo, absolutamente tudo - como diz S. Paulo - que me acontece, especialmente os contratempos, sejam eles no trabalho, na escola, na paróquia, com as Famílias de Caná, com os meus filhos... e, claro, com os meus cães.

A Palavra de Deus não mente. Graças a este vizinho pouco simpático mas cheio de razão, teve início, há cerca de dois meses atrás, um dos meus rituais preferidos: levar os cães a passear pelas ruas da minha terra. Quase todas as tardes encontro vinte a trinta minutos para a nossa bela passeata. Há muito tempo que eu sentia a necessidade de fazer caminhadas ou outra forma de exercício físico que não apenas aspirar e arrumar a casa, sem nunca conseguir tempo para tal. Eis que um vizinho rabugento me oferece precisamente a oportunidade procurada!

Juntos, os cães e eu, demos as boas vindas à Primavera, nos campos em redor - eu com os olhos postos nas flores, nas ervas e nas nuvens, eles com os olhos postos nas lagartixas... Juntos, os cães e eu, descobrimos que as ovelhas tinham parido, e que os cordeirinhos se divertiam a saltitar nas quintas... E o engraçado é que continuo a ter tempo para arrumar a casa, tempo para preparar as minhas aulas e tempo (pouco, muito pouco) para escrever neste blogue.

Vinte a trinta minutos de contemplação são naturalmente vinte a trinta minutos de oração. Sozinha com os cães, pelos campos ao redor da minha casa, eu vou conversando com o Senhor, partilhando tudo com Ele - "Nós, Jesus"... Como já referi várias vezes, gosto especialmente de rezar em voz alta, louvando, cantando, rindo ou chorando, suplicando, agradecendo... As ovelhas, as lagartixas, os passarinhos e os cães não parecem achar que seja maluca ao falar assim "sozinha", e por isso aproveito o passeio para dar asas ao meu coração. Regresso a casa saciada, em profunda comunhão com Deus e toda a sua Criação.

Ao fim do dia e ao fim-de-semana, os passeios são feitos em família. Os cães trouxeram-nos novas oportunidades para passearmos juntos, para observar a natureza, para nos divertirmos em conjunto. Que bom!

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 E até a avó parece ter tomado o gosto pela passeata! Ora digam lá se não lhe fica bem?!

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 Senhor, Deus das surpresas, Deus que até do mal és capaz de retirar o bem, ensina-me a arte de tudo agradecer, bom e mau, na minha vida! Hoje, pequenos detalhes de falta de tempo ou de excesso de trabalho; amanhã, um problema mesmo a sério... Tudo, tudo concorre para o meu bem, como disse a jovem Chiara Badano: "Tu queres, Jesus? Então eu também quero!" Ámen.

 

 

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publicado às 06:00

O mistério do saco roubado e os gigantes de Canaã

por Teresa Power, em 14.08.15

Durante as nossas férias na montanha, os cães estiveram sempre connosco. Que alegria para nós e para eles, podermos disfrutar juntos de tanta natureza!

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À noite caíam, redondos, no tapete da sala, donde só se levantavam de manhã. Mas houve uma noite em que ladraram imenso, excitadíssimos. Que se passaria lá fora? Decidimos esperar pelo dia para descobrir, pois já estávamos todos na cama.

E descobrimos: de manhã, o saco de três quilos de comida de cão tinha... desaparecido! Como era possível? Quem teria vindo roubar a comida dos cães? Surpreendidos e ávidos de aventura, os meninos decidiram investigar.

Descobriram então um rasto abundante de comida de cão desde o portão da casa até ao tanque. Que estranho fenómeno! 

- Cá para mim foi uma raposa - Disse o Niall, verdadeiramente surpreso. - Nenhum ladrão que se preze deixaria um rasto assim!

- Ou um lobo. Há lobos no Gerês, não há?

- Há, claro. Alguns. Pode ter sido um lobo...

À medida que o dia passava, as pistas iam-se acumulando:

- Mãe, mãe, vê só o que encontrei! - Gritou a Lúcia, entrando a correr em casa.

- O que foi, filha?

- Isto!

Olhei. Era uma pena de galinha.

- O que é que tem?

- É uma pista! Esta pena estava junto do portão. Acho que quem roubou a comida foi um monstro!

- Um monstro com penas?

Nesse momento, o António chamou da rua:

- Anda, Lúcia, vem investigar mais!

- Já vou! - Respondeu-lhe ela, correndo para fora. Mais uns minutos, e voltaram ambos a entrar.

- Mãe, mãe, encontrámos mais pistas!

- O que foi agora?

- Estamos cheios de medo! Ouvimos gargalhadas de monstro ao pé do tanque!

- Sim, é mesmo um monstro, tipo fantasma, e está a dar gargalhadas! Ele não quer que a gente encontre a comida de cão!

Entre brincadeiras e investigações, apercebi-me de que o António e a Lúcia, levados por uma fértil imaginação, estavam a ficar realmente com medo. Foi mais ou menos nessa altura que os vizinhos nos perguntaram:

- Ouviram barulho ontem à noite? Sim? Anda aí um cão a incomodar. Penso que o dono o solta à noite para ele passear, mas tem causado estragos.

- Terá sido ele a roubar a comida dos nossos cães? - Perguntei, contando a história.

- Ah, certamente que sim! É um cão muito grande. Era bem capaz de arrastar o saco pelo monte abaixo!

Mistério resolvido. A Lúcia e o António ficaram um bocadinho desiludidos - afinal, o seu monstro com penas e gargalhadas não passava de um cão...

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Lembrei-me então de Moisés e dos investigadores de Canaã. Conhecem a história? Lemo-la a semana passada, nas leituras da missa diária. É uma história muito importante da Bíblia, pois o acontecimento em causa foi responsável pela demora de quarenta anos do povo no deserto.

O povo estava acampado diante da terra prometida de Canaã. Antes da conquista final, era preciso conhecer o terreno, os povos, as culturas, as histórias. Moisés enviou investigadores, que durante quarenta dias visitaram Canaã, provaram os seus frutos e conheceram as suas gentes. Por fim, regressaram. Mas o seu relato não foi o esperado:

 

"«A terra que fomos observar é um país que devora os seus habitantes e toda a gente que ali vimos são homens de grande estatura. Vimos lá os gigantes, os filhos de Anac, descendentes de gigantes. Ao seu lado, nós parecíamos gafanhotos e era assim que eles também nos olhavam.» Então toda a comunidade de Israel levantou a voz em altos brados e o povo passou aquela noite a chorar." (Nm 13, 32.14, 1)

 

O que o medo é capaz de fazer! Quando o deixamos dominar as nossas emoções e o nosso pensamento, o medo alimenta a imaginação, transformando os cães em monstros, os irmãos em gigantes, os vizinhos em gafanhotos, a vida numa grande e difícil batalha sem vencedores. Quantas vezes recuamos perante os desafios que se nos propõem - o trabalho na vida da paróquia, a decisão por uma vocação, o assumir de mais um filho, a mudança de terra ou emprego - porque vemos gigantes e gafanhotos por todo o lado?

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 Jesus ensinou-nos que Deus dá de acordo com a nossa fé. Se esperarmos muito, muito alcançaremos; se esperarmos pouco, pouco alcançaremos. Israel não acreditava na vitória? A resposta veio de acordo com a sua fé: o povo de Deus vagueou quarenta anos no deserto, um ano por cada dia que os exploradores passaram em Canaã a duvidar do poder do Senhor.

E nós? Quantos anos passaremos no deserto, cheios de medo e sem fé, rodeados de gigantes e gafanhotos ou, como o António e a Lúcia, de monstros com penas e gargalhadas aterradoras?

Senhor, dá-nos a tua paz, a tua serenidade, a tua confiança, para assumirmos os desafios que colocas no nosso caminho e entrarmos vitoriosos na "terra" onde corre leite e mel, a terra que prometeste a nossos pais, a Abraão e a toda a sua descendência para sempre. Ámen!

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publicado às 06:24

Harmonia - ou convivência forçada?

por Teresa Power, em 24.07.15

A nossa casa é uma casa extremamente barulhenta, entre crianças, galinhas, gatos e cães; mas é também uma casa extremamente pacífica. Senão vejam:

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 Sim, os cães e os gatos gostam de se enroscar uns nos outros e de brincar em grande grupo!

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 Se repararem bem nestas fotos, verão como os gatinhos se entretêm a observar os franguinhos, sem um único gesto ofensivo. Afinal, nasceram quase ao mesmo tempo!

Mais ainda: numa noite de inverno, no ano passado, descobri que a Tiger - a mãe dos gatinhos - dormia encostada às galinhas, provavelmente à procura de calor... A sério!

Já observaram esta oliveira florida? Aposto que não conheciam esta espécie, capaz de produzir flores brancas tão belas...

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Ora aqui fica a solução deste enigma: não, as flores não são da oliveira, mas de uma lindíssima trepadeira que decidiu abraçar a nossa oliveira, casando-se com ela vestida de alvura!

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Às vezes, também os nossos filhos experimentam momentos de intensa harmonia. Vejam, por exemplo, a felicidade dos mais novos, quando o Francisco se oferece para os ajudar a construir objetos especiais em lego:

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Ou a alegria da Sara, aos saltos nas ondas com os mais velhos:

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O David só se aventura nas ondas grandes se a Clarinha ou o Francisco estiverem por perto...

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E o António também!

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 Reparem neste trabalho conjunto na cozinha, enquanto a mãe escreve um "post"... O David lê a receita a partir do tablet da Clarinha, a Lúcia vai encontrando o material necessário, a Clarinha faz o bolo e a Sara, claro, rapa as tigelas!

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Depois, o piquenique no jardim sabe bem melhor:

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 - Lúcia, a Sara quer uma história, mas eu tenho de ir levar a Clarinha ao treino! Contas-lha tu?

- Sim, mamã!

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Os cães, os gatos e as galinhas não têm alternativa senão dar-se bem. A nossa casa não permite que vivam separados, e a porta do galinheiro está constantemente a ser aberta por mãozinhas pouco cuidadosas, que se esquecem de a fechar... A oliveira e a trepadeira também não têm alternativa: o espaço é pouco e ambas precisam de crescer!

Quanto aos nossos filhos... Bem, talvez o segredo não seja muito diferente! Um mesmo espaço continuamente partilhado por uma família numerosa, e multiplas ocasiões para se servirem uns aos outros e para cuidarem uns dos outros...

 As férias são tempo privilegiado para que os irmãos brinquem juntos, trabalhem juntos, se aborreçam juntos, discutam juntos, e se ajudem uns aos outros. Nos dias que correm, é frequente as férias separarem as famílias: os mais novos têm de frequentar o ATL, porque os pais trabalham; os jovens participam em inúmeras atividades longe de casa... Tudo faz parte e tudo é bom, claro! Mas corremos o grande risco de transformar as férias em mais uma sessão de "cada um por si".

Para que os irmãos aprendam a ser irmãos, é necessário que nós, pais, lhes ofereçamos contínuas oportunidades de cuidarem uns dos outros, dando-lhes responsabilidades de acordo com as suas idades e capacidades. Que não falte, nas férias, um tempo largo para unir pais e filhos e para unir os irmãos entre si!

 

"Como é bom e agradável os irmãos viverem em harmonia!" (Sl 133)

 

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publicado às 06:10

Vem, Senhor Jesus!

por Teresa Power, em 27.11.14

"Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, e na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. (...) Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima." (Lc 21, 25-28)

 

As leituras da missa destes últimos dias do ano litúrgico falam-nos da última vinda de Jesus, na glória, como Rei e Senhor de todo o universo, e desafiam-nos a estar vigilantes, bem despertos, atentos aos sinais dos tempos. Só assim seremos capazes de reconhecer os passos do Senhor e o murmúrio da sua voz, quando Ele regressar.

Enquanto escutava o Francisco, a Clarinha ou o David a lerem algumas destas passagens, na nossa oração familiar ao serão, eu observava a Winnie, a nossa querida e velha cadelinha preta. À janela, silenciosa, atenta, o corpo em alerta máximo, o olhar fixo na rua, a Winnie era toda ela a imagem perfeita da sentinela vigilante. Mas porquê esta pose tensa, no final do dia? Porque a Winnie estava à espera do Niall.

 

Como convém a alguém que trabalha em Relações Internacionais, o Niall viaja bastante, passando de cada vez dois ou três dias no estrangeiro. Os meninos suspiram, saudosos do abraço paterno, mas não há como evitar a separação.

- Quantos dias faltam para o papá voltar? - Perguntam, a cada manhã e a cada noite. E eu vou respondendo.

Mas a Winnie não sabe contar os dias, e acho que não iria entender se eu lhe explicasse... Assim, não lhe resta outra alternativa senão estar vigilante, atenta ao mais pequeno sinal do regresso do seu dono e senhor, a quem ela adora acima de tudo. E mesmo velhinha, a Winnie não desiste de esperar de pé...

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O Evangelho assegura-nos de que o Senhor virá, em glória, para recolher o que semeou. Virá no final dos tempos, e virá no final do tempo de cada um de nós...

O nosso mundo não gosta de falar na morte. Mas nós sabemos que a morte nos pode surpreender a qualquer momento, no meio de qualquer actividade do nosso dia. O Senhor está perto, sim! Estaremos nós verdadeiramente em alerta máximo, conscientes de que o seu regresso é iminente? Estaremos nós verdadeiramente centrados no essencial? Ou andaremos distraídos, perdendo tempo com futilidades, desperdiçando as oportunidades que a vida nos oferece para amar, para servir, para perdoar, para dar?

Como passamos o nosso serão? Será que o ocupamos apenas com as novelas políticas ou fictícias que a televisão nos oferece? Ou, à semelhança da Winnie - mas com muito mais razão - sabemos guardar alguns momentos para nos colocarmos de pé, vigilantes, de olhos fitos na noite estrelada, à espera do nosso "Dono"?

 

Como sempre, a Winnie foi a primeira a perceber que o Niall chegara. Eram onze e meia da noite! Com grande alarido, a Winnie correu e saltou à sua volta, feliz.

O Senhor vai chegar, sim. Não deixemos que os animais nos ultrapassem em vigilância e esperança! Está na altura de nos erguermos e levantarmos a cabeça, porque a nossa libertação está próxima. Ah, a festa que vai ser...

 

 

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publicado às 06:35

Limpezas de verão

por Teresa Power, em 19.08.14

Uma casa dá muito trabalho! Regressar de férias é também isto:

 

 

 

 

 

Lavar os cães, lavar o pátio, lavar a roupa, lavar os peluches. Enquanto o sol seca o pátio e a roupa num instante, os cães se rebolam na relva para se sujarem de novo, e a máquina da roupa gira sem parar, o coração transborda de alegria e de gratidão...

 

Vamos aproveitar também para lavar a alma. Preciso, para isso, de marcar com o senhor padre uma hora para nos atender a todos (ou quase) em confissão! Assim as limpezas ficarão completas, pelo menos durante alguns dias...

 

"Senhor, lava-me todo inteiro da minha culpa

E purifica-me do meu pecado!

Purifica-me com o hissope e ficarei limpo!

Lava-me, e ficarei mais branco do que a neve!

Faz-me ouvir júbilo e alegria..." (Sl 51/50)

 

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publicado às 06:41

Os cachorrinhos e as migalhas do Reino

por Teresa Power, em 17.08.14

A Winnie é a nossa cadela mais velhinha. Tinha apenas umas semanas de vida quando a fomos buscar à ninhada que havia nascido na casa de um vizinho. O Francisco, de quatro anos apenas, escolheu-a imediatamente de entre os vários cachorrinhos: "Quero a preta!" E assim foi. A Winnie veio para nossa casa e adoptou-nos tão depressa quanto nós a adoptámos também.

De início, fez imensos disparates, como todos os cachorros. Depois foi crescendo e entendendo as normas da vida em sociedade de humanos, e nunca mais tivemos problemas. Já foi mãe por duas vezes, e de ambas as vezes entregámos a amigos todos os cachorrinhos com excepção de um. Assim, à Winnie juntou-se primeiro a Jenny, uma bela cadelinha branca, que infelizmente morreu envenenada há dois anos; e depois o Jack, o cão castanho com pêlo áspero e ar assustador, mas mais manso que uma pomba:

 

  Primeira ninhada da Winnie - a Jenny a mamar - outubro de 2006

 O Francisco e a Clarinha a brincar com a ninhada da Winnie - a Jenny ao colo da Clarinha...

   Segunda ninhada da Winnie - o Jack é o único cachorro castanho - maio 2007!

                O David a brincar com um dos muitos cachorrinhos...

                  A Winnie a brincar com a Jenny e o Jack!

 

Ouvi um dia um humorista dizer: "Quem me dera ser a pessoa que o meu cão acha que eu sou!" Na verdade, não há maior lealdade que a do nosso cão. Por nós, eles fazem tudo! A Winnie viu chegar à nossa família cinco bebés, e aos cinco adoptou de imediato como seus donos. Sempre que alguém vinha visitar o recém-nascido, a Winnie colocava-se estrategicamente ao lado do berço, com ar protector.

 

A hora preferida dos nossos cães é a hora da nossa refeição. Entusiasmadíssimos, a Winnie e o Jack colocam-se debaixo da cadeira da Sara, em primeiro lugar, e do António, em segundo. É aí que caem a maior parte das migalhas, e os nossos cães não deixam que nenhuma se perca! Com estes dois aspiradores naturais, o nosso chão está sempre limpo de restos alimentares...

A que propósito estou eu para aqui a escrever sobre os nossos cães? A propósito do Evangelho de hoje:

 

"Naquele tempo, Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia. Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio.» Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós.» Jesus respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.» Mas a mulher veio prostrar-se diante d'Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor.» Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos.» Mas ela insistiu:«É verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.» Então Jesus respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas.» E a partir daquele momento, a sua filha ficou curada." (Mt 15, 21-28)

 

Jesus gostava de provocar a fé nos que O rodeavam! Já aqui falei do cão de Tobias. Agora falo-vos do cão do Evangelho... e dos nossos cães. Possamos nós, como eles, revelar pelos que nos são próximos um amor incondicional; e possamos nós também aproveitar todas, todas, todas as migalhinhas de graça divina que vão caindo no chão ao longo do nosso dia... Tantas graças desperdiçadas! Às vezes estamos tão concentrados nos grandes pedidos que fazemos a Deus, que não aproveitamos devidamente as migalhinhas de bem com que Ele nos vai brindando de forma tão gratuita. Ah, não deixemos que os cães sejam mais inteligentes que nós...

 

 

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publicado às 06:35

Cabby

por Teresa Power, em 04.08.14

Tenho aqui na Irlanda um sobrinho profundamente autista. Recordo o seu olhar meigo e o seu sorriso traquina quando o conheci, bebé de ano e meio, e pela primeira vez ele brincou com o meu bebé, o Francisco. Nós, as mamãs, estávamos felizes, ambas longe de imaginar as surpresas que a vida nos iria trazer a ambas… Aos quatro anos, o diagnóstico do Sean estava completo, e com seis anos, o Sean já habitava um mundo só seu, que ninguém conseguia penetrar. A sua frustração nunca parou de crescer, e a vida da sua família (o Sean tem três irmãos) tornou-se cada vez mais difícil.


O Sean tem uma grande amiga: Cabby. Cabby é uma cadela-guia, criada especialmente para tratar do Sean, e capaz de dar por ele a vida. Cabby é também a melhor amiga dos meus cunhados: antes dela aparecer nas suas vidas (tiveram de esperar bastante pela sua vez, pois estes cães altamente treinados são raros e há muita procura), a Sheila e o John quase não saíam de casa, incapazes de controlar o pequeno Sean em lugares públicos, quando as suas crises se intensificam. Com a Cabby, eles podem finalmente ir a muitos lugares e estar em público, pois sabem que o Sean está seguro e que as pessoas estão seguras à sua volta.
Hoje, fomos com o Sean e a sua família à praia. Quando o vi, unido à Cabby por uma forte corrente, lembrei-me de um versículo da Bíblia, de uma das minhas histórias preferidas, o Livro de Tobias:

 

"O jovem partiu e, com ele, também o anjo. E ainda o cão, que os seguiu." (Tb 6, 2)

"O cão, que os tinha acompanhado durante a viagem, correu adiante como um mensageiro, e mostrava o seu contentamento fazendo festas e abanando a cauda." (Tb 11, 9)


Se os bons cães - aqueles que nos acompanham na grande viagem - têm um lugar na Bíblia, tenho a certeza de que também terão no Céu, quando toda a Criação for renovada em Jesus!

 

                                            (Sean, o pai e Cabby)


A minha cunhada Sheila, irmã do Niall, é uma grande mulher, a quem a vida não assusta. Como acontece com as outras mães que eu conheço de perto, abençoadas com filhos diferentes – de todas elas, o meu sobrinho é mesmo o mais diferente – a Sheila é capaz de fortes gargalhadas e nunca perde o sorriso. Quem conhece a dor – e eu também conheço… - conhece também aquela mão divina, segura e carinhosa, que nunca nos deixa cair muito fundo…

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publicado às 06:45



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