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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Mamã, eu queria um robô super mega fixe no Natal.
- E eu queria um carro telecomandado!
- Tanto disparate, meninos! O David já fez anos, e o António vai fazer em Fevereiro, portanto, ambos recebem uma prenda de anos. No Natal, todos receberão um presente mais simples e pequeno, porque há outra pessoa que faz anos, não é verdade?
- Pois, é Jesus...
- Então quem precisa de prendas é Jesus, e não os meus filhos, que têm brinquedos mais do que suficientes. Já prepararam hoje uma prenda para Jesus?
- Uma estrela?
- Sim, uma estrela...
Suspiros.
- Eu dou a Jesus a estrelinha de não pensar mais no robô...
- E eu não vou fazer nenhuma birra hoje. Prometo!
- Isso seria mesmo bom. Um bocadinho de silêncio nesta casa...
- Mamã, queres fazer um sacrifício para também dares uma estrelinha a Jesus?
- Quero, António, quero sim. Tens alguma sugestão?
- Tenho: fazes o sacrifício de nos deixar ver televisão!
- ????????
Educar e educarmo-nos para uma vivência profundamente cristã do Advento exige um trabalho contínuo e sério. Não vale a pena deitarmos mãos ao arado se depois olharmos para trás. Não vale a pena começarmos se tivermos medo das comparações inevitáveis que as crianças vão fazer entre o seu Natal e o Natal dos seus amigos.
O Natal como Jesus o quer não está escondido algures na nossa infância. As nossas memórias de simplicidade não contam toda a verdade, pois as crianças que eramos não tinham como entender tudo o que se passava; e nem sempre a simplicidade que algumas famílias recordam estava impregnada de Deus!
O Natal como Jesus o quer está disponível hoje, aqui e agora, no nosso presente. Talvez possamos ir buscar ideias e inspiração à nossa infância; ou talvez precisemos antes de arriscar e de inventar os nossos próprios rituais familiares!
Saibamos integrar-nos com humildade e em clima de harmonia naquilo que são as tradições das nossas famílias alargadas, sem deixar de dar testemunho da nossa fé. A aprendizagem que resulta do encontro festivo da família, mesmo quando este é difícil, é muito superior aos conflitos que vão surgindo! Se forem à caixa de comentários ao post Tempo de Família em Época de Natal, encontrarão as mais variadas sugestões para simplificar a troca de prendas nas famílias. Na família do Niall (nove irmãos e nove cunhados), no início do Advento um dos irmãos tira à sorte quem vai oferecer um presente a quem, em nome de toda a família. Assim, cada um de nós só precisa de comprar um presente, e não dezasseis.
Dentro das nossas próprias casas, contudo, não estamos dependentes de tradição alguma, e temos liberdade completa para as transformar no presépio onde Deus hoje quer incarnar e habitar. Sim, nós podemos reinventar o Natal! E asseguro-vos de que é fantástico, quando percebemos que estamos a escrever a História da nossa família!
No início do Advento, Jesus aconselhou-nos a estar atentos, para que a sua chegada não nos apanhasse distraídos com os nossos afazeres, mas centrados no essencial:
"Vigiai, portanto, não se dê o caso que, vindo o dono da casa inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: vigiai!" (Mc 13, 37)
Sentemo-nos hoje mesmo, ao serão, em família, e façamos uma "chuva de ideias" em redor do verdadeiro Natal de Jesus. Como vamos celebrar o seu nascimento na nossa pequena família, antes, depois ou durante todas as festas familiares que acompanham esta época? Sejamos ousados, criativos, alegres e simples. E o Senhor virá, e habitará entre nós! Ámen.
PS - Enviem-me por favor, para o mail, fotografias dos vossos céus estrelados, das vossas Árvores de Jessé, ou da forma que descobriram aí em casa de preparar simbolicamente o Natal! Estou a escrever um post com algumas fotografias já recebidas, e teria todo o gosto em publicar as vossas também!
Cá em casa, a partir do início de Dezembro há uma actividade que é proibida: ir às compras em família. Acabaram-se as idas dos mais novos ao Continente no sábado de manhã, para ajudar o pai a encher o carrinho de arroz, massa, leite, iogurtes e carne: a partir de Dezembro, o pai faz isso sozinho.
Os nossos filhos vêem pouquíssima televisão - o Francisco e a Clarinha gostam de ver vídeos do seu interesse no computador, relacionados com os seus hobbies: magia, ginástica, música, ciência; os mais novos vêem meia hora de televisão ao sábado, depois do banho, quando passa o Jake e os Piratas. E é tudo! Assim, a única outra fonte de exposição que os Power junior têm ao consumismo desta época é o Continente. Mas mesmo essa me parece excessiva, quando procuramos preparar o Natal.
Não podemos falar de um Jesus pobre, humilde, sem lugar na hospedaria, quando à nossa volta reluzem as últimas novidades no universo dos brinquedos. E é complicado educar para a renúncia diante de tanta oferta! Para mim, adulta, uma simples ida às compras para encher a despensa cá de casa nesta época festiva é suficiente para perturbar o espírito de oração e de contemplação que tento cultivar. O que não fará às crianças!
Tenho uma amiga em Aveiro que me falou das filas intermináveis, no domingo passado, na variante, por causa dos acessos às grandes superfícies na zona industrial. Eu dei uma gargalhada: ah, o nosso domingo foi tão tranquilo, tão cheio dos louvores do Senhor!
O dia estava lindo, portanto, o Francisco, a Clarinha e o David foram de bicicleta, e nós fomos de carro, transportando as bicicletas dos mais novos. O destino era a Curia, que dista uns dois quilómetros da nossa casa:
Na serenidade da floresta encontrámos um tapete vermelho outonal lindíssimo a cobrir o chão, junto do lago. Foi aí que fizemos o nosso piquenique. Tinhamos levado connosco uma caixa com deliciosas broinhas de Natal, que uma amiga muito querida nos oferecera na véspera. Ah, souberam tão bem!
O Francisco desapareceu logo depois do lanche, montado na sua bicicleta. Encontrámo-lo mais tarde, empoleirado numa árvore...
... e depois noutra...
... e depois noutra e ainda noutra...
Os mais novos brincaram no parque e fizeram castelos de folhas de outono:
O Livro de Neemias conta uma história magnífica: Neemias sentiu o chamamento do Senhor a regressar a Jerusalém e a reconstruir as muralhas da cidade, para que todo o povo pudesse regressar do longo exílio na Babilónia e voltar a viver de acordo com a sua fé. Diz Neemias:
"Estais a ver a triste situação em que nos encontramos: Jerusalém está em ruínas e as suas portas foram devoradas pelo fogo. Vamos! Temos que reconstruir as muralhas de Jerusalém!" (Nee 2, 17)
Dito e feito: as muralhas foram reconstruídas, e os belíssimos rituais judaicos renasceram no seu interior.
Hoje, muitas famílias cristãs estão numa situação muito semelhante à de Jerusalém antiga: as muralhas sólidas dos grandes valores cristãos caíram por terra, e o inimigo atacou a cidade. É urgente reconstruir as muralhas, trabalhando os valores, recriando rituais, indo buscar o cimento aos sacramentos. Não permitamos que o inimigo se infiltre através das brechas do nosso instinto consumista, nesta época em que todo o nosso pensamento e todo o nosso coração se deveriam centrar apenas no Amor...