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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
A primavera chegou! Desta vez é mesmo a sério, pois tropeçamos nela logo ao sair de casa pela manhã: o céu azul, as nuvens brancas, a relva verde, as flores amarelas, vermelhas e laranjas, o cantar das cigarras, as melodias dos pássaros, os gatinhos a brincar na relva... Tudo nos repete, como o Amado no Cântico dos Cânticos:
"Levanta-te, minha irmã, minha amada!
Eis que passou o inverno, a chuva já se foi
Aparecem as flores na terra, chegou o tempo das canções
A voz da rola ouve-se na nossa terra.
A figueira já deu os seus figos verdes,
e as vinhas em flor exalam seu aroma..."
(Cant 2, 10-13)
Com a primavera, chegam os dias tranquilos e longos, e renovam-se os encontros com os amigos. A Olívia e a sua família vieram visitar-nos, e encheram a nossa casa de alegria! Que dizem a estas três princesas?
Lembram-se da pequenina Lúcia, que tanto sofreu ao nascer? Ora aqui está ela, transbordando saúde e felicidade:
Para a festa ser completa, também a Isabel e o João, catequistas da Lúcia, vieram visitar-nos e estar com a família Batista. Ser Família de Caná significa ter amigos espalhados um bocadinho por todo o país, não é verdade? Sentados no jardim, pusemos a conversa em dia. Sentados no jardim, quer dizer, alguns de nós... Outros preferiram as árvores:
Segunda-feira foi feriado, e o dia amanheceu cheio de sol. Quem lê este blogue há algum tempo já consegue imaginar onde nos dirigimos de imediato... Ou não?
A primavera está a chegar assim de repente, da noite para o dia... Na semana passada ainda acendíamos a lareira, ontem tomaram-se banhos no mar!
De repente? Ah, nós só vemos a superfície das coisas! Porque durante todo o inverno, durante os longos dias de chuva, durante os serões de frio à lareira e durante as tempestades de granizo, a terra preparava-se para esta renovação.
Há dias em que eu olho para a minha vida passada e, no meio de belas recordações, também vejo tempestades, chuva abundante, frio intenso. Por que terá sido tudo tão difícil, meu Deus? Porquê a morte, porquê a dúvida, porquê a luta, porquê a incompreensão, porquê o emprego longe, porquê as turmas complicadas, porquê? Depois contemplo os meus filhos a brincar no jardim que cultivámos, vejo os meus amigos empoleirados nas árvores que ajudámos a crescer, e escuto as gargalhadas da "Bebé de Caná" que a Olívia segura nos braços. Ao longo dos muitos invernos da nossa vida, Deus foi preparando as nossas muitas primaveras. E com o seu vento, espalhou por aí as sementes que nasceram das nossas chuvas, tal como espalha nos nossos jardins interiores sementes que nasceram em outras chuvas.
E assim continuará a ser: as tempestades que hoje experimentamos levar-nos-ão certamente a novas primaveras, e as sementes que cultivamos nos nossos jardins florirão certamente noutros quintais, porque o nosso Deus é o Deus das estações, o Senhor da vida e da morte, Aquele que, no primeiro livro da Bíblia, tudo cria do nada, e no último livro da Bíblia, tudo recria, já não do nada, mas a partir de tudo o que Lhe oferecermos:
"Eis que faço novas todas as coisas!" (Ap 21, 5)
Ámen!
O Retiro em Coimbra foi das experiências mais belas que temos tido. Digo-o de coração cheio, e de coração profundamente grato pela partilha de vida com famílias verdadeiramente fantásticas. Deus nunca Se deixa vencer em generosidade, e dá-nos sempre muito, muito mais do que ousamos pedir...
Tinhamos oito famílias inscritas - três de Coimbra, duas do Porto, uma de Tomar, uma de Lisboa e outra de Cantanhede. Mas ao longo de todo o sábado, no meio da chuva torrencial que alagou o nosso país, cortou estradas, fechou barras, espalhou viroses e a todos encerrou nas suas casas, as desistências foram chegando. Ficámos com apenas cinco famílias.
- Achas que vale a pena continuar a pensar em fazer retiro? - Perguntava-me o Niall, quase à noite, quando a querida Lilian nos comunicou que estava de cama cheia de febre e, portanto, não podia ir.
- O quê? Desistir agora? Depois do trabalho todo que a Cláudia e o Cristóvão, o João e a Sónia têm tido? E como vais dizer aos teus filhos mais pequenos que já não vão brincar com os seus queridos amigos? Eles estão ansiosos por encontrar a Alice, a Leonor, a Madalena, o Gaspar, o António e o bebé Matias... Não, não podemos fazer uma desfeita dessas!
- Bem, então se não aparecer nenhuma família, ficamos nós e as famílias da Cláudia e da Sónia em amena cavaqueira de Caná.
- Assim é que se fala!
O domingo acordou cheio de chuva, e Coimbra encontrava-se no centro da tempestade. Onde nos iríamos nós meter? Mas as crianças acordaram felizes: era dia de retiro! Sorrimos um para o outro: a Sara nunca conheceu a vida sem retiros Famílias de Caná, e para ela, ir a um retiro é tão natural como ir à escola ou a casa da avó.
-Uum, que cheirinho! - Diziam os meninos, ao acordar. - Bifes panados?
- Sim, estamos a preparar o piquenique - Respondi, da cozinha. Eles riram:
- Piquenique com esta chuva toda? Vai ser divertido!
- Não se preocupem, porque vamos estar sempre dentro do Centro Paroquial. E lá não chove!
Mas durante a viagem choveu. E quando saímos do carro, em Coimbra, caía granizo... Nada que pudesse perturbar o sentimento de felicidade ao sermos acolhidos pelas duas Famílias de Caná com quem já partilhamos tão grande amizade. O Cristóvão, a Cláudia, o João e a Sónia tinham tudo preparado para um dia em cheio, e um abraço amigo para nos receber.
E num instante, o salão encheu-se com as cinco famílias que vieram. Ena, que grande festa! Pudemos finalmente conhecer ao vivo - porque virtualmente já nos conhecíamos e já nos tratávamos por amigos - a família da Sónia e do Tiago , com os seus três lindos filhos, e a família da Marta e do António. Já ouviram falar no projeto que este casal - divertidíssimo, alegre e transbordante de simplicidade - desenvolve? Chama-se datesCatólicos.org e promove o encontro entre pessoas católicas solteiras, que gostariam de encontrar o seu futuro marido ou mulher num ambiente católico. Um projeto bem adequado ao dia de S. Valentim!
Conhecemos também mais algumas famílias, que nos encantaram pela sua simplicidade e disposição de coração, revemos os nossos amigos de Tomar, que com a família da Olívia, dinamizam a Aldeia de S. João Batista, e fomos maravilhosamente acolhidos pelo senhor padre Carlos Pinho na sua paróquia. Quanta profundidade e quanto amor nas suas palavras e nos seus gestos! "Façam boa viagem para lá e para cá!" Disse-nos o senhor padre à despedida, com uma gargalhada simpática. Claro que voltaremos!
Deixo-vos as fotos do dia - o espaço acolhedor, os corações de S. Valentim (ou os nossos corações misericordiosos...) a sorrir e a fazer cara feia, acolhendo ou rejeitando o amor do Senhor, as brincadeiras dos mais novos e os trabalhos dos mais crescidos, a oração, o terço, a adoração, os ensinamentos, a magia, a música, a alegria... Deixo-vos as fotos mas o resto, o essencial, terão de imaginar. Ou, se quiserem, terão de vir experimentar um dia!
- Mamã, quando é o próximo retiro? - Perguntava uma simpática menina loira.
- Oh, temos de ir já embora? - Refilava um rapazinho.
- Só podemos ir embora quando eu encontrar as chaves do carro grande - Respondia eu, já aflita, depois de todo o salão varrido, lavado e arrumado, e do Niall ter carregado o nosso carro mais pequeno. - Niall, ajuda-me! Não encontro as chaves do carrro! - Começávamos a ficar bastante nervosos, os amigos reviraram novamente os caixotes e os restos dos piqueniques, quando o Niall decidiu ir procurar... ao próprio carro. E descobriu que eu deixara as chaves na ignição o dia inteiro
Nos testemunhos finais, antes da última oração, as famílias partilharam a sua perceção do dia e os seus sentimentos. Procurando encontrar uma frase que exprima o sentimento comum manifestado, ocorre-me esta passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos:
"Os primeiros cristãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, o temor dominava todos os espíritos. Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum..." (At 2, 42-44)
A nossa semana de férias foi muito variada e interessante em termos atmosféricos. Tão depressa tomámos banhos de sol...
... como de chuva - literalmente!
A chuva nunca foi, para nós, um impedimento a mergulhar nas águas atraentes da lagoa. Um dia em que tive de contactar a proprietária da casa por telefone, ela manifestou a sua preocupação connosco, por causa da chuva miudinha que caía. Dei uma gargalhada: naquele preciso momento, todos os meus filhos estavam dentro de água!
Um dia, ao acordar, olhámos pela janela e não vimos absolutamente nada... Estava tudo branco! Não se via o jardim, nem o caminho, nem a fonte, nem sequer a montanha, que parecia ter-se dissolvido no ar.
Depois, com uma velocidade incrível, o nevoeiro derreteu-se em gotinhas minúsculas, que o sol aqueceu...
... e num instante evaporou!
- Como é possível? Ainda agora não se via nada...
- Parecia que não havia montanha!
- Mas ela sempre lá esteve!
- Quem diria! Uma montanha tão grande, e não se via nem uma pontinha!
- Ah!
O nevoeiro tem este poder de nos fazer esquecer o que ele esconde e, se apanhados em plena caminhada, de nos fazer acreditar que estamos perdidos. De facto, se não vemos a montanha, quem nos assegura de que ela lá está? E se não vemos o caminho, como podemos ter a certeza de que estamos no trilho certo? Todos os anos, várias dezenas de caminhantes se perdem nas montanhas.
Mas o nevoeiro são apenas gotículas de chuva, que num instante o sol faz evaporar. De que temos medo?
Cantou o Rei David, no seu belíssimo salmo:
"O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Em verdes prados me faz descansar
e conduz-me às águas refrescantes.
Ainda que atravesse vales tenebrosos,
de nenhum mal terei medo
porque Tu estás comigo.
A tua vara e o teu cajado dão-me confiança."
(Sl 23/22)
Que importa o nevoeiro, a chuva, o frio, a tempestade? A montanha continua no mesmo sítio, imensa, imóvel e serena... A fonte continua a cantar, e os caminhos não desapareceram. Na nossa caminhada pelas montanhas da vida não estamos sozinhos! Temos connosco o melhor dos guias de montanha... Não percamos o nosso tempo à espera que o nevoeiro se dissipe ou que a chuva páre! Avancemos, confiantes, de mão dada com o Pastor, Aquele que conhece todos os cumes e todos os abismos, todos os trilhos e todas as fontes...
Sair de casa às nove da manhã, entrar no carro e fazer trinta quilómetros com o limpa-parabrisas a funcionar...
- Isto é chuva, mãe?
- Não, filha, não é. São só gotas de orvalho!
Seria uma pena não aproveitar a única manhã livre de todos, sem exames do Francisco ou trabalho na escola da mãe - exceção feita para o pai, que só terá férias em agosto.
O nosso destino é o paredão dos pescadores, na Praia da Barra, onde a ria se encontra com o mar e os navios entram para o porto... A neblina é húmida e fresca, mas ninguém se importa: de patins nos pés ou com os pés no chão a dar balanço na bicicleta sem pedais, a alegria é completa.
Depois de uma hora a patinar, o lanche sabe mesmo bem!
O mar estende-se, imenso, diante de nós...
- Mãe, estamos cheios de calor! Podemos ir tomar banho ao mar?
- Vá lá!
- Vá lá!
Há duas grandes vantagens em ir à praia com mau tempo: temos muito espaço para brincar, e não gastamos tempo e dinheiro em... protetor solar!
- OK, então vão lá dar um mergulho!
E assim acontece... E não, não encontrei cubinhos de gelo a boiar na água, embora tenha procurado :)
Não será esta também uma forma de pobreza evangélica? Aproveitar as circunstâncias da nossa vida, sejam elas quais forem, para saborear o amor de Deus? Só um coração verdadeiramente pobre é um coração grato, porque reconhece que nada lhe é devido e a nada tem direito... Embora o tempo atmosférico seja das circunstâncias mais fáceis de aceitar - quando comparado a uma doença, ao desemprego, a um divórcio, a uma traição - é capaz de gerar tanto descontentamento no nosso povo!
"Aleluia!
Como é bom cantar ao nosso Deus!
O Senhor cobre os céus de nuvens,
prepara a chuva para a terra,
faz brotar a erva sobre os montes...
Ele faz cair a neve como lã,
espalha a geada como cinza,
lança granizo aos punhados.
Aleluia!" (Sl 147)
O fim-de-semana passado foi inundado de chuva. O Niall estivera a semana inteira à espera de sábado para trabalhar no jardim e reparar o galinheiro, e os meninos queriam ir à praia e brincar na relva. A frustração foi imensa! Domingo à tarde, já todos rabujavam, e nem a plasticina, nem o lego surtiam o efeito desejado.
- Vamos ao parque - Sugeriu o Niall.
- Mas, Niall, está a chover! - Respondi-lhe.
- E alguma vez a chuva impediu os nossos planos?
- Bem, não...
- Então vou preparar os carros. Diz aos meninos que tragam os patins!
Os meninos já tinham escutado a conversa. Com gritinhos de alegria, todos se apressaram a procurar os patins - tarefa nada fácil, pois os patins tanto podem estar na garagem, como atrás do poço, debaixo de uma couve na horta, dentro do galinheiro, debaixo de uma cama ou atrás dos sofás.
- Francisco, vens ou ficas a estudar para os exames?
- Hoje é domingo, faço folga. Estou a precisar de fazer exercício!
- Ótimo! Então vamos todos!
Quinze minutos depois estávamos no Parque da Mealhada. Contente por nos ver sair de casa, o sol resolveu-se também a sair, e a tarde, embora cinzenta e fresca, não teve uma gota de chuva. Que alegria!
Os cinco irmãos patinam a alta velocidade. A Sara, que ainda não tem três anos, está a aprender a andar de bicicleta na sua bicicleta sem pedais, tal como aprenderam os irmãos, ganhando equilíbrio e velocidade, impulsionando o corpo para a frente com os pés no chão, para daqui a um ano poder passar, sem stress, para uma bicicleta com pedais - e sem rodinhas estabilizadoras a atrapalhar, claro:
O Niall empurra um carrinho de bebé com uma carga, no mínimo, estranha:
A alta velocidade, os meninos patinam sem parar:
E no campo de basquetebol, inventam um novo desporto... Acho que se chama: Basquetebol em patins (com bicicleta à mistura):
Quando, duas horas mais tarde, regressamos a casa, fazemos no carro uma breve oração de ação de graças. Que alegria experimentamos nestes momentos passados em família, disfrutando da Criação!
"Aleluia!
Louvai a Deus em seu santuário,
louvai-O no seu majestoso firmamento!
Louvai-O ao som da trombeta,
louvai-O com harpa e cítara!
Louvai-O com pandeiretas e dança,
louvai-O com instrumentos de corda e flautas!
Louvai-O com címbalos sonoros,
louvai-O com címbalos vibrantes!" (Sl 150)
Louvai-O com patins e bicicletas!
Louvai-O com gritos de alegria!
Louvai-O ao sol e à chuva!
Louvai-O com brincadeiras!
Ámen!
- Tenho lido tudo o que posso sobre educação, crianças, alimentação saudável, etc. Antecipo-me assim a todos os problemas que ele possa vir a ter, de saúde e de personalidade, para que se torne então num adulto feliz.
Escutei esta frase ontem na praia, à beira-mar, enquanto "ele" e os meus quatro mais novos brincavam juntos na água, em alegres gargalhadas. Não tenho qualquer dúvida sobre a boa intenção desta mãe e as suas capacidades maternais, que são evidentes. Mas embora, como esta mãe, eu também me empenhe o mais que posso na educação dos meus filhos, não me identifico com a sua segurança. Porque esta segurança transforma-se muito depressa em culpabilização, se por acaso as coisas não correrem tão bem assim.
Os nossos filhos são antes de tudo filhos de Deus. Em oração e através do estudo - sim, é importante estudar, ler e reflectir sobre educação - precisamos de encontrar caminhos de felicidade para eles. Mas nunca nos esqueçamos de que o Pai dos nossos filhos é também o nosso Pai, e portanto, diante do Senhor somos todos irmãos.
- Só podemos fazer o que está ao nosso alcance. O resto, temos de entregar nas mãos de Deus. Peço todos os dias a Nossa Senhora que me ajude a educar estas crianças como educou Jesus - Dizia-me uma outra mãe, numa outra tarde, desta vez no parque. Estava preocupada, porque depois de ler tudo e tentar todas as técnicas, continuava sem ver resultados num determinado campo da vida de um dos seus filhos. A sua confiança em Deus, contudo, despertou em mim a certeza de que tudo irá correr bem com a sua família. Pois quando aceitamos o Senhor como o Pai dos nossos filhos e o nosso Pai, quando confiamos em Maria como a Mãe dos nossos filhos e a nossa Mãe, nada temos a temer.
Quando o povo de Deus chegou à Terra Prometida, Deus explicou-lhe:
"A terra em que vais entrar para dela tomar posse não é como a terra do Egito de onde saíste, onde lançavas a semente e a regavas bombeando com os pés, como se rega uma horta. A terra que ides ocupar é uma terra de montes e vales, que bebe a água das chuvas do céu. É uma terra da qual o Senhor teu Deus cuida e pela qual olha continuamente, desde o começo até ao fim do ano." (Deut 10, 10-12)
A educação assemelha-se mais a Canaã que ao Egito. Educar uma criança é semear, cuidar, plantar, fazer crescer; mas se Deus não cuidar desta terra continuamente, desde o começo até ao fim do ano, ela não dará fruto, por muito que nos esforcemos! Assim, rezemos pelos nossos filhos e com os nossos filhos, para que a chuva do céu nunca deixe de cair...
O tempo meteorológico na Irlanda é muito engraçado: tão depressa está um céu lindo, azul, sem uma única nuvem, como logo a seguir começa a chover. Ficamos sem saber de onde surgiram de repente tantas nuvens escuras, e ainda estamos a reflectir no assunto, quando o vento as afasta novamente para longe e o sol retoma o seu brilho. E assim passamos o verão! Não admira, portanto, que os Irlandeses tenham uma atitude muito descontraída em relação ao tempo, e por exemplo deixem a roupa a “secar” lá fora enquanto vem o sol, vem a chuva, volta o sol e volta a chuva. Eu, pelo contrário, passo o dia a trazer o estendal para dentro e de novo para fora!
Esta inconstância do clima faz dos irlandeses pessoas muito agradecidas: assim que um raiozinho de sol espreita no céu, logo o seu sorriso se ilumina e cumprimentam-nos na rua com um simpático “What a nice day!” A praia na Irlanda é uma experiência divertida, porque temos de alternar – e com bastante rapidez – entre os fatos de banho e os impermeáveis. O ideal é fazer como aqui se faz: levar o impermeável por cima do fato de banho…
Como convivo com irlandeses há vinte anos, há muito que aprendi a divertir-me na praia com sol ou com chuva, com frio ou com calor. E confesso que prefiro estar na praia a caminhar por entre as rochas, a procurar caranguejos, a chapinhar com a Sara à beira-mar, a espreitar as flores na relva que chega quase à água, do que deitada a tostar ao sol, como é tradição em Portugal – e como eu nunca consegui fazer, por dificuldade inata em estar parada! As crianças, então, riem a valer enquanto vestem o impermeável por cima do fato de banho…
A experiência tão simples com a meteorologia irlandesa faz-me sempre reflectir na nossa atitude na vida… O sol e a chuva dos acontecimentos, dos temperamentos das pessoas que nos rodeiam e das nossas próprias emoções alternam na vida com a mesma rapidez com que o sol e a chuva da natureza alternam na Irlanda. Podemos ter uma atitude rezingona, queixando-nos sempre que o “tempo” não é do nosso agrado; ou podemos “deixar a roupa lá fora” através da chuva e do sol, sabendo que acabará por secar… Podemos aprender a sorrir ao mais pequenino raio de “sol”, contentes com o que Deus nos dá, e enfiar um impermeável quando chega a “chuva”, sem refilar, contentes com o que Deus nos tira. Como com a meteorologia, há muito pouco que possamos realmente controlar na nossa vida, embora a ciência e a técnica nos procurem convencer do contrário. Resta-nos aprender a controlar a nossa forma de reagir! Dizia o pobre Job, na belíssima história de sofrimento e fé da Bíblia:
“O Senhor mo deu, o Senhor mo tirou, bendito seja o nome do Senhor!” (Job 1, 21)
Num dia da semana passada, de manhã, fomos como costume até à praia. Mas ao chegar, e depois de termos deixado a nossa casa cheia de sol, esperava-nos uma triste surpresa: chovia! Olhei para os meus filhos dentro do carro e senti o seu desapontamento. A Sara, que não se dava conta da chuva, era a única que batia palmas, feliz, como sempre faz ao perceber que estamos na praia. O que fazer?
- Meninos, tirem tudo do carro e toca a andar - Disse, por fim. - O boletim meteorológico não dava chuva para hoje, portanto, isto não é o que parece.
Eles olharam para mim um pouco surpreendidos, mas só um pouco, porque já me conhecem. Atravessámos o areal, abrimos o guarda-sol e refugiámo-nos da chuva lá por baixo. Olhem só para a "selfie" que conseguimos fazer!
Finalmente, vinte minutos depois, a nossa espera foi recompensada: a chuva parou, o vento começou a soprar com a força costumada nestas paragens, limpando o céu de todas as nuvens, e o sol brilhou, triunfante! Vestimos os fatos de banho e fomos brincar:
Pois é, quem desiste aos primeiros chuviscos não estará lá para ver o sol brilhar, quando ele sair...
Diz S. Paulo:
"Mostrai-vos dignos do Evangelho de Cristo. Estai firmes num só espírito, lutando juntos pela fé no Evangelho, sem vos deixardes intimidar em nada pelos vossos adversários..." (Fil 1, 27-28), sejam eles o mundo, o mal - ou a chuva!
E por falar em firmeza na fé, ainda estão a tempo de se inscreverem para o retiro de Proença! Na coluna lateral desta página estão todas as indicações necessárias para o fazerem. A sério, venham!
Acordar de manhã, abrir as portadas de par em par, e dar de caras com... a chuva. Chuva, chuva, sempre chuva. Filas intermináveis para a escola, que todos querem ir de carro, pois está a chover. O jardim é um lamaçal tão grande, que as únicas criaturas que lá se atrevem a brincar são... as galinhas:
Na verdade, o galinheiro está tão cheio de lama, que não temos coragem de as manter lá dentro. Assim, enquanto a chuva for caindo abundante, as nossa galinhas têm tratamento VIP e direito a um jardim inteiro só para elas:
A confiança é tal, que gera alguns abusos, como podem ver na foto que se segue:
Enfim, ainda não choveu o suficiente para as abrigar dentro de casa...
Mas ontem, do meu quarto, olhei com um pouco mais de atenção o meu jardim da frente. E o que vi encheu-me de alegria. Abrindo as portadas, saltei para a relva para me certificar de que não me enganara. Depois peguei na máquina fotográfica e tirei esta foto, para poder partilhar convosco o que vi:
É mesmo verdade: a primavera já está a caminho! E por muita chuva que caia, por muito frio que faça, no meu jardim há testemunhas de que ela já lá vem! Nada a poderá deter agora!
O mundo de hoje assemelha-se muitas vezes a um dia frio de inverno. Por todo o lado vemos sofrimento, crise, desespero. As televisões falam das histórias tristes da guerra lá longe, das praxes cá dentro, da violência generalizada entre seres humanos. Quando nos cruzamos com as pessoas e perguntamos "Como estás?" as respostas variam entre o "Vai-se andando" até ao "Menos mal".
E no entanto, a primavera já está a caminho. Nos primeiros tempos do cristianismo, os cristãos tinham muita pressa em anunciar a todos o Evangelho, pois acreditavam que Jesus estava mesmo a chegar, e tudo se resolveria numa questão de dias, talvez meses. Depois, com o passar do tempo, os cristãos tomaram consciência de que o "breve" de Deus é diferente do nosso "breve". E perdeu-se o entusiasmo.
Mas o Senhor está a chegar! Não há como deter os seus passos apressados. E nós, cristãos, somos os rebentos floridos da sua vinha, testemunhas da sua presença escondida mas actuante. É preciso que as nossas palavras, o nosso sorriso, a nossa alegria, os nossos gestos e a nossa oração encham o mundo de sinais primaveris.