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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Eu também vou à catequese - Afirmou a Sara, muito séria, quando viu a Lúcia, o António e a Clarinha a trocarem de roupa e a lavarem a cara.
- Não, Sara, tu não vais porque só tens três anos - Explicavam-lhe os irmãos.
- Vou sim!
- Não vais.
- Vou, vou ficar na sala da Lúcia porque lá vêem filmes de Jesus e cantam canções e fazem desenhos e contam histórias.
- Mas a Lúcia está no segundo ano, e tu ainda nem entraste na escola. Não vais à catequese.
- VOU SIM! EU VOU À CATEQUESE!
E as palavras decididas transformaram-se em gritos histéricos, bater de pé no chão e uma cascata de lágrimas.
- Deixa-a ir, Niall - Intercedi eu, por fim.
Mas o Niall não se queria deixar convencer:
- Tu não achas que o João e a Isabel já têm que fazer, com vinte meninos da idade da Lúcia? Como podemos pedir-lhes que cuidem também da Sara?
Chegou a hora de entrar no carro, e a Sara entrou também. O Niall ficou desarmado.
- Pronto, anda lá!
Ao chegar ao Santuário, a Sara correu para junto da Isabel e do João, catequistas da Lúcia, que a acolheram com imensa alegria e o carinho habitual. Mais tarde, a Isabel enviou-me estas duas fotos, tiradas com o seu telemóvel:
- A Sara é a nossa catequisanda mais empenhada - Comentaram os catequistas no final, a rir. E tem convite feito para ir sempre que quiser!
Entretanto, o António e o David tiveram uma conversa séria entre os dois, que resultou nesta afirmação do António:
- Mamã, amanhã vou ser acólito.
- Ai sim? Não és ainda pequenino para tanta concentração?
- Não. Não sabes que já tenho seis anos?
Perante tanta convicção, não nos restou alternativa senão apoiar o nosso filho nesta sua grande decisão. Lindo, sereno, muito sério, muito compenetrado, o António serviu o altar do Senhor com imenso entusiasmo. No final da eucaristia, teve direito a uma salva de palmas...
Os filhos crescem, e como Jesus, crescem em todas as áreas da sua humanidade:
"Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens." (Lc 2, 52)
É um privilégio tão grande, este que o Senhor nos concede de os podermos acompanhar!
Também o nosso primogénito cresceu. Sexta-feira participará na missa dos finalistas do Colégio Nossa Senhora da Assunção, Colégio a que tanto, tanto deve, e que embora não tenha podido frequentar este ano letivo, o continua a considerar como aluno.
Será também no Colégio que, no próximo domingo às três da tarde, o Francisco fará um espetáculo de Ilusionismo. Querem vir? Temos bilhetes para vender, e só precisam de me escrever para o mail. O espetáculo foi a forma que o Francisco encontrou de reunir algum dinheiro para, no final de Julho, ir a Cracóvia, às Jornadas Mundiais da Juventude, inserido num grupo de jovens salesianos. Que grande graça! O Francisco terá oportunidade de ver o Papa, de conviver com milhões de outros jovens crentes, de escutar catequeses fantásticas, de participar em atividades divertidas e sérias, de visitar o Santuário da Misericórdia, de me trazer uma imagem de Jesus Misericordioso :)
Apareçam no domingo!
E hoje, Dia mundial da Criança, rezemos ao Senhor por todas as crianças do mundo, para que todas cresçam bem pertinho da Casa de Deus! Ámen.
No sábado, a nossa diocese esteve em festa: foi o Jubileu das Crianças e dos Adolescentes, que cheios de alegria, quiseram passar pela Porta Santa e celebrar em conjunto a alegria de sermos cristãos. Entre crianças, adolescentes, pais e catequistas, estávamos cerca de duas mil pessoas! Houve tempo para lançar balões ao céu, cantar, rezar, jogar, visitar o Túmulo da nossa padroeira, Santa Joana Princesa de Portugal. Embora a manhã tivesse sido entrecortada de bastantes momentos de "pausa", porque uma multidão tão grande não é fácil de organizar, o mais importante aconteceu: duas mil pessoas testemunharam, pela sua serenidade, pela sua paciência, pela sua vivacidade, pelos sorrisos e palavras simpáticas que trocaram, que Jesus é a Verdadeira Porta por onde todos passamos para encontrar a Vida.
No próximo domingo será o Jubileu das Famílias na Diocese de Aveiro. Que grande dom para nós! As Famílias de Caná, enquanto movimento nascente, estão representadas desde há alguns meses no Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar. Assim, o Niall e eu pertencemos à equipa que tem vindo a preparar este jubileu, e estamos entusiasmadíssimos. Vai ser um encontro muito giro e cheio de sentido para as famílias: começando às 15 horas na igreja de S. Francisco, no parque da cidade de Aveiro, cada família, com o seu ritmo particular, será desafiada a percorrer um determinado percurso até à Porta Santa, na Sé Catedral, onde será celebrada a Eucaristia com a presidência do nosso querido bispo. Durante o percurso, as famílias irão fazer algumas paragens de cerca de dez minutos, breves oportunidades para refletir sobre o jubileu. Numa dessas paragens estarão as Famílias de Caná, representadas por nós, Família Power, e três outras famílias completas. Aí iremos refletir sobre oração familiar e, sobretudo, rezar em família de famílias. Farei também um brevíssimo ensinamento de dois minutos e meio sobre oração familiar. Venham estar connosco! E se nos conhecem já deste blog, façam-nos o favor de se apresentar, que para nós é um verdadeiro prazer descobrir os rostos dos nossos leitores!
"Eu sou a Porta. Quem entrar por Mim será salvo." (Jo 10, 9)
- David, hoje vais ter um encontro nos Salesianos. Tens aqui o lanche para partilhares com os teus amigos.
- Achas que os meus amigos vão estar lá?
- Alguns, seguramente! E será uma grande oportunidade para fazeres novos amigos. Vamos, que já são horas!
O David saiu para o seu encontro de crianças e pré-adolescentes, entusiasmado e cheio de expetativa. Ainda eu lhe dizia adeus à porta, e já a Clarinha perguntava:
- Mãe, vens comigo esta noite ao concerto-oração? Gostava tanto que fosses tu a acompanhar-me!
Conhecem as músicas da Claudine Pinheiro? Se ainda não, procurem no Youtube algumas, para escutar, porque vale mesmo a pena! A Claudine é leitora deste blogue quase desde o primeiro momento. Já nos encontrámos algumas vezes, não só nos encontros do E-vangelizar, mas também para fazer um belíssimo piquenique, no verão passado. Recordo com saudade os belos momentos que partilhámos no "nosso" lago no Caramulo. Sábado à noite, a Claudine teve mais um momento divino da sua magnífica missão de evangelização através da música. Por mail, convidou-nos a estar presentes, visto ser apenas a trinta quilómetros da nossa casa.
- Vens comigo, mãe? - A Clarinha mal podia esperar pelo concerto.
- Claro que vou. Anda, ajuda-me a arrumar esta casa!
O David regressou a casa ao fim da tarde, feliz, suado, transbordante de alegria.
- Estivemos na barriga da baleia, mãe!
- Da baleia? Qual baleia?
- Aquela que engoliu Jonas! Nem imaginas: o ginásio era a barriga da baleia, e para entrarmos tínhamos de passar pelos seus dentes, a sua boca aberta, bem desenhada na porta. Foi tão giro! E brincámos nos insufláveis. E vimos um filme. E rezámos, cantámos e fizemos muitas coisas!
- Muitas coisas?
- Muitas. Olha, havia uma pizza gigante para comer! Deliciosa! E trago presentes. Livros, postais...
Pouco depois, a Clarinha e eu saíamos para o concerto, rezando juntas o terço na meia hora de viagem. Foi a nossa vez de ficarmos deliciadas, coração cheio, lágrimas nos olhos. A Claudine não canta só com a voz maravilhosa que Deus lhe deu: canta com o sorriso, com os olhos, com os braços abertos, amplos, estendidos, com os gestos, com o coração. E o Miguel toca guitarra com a alma toda a sair-lhe pelos dedos. Não há palavras para descrever tamanha beleza! A pequena igreja paroquial de Valmaior estava cheia, e os aplausos foram sinceros e sentidos.
Domingo de manhã foi dia de primeira comunhão, na nossa paróquia. Vestidos brancos, coroas de flores, velas acesas, crianças. Crianças expectantes, de sorrisos nervosos, de olhar límpido. Jesus que vem e que desce a cada coração pela primeira vez. Ah, o primeiro beijo... A igreja está cheia, os adultos fazem algum barulho e há certamente muita dispersão da atenção. Mas nos corações infantis daqueles meninos e daquelas meninas, o Amado foi recebido num silêncio que nada nem ninguém conseguiu perturbar.
Depois do almoço, o grupo de discernimento vocacional Monte Horeb, de Barcelos, veio a nossa casa. A Paula conheceu-nos a partir deste blogue também quase desde o início, e desde então já nos encontrámos várias vezes, incluindo num retiro Famílias de Caná, em Castelo de Neiva. Como orientadora deste grupo, quis oferecer aos jovens a oportunidade de conhecer o dia-a-dia e a vida de fé de uma família católica, como exemplo possível de vocação matrimonial. Que grande festa foi o nosso encontro! Conversámos a tarde inteira, lanchámos em abundância, cantámos, vimos a magia do Francisco, brincámos com os novos gatinhos e, por fim, rezámos, ao ritmo natural que tem a oração familiar na nossa casa.
Caiu a noite... Já deitada, enquanto faço o meu exame de consciência, revejo os acontecimentos e a festa deste fim-de-semana: o encontro catequético do David, o concerto-oração com a Claudine, a missa festiva, os jovens do Monte Horeb... Encontros paroquiais, encontros de famílias, encontros virtuais que, pouco a pouco, se tornam reais e acontecem em Igreja...
Comunidade. Ser cristão é sempre, sempre, ser comunidade. Somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e vivemos este sentido trinitário, comunitário, desde o primeiro instante de Igreja. Ninguém é cristão sozinho, porque em Jesus, todos formamos um único corpo, o Corpo Místico, onde todos nos tornamos membros uns dos outros.
Nestes dias pascais, a Igreja tem como leitura favorita os Atos dos Apóstolos, recheados de histórias e aventuras comunitárias. Aí lemos que, apesar de todos os problemas e pecados das primeiras comunidades - tão semelhantes aos problemas e pecados das nossas, e das de todos os tempos - os primeiros cristãos eram já imagem e semelhança deste Deus Trinitário, este Deus-Comunidade:
"A multidão dos que tinham abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum. Com grande poder, os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e uma grande graça operava em todos eles." (At 4, 32-33)
Que o Senhor nos ajude a fazer, cada vez mais, comunidade, uns com os outros, em Igreja, nas nossas casas, nas nossas paróquias, nos nossos movimentos, na Internet... Ámen!
Há uma oração que o sacerdote reza na missa que me toca muito. Diz assim: "Senhor, não olheis aos nossos pecados, mas à fé da vossa Igreja." Sempre que venho de um Retiro Famílias de Caná, eu faço espontaneamente uma oração semelhante, que se prolonga durante muito tempo, quase no meu inconsciente, e que me deixa uma paz profunda. Diz assim: "Senhor, não olheis aos meus pecados, mas à generosidade, à humildade, à alegria, à fé, à caridade de tantas pessoas que foram tocadas pelo teu dom das Famílias de Caná através do nosso pobre testemunho!" E tenciono fazer esta mesma oração no Dia do Juízo, quando estiver diante de Deus!
De facto, nos Retiros Famílias de Caná damos o nosso testemunho familiar da forma como Deus pode transformar a vida, e damo-lo de modos diversos: pela palavra, pelo ilusionismo do Francisco, pela música, pelos jogos, pela partilha do alimento, pela conversa individual ao longo do dia, pelo acolhimento. Mas o que recebemos é sempre muito mais, e não o digo por dizer - digo-o com plena convicção. Neste retiro, como já aconteceu nos anteriores, conhecemos pessoas fantásticas, escutámos partilhas muito bonitas, e contemplámos a ação de Deus nas vidas dos seus amigos.
...Na vida da Rita, da Isabel e da Vera, por exemplo, que deram tudo o que tinham para que as crianças tivessem um dia magnífico, cheio de profundidade e de muita alegria. Quando entraram no carro, ao fim do dia, o nossos filhos mais novos exclamaram quase em coro: "Adorei este retiro! Adorei todas as atividades! Queria ficar mais tempo!" E durante a viagem, foram falando dos jogos, das histórias, da forma profunda e significativa como a mensagem lhes foi oferecida.
...Na vida da Emília, a catequista de Lordelo que nos convidou para este retiro, e que tudo preparou com tanto cuidado, com tanta atenção ao pormenor. Neste retiro tive a honra de falar atrás de uma mesa cuidadosamente pensada, com uma Bíblia rodeada de velas e de flores brancas. Deus gosta do pormenor, como é fácil deduzir se contemplarmos por alguns instantes os desenhos nas asas das borboletas ou nas folhas das árvores, e por isso, o cuidado da Emília é um dom do Senhor. E não é o único dom que a Emília recebeu, como o provou a enorme panela de deliciosa feijoada à hora do almoço! Mas acima de tudo, a Emília tem o dom de congregar um grupo quase inteiro de catequese familiar para participar num retiro. Magnífico!
...Na vida do senhor padre José Manuel Ribeiro Pinto, sacerdote de Lordelo, que nos tocou pela forma como se centra no essencial, e não se dispersa nem deixa que o dispersem.
Pensando em todas estas pessoas e em todas as Famílias de Caná que desde o primeiro momento dão o seu tempo,o seu suor e a sua oração para que estes e outros encontros aconteçam, sinto o impulso de escrever como S. Paulo:
"Dou graças a Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre com alegria oração por vós em todas as minhas súplicas, pela vossa colaboração no Evangelho desde o primeiro dia até agora." (Fil 1, 3-5)
No centro dos Retiros Famílias de Caná, está naturalmente Jesus. A meia hora de adoração é o cume de tudo o que fazemos, e não a encurtamos nem a suspendemos por nada deste mundo. A igreja de Lordelo é linda, sobretudo a capela da adoração. Os vitrais, imensos, deixavam passar a luz e os raios de sol que de vez em quando brilhavam no céu encoberto. No momento sublime em que o sacerdote elevou o Santíssimo e nos abençoou, Deus permitiu que o sol entrasse a jorros na igreja e nos banhasse numa luz intensa, elevando os nossos corações para esse outro Sol que é Jesus. Foi lindo!
Deixo-vos as fotos do dia:
Chegámos a casa pelas oito horas da noite, mas ainda tivemos tempo para rezar no nosso Canto de Oração e agradecer o dia. Iluminando as trevas, estavam as velinhas que os meninos decoraram nos seus trabalhos e a vela central que decorava a mesa, no salão paroquial...
Aula de Inglês. Turma de sétimo ano, muito simpática e participativa. Há vários anos que não tinha tanto prazer em dar aulas a uma turma.
- Meninos, amanhã quero este trabalho terminado - Digo, pouco antes do final da aula.
- Professora, não vou conseguir, porque hoje tenho catequese - Diz um rapazinho.
- Catequese? Quem é que ainda vai à catequese?! - Desafia um colega. Gargalhada geral, apenas quebrada pelo silêncio incomodado do colega.
- Foi um comentário pouco apropriado, João - Intervenho eu. - Certamente que não gostarias que eu, ou outro colega, falássemos assim nesse tom sarcástico sobre uma atividade de que tu gostes. Por exemplo, sobre o futebol...
- Mas pelo menos os futebolistas ganham dinheiro - Responde outro aluno, lá do fundo da sala.
- Ora, e os catequistas também! - Atalham logo dois ou três.
Grande burburinho. A campainha está quase a tocar, mas é preciso esclarecer este ponto. Bato na mesa para repor a ordem, e finalmente consigo que me escutem:
- Não há nenhum catequista que receba dinheiro por dar catequese. Todos o fazem gratuitamente.
- Como é que sabe? Claro que ganham dinheiro! Ninguém trabalha sem ser por dinheiro!
- Achas mesmo?
- Olha se calhar a professora é catequista! É?
- Sou.
- E não ganha dinheiro?! Então por que é que dá catequese?
A campainha toca, e todos se levantam para sair. Fico incomodada com o diálogo que acabo de ter... Já não é a primeira vez que refiro isto aqui no blogue. Aos doze anos, eu sonhava em ser muita coisa: cantora, missionária, escritora, assistente social, professora, pintora... Se pensava em ganhar dinheiro? Que detalhe tão sem graça quando se é criança! Ganhar a vida, ganhar dinheiro é muito pouco romântico nesta idade.
Talvez eu me tivesse interessado mais por dinheiro se tivesse sentido a sua falta, ao crescer. É compreensível que quem passe por graves necessidades na infância, equacione tudo em torno do dinheiro. Mas não é o caso na turma em questão, nem no aluno em questão.
De onde vem, pois, esta febre de ter, de ganhar, de gastar? Que vêem as crianças em casa, que preocupações escutam nas palavras e nos silêncios dos pais, que programas de televisão invadem os seus sonhos, que canções atacam o seu mundo interior? Como ocupam os nossos jovens os seus tempos livres? Estarão eles a brincar o suficiente? Não estarão os adultos a levar as crianças vezes demais aos centros comerciais, onde tudo custa dinheiro e nada se faz sem dinheiro? Não estará o tempo em família, dos fins-de-semana às férias, demasiadamente dependente do dinheiro? Que fizemos nós da criatividade, da alegria, da simplicidade, da inocência?...
Ah, tantas perguntas a que todos sabemos responder...
Não, os catequistas não ganham dinheiro. A hora de catequese semanal que oferecem é roubada ao seu tempo de lazer, ao seu direito ao descanso, às suas horas de sono. Compensa? Às vezes sim, outras não. Já vi catequistas encantados com o progresso das suas crianças, e já vi catequistas totalmente desmotivados com a falta de atenção, interesse e, até, educação dos meninos. Eu já me incluí em ambos os grupos...
Então, se não ganham dinheiro, se nem sempre compensa, por que raio é que são catequistas??? Os meus alunos têm a sua razão ao perguntar!
Na semana passada, lemos na nossa hora de oração familiar a história do chamamento de Levi. O momento, de um extraordinário dramatismo, capaz de transformar um simples publicano em Apóstolo Evangelista e Santo aclamado em toda a História da Igreja, está condensado num único versículo:
"Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança e disse-lhe: «Segue-Me.» Ele, levantando-se, seguiu Jesus."
(Mc 2, 14)
Só quem alguma vez experimentou na sua vida o poder do chamamento de Jesus, o magnetismo do seu olhar, a força da sua voz, consegue entender passagens como esta. E consegue entender por que razão um catequista não desiste e não recua, semana após semana.
Não, querido aluno. Não é por dinheiro: é por amor...
Catequese. O meu grupo é constituído por adolescentes de catorze anos, atentos e mais ou menos interessados. Juntos, lemos o Evangelho:
"Não se vendem dois pássaros por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai! Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados! Não temais, pois valeis muito mais do que os pássaros." (Mt 10, 29-31)
- Acreditam mesmo, mesmo nas palavras que acabámos de escutar? - Pergunto, perante o silêncio. Um encolher de ombros, alguns sorrisos.
- Isso é simbólico, Teresa!
- Alguém aqui acredita que Deus sabe quantos cabelos temos na cabeça?
Silêncio.
- Alguém acredita que Deus tem tempo para se preocupar com os passarinhos que caem do céu?
- Eu acho que não...
- Eu também acho que não deve ser bem assim...
A conversa está a ganhar forma. Durante meia hora, conversamos sobre a Providência Divina.
Mais tarde, de regresso a casa, escuto um piar aflitivo vindo do galinheiro. Os pintaínhos nasceram há poucos dias, e fazem as delícias dos mais novos. Que se passará? Corro ao galinheiro, e reparo que um deles, muito pequenino, conseguiu sair pela rede e está a tentar regressar, numa grande algazarra. Carinhosamente, pego-lhe com uma mão e devolvo-o à sua pobre mãe, que cacareja incessantemente.
Depois recordo-me da conversa com os meus catequisandos. Será que eu acredito verdadeiramente que Deus cuida dos meus pintainhos, das minhas galinhas, dos cabelos da minha cabeça? Será que acredito verdadeiramente que Deus cuida de cada refugiado sírio, de cada criança com fome, de cada mãe abandonada? Segundo a Clarinha aprendeu em Geografia, parece que a cada trinta segundos morre uma criança com malária no mundo. Acredito verdadeiramente que Deus cuida dela?
O que é isto da Providência Divina? Até que ponto eu acredito - sem ver, sem compreender, sem sondar as profundezas, sem encontrar nenhum sentido - num Deus que me deixa livre de fazer o bem e de fazer o mal, num Deus que me ama mas permite que O não ame, num Deus que me acolhe mas permite que O rejeite, num Deus que morreu para que eu vivesse, num Deus que é só Amor?...
No sábado passado, participei, juntamente com o grupo de catequistas de Mogofores, no Mega Encontro de Evangelização – E-vangelizar – dos salesianos, no Porto. Foi um dia magnífico! Coube-me dinamizar um Workshop sobre Catequese Familiar, mas ainda me sobrou tempo para participar, como formanda, num workshop muito a propósito: As Obras da Misericórdia na Catequese. Lindo!
Uma das coisas giras deste dia foi o encontro com algumas Famílias de Caná da zona norte, bem como o encontro com alguns leitores do blogue. O Luís e a Jacinta, que vivem na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, perto de Aveiro, fizeram o Retiro de Neiva. No E-vangelizar partilhámos a vontade de realizar um retiro na sua paróquia, que entretanto já conhece o seu testemunho de Família de Caná. Tanto o Luís como a Jacinta estão acostumados a trabalhar com crianças e jovens e a dinamizar muitas coisas. E por falar no Luís – conhecem o seu blogue As Contas de Deus? Vale a pena visitá-lo!
Nesse mesmo dia, o Francisco orientava um workshop de ilusionismo para adolescentes no Clube Prisma, em Coimbra. Quem tem talentos tem de os colocar ao serviço dos outros, naturalmente! O Francisco chegou a casa quase ao mesmo tempo que eu, cansado mas muito feliz.
E o resto da família? Bem, enquanto nós trabalhávamos, eles divertiam-se no Parque da Mealhada…
Amanhã, sábado, iremos recomeçar o nosso trabalho de catequistas na nossa paróquia. Já não víamos a hora! É tão gratificante partilhar a nossa fé com as crianças e os jovens, ajudando-os a correr ao encontro de Jesus!
Domingo iremos dar testemunho da nossa vida de fé e apresentar as Famílias de Caná na diocese de Viana, na igreja paroquial de Meadela. Teremos a escutar-nos os pais das crianças da catequese. Enquanto isso, o Francisco fará ilusionismo e evangelização para as crianças. Vai ser um grande encontro! Haverá por aí leitores do blogue com vontade de nos cumprimentar e escutar? Apareçam domingo, dia 11, pelas 15h30 na igreja paroquial de Meadela, que para nós será um prazer!
Ontem, enquanto lia o Novo Testamento, encontrei esta passagem de S. Paulo:
“Três vezes naufraguei, e passei no abismo uma noite e um dia. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos meus concidadãos, perigos dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre os falsos irmãos. Trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez!”
(2Cor 11, 25-27)
Depois, dei comigo a pensar… É cansativo percorrer o país testemunhando a alegria de ser família católica. Mas nós viajamos de carro – bem, de dois carros – e em belíssimas estradas, e geralmente temos direito a grandes merendas! S. Paulo foi testemunha de Cristo a pé, de carroça, de cavalo, de noite e de dia, por terra e por mar, com fome e com sede… Ainda nos falta muito, muito, para chegarmos aos seus calcanhares! Que o Senhor nos ajude a todos a sermos suas testemunhas alegres e corajosas. Ámen!
No sábado de madrugada, a nossa família rumou até à diocese de Viana do Castelo. O padre Vasco Gonçalves convidara-nos a apresentar as Famílias de Caná às famílias em catequese familiar de toda a diocese, reunidas num convívio de encerramento do ano pastoral. Aceitámos com muita alegria, certos de que o convite vinha da parte de Jesus. Na verdade, Jesus tem-nos desafiado a percorrer o país em família, para testemunhar a sua alegria, o seu amor e o seu perdão às famílias que encontramos.
Assim, lá fomos nós até Santa Marta de Portuzelo, viajando, como costume, em dois carros - que é o que acontece a quem tem um filho a mais :) . E como costume, aproveitámos bem a viagem para rezar e para pôr a conversa em dia sobretudo com os dois mais velhos. Regressamos sempre destas viagens com a certeza de que foram importantes, não sabemos se para os outros, mas pelo menos para nós. É a forma que Deus tem de dizer "Obrigado": derramar graça sobre graça...
Em Santa Marta encontrámos famílias alegres, simpáticas e acolhedoras. O Francisco fez um espetáculo de ilusionismo que fascinou os mais novos, enquanto eu falei com os pais.
Alguns dias antes, eu desafiara a Rita Menezes a dar o seu testemunho neste encontro. A Rita veio, e contou como conheceu o nosso blogue, e como decidira participar em dois retiros connosco - o primeiro, na quaresma, o segundo, em Neiva. A partir daí, a sua vida tem sido um crescendo de felicidade e paz. Foi lindo, escutá-la!
A Eucaristia foi outro grande momento. O David acolitou, e a Sara bateu palmas ao som da música, para grande prazer do magnífico coro juvenil de Neiva.
Depois do almoço partilhado e de muita brincadeira, partimos com a Rita e a sua amiga Isabel para Famalicão. Este era o segundo grande encontro do nosso dia: tínhamos sido convidados por estas duas famílias a estar presentes no nascimento da sua Aldeia de Caná...
O encontro começou com um punhado de crianças a saltar de alegria, desarrumando a casa da Rita de alto a baixo e fazendo com que quase metade da água da piscina insuflável cobrisse o jardim onde os adultos procuravam conversar:
O Francisco aproveitou para fazer alguns truques de magia, enquanto todos partilhávamos um lanche delicioso, que a Rita preparara para festejar este grande dia:
E finalmente, a oração entre famílias. O Canto de Oração da família Menezes estava particularmente festivo, na sala de estar, decorado com muito cuidado por toda a família. Está ou não bonito?
Juntos, cantámos e louvámos o Senhor, partilhando a nossa ação de graças. Depois meditámos na passagem das Bodas de Caná e rezámos o terço. Finalmente, rezámos o Shemá e a Consagração. Antes de terminarmos, cantámos outra e outra vez, com grande alegria. Alguém lembrou que celebrávamos neste dia a Rainha Santa, Isabel de Portugal. Que linda data para o nascimento de uma Aldeia!
A semente estava lançada e regada. Formar uma Aldeia de Caná é um gesto muito simples e familiar... Agora, esta nova Aldeia vai contactar novamente o pároco e oferecer os seus braços, o seu tempo, os seus talentos para "o que Jesus disser", ao jeito das Famílias de Caná. Estamos ansiosos por ver o que o Espírito vai fazer aqui!
Enquanto contemplava as crianças alternando entre a oração e a brincadeira, e observava a alegria das famílias sentadas na sala de estar, no ambiente natural de quem reza a vida, confirmei interiormente que as Aldeias de Caná não podem ser senão obra de Deus. Só mesmo Deus é capaz de tamanha simplicidade! Só mesmo Deus é capaz de pegar num punhado de famílias e congregar pais, filhos e amigos numa mesma oração, numa sala de estar! Se nas origens de uma Aldeia de Caná estivessem encontros pomposos e fórmulas complicadas, eu desconfiaria...
"O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem toma e semeia em sua terra. É a menor de todas as sementes. Mas, quando cresce, é a maior das hortaliças e torna-se uma árvore, de modo que em seus ramos os passarinhos vêm fazer ninhos." (Mt 13, 31-32)
É a simplicidade destes nossos encontros que me faz acreditar que um dia, as Famílias de Caná oferecerão os seus ramos para abrigar famílias no mundo inteiro...
- Mamã, gostaste do meu teatro da catequese?
- Adorei, Lúcia! Estavas muito bonita, a segurar a letra do nome de Jesus.
- Eu gosto tanto da catequese!
- Tens amigos no teu grupo?
- Tenho. Todos somos amigos! E os meus catequistas são muito bons. Sabem muitas histórias da Bíblia, mamã, assim como tu!
Os catequistas - evangelizadores, como aqui na paróquia preferimos chamar - da Lúcia são pais de uma Família de Caná muito simpática. Este ano foi a sua estreia como evangelizadores, e a experiência foi magnífica, tanto para as crianças, como para eles. No sábado passado, na hora de louvor com que terminamos sempre a catequese, fizeram com as crianças uma breve apresentação, que a todos encantou. O João começou por ler este texto, onde exprime bem aquilo que viveram ao longo do ano:
"Está quase no final este nosso primeiro ano de evangelização.
Foi uma estreia para todos. Para as nossas pequeninas e pequeninos, mas também para mim e para a Isabel…
Para muitos de nós este foi o primeiro contato, mais ou menos elaborado, com a religião e com a fé.
Nem sempre conseguimos, mas estivemos sempre todos com a noção de que não queríamos falhar, o que quer que fosse, nesta grande experiência e nesta responsabilidade de iniciar, mais formalmente, uma caminhada importante. Caminhada esta que esperemos seja longa e não se esvazie com o tempo. Que Deus nos Ajude para que esta fé não deixe de ser alimentada.
Durante esta nossa jornada pedimos ajuda a Nossa Senhora que nos auxiliasse, rezámos, rimos, brincámos, conversámos… e ganhámos todos novos amigos.
Fizemos uma tenda gigante no meio de uma sala de aula no nosso “deserto” e subimos ao monte para rezar, provámos um delicioso e suculento maná, sentimos o espírito santo de uma forma diferente e como ele pode tornar-se efervescente na nossa vida. A ressurreição de Jesus foi explosiva aos nossos olhos fazendo brotar pétalas perfumadas e corações por todos.
Ouvimos, muitos de nós pela primeira vez, nomes como Abraão, Tobias, Moisés, Tobite, Sara, Isabel, Elias e Jeremias, João, Maria, Pedro ou Simão e tantos outros… e até conhecemos de perto um anjo, que carinhosamente foi chamado de Anjo Rafa…. Imaginem! Que como Gabriel protagonizou algumas das nossas “aventuras”.
São pedaços de uma história magnífica e que acreditamos ser verdadeira, que relata muitos dos feitos também de um super-herói, um super-homem, com a vantagem que Este existe e não é ficção. E que é o nosso verdadeiro protector… JESUS
É sobre esse nosso grande amigo que vamos falar hoje.
Em muitas tarefas, pinturas, dinâmicas, musicas e vídeos, houve alguns que momentos que nos marcaram… este que vamos ver é um deles… Quem é Ele Afinal?"
E à pergunta do João, as crianças foram respondendo, uma a uma, com uma palavra: Amor, Paz, Alegria...
Por fim, cada uma segurou bem alta uma letra que apanhou do chão, e juntos formaram a frase:
"Somos todos Jesus".
Lembrei-me da afirmação de S. Paulo:
"Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim." (Gl 2, 20)
E lembrei-me do nosso lema de Famílias de Caná, expresso na primeira "bilha": Nós, Jesus. Ao longo deste mês, as Famílias de Caná foram desafiadas a meditar sobre esta união intensa com Jesus, procurada e vivida em cada circunstância, boa ou má, da nossa vida.
Cá em casa, durante o mês de junho - e hoje é o dia do Sagrado Coração de Jesus - repetimos muitas vezes a oração:
"Jesus, manso e humilde de Coração, tornai o meu coração semelhante ao Vosso."
O João e a Lúcia, catequista e catequisanda, estão convencidos da necessidade de conhecer a Palavra de Deus e todas as histórias da nossa salvação para aprender a ser como Jesus. Ao longo do ano, como o texto do João exprimiu, fizeram destas histórias vida e movimento, encheram-nas de cor, recrearam-nas, representaram-nas, recontaram-nas e trabalharam-nas até que a Palavra descesse da mente ao coração. A vida encarregar-se-á de mostrar se conseguiram...
E nós? Passamos tempo suficiente com Jesus, em oração e meditação, escutando as batidas do seu Sagrado Coração, para aprendermos a ser como Ele?...
No sábado, a nossa catequese foi diferente: tratava-se de celebrar a presença de Maria, nossa Mãe, na vida de cada dia e na vida da nossa paróquia, agradecendo-lhe de coração e suplicando-lhe que permaneça ao nosso lado nesta caminhada. E que forma melhor de celebrar o amor de Nossa Senhora do que a oração do rosário?
Juntámos no santuário todas as crianças e jovens da catequese, com as suas famílias. Cantando, cada uma ofereceu uma flor a Maria (finalmente, David!), que depositámos sobre o altar, enquanto cantávamos alegremente.
Depois, começámos a oração do terço. No sábado anterior tínhamos encarregado cinco grupos de catequese de preparar a apresentação dos cinco mistérios da alegria. Tivemos meninos vestidos de anjos, várias Nossas Senhoras, nenucos a representar Jesus, estrelas de papel, velas acesas, estrelas luminosas. Vejam só esta pequena imagem da cena da Natividade! A Lúcia segura orgulhosamente a estrela mais brilhante de todas, sobre Maria e José com o Menino:
A Vera, educadora e catequista (já experimentaram as receitas que ela partilha no seu blogue, sempre acompanhadas de tão belas reflexões?), fez em casa cinquenta e três flores de esponja, e mais cinco ligeiramente diferentes, para que cada Avé-Maria e cada Pai-Nosso pudessem ser representados por uma flor. Enquanto rezávamos, uma criança, à vez, ia colocar uma flor no chão do altar, formando assim, com as orações de todos, um belíssimo terço. Foi uma oração bastante animada e bastante movimentada, cheia de luz e cor, cheia de alegria!
Embora ainda não frequentem a catequese, o António e a Sara também estiveram nesta tarde de sábado, por ser diferente e lhes ser tão acessível. Afinal, rezar o terço é-lhes familiar!
Os jovens costumam dizer-me que, para eles, rezar o terço faz-lhes lembrar as velhinhas da aldeia dos seus avós, repetindo orações com vozes monocórdicas na igreja. O terço, dizem-me, deixou de fazer sentido. Que fizemos nós da criatividade que Deus nos ofereceu? Na A Alegria do Evangelho, o nosso querido Papa Francisco diz:
"A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cómodo critério pastoral: «fez-se sempre assim». Convido todos a serem ousados e criativos..." (Nº33)
E S. Paulo escreve assim aos romanos:
"Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade..." (Rm 12, 2)
Quando chegarem os dias mais longos de verão, com as crianças em casa sem muito para fazer, porque não experimentam pedir-lhes que façam flores de cartão, esponja ou outro material, para poderem fazer uma oração do terço dinâmica? E porque não lhes sugerem também preparar pequenas representações, ou ilustrações ou outro tipo de construção para um ou vários mistérios do Rosário? Às vezes basta um pouco de criatividade para que a oração familiar se torne atraente para todos. Experimentem! E enviem as vossas fotos para eu as divulgar aqui!
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