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Acampados sobre a ponte

por Teresa Power, em 13.02.15

Na quarta-feira depois de almoço fui rapidamente ao Continente, para comprar uns sumos e uns bolinhos para a festinha do António, nessa tarde. Eu ia realmente cheia de pressa, com passos rápidos, quase a correr (sim, eu corro muito o dia inteiro...). Por isso, foi com surpresa que literalmente esbarrei com um monstruário à entrada da loja, no local de passagem. Forçada a parar a minha marcha, debrucei-me para apanhar do chão o que fizera cair: pacotes de preservativos. Primeiro fui assaltada por um pensamento de espanto: que faziam os preservativos à entrada da loja, a barrar-me a passagem, longe do local de produtos de higiene? Depois lembrei-me que estávamos em véspera do dia de S. Valentim. Tudo explicado!

Ou não... Que têm os preservativos a ver com o Dia dos Namorados? Será que os tempos mudaram, e com eles, os valores? Os meus alunos não usam a palavra "namorar". Para eles, é "andar" ou "curtir". Lembro-me de uma aula há dois anos, com a minha direção de turma de nono ano, num dia em que falávamos das aulas de Educação Sexual que tinha programado:

- Ó professora, educação sexual não! Nós já sabemos tudo sobre o pimba-pimba!

Lembro-me também do espanto de uma menina de dez anos, que acompanhava a mãe a um encontro festivo do grupo de preparação para o matrimónio. A mãe, minha amiga, era uma das orientadoras do curso.

- Mãe, tens a certeza de que estes senhores e senhoras estão a preparar-se para casar? - Perguntava ela.

- Sim, querida, tenho. Agora vai brincar.

- Mas tens mesmo a certeza? - Insistia a menina.

- Já te disse que sim, filha! Vai brincar! Porque perguntas isso tanta vez?

- É que, mãe, todos estes senhores e senhoras têm aqui os filhos! Se vão casar, como é que já têm filhos?

 

O Francisco está a crescer. De vez em quando, conversamos sobre o tema do namoro. O namoro não é um estado de vida, como o matrimónio ou o celibato. O namoro é por natureza um tempo de passagem, uma ponte entre a amizade e o casamento. A ninguém passaria pela cabeça acampar sobre uma ponte! As pontes são por natureza locais de passagem, que ganham o seu valor das margens que unem.

O namoro é uma ponte. Como tal, não deve ser demasiado longo, porque o cansaço levaria à tentação de acampar ali mesmo. Vale mais prolongar o estádio de amizade anterior, ou apressar o casamento, do que arriscar ter de acampar a meio da ponte.

O namoro é uma ponte. Será possível viver a castidade durante o tempo de namoro? Não só é possível, como é essencial. A castidade ("O que é isso, professora?") é uma virtude que deverá acompanhar a vida inteira, e não apenas o tempo de namoro. Um casal que queira viver a sua sexualidade com verdade, planeando naturalmente a sua família, precisa de estar bem treinado na castidade. Algumas situações de doença de um dos esposos ou de gravidez de risco serão ocasiões em que este treino surgirá como uma estrela luminosa, capaz de fazer crescer o amor em vez de o destruir.

O casal de santos de que falei aqui, Giovanni e Rosetta, fizeram um voto, que cumpriram, de na primeira noite de núpcias dormirem separados, para a oferecer a Nossa Senhora rezando, isto depois de um longo namoro passado sem nunca se terem encontrado a sós (p. 151, Esposos e Santos). Loucura? Não: grandeza de alma, magnanimidade!

- Se tu me amas, prova-mo - Dizem os jovens uns aos outros, cheios do seu ego, com as emoções à flor da pele.

Sim, é preciso provar que se ama - que se ama o outro pelo que ele ou ela é, e não pelo que ele ou ela me dá.

Se me amas, espera por mim... Estende-me a mão e atravessemos juntos esta ponte, para na outra margem podermos construir a família que Deus sonhou para nós!

Conhecem Laranja-Lima, do Padre Zézinho? Escutem então... Está na hora de arrancar com os Noivos de Caná, ou os Namorados de Caná...

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"Senhor, não é por luxúria que recebo, como esposa, Sara, minha irmã. Faço-o com o coração sincero. Digna-te ser misericordioso comigo e com ela, e conceder-nos que envelheçamos juntos. Ámen!" (Tb 8, 7)

 

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publicado às 06:24

S. Valentim

por Teresa Power, em 14.02.14

Hoje é Dia dos Namorados. Cá em casa, procuramos ir conversando destes temas com os mais velhos, pois eles crescem mais depressa do que nos damos conta e não queremos deixar para depois o que deve ser tratado agora. Naturalmente, não sabemos como é que, um dia, eles vão viver o seu namoro e preparar-se para o matrimónio, se a isso forem chamados. Mas sabemos os valores e os ideais que lhes queremos propor.

Um desses ideais chama-se castidade. Quando, nas aulas de Educação Sexual, uso o termo castidade, os meus alunos olham-me com estranheza. Não porque tenham alguma coisa contra a castidade, mas porque nunca ouviram falar em tal. O que é isso? Explico-lhes que se trata de ser puro. Puro de coração, puro de mente, puro de corpo. Explico-lhes que se trata de ser verdadeiro, de não mentir com os nossos gestos íntimos. O corpo deve exprimir os desejos e os sonhos mais belos e mais sagrados. Isso é castidade.

Depois falo-lhes em saber esperar. Não podemos colher uma maçã antes dela estar madura, ou perderá todo o sabor. Amar é saber esperar pelo momento certo. E esse momento certo não é "quando eu sinto", como se diz por aí, mas quando a minha vida está preparada para acolher, na sua totalidade, uma outra vida, com tudo o que ela traz consigo, incluindo, naturalmente, a possibilidade de ser pai e de ser mãe.

 

Em Portugal, somos muito tímidos quando se trata de afirmar os nossos princípios cristãos em relação a determinados temas. O Niall, que não é português, vê neste nosso medo de nos expormos, um vestígio de salazarismo. Será? A verdade é que os cristãos portugueses apresentam mil e uma razões para não falar abertamente de temas considerados pouco modernos, como a castidade, a virgindade antes do casamento e similares.

E contudo, ser casto e ser virgem é hoje muito mais radical do que não o ser! Um jovem que queira ser verdadeiramente ousado, deve ter a coragem de se manter virgem até ao matrimónio. Que grandeza há em deixar-se levar pelos seus instintos e pelas pressões da sociedade? Queremos ser diferentes e radicais? Então o cristianismo oferece-nos um desafio à altura!

Se tiverem nove minutos, vale a pena, vale mesmo a pena, conhecer o testemunho de Crystalina Evert , gravado há uns anos atrás. Hoje, esta mulher americana tem seis filhos e continua, com o marido e uma corajosa equipa, a trabalhar com jovens sobre questões da sexualidade. Visionem este curto vídeo com os vossos filhos adolescentes e, se for o caso, com os vossos alunos. Que a Crystalina encoraje também os jovens portugueses a viver uma sexualidade bela e pura, e a testemunhá-la sem medo.

Feliz dia dos namorados!

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publicado às 08:50



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