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E aconteceu...

por Teresa Power, em 04.07.16

Domingo, 3 de julho de 2016. A Igreja estava em festa. O Santuário Nossa Senhora Auxiliadora acolheu famílias de vários pontos do país, e durante toda a Eucaristia, a música mais bela foi a das crianças e bebés de peito. Aliás, era de crianças e bebés de peito que nos falava a primeira leitura deste domingo:

 

"Alegrai-vos com Jerusalém, exultai com ela, vós todos que a amais. Assim podereis beber e saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da sua magnificência. Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os seus joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados.»" (Is 66, 10-13)

 

Foi uma festa linda... Divina... E para saberem mais, e continuarem a acompanhar esta aventura que ainda desponta no horizonte como sol nascente, visitem-nos e fiquem connosco no site das Famílias de Caná!

 

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FIM

 

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publicado às 10:08

Crianças na Casa de Deus

por Teresa Power, em 01.06.16

- Eu também vou à catequese - Afirmou a Sara, muito séria, quando viu a Lúcia, o António e a Clarinha a trocarem de roupa e a lavarem a cara.

- Não, Sara, tu não vais porque só tens três anos - Explicavam-lhe os irmãos.

- Vou sim!

- Não vais.

- Vou, vou ficar na sala da Lúcia porque lá vêem filmes de Jesus e cantam canções e fazem desenhos e contam histórias.

- Mas a Lúcia está no segundo ano, e tu ainda nem entraste na escola. Não vais à catequese.

- VOU SIM! EU VOU À CATEQUESE!

E as palavras decididas transformaram-se em gritos histéricos, bater de pé no chão e uma cascata de lágrimas.

- Deixa-a ir, Niall - Intercedi eu, por fim.

Mas o Niall não se queria deixar convencer:

- Tu não achas que o João e a Isabel já têm que fazer, com vinte meninos da idade da Lúcia? Como podemos pedir-lhes que cuidem também da Sara?

Chegou a hora de entrar no carro, e a Sara entrou também. O Niall ficou desarmado.

- Pronto, anda lá!

Ao chegar ao Santuário, a Sara correu para junto da Isabel e do João, catequistas da Lúcia, que a acolheram com imensa alegria e o carinho habitual. Mais tarde, a Isabel enviou-me estas duas fotos, tiradas com o seu telemóvel:

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- A Sara é a nossa catequisanda mais empenhada - Comentaram os catequistas no final, a rir. E tem convite feito para ir sempre que quiser!

 

Entretanto, o António e o David tiveram uma conversa séria entre os dois, que resultou nesta afirmação do António:

- Mamã, amanhã vou ser acólito.

- Ai sim? Não és ainda pequenino para tanta concentração?

- Não. Não sabes que já tenho seis anos?

Perante tanta convicção, não nos restou alternativa senão apoiar o nosso filho nesta sua grande decisão. Lindo, sereno, muito sério, muito compenetrado, o António serviu o altar do Senhor com imenso entusiasmo. No final da eucaristia, teve direito a uma salva de palmas...

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 Os filhos crescem, e como Jesus, crescem em todas as áreas da sua humanidade:

 

"Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens." (Lc 2, 52)

 

É um privilégio tão grande, este que o Senhor nos concede de os podermos acompanhar!

Também o nosso primogénito cresceu. Sexta-feira participará na missa dos finalistas do Colégio Nossa Senhora da Assunção, Colégio a que tanto, tanto deve, e que embora não tenha podido frequentar este ano letivo, o continua a considerar como aluno.

Será também no Colégio que, no próximo domingo às três da tarde, o Francisco fará um espetáculo de Ilusionismo. Querem vir? Temos bilhetes para vender, e só precisam de me escrever para o mail. O espetáculo foi a forma que o Francisco encontrou de reunir algum dinheiro para, no final de Julho, ir a Cracóvia, às Jornadas Mundiais da Juventude, inserido num grupo de jovens salesianos. Que grande graça! O Francisco terá oportunidade de ver o Papa, de conviver com milhões de outros jovens crentes, de escutar catequeses fantásticas, de participar em atividades divertidas e sérias, de visitar o Santuário da Misericórdia, de me trazer uma imagem de Jesus Misericordioso :)  

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Apareçam no domingo!

E hoje, Dia mundial da Criança, rezemos ao Senhor por todas as crianças do mundo, para que todas cresçam bem pertinho da Casa de Deus! Ámen.

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publicado às 06:00

O Jubileu e um convite às Famílias

por Teresa Power, em 16.05.16

No sábado, a nossa diocese esteve em festa: foi o Jubileu das Crianças e dos Adolescentes, que cheios de alegria, quiseram passar pela Porta Santa e celebrar em conjunto a alegria de sermos cristãos. Entre crianças, adolescentes, pais e catequistas, estávamos cerca de duas mil pessoas! Houve tempo para lançar balões ao céu, cantar, rezar, jogar, visitar o Túmulo da nossa padroeira, Santa Joana Princesa de Portugal. Embora a manhã tivesse sido entrecortada de bastantes momentos de "pausa", porque uma multidão tão grande não é fácil de organizar, o mais importante aconteceu: duas mil pessoas testemunharam, pela sua serenidade, pela sua paciência, pela sua vivacidade, pelos sorrisos e palavras simpáticas que trocaram, que Jesus é a Verdadeira Porta por onde todos passamos para encontrar a Vida.

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No próximo domingo será o Jubileu das Famílias na Diocese de Aveiro. Que grande dom para nós! As Famílias de Caná, enquanto movimento nascente, estão representadas desde há alguns meses no Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar. Assim, o Niall e eu pertencemos à equipa que tem vindo a preparar este jubileu, e estamos entusiasmadíssimos. Vai ser um encontro muito giro e cheio de sentido para as famílias: começando às 15 horas na igreja de S. Francisco, no parque da cidade de Aveiro, cada família, com o seu ritmo particular, será desafiada a percorrer um determinado percurso até à Porta Santa, na Sé Catedral, onde será celebrada a Eucaristia com a presidência do nosso querido bispo. Durante o percurso, as famílias irão fazer algumas paragens de cerca de dez minutos, breves oportunidades para refletir sobre o jubileu. Numa dessas paragens estarão as Famílias de Caná, representadas por nós, Família Power, e três outras famílias completas. Aí iremos refletir sobre oração familiar e, sobretudo, rezar em família de famílias. Farei também um brevíssimo ensinamento de dois minutos e meio sobre oração familiar. Venham estar connosco! E se nos conhecem já deste blog, façam-nos o favor de se apresentar, que para nós é um verdadeiro prazer descobrir os rostos dos nossos leitores!

 Cartaz Jubileu da Familia 22 Maio 2016 Versao Web.

"Eu sou a Porta. Quem entrar por Mim será salvo." (Jo 10, 9)

 

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publicado às 06:00

Crianças na missa - graça ou desgraça?

por Teresa Power, em 02.05.16

Com a nossa crescente participação em encontros e retiros fora da nossa paróquia, graças às Famílias de Caná, nem sempre participamos na missa paroquial de Mogofores, aos domingos. E como somos oito, incluindo algumas crianças traquinas, a nossa ausência faz-se logo notar! A missa, imagino eu, decorre com mais calma, e as pessoas suspiram de alívio.

Ou não... Foi com surpresa que outro dia escutei a pergunta de uma simpática paroquiana:

- Os meninos estiveram doentes? Sentimos tanto a falta deles no domingo passado!

Bem, não foi apenas surpresa: foi um justo orgulho de pertencer a uma comunidade que acolhe as crianças e se alegra com a sua presença.

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É sempre com estranheza que eu recebo os olhares indignados dos paroquianos que se ofendem com a agitação dos meus bebés, e mais ainda, dos celebrantes que se mostram, pelas atitudes e pelas palavras, incomodados com a presença dos mais novos. Que enorme contradição! A Igreja assume-se definitivamente pró-vida e recusa a contraceção (a nova exortação pastoral do Papa Francisco mantém a clareza absoluta sobre o tema). Como pode então algum católico sentir-se incomodado, na missa, com o fruto de um matrimónio fecundo? Como pode um sacerdote defender a vida e, simultaneamente, afastá-la do interior das suas igrejas? Hoje, como ontem, Jesus repete aos seus Apóstolos e a todos os seus discípulos:

 

"Deixai vir a Mim as criancinhas, não as impeçais" (Mt 19, 14)

 

É para mim uma honra enorme pertencer a uma comunidade capaz de acolher os mais novos. Ao longo da Eucaristia, multiplicam-se os sorrisos serenos nos rostos dos paroquianos perante as traquinices controladas dos pequeninos, ou perante a cena ternurenta do bebé que recebe o batismo. Como é natural, esta capacidade de acolhimento tem a sua origem no pastor particular que o Senhor nos concedeu, o nosso pároco. Em vez de se irritar, ele alegra-se com a presença dos pequeninos, parecendo estranhar quando há pouco barulho:

- Hoje a missa esteve muito silenciosa. Que pena que os pais com filhos pequenos não tenham vindo louvar o Senhor!

Ou:

- Hoje, graças a Deus, a nossa missa foi um bocadinho barulhenta. É sinal de que estava cheia de crianças!

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Claro que levar as crianças à missa não significa deixá-las fazer tudo o que quiserem, ou permitir que estejam na missa como no parque. Se as levamos à Eucaristia, não é porque não tenhamos com quem as deixar, mas porque queremos que elas recebam todas as graças que jorram da cruz de Jesus. É um direito que as assiste, como batizados, como filhos queridos de Deus. A graça, para ser recebida, precisa de encontrar terreno fértil, nas crianças como nos adultos. Assim, é preciso que desde muito pequenina, a criança pressinta o mistério da Eucaristia e se deixe maravilhar.

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(Reconhecem a família que ontem nos veio visitar? Com que serenidade os três meninos participaram da Eucaristia...)

Que pena, quando durante a Eucaristia desperdiçamos oportunidades de conduzir os nossos filhos a Deus, preferindo, para os distrair, passar o tempo a encorajar as suas brincadeiras, a oferecer-lhes brinquedos pouco apropriados, a rir das suas palhaçadas ou a empanturrá-los com bolachas e rebuçados, uns atrás dos outros! Quantos batismos celebrados na eucaristia dominical giram em torno da interação pais-filho, com os pais e padrinhos a procurar tirar o maior número de fotografias possível durante a cerimónia, completamente obliviados da grandeza do mistério que celebram!

Pelo contrário, quando as crianças se apercebem de que, na Eucaristia, o pai e a mãe não estão centrados neles, mas em Deus; não conversam com eles, mas com Deus; não os adoram a eles, mas a Deus - então também eles, como pequenos girassóis, irão aprender a voltar-se para o divino sol.

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 Os nossos filhos vão à missa desde o seu nascimento. Por princípio - há exceções - vamos sempre juntos em família, pois a Eucaristia é o centro e o cume da nossa vida familiar. Quando estão particularmente irrequietos, o pai leva-os lá fora durante a homilia, para que não incomodem ninguém. Mas durante o resto do tempo, procuramos que também eles se centrem no mistério de Deus - ao seu nível, claro! Esta aprendizagem do mistério começa ainda em casa, uma hora antes da eucaristia, quando escolhemos a roupa de festa para a ocasião especial do encontro com o Senhor. Depois, ao entrar na igreja, é preciso que saibam fazer uma genuflexão e o sinal da cruz. Do alto dos seus três aninhos, a Sara é exímia nestes gestos! Finalmente, ao longo de toda a Eucaristia é preciso ir falando ao ouvido dos mais pequeninos: "Ouves as canções? É para louvar o Senhor! Sim, agora podes bater palmas!" "Shiu, é preciso escutar porque é a Palavra do Senhor. Faz silêncio... Como fazemos em casa quando lemos as leituras!" "Olha, agora é mesmo Jesus que vai ficar entre nós, no pão e no vinho..."

Alguns domingos são pacíficos, outros são um verdadeiro teste à nossa paciência e resistência. Assistir a uma birra sem poder dar um grito ou sem poder castigar é uma autêntica tortura (pelo menos para nós, pais imperfeitos)! Que alívio, quando o amigo simpático decide ajudar, distraindo como pode o nosso filho, ou quando o paroquiano sentado a nosso lado finge que não se sente minimamente incomodado!

Ora reparem no filhote mais pequenino da Carla, que só se calou quando a mãe o deixou subir os degraus e correr para o colo da irmã acólita... Ninguém na assembleia perdeu a concentração ou pareceu sequer reparar, para além de um ou outro sorriso; nem sequer a Matilde, a doce mana do Miguel, ficou perturbada... Bem, acho que só a Carla ficou aflita!DSC06427.JPG

Para mim é uma enorme alegria poder levar os meninos a Jesus, como Ele nos pediu. Não os privaria da graça da Eucaristia por nada deste mundo! "Mas, Teresa, eles não entendem a missa!" Eu também não... Porque se eu entendesse alguma coisa deste amor louco do Senhor, que por mim se faz pão, que por mim se entrega, que por mim morre na cruz, que por mim ressuscita, que por mim ficou na Terra até ao fim dos tempos, há muito que me teria santificado.

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Tempos livres III - A net, a escola, os cavalos...

por Teresa Power, em 27.01.16

Continuamos a sequência de posts sobre a ocupação dos tempos livres dos Power, e de novo repito que esta é a nossa opção, sem qualquer juizo de valor sobre outras opções de outras famílias felizes!

Os nossos filhos têm muitos e bons amigos, mas já toda a gente sabe: não adianta convidar os Power para dormir lá em casa, porque eles dormem sempre na sua própria casa, a não ser que o convite venha de outro lugar no país, e aí tem de haver uma boa razão... Para nós, o tempo de família por excelência é o fim do dia e o serão, pelo que não sacrificamos estas horas sem uma razão muito forte. Não somos fãs de "festas do pijama"!

Jogos de computador, não temos, nem eles jogam online. Mas vão à net, claro. É com o tablet na mão que a Clarinha faz as suas receitas de bolos e bolachas, ou costura com a sua máquina. Se precisa de alguma ajuda, pedimos a quem domina a arte, com a tia Inês ou a Isabel, madrinha da Lúcia. E tudo se resolve!

Foi também pela Internet que o Francisco aprendeu ilusionismo, vendo e revendo mágicos como Luís de Matos, David Copperfield e outros cujos nomes nem sequer consigo pronunciar. E pela Internet que descobriu como resolver o cubo mágico e como participar em competições. A Internet também lhe oferece ideias e conhecimentos científicos para os seus projetos, que ocupam fins-de-semana inteiros:

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Depois, claro, é preciso aspirar e limpar o quarto - e isso também é ocupação dos tempos livres...

Os mais novos, encorajados pelos irmãos, vão dando os primeiros passos nas suas descobertas. Com a ajuda de livros, vídeos e dos irmãos, aprendem a fazer origamis, a construir objetos interessantes, a desenvolver projetos, a costurar.

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Para todos eles, o tempo livre é sobretudo isso: livre. E porque é livre, é feliz.

- Mãe, amanhã preciso que me acordes às seis e meia da manhã, se fazes favor - Pediu-me o Francisco nas últimas férias do Natal. Ele não tem despertador porque dorme num quarto de três.

 - Ai sim? E porquê?

- Combinei com o João irmos dar uma grande volta de bicicleta. Vou ter com ele a Aveiro de comboio, e o comboio é às sete da manhã. Seguimos de bicicleta para as praias, e regressamos pela hora de almoço. Não te preocupes, já verifiquei o boletim meteorológico, e o tempo vai estar bom.

- Ah... Então está tudo combinado?

- Tudo. Só preciso que me acordes a essa hora.

O resultado desta fantástica liberdade está neste vídeo, que o Francisco publicou a semana passada no seu canal:

Ser capaz de escolher uma madrugada às seis da manhã para um passeio de bicicleta em vez de uma noitada até às seis da manhã numa qualquer discoteca só faz sentido quando se cresce no ambiente correspondente, observando as escolhas felizes dos pais, passando a infância longe de centros comerciais e de noitadas. Não se chega a este nível de liberdade responsável e feliz por acaso... Digo eu, claro!

A Clarinha também adora passear de bicicleta com as amigas que têm autorização para o fazer, e os três mais novos (com exceção da Sara) já dão os seus passeios sozinhos, de bicicleta ou com os cães, ao redor da nossa casa, dentro do nosso campo de visão:

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Brincar em Náturia é a maior fonte de aventuras cá em casa. Mas não se preocupem: há sempre alguém a vigiar, e se não puder ser a mãe, os irmãos mais velhos arranjam forma de o fazer sem perderem o direito ao seu próprio tempo livre. Vejam como a Clarinha contornou a situação!

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Que mais se pode aprender em família, sem recurso a aulas exteriores? A nadar. Nos lagos, nos rios, no mar, vamo-nos desafiando uns aos outros. Um curso intensivo de verão ou, em alternativa, uma aula por semana durante alguns meses, também podem ajudar, mas não substituem a aprendizagem livre em família.

A patinar. Nem o Niall, nem eu sabíamos patinar quando, num Natal há muitos anos, oferecemos ao Francisco e à Clarinha o seu primeiro par de patins. Eles aprenderam sozinhos, e os irmãos aprenderam com eles. Desde então, a diversão é imensa, como podem (re)ver neste vídeo feito no inverno passado:

 

Também não é preciso frequentar atividades extracurriculares para se aprender, por exemplo, a subir e descer do telhado, ou pelo menos do cimo da garagem. Ora vejam só esta arte, filmada há dois anos (e não se assustem, que desde então o David já repetiu a proeza centenas de vezes):

Qual é então o nosso papel enquanto pais? Penso que é sobretudo o de facilitar e encorajar a aprendizagem, estando atentos aos interesses e às necessidades de cada um. Que grande alívio! Não é preciso dominar todos os saberes do mundo para se ser pai e mãe. Eu não sei costurar; origamis, só sei fazer um barquinho; magia, faço alguma, como curar um "doi-doi" com um beijinho, mas nada de mais; a minha ginástica é toda feita enquanto aspiro a casa ou movo vigorosamente os braços a lavar vidros cheios de dedadas e lambidelas... O Niall e eu ensinamos os nossos filhos a tocar guitarra, quando eles manifestam vontade de o fazer, mas a Clarinha aprendeu a tocar bandolim pela Internet. O Francisco gosta de fazer parkour, aprendendo com vídeos do Youtube.

 

E se eles quiserem aprender alguma coisa fora de casa? O Francisco, quase por acaso, descobriu a equitação. Como a atividade acontecia na sua tarde livre e era suficientemente perto para ele ir e vir de bicicleta, encorajámo-lo a tentar. E o Francisco adorou. Andar a cavalo às quartas-feiras à tarde tornou-se para ele uma forma de descontrair e desanuviar da escola, sonhar, desafiar-se a si próprio.

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À hora de almoço e nas tardes de quarta-feira, o colégio oferece atividades como ginástica, xadrez, desportos com bola. Todos os nossos filhos aproveitam a oportunidade, que não rouba tempo familiar e torna alguns recreios da semana mais interessantes. Para a Clarinha, a ginástica artística praticada em desporto escolar, nas tardes de quarta-feira, foi durante anos o momento alto da sua semana.

Assim, as nossas atividades extracurriculares são simplesmente formas divertidas de crescer e de explorar o mundo e o universo, pondo a render os talentos que o Senhor inscreveu em cada um, segundo a Palavra:

 

"A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade." (Mt 25, 15)

 

Um dia, há dois anos atrás, ao entrar na minha escola, esbarrei com um cartaz na porta envidraçada: uma menina pequenina e sorridente fazia uma espargata com uma bola vermelha na mão, vestida com um fatinho de brilhantes... O meu coração deu um pulo no peito. Mas sobre isso, conto-vos amanhã!  

 

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Tempos livres II - Livros e mais livros

por Teresa Power, em 26.01.16

E continuamos na série de posts sobre a forma como os Power ocupam os seus tempos livres. Repito que estou a falar dos Power, não estou a formular nenhuma teoria educativa! Se escrevo sobre a nossa experiência é porque adoro ler sobre as experiências dos outros, em variados blogues e livros, e aprender com elas (eu estou sempre a aprender), pelo que calculo que outros queiram ler e aprender, se acharem bem, connosco.

Uma das maiores fontes de prazer e de liberdade cá em casa são... os livros. Quem entrar em nossa casa a qualquer hora do dia, vai de certeza tropeçar em dois ou três livros logo ali à entrada, porque os mais novos esquecem-se de os arrumar depois de os lerem ou de verem as imagens; e vai encontrar livros na sala, na cozinha, no chão dos quartos, na casa-de-banho, livros no jardim e livros na garagem. Todos os nossos filhos adoram livros.

Uma questão de sorte? Pode ser, claro. Como diz a Pipi das Meias Altas - tenho andado a ler a história à Lúcia todas as noites, capítulo a capítulo, e por isso ela é uma referência constante nestes dias - estamos num país livre, pelo que cada um pode pensar como quiser. Mas eu tenho outra teoria, e como ando em maré de revelar segredos, aqui fica:

Na nossa casa, os livros nunca sofreram concorrência desleal. Refiro-me à televisão, aos jogos de vídeo e de computador, aos telemóveis, aos tablets e a tudo o que as crianças desde muito pequeninas manuseiam para terem acesso a aventuras e histórias. Todos os professores sabem que hoje, para conseguirmos a atenção das crianças, precisamos de estímulos constantes de som e imagem. Para quem cresce num ambiente altamente estimulado sensorialmente, um livro é mesmo uma grande sensaboria!

Com a televisão desligada e sem jogos de computador, "livros", cá em casa, significam aventuras, histórias, suspense, enredo, alegria. Aliás, não só significam, como são mesmo essenciais para uma viagem ao mundo da ficção, visto não haver alternativas. Os meus filhos gostam do cheiro dos livros, de virar as páginas, de os meter na mochila e os levar para a escola, para ocupar os "tempos mortos" em sala de aula.

Mas "livros" significam ainda outra coisa: significam tempo de família, tempo de carinho, tempo de atenção privilegiada dos pais. Através da leitura partilhada, cumpre-se também a Palavra do Senhor:

 

"Farei com que o coração dos pais se aproxime dos filhos, e o coração dos filhos se aproxime dos seus pais..." (Ml 3, 24)

 

De facto, desde muito pequeninos que os nossos filhos têm direito a pelo menos uma história por dia. Uma história contada enroscados no sofá ao colo dos pais, ou junto da lareira, ou no jardim, ou sob os cobertores da cama, ou à volta da mesa acompanhada de um chocolate quente. Nunca, para nós, os livros foram uma obrigação (bem, com exceção de Os Maias, leitura obrigatória no secundário, que o Francisco, muito embora o 18 a Português, ainda não leu por inteiro); pelo contrário, os livros são uma recompensa: "Se arrumares depressa o quarto, leio dois capítulos da Pipi em vez de um!" "Hoje foste tão lindo, ajudaste tanto a mãe, que tens direito a uma longa história antes de dormir!"

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E não, não deixamos de contar histórias em voz alta quando os meninos aprendem a ler. Continuamos a fazê-lo até eles o desejarem, geralmente por volta dos doze anos. Todas as noites? Sim, todas as noites (ninguém disse que alimentar o gosto pela leitura não dava trabalho!): uma história para a Sara, outra para o António e a Lúcia, outra para o David, pois as idades e os interesses são diferentes. E não julguem que os mais velhos já não gostam de ouvir histórias: a Clarinha pousa tudo o que está a fazer para escutar a Pipi, ou a Heidi, ou a Casa na Pradaria, ou a Anne of Green Gables, ou a Princesinha, ou o Pequeno Lord que nós lemos aos mais novos, e até o Francisco tira os auscultadores dos ouvidos quando repara que todos nos rimos à gargalhada com um episódio.

- Oh, mãe, tenho de lavar a loiça agora? Mas tu vais ler a Pipi! Eu queria ouvir! - Disse-me ontem a Clarinha, quando acabámos de jantar.

- Conta lá outra vez como é que o gato que ensinou a gaivota a voar apanhava as moscas! - Pedia o António ao pequeno-almoço.

- Deixa-me contar-te o que lemos ontem na Casa na Pradaria - Diz-me o Niall, às vezes, ao deitar. E vai buscar o livro, que deixou na mesa de cabeceira do David, para me reler uns parágrafos. Também nós parecemos duas crianças, entusiasmados com as histórias que contamos filho após filho até quase, quase as conhecermos de cor. Como em tudo o resto, o Senhor recompensa o nosso esforço dando-nos doses abundantes de verdadeiro prazer nas leituras que partilhamos com eles.

 

Com tanta carga emotiva associada, é natural que os livros sejam muito amados cá em casa. Para mim - digo-o com humildade, mas com convicção - não me surpreendem cenas como estas, várias vezes ao dia:

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Os nossos serões são, às vezes, bastante silenciosos:

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E como já contei neste blogue,há dias em que estou tão ocupada a trabalhar ao computador, durante o meu serão, que me esqueço das crianças que deixei a ler na minha cama. Ena, já passa da sua hora de dormir, e ainda ali estão!

Que livros lemos? Sobre isso, já escrevi vários posts, e podem recordá-los com a tag "livros". Não, não lemos tudo o que se publica, e há livros que não entram cá em casa. Sim, fazemos censura :) Mas a boa notícia é que entre os livros bons há suficientes para encher uma vida, segundo a minha própria experiência.

Hoje - e como professora ouço isto quase todos os dias - a grande maioria das crianças e dos jovens não gosta de ler e só lê por obrigação. Dizem-me que gostos não se discutem. Aceito que haja algumas crianças que não gostem de ler, como há crianças que não gostam de ver televisão ou de comer chocolate. Mas estou convencida de que, com outro tipo de abordagem familiar, essas crianças - que existem - seriam uma minoria. Se quiserem discordar de mim, têm de o fazer - para a discussão ser justa - nos mesmos termos que eu o fiz, ou seja: apresentem-me uma criança que ouça histórias, grandes histórias, desde pequenina, todos os dias, envolta em paciência e carinho, até cerca dos doze anos, sem concorrência (desde a primeira infância) da televisão, do tablet, do computador, e mesmo assim não goste de ler. Então eu aceitarei a derrota...

 

Mas será que os nossos filhos não vão à internet, como todos os outros? E não frequentam qualquer atividade extracurricular? Amanhã continuamos

 

 

 

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publicado às 06:00

Tempos livres I

por Teresa Power, em 25.01.16

Outro dia, ao ler alguns comentários no post sobre a nossa festa das Bodas de Caná, apanhei um valente susto: será possível que haja por aí leitores convencidos de que a Clarinha aprendeu comigo a costurar e a cozinhar? Bem, fico muito lisonjeada que tenham pensamentos tão positivos sobre os meus talentos, mas... a sério que acreditam nisso??? Não, a Clarinha não aprendeu comigo. E também não treina ginástica duas horas por dia, ou sequer todos os dias, como alguém me perguntava no retiro de Natal. Socorro! Andam por aí muitas ideias erradas sobre a ocupação dos tempos livres dos Power, e porque eu gosto da verdade acima de tudo, decidi escrever uma semana de posts sobre o tema. Preparem-se!

Nunca o fiz até agora, porque não é objetivo deste blogue a discussão das diferentes perspetivas de educação,  e porque em matéria de educação não me considero mais "expert" que qualquer de vós. Como dizia John Wilmot - e eu posso assinar por baixo - "antes de casar, tinha seis teorias sobre educação e nenhum filho; hoje tenho seis filhos e nenhuma teoria."

De qualquer forma, achamos importante explicar os nossos princípios, sabendo à partida que muitos discordarão deles. Mas porque são um dos pilares da educação dos Power, vou tentar apresentá-los por tópicos, algo que me obrigou a alguma reflexão, pois nunca antes pensei neles de forma tão sistematizada.

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Aqui ficam:

- Nenhuma atividade extracurricular dos nossos filhos os deve fazer passar fora de casa mais tempo do que o que passam connosco, em família. De outra forma, correm o risco de serem educados mais pelos professores e treinadores do que por nós.

- Nenhuma atividade extracurricular os pode ocupar, por norma, ao fim-de-semana e muito menos impedir-nos de irmos à missa todos juntos, em família. Sem o nosso "tempo de família", não seríamos a família unida e feliz que hoje somos.

- Nenhuma atividade extracurricular lhes pode roubar o seu direito inalienável a brincar e a... não fazer nada. O ligeiro aborrecimento de uma criança desocupada, quando acompanhado por algumas palavras de encorajamento dos pais, é o furo na rocha que permite fazer jorrar a fonte da criatividade.

- Nenhuma atividade extracurricular é imposta pelos pais, e ninguém desilude os pais por desistir do que quer que seja.

- Nenhuma atividade extracurricular começa antes dos oito, nove anos, ou seja, antes da criança demonstrar uma vontade específica de experimentar alguma coisa, e antes da criança ter tempo para brincar, brincar, brincar e... brincar.

- Aliás: nenhuma atividade extracurricular é mais importante do que brincar.

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Não, não há competição de basquetebol mais importante que... isto:

E não há competição de ginástica mais importante que... esta, filmada na nossa sala há dois anos atrás:

Não partilhamos a crença de que as crianças trabalham melhor sob stress, ou de que há linguagens, como a música, que é mesmo preciso aprender em profundidade, ou que a única alternativa à televisão é não ter tempo para ela, ou de que os banhos de adrenalina das competições melhoram a personalidade.

Também não achamos que o papel do pai ou da mãe seja fazer de motorista dos filhos, correndo de atividade em atividade para que eles aprendam tudo a que têm direito - há tanta coisa que podem aprender em casa, e que devem aprender em casa!

Por outro lado, e no outro extremo, rejeitamos o papel de professores ou de treinadores dos nossos filhos (tentação que um professor por profissão tem de continuamente combater) por uma razão, para nós, bastante evidente: os nossos filhos têm a oportunidade, na vida, de ter os mais variados professores e treinadores, aprendendo com cada um e crescendo com cada um - quer por empatia, quer por rejeição; mas pais, os nossos filhos só têm dois. Quando os pais se assumem também como professores ou treinadores (não falo de vida ou de fé, mas dos saberes do mundo, claro), correm o risco de serem rejeitados como pais, se por acaso vierem a ser rejeitados como professores ou treinadores. Em que ombro irá então a criança chorar para se queixar do excesso de trabalhos de casa ou da dureza do treino?...

Espero não desiludir demasiado alguns leitores ao afirmar, humildemente, que não tenho outras provas em defesa de todos estes princípios senão o reino de Náturia e seis filhos felizes. Acredito que haja muitos outros filhos felizes com outros princípios, claro. Estes são os princípios dos Power, não os princípios das famílias felizes, ou das famílias católicas, ou das Famílias de Caná. Os próximos posts  vão ser uma partilha singela do que, filho a filho, ano a ano, prece a prece, fomos descobrindo. A nosso favor, temos apenas uma vontade muito grande de nos aperfeiçoarmos continuamente como família. Em nossa casa, não conhecemos a frase: "Sempre se fez assim, e pronto." Preferimos a Palavra da Sabedoria:

 

"A sabedoria facilmente se deixa ver por aqueles que a amam, e encontrar por aqueles que a buscam. Antecipa-se a manifestar-se aos que a desejam. Quem por ela madruga, não se cansará; há de encontrá-la sentada à sua porta. Pois ela própria vai à procura dos que são dignos dela e vai ao encontro deles, em cada um dos seus pensamentos. O princípio da sabedoria é o desejo sincero de ser instruído por ela, e desejar instruir-se é já amá-la." (Sb 6, 12-16)

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 Até amanhã!

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O nosso Retiro de Natal

por Teresa Power, em 05.01.16

No sábado tivemos o nosso Retiro de Natal, em Fátima. Que dia tão cheio de bênçãos! Ainda estamos em clima de retiro nos nossos corações, depois de uma experiência tão forte da misericórdia do Senhor.

E forte porque começou logo de madrugada, com a perceção da sua imensa bondade, nos raios do sol nascente que atravessavam as nuvens ao longo da nossa viagem. Depois de tantos dias de chuva intensa, o sol brilhou para nós! Das trevas nasceu a Luz...

Apesar de muitas baixas de famílias inteiras neste retiro, sobretudo por causa dos vírus da época, estávamos cerca de quinze famílias no Centro Pastoral Paulo VI. Algumas destas famílias fizeram um esforço muito grande para ali estar, pois vinham com bebés muito pequeninos! A mais pequenina era, claro, a Lúcia, da querida Família Batista. E que bem que ela se portou o dia inteiro!

É sempre uma grande alegria ver chegar as famílias aos nossos encontros. Que saudades uns dos outros, durante os períodos mais ou menos longos em que apenas comunicamos por mail - ou por oração!

Com a pontualidade característica das Famílias de Caná, começámos o nosso retiro com oração cantada e dançada, cheios de alegria no Senhor. Rezámos o Shemá, consagrámo-nos a Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná, e por fim, o David ajudou-me a orientar um mistério do Rosário.

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Depois, enquanto as crianças saíam com o Niall e a Clarinha para brincar e falar de Jesus numa outra sala, eu fiz a meditação sobre a Misericórdia e o Natal, na sala S. João Paulo II. Os sorrisos abertos fizeram-me sentir que o Senhor estava connosco, também através desta meditação. A Palavra que Ele nos ofereceu ao longo de três quartos de hora foi verdadeiramente desafiante e cheia de esperança:

 

“Alarga o espaço da tua tenda sem olhar a despesas, estende sem medo as cortinas das tuas moradas, alonga as cordas, reforça as estacas, porque vais expandir-te para a direita e para a esquerda: a tua descendência conquistará as nações e povoará as cidades abandonadas.” (Is 54, 1-3)

 

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 Seguiu-se a missa na Basílica da Santíssima Trindade, onde o nosso encontro foi referido, no início, como tratando-se do Encontro Nacional das Famílias de Caná. Na verdade, podemos ser poucas famílias, mas já somos de âmbito nacional... E se continuarmos a alargar o espaço da nossa "tenda", a "reforçar as estacas", a "estender as lonas", em breve conquistaremos o mundo para Deus.

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 Que alegria, passar pela Porta Santa!

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 O almoço foi partilhado em grande festa, e durante o tempo livre do início da tarde, muitos tiveram ocasião de se confessar. Depois demos início à Via Stellae, a nossa meditação natalícia, pelo Caminho dos Pastorinhos. O céu ameaçava chuva, pelo que fizemos o caminho com passo rápido e sem demoras. Mas o Senhor segurou as nuvens com a sua mão poderosa, não permitindo senão algumas gotas de chuva de vez em quando!

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Como a Cláudia tinha esquecido o carrinho da Alice em casa, decidimos que a Sara faria o caminho a pé e cederia o seu carrinho à amiga, bem mais pequenina. Para nossa grande surpresa, a Sara percorreu o caminho inteiro a pé, como gente grande. Um grande "viva" à Sara!

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As crianças fizeram a sua caminhada quase por inteiro no meio das flores, que brotavam abundantes nas ervas dos campos em redor. Felizes, colhiam flores que iam oferecendo aos pais e uns aos outros.

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Em cada estação, ajoelhámos, guardámos uns momentos de silêncio e meditámos no texto que vos tinha proposto. Depois, sempre em clima de oração e silêncio, continuávamos o nosso caminho até à estação seguinte.

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Ouvido de passagem:

- Coitado de Jesus aqui nesta estação! Vou dar-lhe as minhas flores!

E a Lúcia depositou o seu ramo aos pés de Jesus, caído sob o peso da cruz.

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- Os pastorinhos faziam este caminho todos os dias?

- Sim, todos os dias! Sem estrada marcada, claro, sempre pelos montes...

- E sem sapatos também...

- Ah...

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Alguns bebés foram carregados ao colo, outros às costas, e outra ainda, muito pequenina, teve de voltar atrás porque precisava de mamar e a chuva miudinha dificultava a operação ali, em plena Via Sacra. Mas que sentido teria uma Via Sacra - uma Via da Estrela - sem algum sofrimento? Amor rima sempre, sempre com dor. No Natal também.

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Finalmente chegámos ao Calvário Húngaro, onde terminámos a nossa caminhada. A chuva cá fora empurrou-nos para dentro da capela, e como não estava lá mais ninguém, pudémos cantar e rezar em voz alta, agradecendo ao Senhor, ali presente entre nós no Santíssimo Sacramento, o dom deste dia.

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A Via Stellae terminou. Chegou o tempo de brincar! De um momento para o outro, a chuva parou, o sol brilhou, e as crianças puderam correr de novo, felizes, brincando na Loca do Anjo e junto das casas dos pastorinhos, que visitámos por fim.

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Quantas lições de humildade e simplicidade, nestas casas pequeninas e pobres!

Tal como no ano passado, também neste retiro terminámos o nosso encontro junto ao poço da casa da Lúcia. Algumas famílias já tinham ido embora, mas ainda tínhamos crianças suficientes para cobrir o poço de canções...

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A Sara recuperou o seu carrinho de passeio para um muito merecido descanso e uma bolacha:

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 "Alarga o espaço da tua tenda", foi-nos dizendo o Senhor ao longo de todo o dia. E nós alargámos... E o milagre da alegria, da paz, da esperança aconteceu!

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 Ámen.

 

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Remédio santo

por Teresa Power, em 29.10.15

- Mãe, podes vir connosco visitar o nosso castelo em Náturia?

A Lúcia e o David olham para mim com ar suplicante. São cinco horas da tarde, acabámos de chegar da escola e eu tenho uma montanha de coisas para fazer.

- Claro que posso - Respondo, pousando a minha mala cheia de testes por corrigir e lançando um olhar apressado à banca da cozinha, onde as cenouras, as batatas e os bróculos esperam pacientemente que alguém os enfie dentro da panela para a sopa do jantar.

- Eu sabia que ias dizer sim! - A Lúcia saltita de alegria. - Nem imaginas como o nosso castelo está lindo! Vais adorar! Anda, vem!

Dou a mão à minha filha e sigo-a para o descampado por detrás da nossa casa. As silvas já estão dobradas à nossa passagem, por força do hábito, e há flores silvestres a brotar nas margens deste caminho improvisado.

- É aqui. Olha só! Não é bonito?

Faço um olhar de espanto diante do monte de terra e canas que tenho diante de mim:

- Uau, um castelo magnífico! Posso entrar?

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A visita não leva mais de dez minutos, o tempo que demora a passar por debaixo das canas e das silvas. Mas ainda não acabei, quando a Sara me chama do jardim:

- Mamã, estou a fazer a sopa com ervinhas! Queres provar?

Deixo Náturia e regresso a casa. Sentada na rocha debaixo da oliveira, finjo provar a sopinha de ervas.

- Está mesmo boa, Sara! Quem te ensinou a fazer?

- A Clarinha!

A Lúcia e o David regressam também a casa e decidem fazer, não só sopa de ervas, como ensopado, empadão e tudo o mais. Depois despejam os restos para o galinheiro:

- Os pitinhos adoram os nossos cozinhados!

Entretanto, o António vem ter comigo com as mãos cheias de folhas de outono.

- Que lindas, António! Onde as encontraste?

- Debaixo da nespereira. Conta-nos lá outra vez o que tu fazias quando eras pequenina...

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Sorrio, pego na Sara ao colo e conto:

- Na casa dos meus avós havia um tanque. Eu pegava nas folhas de nespereira secas e colocava nelas as formigas que encontrava na terra. Depois punha-as a navegar no tanque.

- Ena, elas deviam gostar muito!

- Não tenho tanta certeza...

 

Santa Teresinha escreveu muitas coisas sobre os seus santos pais, Luis e Zélia. Ambos trabalhavam arduamente o dia inteiro, Luís como relojoeiro e Zélia como bordadeira. No entanto, ambos sabiam "perder tempo" brincando com as suas meninas, no fim da escola e durante os fins-de-semana. A brincadeira dos meus filhos no jardim, longe da televisão, dos telemóveis e de outros brinquedos eletrónicos parece-se bastante com a brincadeira na casa de santa Teresinha:

"Depois de fazer os trabalhos de casa, eu saltitava no jardim à volta do papá, porque não sabia brincar com as bonecas. Era uma grande alegria para mim preparar tisanas com grãozinhos e cascas de árvores que encontrava no chão; levava-as depois ao papá numa linda chavenazinha, e o pobre paizinho largava o trabalho e depois, sorrindo, fingia beber. Antes de me voltar a dar a chávena, perguntava-me se devia deitar o conteúdo fora..." (História de uma Alma, manuscrito A)

Bem, são horas dos TPC. O David e a Lúcia sentam-se nas suas secretárias, a Sara e o António vão fazer lego, e eu estou livre para ir cozinhar. São apenas cinco e meia... Afinal só perdi meia hora a brincar com os meus filhos! Olho para eles, tão felizes e tão calmos. Meia hora não faz assim tanta diferença na minha vida, mas faz a diferença toda na vida deles.

Lembro-me do sírio Naamã, do Segundo Livro dos Reis. Cheio de lepra, pediu ao profeta Eliseu que o curasse a troco de grandes somas de dinheiro, mas ficou escandalizado quando o profeta lhe ordenou simplesmente sete mergulhos (gratuitos) no rio Jordão. Já prestes a regressar a casa sem experimentar a cura, foi desafiado pelo seu criado:

 

"Meu pai, se o profeta te tivesse mandado fazer uma coisa difícil, não a farias? Quanto mais agora, ao dizer-te: 'Lava-te e ficarás curado'!" (2Rs 5, 13)

 

No dia 27 de outubro, o Papa Francisco deixou esta mensagem no Twitter:

"Pais, sabeis 'perder tempo' com os vossos filhos? É uma das coisas mais importantes que podeis fazer cada dia."

Brincar com os meus filhos, meia hora por dia... Os remédios que o Senhor nos propõe são escandalosamente simples, tão simples, que hesitamos em os experimentar. Mas depois lemos histórias como a de Luís e Zélia Martin, e descobrimos que afinal são os remédios dos santos...

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A rainha e o seu Rei

por Teresa Power, em 01.10.15

- Vens muito bonita hoje, Lúcia, com uma coroa na cabeça! Quem ta deu?

- Fui eu que fiz no retiro!

- No retiro? Onde foste tu no fim-de-semana? Conta lá!

- Fui ao retiro. Lá ouvimos uma história muito bonita sobre a rainha Ester. Ela foi uma rainha verdadeira porque foi muito humilde.

- Ah...

Esta conversa aconteceu à chegada ao colégio, segunda-feira de manhã. A Lúcia e o António insistiram em levar as suas coroas para mostrar aos colegas e aos professores como eram bonitas. E segundo me contaram, todos os seus amigos ficaram com pena de não terem ido também ao retiro à Quinta do Conde!

A Bíblia é um verdadeiro livro de histórias para todas as idades. Não há nenhuma criança que não goste de escutar uma história da Bíblia, bem contada e bem dramatizada, tal como merece a tradição oral na base do texto escrito. Na verdade, os povos antigos conheciam o poder de uma boa narração, essencial para que a história não perdesse beleza, ritmo e conteúdo ao ser transmitida, oralmente, de geração em geração!

No retiro do dia 27 de setembro, na Quinta do Conde, as crianças e os jovens trabalharam em cinco grupos diferentes, segundo as suas idades. Todos escutaram a história da Rainha Ester. Os mais pequeninos foram dormindo pelo meio...

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Os mais velhinhos puderam escutar a história dramatizada, contada pela Pilar, que é uma verdadeira artista:

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Depois, em pequenos grupos, fizeram os seus trabalhos, ajudados pelos vários animadores - pais e mães de Famílias de Caná com um coração generoso e grande:

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 A Marisa, cheia de entusiasmo, com a colaboração da Irene e do Ricardo, fez um belíssimo teatro de sombras com os pré-adolescentes. Eles estavam encantados!

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Os jovens trabalharam com o Niall, meditando na história da Rainha Ester e no poder imenso que Deus coloca em nossas mãos através da oração:

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Porque éramos muitos, os nossos plenários aconteceram na igreja, o único espaço capaz de nos acolher a todos:

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Foi também na igreja que o Francisco deu o seu testemunho de jovem cristão através do ilusionismo, num grande espetáculo de magia e evangelização:

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 - Não faz mal, fazer ilusionismo e apresentar os trabalhos na igreja? Devemos retirar o Santíssimo? - Foi uma questão que nos colocámos. A resposta surgiu, luminosa, também dentro de nós: não. Jesus-Eucaristia é o centro e o cume dos Retiros Famílias de Caná. Em dia de retiro, queremos passar o máximo tempo possível sob o seu olhar, para que Ele nos toque, nos cure e nos converta. Quando o Francisco faz ilusionismo, dá testemunho da sua fé; quando apresentamos os trabalhos das crianças, ou cantamos os seus cânticos cristãos infantis, com gestos e movimento, estamos a louvar o Senhor... Por que o havíamos de fazer longe da sua Presença Eucarística? Sentíamos dentro de nós a coragem da humilde Ester, que na presença do rei, dele escutou estas palavras:

 

"Qual o teu pedido, rainha Ester? Tudo te será concedido. Qual o teu desejo? Mesmo que seja metade do meu reino, será satisfeito."

(Est 5, 6)

 

Que dizes, Teresa? Estás a comparar-me à rainha Ester? A mim, tão fraco e tão sujo?...

Hoje, dia 1 de outubro, a Igreja celebra o dia de Santa Teresinha do Menino Jesus, a jovem humilde a quem o seu papá tratava por "Minha Rainhazinha". Os filhos de Deus, na verdade, porque filhos do Rei, pertencem à realeza! Humildes, sim, mas dignos!

Não conheço todas súplicas ocultas no coração de cada um, mas sei que a resposta de Jesus supera a do rei Assuero em generosidade: ali, no retiro, na sua Presença Eucarística, Jesus prometeu-nos não a metade, mas a totalidade do Reino de Deus...  

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