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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- David, hoje vais ter um encontro nos Salesianos. Tens aqui o lanche para partilhares com os teus amigos.
- Achas que os meus amigos vão estar lá?
- Alguns, seguramente! E será uma grande oportunidade para fazeres novos amigos. Vamos, que já são horas!
O David saiu para o seu encontro de crianças e pré-adolescentes, entusiasmado e cheio de expetativa. Ainda eu lhe dizia adeus à porta, e já a Clarinha perguntava:
- Mãe, vens comigo esta noite ao concerto-oração? Gostava tanto que fosses tu a acompanhar-me!
Conhecem as músicas da Claudine Pinheiro? Se ainda não, procurem no Youtube algumas, para escutar, porque vale mesmo a pena! A Claudine é leitora deste blogue quase desde o primeiro momento. Já nos encontrámos algumas vezes, não só nos encontros do E-vangelizar, mas também para fazer um belíssimo piquenique, no verão passado. Recordo com saudade os belos momentos que partilhámos no "nosso" lago no Caramulo. Sábado à noite, a Claudine teve mais um momento divino da sua magnífica missão de evangelização através da música. Por mail, convidou-nos a estar presentes, visto ser apenas a trinta quilómetros da nossa casa.
- Vens comigo, mãe? - A Clarinha mal podia esperar pelo concerto.
- Claro que vou. Anda, ajuda-me a arrumar esta casa!
O David regressou a casa ao fim da tarde, feliz, suado, transbordante de alegria.
- Estivemos na barriga da baleia, mãe!
- Da baleia? Qual baleia?
- Aquela que engoliu Jonas! Nem imaginas: o ginásio era a barriga da baleia, e para entrarmos tínhamos de passar pelos seus dentes, a sua boca aberta, bem desenhada na porta. Foi tão giro! E brincámos nos insufláveis. E vimos um filme. E rezámos, cantámos e fizemos muitas coisas!
- Muitas coisas?
- Muitas. Olha, havia uma pizza gigante para comer! Deliciosa! E trago presentes. Livros, postais...
Pouco depois, a Clarinha e eu saíamos para o concerto, rezando juntas o terço na meia hora de viagem. Foi a nossa vez de ficarmos deliciadas, coração cheio, lágrimas nos olhos. A Claudine não canta só com a voz maravilhosa que Deus lhe deu: canta com o sorriso, com os olhos, com os braços abertos, amplos, estendidos, com os gestos, com o coração. E o Miguel toca guitarra com a alma toda a sair-lhe pelos dedos. Não há palavras para descrever tamanha beleza! A pequena igreja paroquial de Valmaior estava cheia, e os aplausos foram sinceros e sentidos.
Domingo de manhã foi dia de primeira comunhão, na nossa paróquia. Vestidos brancos, coroas de flores, velas acesas, crianças. Crianças expectantes, de sorrisos nervosos, de olhar límpido. Jesus que vem e que desce a cada coração pela primeira vez. Ah, o primeiro beijo... A igreja está cheia, os adultos fazem algum barulho e há certamente muita dispersão da atenção. Mas nos corações infantis daqueles meninos e daquelas meninas, o Amado foi recebido num silêncio que nada nem ninguém conseguiu perturbar.
Depois do almoço, o grupo de discernimento vocacional Monte Horeb, de Barcelos, veio a nossa casa. A Paula conheceu-nos a partir deste blogue também quase desde o início, e desde então já nos encontrámos várias vezes, incluindo num retiro Famílias de Caná, em Castelo de Neiva. Como orientadora deste grupo, quis oferecer aos jovens a oportunidade de conhecer o dia-a-dia e a vida de fé de uma família católica, como exemplo possível de vocação matrimonial. Que grande festa foi o nosso encontro! Conversámos a tarde inteira, lanchámos em abundância, cantámos, vimos a magia do Francisco, brincámos com os novos gatinhos e, por fim, rezámos, ao ritmo natural que tem a oração familiar na nossa casa.
Caiu a noite... Já deitada, enquanto faço o meu exame de consciência, revejo os acontecimentos e a festa deste fim-de-semana: o encontro catequético do David, o concerto-oração com a Claudine, a missa festiva, os jovens do Monte Horeb... Encontros paroquiais, encontros de famílias, encontros virtuais que, pouco a pouco, se tornam reais e acontecem em Igreja...
Comunidade. Ser cristão é sempre, sempre, ser comunidade. Somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e vivemos este sentido trinitário, comunitário, desde o primeiro instante de Igreja. Ninguém é cristão sozinho, porque em Jesus, todos formamos um único corpo, o Corpo Místico, onde todos nos tornamos membros uns dos outros.
Nestes dias pascais, a Igreja tem como leitura favorita os Atos dos Apóstolos, recheados de histórias e aventuras comunitárias. Aí lemos que, apesar de todos os problemas e pecados das primeiras comunidades - tão semelhantes aos problemas e pecados das nossas, e das de todos os tempos - os primeiros cristãos eram já imagem e semelhança deste Deus Trinitário, este Deus-Comunidade:
"A multidão dos que tinham abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum. Com grande poder, os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e uma grande graça operava em todos eles." (At 4, 32-33)
Que o Senhor nos ajude a fazer, cada vez mais, comunidade, uns com os outros, em Igreja, nas nossas casas, nas nossas paróquias, nos nossos movimentos, na Internet... Ámen!
As missões não páram: um pouco por todo o país, do Algarve ao Minho, há famílias, párocos, comunidades interessadas em conhecer as Famílias de Caná. Nalguns locais, há já Aldeias de Caná capazes de anunciar e testemunhar a nossa espiritualidade, mas noutros, é necessária a nossa presença e o nosso testemunho familiar.
Numa destas noites, e para podermos organizar a agenda, o Niall e eu marcámos uma reunião um com o outro e pedimos aos nossos filhos mais velhos (os mais novos já dormiam) para não nos interromperem. Foi uma experiência engraçada! Desta reunião formal sairam algumas datas (como por exemplo a do retiro do Algarve, que anunciaremos atempadamente, e a do Retiro de Natal) e algumas ideias importantes. Depois, diante do Santíssimo, nas semanas seguintes, perguntámos a Jesus o que achava Ele das nossas ideias.
A princípio, Jesus não disse nada. Ou melhor: nós nada escutámos. Passámos algumas semanas difíceis, lutando contra esta surdez espiritual que nos impede de conhecer a vontade do Senhor. Como todas as Famílias de Caná, temos um único objetivo na vida:
"Fazei tudo o que Jesus vos disser." (Jo 2, 5)
Mas para alcançar este objetivo, precisamos de saber o que Jesus nos diz! Deus fala muito baixinho, e nós precisamos de fazer muito silêncio para não interpretar erradamente as suas palavras. Quantas vezes tomamos as nossas ideias e os nossos sentimentos por ideias e sentimentos do Senhor... É tão fácil confundir a nossa vontade com a vontade de Deus!
Assim, para podermos escutar, tomámos uma primeira decisão: aumentar o tempo de oração diário diante do Santíssimo, aumentar o tempo de oração conjugal. E pouco a pouco, fomos sendo curados da nossa surdez. Jesus começou a responder à sua maneira - sem palavras, mas em ondas de tranquilidade ou, pelo contrário, de inquietude perante as nossas ideias e decisões.
E que nos disse Jesus? Muitas coisas. Pouco a pouco, iremos dar-vos conta de todas elas. Mas a primeira é a necessidade de abrandar o ritmo deste blogue. Neste momento, a prioridade é a preparação dos retiros e encontros, que até ao Natal são pelo menos três de dia inteiro e outros tantos de algumas horas a um sábado à tarde ou ao serão. Nesta altura de mais trabalho, publicarei às segundas-feiras, embora possa naturalmente publicar noutros dias também quando surgirem novidades - como por exemplo, sobre a pequena Lúcia da Olívia. Não tenho qualquer intenção de encerrar o blogue, porque sei como ele é importante para a caminhada das Famílias de Caná e de muitas outras pessoas. Apenas abrandarei o ritmo.
Entretanto, e porque o advento se aproxima a passos largos, convido-vos a pesquisar no blogue posts antigos com as tags Advento e Natal, ou ler o que escrevi no ano passado sobre o s. Martinho, por exemplo... Há tanto para ler, que nem vão dar pela falta do post diário :)
Rezem connosco, para que sejamos fiéis ao que Jesus nos pede, e não estraguemos a sua obra. Rezem pelas Famílias de Caná, pelos Jovens de Caná, pelos leitores deste blogue. Ficamos unidos em oração, e quem sabe - porque não? - talvez nos encontremos na vossa paróquia, falando das Famílias de Caná...
No sábado passado, participei, juntamente com o grupo de catequistas de Mogofores, no Mega Encontro de Evangelização – E-vangelizar – dos salesianos, no Porto. Foi um dia magnífico! Coube-me dinamizar um Workshop sobre Catequese Familiar, mas ainda me sobrou tempo para participar, como formanda, num workshop muito a propósito: As Obras da Misericórdia na Catequese. Lindo!
Uma das coisas giras deste dia foi o encontro com algumas Famílias de Caná da zona norte, bem como o encontro com alguns leitores do blogue. O Luís e a Jacinta, que vivem na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, perto de Aveiro, fizeram o Retiro de Neiva. No E-vangelizar partilhámos a vontade de realizar um retiro na sua paróquia, que entretanto já conhece o seu testemunho de Família de Caná. Tanto o Luís como a Jacinta estão acostumados a trabalhar com crianças e jovens e a dinamizar muitas coisas. E por falar no Luís – conhecem o seu blogue As Contas de Deus? Vale a pena visitá-lo!
Nesse mesmo dia, o Francisco orientava um workshop de ilusionismo para adolescentes no Clube Prisma, em Coimbra. Quem tem talentos tem de os colocar ao serviço dos outros, naturalmente! O Francisco chegou a casa quase ao mesmo tempo que eu, cansado mas muito feliz.
E o resto da família? Bem, enquanto nós trabalhávamos, eles divertiam-se no Parque da Mealhada…
Amanhã, sábado, iremos recomeçar o nosso trabalho de catequistas na nossa paróquia. Já não víamos a hora! É tão gratificante partilhar a nossa fé com as crianças e os jovens, ajudando-os a correr ao encontro de Jesus!
Domingo iremos dar testemunho da nossa vida de fé e apresentar as Famílias de Caná na diocese de Viana, na igreja paroquial de Meadela. Teremos a escutar-nos os pais das crianças da catequese. Enquanto isso, o Francisco fará ilusionismo e evangelização para as crianças. Vai ser um grande encontro! Haverá por aí leitores do blogue com vontade de nos cumprimentar e escutar? Apareçam domingo, dia 11, pelas 15h30 na igreja paroquial de Meadela, que para nós será um prazer!
Ontem, enquanto lia o Novo Testamento, encontrei esta passagem de S. Paulo:
“Três vezes naufraguei, e passei no abismo uma noite e um dia. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos meus concidadãos, perigos dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre os falsos irmãos. Trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez!”
(2Cor 11, 25-27)
Depois, dei comigo a pensar… É cansativo percorrer o país testemunhando a alegria de ser família católica. Mas nós viajamos de carro – bem, de dois carros – e em belíssimas estradas, e geralmente temos direito a grandes merendas! S. Paulo foi testemunha de Cristo a pé, de carroça, de cavalo, de noite e de dia, por terra e por mar, com fome e com sede… Ainda nos falta muito, muito, para chegarmos aos seus calcanhares! Que o Senhor nos ajude a todos a sermos suas testemunhas alegres e corajosas. Ámen!
No sábado de madrugada, a nossa família rumou até à diocese de Viana do Castelo. O padre Vasco Gonçalves convidara-nos a apresentar as Famílias de Caná às famílias em catequese familiar de toda a diocese, reunidas num convívio de encerramento do ano pastoral. Aceitámos com muita alegria, certos de que o convite vinha da parte de Jesus. Na verdade, Jesus tem-nos desafiado a percorrer o país em família, para testemunhar a sua alegria, o seu amor e o seu perdão às famílias que encontramos.
Assim, lá fomos nós até Santa Marta de Portuzelo, viajando, como costume, em dois carros - que é o que acontece a quem tem um filho a mais :) . E como costume, aproveitámos bem a viagem para rezar e para pôr a conversa em dia sobretudo com os dois mais velhos. Regressamos sempre destas viagens com a certeza de que foram importantes, não sabemos se para os outros, mas pelo menos para nós. É a forma que Deus tem de dizer "Obrigado": derramar graça sobre graça...
Em Santa Marta encontrámos famílias alegres, simpáticas e acolhedoras. O Francisco fez um espetáculo de ilusionismo que fascinou os mais novos, enquanto eu falei com os pais.
Alguns dias antes, eu desafiara a Rita Menezes a dar o seu testemunho neste encontro. A Rita veio, e contou como conheceu o nosso blogue, e como decidira participar em dois retiros connosco - o primeiro, na quaresma, o segundo, em Neiva. A partir daí, a sua vida tem sido um crescendo de felicidade e paz. Foi lindo, escutá-la!
A Eucaristia foi outro grande momento. O David acolitou, e a Sara bateu palmas ao som da música, para grande prazer do magnífico coro juvenil de Neiva.
Depois do almoço partilhado e de muita brincadeira, partimos com a Rita e a sua amiga Isabel para Famalicão. Este era o segundo grande encontro do nosso dia: tínhamos sido convidados por estas duas famílias a estar presentes no nascimento da sua Aldeia de Caná...
O encontro começou com um punhado de crianças a saltar de alegria, desarrumando a casa da Rita de alto a baixo e fazendo com que quase metade da água da piscina insuflável cobrisse o jardim onde os adultos procuravam conversar:
O Francisco aproveitou para fazer alguns truques de magia, enquanto todos partilhávamos um lanche delicioso, que a Rita preparara para festejar este grande dia:
E finalmente, a oração entre famílias. O Canto de Oração da família Menezes estava particularmente festivo, na sala de estar, decorado com muito cuidado por toda a família. Está ou não bonito?
Juntos, cantámos e louvámos o Senhor, partilhando a nossa ação de graças. Depois meditámos na passagem das Bodas de Caná e rezámos o terço. Finalmente, rezámos o Shemá e a Consagração. Antes de terminarmos, cantámos outra e outra vez, com grande alegria. Alguém lembrou que celebrávamos neste dia a Rainha Santa, Isabel de Portugal. Que linda data para o nascimento de uma Aldeia!
A semente estava lançada e regada. Formar uma Aldeia de Caná é um gesto muito simples e familiar... Agora, esta nova Aldeia vai contactar novamente o pároco e oferecer os seus braços, o seu tempo, os seus talentos para "o que Jesus disser", ao jeito das Famílias de Caná. Estamos ansiosos por ver o que o Espírito vai fazer aqui!
Enquanto contemplava as crianças alternando entre a oração e a brincadeira, e observava a alegria das famílias sentadas na sala de estar, no ambiente natural de quem reza a vida, confirmei interiormente que as Aldeias de Caná não podem ser senão obra de Deus. Só mesmo Deus é capaz de tamanha simplicidade! Só mesmo Deus é capaz de pegar num punhado de famílias e congregar pais, filhos e amigos numa mesma oração, numa sala de estar! Se nas origens de uma Aldeia de Caná estivessem encontros pomposos e fórmulas complicadas, eu desconfiaria...
"O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem toma e semeia em sua terra. É a menor de todas as sementes. Mas, quando cresce, é a maior das hortaliças e torna-se uma árvore, de modo que em seus ramos os passarinhos vêm fazer ninhos." (Mt 13, 31-32)
É a simplicidade destes nossos encontros que me faz acreditar que um dia, as Famílias de Caná oferecerão os seus ramos para abrigar famílias no mundo inteiro...
Na sexta-feira dia dez de abril, fui falar aos pais do Centro Comunitário da Paróquia de S. Pedro de Aradas, em Aveiro. Aos três anos, o Francisco frequentou aquele infantário, antes de optarmos pelo Colégio Nossa Senhora da Assunção, e eu nunca esquecerei o carinho e a dedicação com que foi acolhido ali. Assim, era grande a minha vontade de rever o espaço e as pessoas que, na altura, tanto me marcaram.
Antes de sair de casa, perguntei ao Francisco e à Clarinha se algum deles me queria acompanhar. Ambos se ofereceram. Fiquei feliz! Na viagem de meia hora, como costume, rezámos o terço. Depois conversámos.
- Gosto tanto de te ouvir falar - disse a Clarinha. - Mesmo que já saiba o que vais dizer.
- Não te parece longo demais? - Perguntei. Afinal, os meus ensinamentos costumam demorar três quartos de hora.
- Não. Como dás muitos exemplos e fazes rir no meio, o tempo passa depressa!
A Clarinha confirmou aquilo que eu penso há muito tempo. Os adolescentes e os jovens têm uma capacidade muito superior àquela que nós lhes atribuímos para escutar, em silêncio, ensinamentos sobre a fé. Não precisamos de reduzir os dias de encontros e retiros juvenis a uma sequência de atividades lúdicas, como infelizmente tanto acontece.
- Francisco, parece-me que já estás suficientemente crescido para dares o teu testemunho - Sugeri. - Vais ser um jovem crismado dentro de quinze dias! Achas que, depois de eu falar, podias testemunhar um bocadinho?
O Francisco ficou calado. Não insisti. Alguns minutos depois, respondeu-me:
- Sim, posso dar o meu testemunho. Posso dizer, por exemplo, como a Palavra de Deus está sempre presente na minha mente, ao longo do dia, ajudando-me a relacionar os acontecimentos da vida com o que Jesus nos ensina. Também posso dizer como a oração surge espontaneamente na minha mente. Outro dia estava em cima do cavalo, a meio de um salto, e a perfeição daquele momento fez-me dizer simplesmente: "Obrigado, Jesus!"
- Fantástico, Frankie! É mesmo isso! Um testemunho lindo. Fica então combinado: depois de eu falar, antes de abrir o debate, tu dás o teu testemunho.
E assim foi. O salão do centro paroquial estava cheio de mães e alguns pais sedentos de Deus. A sua adesão simples às minhas palavras e a forma como se questionaram depois de nos escutar fizeram-me perceber o quão importante é esta procura do irmão nas periferias da Igreja. Poucos ali frequentavam os sacramentos com regularidade, mas todos estavam cheios de sede, e ainda não se tinham dado conta. Pareceu-me escutar a voz de Jesus, de braços estendidos:
"Quem tem sede, venha a Mim e beba. E do seu seio jorrarão rios de água viva."
(Jo 7, 37-38)
Quando acabei de falar, convidei, como combinado, o Francisco para dar o seu testemunho. Falou de ilusionismo, falou da oração sobre o cavalo, falou da oração de súplica que o Senhor sempre atende. No final, as pessoas romperam em aplausos. E eu senti-me orgulhosa do meu jovem crismando, capaz de testemunhar Jesus Ressuscitado como os Apóstolos no dia de Pentecostes. Depois, o Francisco cumprimentou as suas antigas educadoras, num momento muito bonito.
Antes de sairem, muitos compraram um ou dois volumes do meu livro Os Mistérios da Fé (também disponíveis online), como introdução à Bíblia, que alguns não possuem, e introdução à meditação católica, que muitos se decidiram ali mesmo começar a fazer.
Regressámos a casa muito felizes. O Senhor, que chama os pecadores e os transforma em pescadores de homens, nunca Se deixa vencer em generosidade, e recompensa-nos sempre a cem por um. O Francisco já está maduro na fé. No dia 26, terá completado a sua iniciação cristã com a receção do sacramento do crisma...
No sábado, o David participou pela primeira vez num convívio dos acólitos de Mogofores, no Santuário de Schonstatt, perto de Aveiro. Eu estava com algum receio de o deixar ir, porque o David é sem dúvida o acólito mais novo, e eu não queria que ele se sentisse só durante o dia. Mas a Lena, responsável pelos acólitos da nossa paróquia, assegurou-me de que o David não se iria sentir deslocado, e de que todos cuidariam dele. A Vera e a São, as duas educadoras que nos ajudam nos retiros Famílias de Caná (a propósito... Já se inscreveram no Retiro de Viana?) e que são também acólitas, vieram cá a casa de propósito "implorar" para eu deixar o David ir, que "as cotas" tomavam conta dele... A Vera até prometeu fazer um bolo especial caso o David fosse: um bolo que, a cada fatia que se corta, transborda de pintarolas! Bem, perante tanta amizade e tanto entusiasmo, não tive outro remédio senão deixar ir o meu rapazinho.
E que bem que eu fiz! O David chegou a casa felicíssimo, cheio de histórias para contar e de vontade de participar em novo encontro. A Vera, a São e a Lena falaram-me da alegria do David ao longo de todo o dia e, sobretudo, do seu imenso interesse em aprender. O David escutou, observou, fez jogos, comeu o bolo das pintarolas, brincou, rezou, adorou o Senhor na Eucaristia. Como o Menino Jesus no Templo, também o David surpreendeu com as suas imensas perguntas e algumas respostas, que foi buscar ao tesouro das histórias bíblicas que bem conhece. Por fim, participou na Missa Vespertina de Ramos.
Ontem, a Lena enviou-me as fotografias do encontro:
- Mamã, hoje já não preciso de rezar o terço, porque já rezei - Disse-me o David, enquanto jantava.
- Que bom, rezar o terço no Santuário de Nossa Senhora! E que mais rezaste tu?
- Estivemos a fazer adoração. Havia lá uns papelinhos onde podíamos escrever uma oração secreta, e depois deitar num vaso.
- E tu escreveste?
- Sim, escrevi.
- E que escreveste tu?
- Eu não te disse que é segredo?
- Ah, pois disseste. Mesmo para a mãe?
- Se calhar posso contar à mãe. Eu pedi a Jesus que me fizesse santo, e outras coisas assim. Também fomos à missa.
- Ena! Não te cansaste, numa missa tão longa?
- Não foi longa! Foi até curta. Eu gostei muito. Ouvimos a história da morte de Jesus, e tu sabes como eu gosto dessa história. Amanhã, na nossa missa dos ramos, vou levar a caldeirinha da água abençoada.
- E que mais aprendeste tu?
- Aprendi a história do padre de Schonstatt. Sabias que ele esteve num campo de concentração?
- Sabia.
- Oh! Tu sabes tudo!
- Ah, mas já não me lembro bem! Contas-me?
- Conto. Ele esteve preso e sofreu muito, mas depois ele rezou muito a Nossa Senhora e fez-se santo.
Já na caminha, o David tinha outra coisa para me dizer:
- Olha, a Irmã que nos contou a sua história disse que o pai dela não queria que ela fosse Irmã. Mas ela foi! Então eu perguntei: "Quando Deus pede uma coisa e os pais pedem outra, a quem devemos obedecer?" E a Irmã respondeu-me. Ela disse que temos de obedecer a Deus primeiro, porque só quando obedecemos a Deus é que somos felizes.
- A Irmã tem toda a razão, David! Mas eu espero nunca te pedir nada que vá contra a vontade de Deus. Agora dorme!
- Posso ir a outro encontro de acólitos?
- Podes, claro! Boa noite, querido filho!
O David já descobriu o primado de Deus. A sua descoberta lembrou-me a resposta de Jesus a Maria e a José, quando era pouco mais velho do que o meu filho:
"Não sabíeis que Eu devia estar em casa de meu Pai?" (Lc 2, 49)
Nessa noite, já deitada, a minha oração, transbordante de gratidão pelo dom do meu filho, foi assim: Senhor, que os pais e as mães cristãos nunca afastem os seus filhos da Casa do Pai. Ámen!
PS - A Lena, responsável pelo grupo de acólitos de Mogofores, é mãe de uma bela Família de Caná. E sabem que mais? Há poucos dias decidiu começar a partilhar as suas vivências num blogue, que a todos convido a visitar: As surpresas de Deus. Haja muitas Famílias de Caná a inundar de Deus a internet! Para quando, um blogue brasileiro das Famílias de Caná? ...
Escrito pelo Francisco:
Na sexta-feira foi proporcionado aos jovens de Anadia um encontro extremamente interessante e atual sobre o namoro, intitulado: "Ó namoro, por onde andas?". Na véspera do dia de S. Valentim, nada mais original do que ouvir Inês Pereirinha a falar, conversar connosco, ensinar-nos imensas coisas importantes sobre o namoro.
Começámos logo, todos reunidos num ambiente agradável, a tentar perceber melhor a amizade, em todos os aspetos do ser humano, o que significa a amizade e o que é necessário para haver uma boa amizade. “A amizade é querer o bem para a outra pessoa. Não apenas que essa pessoa seja feliz, mas que essa pessoa se torne a melhor pessoa possível”. Só depois de discutirmos isto, pudemos passar ao namoro, visto que o namoro começa sempre com a criação de laços de amizade muito fortes.
Explorámos um pouco as diferentes vertentes do ser humano, do corpo ao “Eu interior” e vimos como o namoro deve ser vivido segundo todas essas vertentes e não apenas com o corpo, como, infelizmente, as novelas e os media nos fazem crer. O namoro passa pelo corpo, mas mais importante que isso, passa pelos sentimentos, uma decisão, uma atitude, um compromisso.
Neste encontro aprendemos como viver um namoro feliz. Um namoro em que cada um respeita a si próprio e ao outro, um namoro em que é possível o autocontrolo, para que tudo corra bem.
“A castidade está na moda” foi uma frase que chamou a atenção de muita gente. Será verdade? Sim, é verdade, explicou-nos Inês. Mas não parece, pois nunca se ouve falar de castidade nos media, só se ouve o que é mau, nunca o que é bom. Mas a verdade é que há cada vez mais pessoas a perceberem que devem respeitar o seu próprio corpo, a perceberem que fazer sexo no namoro não é uma prova de que ele/ ela me ama, que isso é apenas uma prova de que ele /ela gosta do meu corpo. Sim, a castidade está na moda! Ora vejam:
Entretanto, na caixa de comentários do post que a minha mãe escreveu sobre o namoro, o João Miranda Santos fez uma sugestão, que aqui divulgamos:
"Nos dias 11 e 12 de Abril de 2015 realiza-se na no seminário de Almada um retiro para namorados sobre o tema "Da Castidade à Liberdade para o Dom". O pregador será o pe. Nuno Amador. O retiro começa no Sábado dia 11 pelas 10h30 e termina no Domingo dia 12 pelas 15h30. O preço do retiro são 50€ por pessoa. http://www.familia.patriarcado-lisboa.pt/eventos/calendario/icalrepeat.detail/2015/04/11/167/-/retiro-para-namorados"
Como eu, também os outros jovens adoraram o encontro que tivemos. Nós, jovens, precisamos de momentos assim para crescer!
Ontem à noite, o Francisco teve um encontro de jovens aqui em Anadia. A atividade estava programada para jovens dos quinze aos dezoito anos, e o tema era o namoro. Sobre o que falaram e trataram, ele mesmo escreverá, se o entender. Segundo ouvi dizer, foi um sucesso! Eu quero falar de outra coisa - e não me levem a mal...
Como animador de um grupo de jovens, o Niall esteve nas reuniões de preparação para este encontro. Foi também ele quem sugeriu e convidou a oradora, da Associação Família e Sociedade. Mas as divergências chegaram com a definição da faixa etária do encontro. O Niall e a oradora propunham idades entre os quinze e os dezoito; alguns dos restantes elementos do grupo arciprestal queriam alargar o encontro, propondo idades entre os doze ou treze e os trinta. Por fim, no espírito de amizade e procura que caracteriza este grupo, todos chegaram a um acordo, e ficou assente que o encontro seria para jovens entre os quinze e os dezoito.
O que é um jovem? As crianças hoje em dia deixam de ser crianças muito cedo. Eu lembro-me de saltar à corda e jogar ao elástico no sétimo ano... Os pais falam dos seus filhos de nove anos como "pré-adolescentes" (o que é isso?), e os modernos concertos musicais estão atolhados de crianças vestidas de adultos.
No verão passado, enquanto vigiava um exame de décimo segundo ano, depois de rezar dois terços e de continuar sem nada para fazer além de olhar para os alunos (que é o meu trabalho como vigilante, mas que é mesmo muito aborrecido), decidi olhar para os seus pés. Onde estão as sapatilhas desbotadas da minha juventude? As unhas arranjadas com precisão e os saltos altos fizeram-me por momentos pensar que estava numa festa de adultos... A Clarinha tem várias colegas que se maquilham diariamente, na casa-de-banho do colégio. E ainda não fizeram catorze anos!
Os meus filhos sempre tiveram alguma dificuldade em se integrar nestas modernas definições de infância e juventude. A falta da televisão e do telemóvel e as longas horas passadas em Náturia causam um natural prolongamento do tempo de infância. Recordo os comentários de alguns professores do Francisco, durante o segundo ciclo, que me faziam sorrir de satisfação: "O Francisco é um aluno de excelência, com um comportamento exemplar, mas é um pouco infantil, quer dizer, não na forma de pensar, mas porque precisa muito de brincar..." E lembro-me das queixas do Francisco ao chegar a casa, depois da escola: "Os rapazes da minha turma são uns chatos! Não querem jogar aos polícias e ladrões nem correr. Toca para o intervalo, e eles ficam sentados, a conversar e a jogar com as consolas..." Mais tarde, o colégio lembrou-se de proibir as consolas e os telemóveis durante o intervalo da manhã e de tarde, e o Francisco recuperou algum tempo de brincadeira com os amigos.
Ao mesmo tempo que se apressam as crianças a deixar a infância, prolonga-se indefinidamente a juventude. Trinta anos, jovens? Noitadas, farras, carnavais, vida sem grandes responsabilidades, e sem qualquer pressa em casar, em ter filhos ou em assumir algum outro compromisso? Eu sei que me vão falar no desemprego e na crise, nos estudos prolongados e na dificuldade em arranjar casa, mas nada justifica a completa infantilização de muitos jovens adultos de hoje.
Naturalmente que nem todos são assim, graças ao Senhor (eu pertenço à famosa "geração rasca", e por isso tenho raiva a generalizações!). Eu conheço vários jovens adultos, alguns leitores deste blogue, com histórias belíssimas de audácia e responsabilidade; e bastam uns quantos com garra para mudar o mundo...
Quando ouço comentários de colegas, na brincadeira, com saudades dos tempos de juventude, sinto sempre um arrepio. Eu detestaria ter de passar de novo pelas crises da adolescência, as paixões não correspondidas, as dúvidas de namoro, os conflitos com os amigos, as horas de estudo e o stress dos exames. Deus me livre! É tão bom ser adulta! Eterna juventude? Haja paciência! Tive uma juventude recheada de felicidade, mas uma vez bastou... Gosto de dizer que tenho 42 anos e sinto muito orgulho nos meus cabelos brancos, que são bastantes!
Viver o presente, em plenitude, com alegria, com realismo. Agradecer a Deus o dom do dia de hoje. Estar plenamente aqui, onde estou, seja criança, adolescente, jovem, adulto, idoso. Como diz o grande Livro do Eclesiastes:
"Há um tempo para cada coisa debaixo do céu.
Tempo de nascer e tempo de morrer
Tempo de plantar e tempo de colher
Tempo de matar e tempo de curar
Tempo de destruir e tempo de construir
Tempo de chorar e tempo de rir..." (Ecl 3, 1-8)
Há alguns tempos atrás, uma leitora deste blogue contactou-nos no sentido de poder proporcionar um encontro entre a nossa família e um grupo de jovens minhotos em caminhada vocacional. Aceitámos o desafio e, no domingo, descobrimos o Monte Horeb.
A experiência Monte Horeb foi introduzida em Portugal pelos Irmãos de La Salle, em Barcelos. Durante um ano, os jovens adultos participantes são acompanhados de forma muito especial na descoberta da sua vocação. Para além de encontros mensais, fazem experiências de retiro e contactam com pessoas de diversas vocações, para melhor as conhecerem. Este ano, são sete os jovens em caminhada, e através da Paula, professora no Colégio de La Salle, tivémos o prazer de os conhecer.
Que grupo tão bonito! A sua alegria, simplicidade e verdade foram verdadeiramente contagiantes. Juntos, participámos na eucaristia paroquial, às 10h. A minha experiência de retiros tem-me ensinado que as pessoas mais pontuais são os que vêm de mais longe, e este domingo não foi excepção. Os nossos novos amigos minhotos chegaram à Eucaristia a tempo do ensaio de cânticos!
Depois, encontrámo-nos no parque das merendas para um alegre convívio, onde demos testemunho da nossa vocação familiar e partilhámos o ideal das Famílias de Caná. O Francisco e a Clarinha também deram o seu testemunho de adolescentes cristãos, expressando a sua alegria e a sua fé. Para mim, mãe, foi bonito escutá-los a responder com tanta simplicidade às perguntas dos jovens!
Naturalmente que não faltou uma curta sessão de ilusionismo, que nos fez a todos rir até às lágrimas. No retiro, está desde já prometida uma sessão mais longa!
Por fim, terminámos o nosso encontro rezando juntos no Santuário. Cantámos, dançámos, louvámos o Senhor em voz alta, meditámos o terço. E Deus, que faz maravilhas quando Lhe abrimos o coração e lhe oferecemos o nosso tempo, recompensou-nos generosamente com a sua alegria e a sua paz!
Quando nos propusémos a escrever este blogue, deixámos registada a nossa vontade de partilhar com outros cristãos a alegria da fé e do amor de Jesus. E na verdade, tem sido muito bonito ver como Deus actua através deste nosso blogue para aproximar os seus filhos uns dos outros em oração sincera. Só Ele tem poder para agir assim nos corações!
Que este dia de oração e partilha dê frutos abundantes nestes jovens e seja também, para muitos outros jovens que nos lêem, um desafio à escuta sincera da voz do Senhor. Aliás, como Elias no monte Horeb, para onde o Senhor o desafiara a caminhar:
"Tendo chegado ao Horeb, Elias passou a noite numa caverna. (...) O Senhor disse-lhe então: «Sai e mantem-te neste monte; eis que o Senhor vai passar!» Nesse momento, passou por ali um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, tremeu a terra. Passou o tremor de terra e ateou-se um fogo; mas nem no fogo se encontrava o Senhor. Depois ouviu-se o murmúrio de uma brisa suave. Ao ouvi-lo, Elias cobriu o rosto com um manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna." (1Rs 19, 9-13)
Que as palavras trocadas e os laços nascidos através deste blogue possam ser como o murmúrio de uma brisa suave, ecoando a voz do Senhor...