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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
No ensinamento deste mês para as Famílias de Caná fiz uma proposta: introduzirmos no nosso dia uma hora mágica! Uma hora capaz de contagiar as outras vinte e três horas de alegria e de paz. É uma hora feita de mínimos, isto é, quando for possível - especialmente em férias e fins-de-semana - pode e deve ser "esticada"! Ora vejam lá:
- vinte minutos de oração familiar, com terço e história bíblica;
- vinte minutos de tempo de família, à hora da refeição familiar do dia (provavelmente o jantar), sem televisão e afins;
- dez minutos de tempo de casal, depois das crianças estarem a dormir ou durante o dia, quando estão na escola;
- dez minutos de tempo para mim - no meu caso, não adormeço sem ler um capítulo de um livro...
Como Maria, irmã de Marta e de Lázaro, precisamos de aprender a escolher a melhor parte. Não deixemos que a correria do dia-a-dia nos roube a liberdade de escolha, pois mesmo que estejamos convencidos de que não a temos, ela está sempre presente. No tempo de Jesus, a sociedade patriarcal não reconhecia a Maria essa liberdade de escolha, mas Jesus assegurou-nos de que Maria e Marta eram livres:
"Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas, e uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada." (Lc 10, 41-42)
Somos muito mais livres do que pensamos, mas precisamos de aprender a fazer escolhas! Depois contem-me como foi...
Como propus neste ensinamento Atravessando o deserto 1_3_14.pdf às Famílias de Caná, este ano decidimos contar, em família, as histórias do Livro do Êxodo durante a quaresma. Para que os mais pequenos possam acompanhar as histórias e guardar uma recordação da sua caminhada quaresmal, procurei na Net desenhos para colorir com o tema "Moisés" e imprimi os que ilustravam as histórias que seleccionei: a Travessia do Mar Vermelho, o Dom do Maná, a Água da Rocha, a Revelação de Deus no Sinai. Fiz um pequeno caderno com os desenhos para cada um dos mais novos e juntei-lhe algumas folhas em branco para eles poderem ir também desenhando as histórias enquanto as conto. Depois coloquei os cadernos no Canto de Oração, prontos para serem utilizados.
Ontem, quarta-feira de cinzas, contei a primeira história. Eles adoraram a narração do Tsunami que abriu o Mar Vermelho em dois e deixou passar o povo da escravidão para a liberdade. Depois deixei-os entretidos a colorir os desenhos enquanto preparei o jantar. E fui escutando a conversa...
- Viste como o Faraó se riu de Deus? Ena pá, ele pensava que Deus não existia!
- E os bons atravessaram o mar montados nos seus burros! Deve ser mesmo giro!
- Até levaram as ovelhas! Desenhaste as ovelhas? Não te esqueças!
- Os maus não os conseguiram apanhar, porque o mar se voltou a fechar. Que sorte!
- Depois fizeram uma festa. Gosto tanto de festas!
A meditação cristã não precisa de muita coisa... A meditação cristã só precisa da Palavra de Deus, conversada e trabalhada desde a infância. O resto é obra do Espirito Santo!
Colorindo e desenhando, conversando e fazendo silêncio, o David, a Lúcia e o António fizeram a sua meditação quaresmal...
Ontem, por causa da tempestade, o serão foi à luz de uma pequena vela, já bastante gasta, que todos os dias acendemos no Canto de Oração; e, claro, à luz das várias lanternas do António que, como se devem lembrar, é viciado em lanternas, tendo várias meio avariadas espalhadas um pouco por toda a casa.
No Evangelho deste domingo, escutámos:
"Vós sois a luz do mundo; não se acende uma lâmpada para colocar debaixo da mesa, mas para se pôr no candelabro, a fim de iluminar todos os da casa." (Mt 5, 14-16)
E alguns domingos atrás, Isaías dizia:
"Os homens que andavam nas trevas viram uma grande luz; para os que viviam na escuridão da noite, uma luz apareceu." (Is 9, 2)
Estamos de tal forma habituados à luz eléctrica, que temos dificuldade em descobrir o enorme alcance destas palavras. Naquele tempo, como ontem à noite, a luz não era um dado adquirido, uma banalidade, que acendemos quando assim desejamos. Quem queria ver, tinha de se acercar da única fonte de luz da casa e aí permanecer. A toda a volta, a escuridão era poderosa e ameaçadora, pronta a devorar quem se afastasse um pouco da pequena chama brilhante e quente. A luz era verdadeiramente um dom, e como tal era acolhida.
Ontem, enquanto trabalhava na escuridão, tacteando o meu caminho por entre as camas das crianças para o último aconchego, tacteando o meu caminho na cozinha para as últimas preparações do dia seguinte e, finalmente, tacteando o meu caminho até ao meu quarto para dormir, ontem apercebi-me da profundidade das palavras de Jesus.
Neste minúsculo planeta perdido entre galáxias imensas, um dia Deus veio habitar. E de repente, a escuridão do universo ficou atravessada de luz. Jesus é a única luz a brilhar nas trevas da humanidade. Se nos mantivermos junto d'Ele, seremos aquecidos e iluminados pelo seu amor absolutamente avassalador e a escuridão deixará de nos magoar. Mas se nos afastarmos um pouco, seremos engolidos pela noite universal. Um passo em falso, e cairemos no abismo.
Escutando a tempestade a rugir lá fora, sentei-me por instantes diante do Canto de Oração e saboreei como nunca antes estas palavras de Jesus:
"Eu sou a luz do mundo..." (Jo 8, 12)
Pude ouvi-las a ressoar dentro de mim e imaginei o espanto e a alegria da multidão diante delas. A revolução que Jesus veio trazer foi, num plano diferente, equivalente à revolução provocada pela descoberta do fogo ou, milénios mais tarde, pela descoberta da electricidade. Como Simeão no Templo, naquele dia longínquo da Apresentação do Senhor, experimentei a alegria de finalmente caminhar à claridade do amor.
E antes de me deitar, ainda ouvi Jesus dizer:
"...Aquele que Me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida..." (Jo 8, 12)
Neste mês de fevereiro, propus às Famílias de Caná uma reflexão sobre o poder do sacramento do baptismo na nossa vida. Nele, recebemos definitivamente a Luz! Se o quiserdes ler, fica aqui: Família de baptizados_1_2_14.pdf
Os meninos brincavam no jardim, quando de repente os foguetes dispararam no céu. Aflita, a Sara desatou a chorar. Eu saí da cozinha a correr, mas parei à porta: o António, do alto dos seus três anos, segurava a mão da Sara e dizia-lhe baixinho:
- Não tenhas medo, eu estou aqui!
Regressei à cozinha e ao fogão, para acabar de preparar o jantar. A Sara já tinha acalmado.
S. João, o grande amigo de Jesus, escreveu uma carta maravilhosa aos primeiros cristãos, que a Igreja medita nesta última semana do Natal. Todos os dias lemos um pedacinho dela na nossa oração familiar, quando meditamos nas leituras da missa diária. Num destes dias, S. João escrevia assim:
"No amor não há temor, pois o amor expulsa o temor." (1Jo 4, 18)
Jesus repetia muitas vezes aos seus amigos:
"Não tenhas medo!" (Lc 12, 32)
E acrescentava:
"Sou Eu!" (Mc 6, 50)
"Eu estou aqui!" (Mt 8, 23-26)
"Crê somente!" (Lc 8, 50)
A fé é uma injecção de coragem e alegria nas nossas vidas. Se acreditamos que Jesus morreu para nos dar a eternidade, porque havemos de ter medo seja lá do que for? A Sara secou as lágrimas quando o António, de três aninhos apenas, lhe deu a mão. Vivendo de mãos dadas com Jesus, que é muito mais poderoso do que o António, nada temos a temer!
O ensinamento deste mês para as Famílias de Caná fica aqui disponível, pois tem exactamente o título Não tenhas medo_4_1_14.pdf
Há já alguns anos que a espiritualidade familiar da nossa casa ganhou contornos bem definidos: consagração diária a Nossa Senhora, oração diária do terço e das leituras da missa, confissão mensal, eucaristia dominical, e um esforço para concretizar o amor ao próximo. Os nossos filhos foram nascendo e crescendo neste ritmo, ajudando-nos a estabelecer rotinas e a fazer um percurso de fé que não seria possível sem eles. Fomos descobrindo então que o nosso encontro com Jesus não acontecia apenas a nível individual, nem sequer em casal, mas sobretudo em família.
A oração familiar acontece naturalmente na sala de estar, diante do Canto de Oração, e pode decorrer enquanto a mãe passa a ferro ou amamenta o bebé, algumas crianças brincam no tapete e o gato tenta agarrar os terços que baloiçam entre mãos pequeninas. A missa dominical é uma festa porque estamos todos juntos, mesmo que os mais novos brinquem com os seus bonecos nos degraus do altar. As histórias da Bíblia ganham vida quando as contamos aos filhos mais pequenos antes de os irmos deitar. Somos Igreja Doméstica, e embora façamos tudo de forma imperfeita, experimentamos uma felicidade intensa e a certeza de que Deus sorri perante os nossos esforços.
Quando o David nasceu, há sete anos atrás, três meses depois do Tomás morrer, colocámo-lo num cestinho e oferecemo-lo a Deus em acção de graças. Soubémos nesse momento que nada nas nossas vidas podia ficar longe do Cantinho de Oração:
Alguns meses atrás, ousámos propor a outras famílias esta espiritualidade familiar, com a orientação do nosso pároco, o padre José Fernandes, salesiano. E foi assim que nasceram as Famílias de Caná.
No dia 14 de setembro de 2013 fizémos o nosso primeiro retiro familiar. Éramos perto de dez famílias a fazer uma experiência de intimidade com Deus em silêncio, oração, alegria e partilha. Repetimos a experiência no dia 16 de novembro, com cinco famílias. A felicidade do encontro com o Senhor em ambos os retiros foi contagiante! Já somos muitos a procurar viver no dia a dia as "cinco pedrinhas" que nos vão ajudar a chegar ao céu.
Todos os primeiros sábados envio por mail às Famílias de Caná uma curta reflexão, o "ensinamento mensal". O ensinamento de dezembro está disponível nesta janela, Anuncio-vos uma grande notícia_7_12_13.pdf
No menu Famílias de Caná serão anunciados próximos encontros, para que todos os que desejarem possam vir e experimentar. Convidem famílias amigas, tragam um piquenique para partilhar, um terço, uma Bíblia, e um coração alegre e generoso. O resto é com Deus!