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Jogar às escondidas

por Teresa Power, em 30.07.14

- Mamã, vem brincar connosco! - Pediam os quatro mais novos. - Vem lá!

- Está bem. Vamos brincar às escondidas? Eu conto! - Gosto sempre de brincar às escondidas, porque enquanto "conto", vou continuando a tratar da roupa ou da cozinha, e eles, como se estão a esconder, não dão por nada...

- Já podes vir! - Gritaram lá de longe, entre risadinhas divertidas. Pousei o alguidar da roupa e percorri o jardim, fingindo não os ver por detrás do poço, por entre os caules dos girassóis ou do outro lado do carro. Quando, finalmente, os "encontrei", foi uma excitação!

Repetimos o jogo novamente. Como é comum nas crianças, o António escondeu-se exactamente no mesmo sítio em que o David se tinha escondido; mas antes fez-me uma recomendação:

- Não me encontres, está bem, mamã?

 

 

Enquanto os procurava no jardim - que não é assim tão grande, nem tem tantos esconderijos - pus-me a meditar na história da ovelha perdida. Disse Jesus aos seus discípulos:

 

"Quem de vós, se tiver cem ovelhas e perder uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai em busca da ovelha perdida até a encontrar? E quando a encontra, com alegria põe-na aos ombros, volta para casa e chama os amigos e os vizinhos, dizendo: «Alegrai-vos comigo, porque encontrei a ovelha perdida!» Eu vos digo que também no céu haverá mais alegria por um pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão." (Lc 15, 4-7)

 

Depois pensei... Quando pecamos gravemente e nos afastamos da Igreja, achamos, na nossa infantilidade de fé, que nem Deus nos vai conseguir encontrar! Às vezes, como o António, suplicamos-Lhe: "Não me encontres, por favor!" apenas para não termos de fazer aquilo que já sabemos que precisamos de fazer, para mudar de vida...

Não, por mais profundos que sejam os abismos onde nos fomos esconder do Senhor, Ele tem tanta dificuldade em nos encontrar como eu tive, no meu jardim, a encontrar a Lúcia, o David, o António e, principalmente, a Sara! Diz o salmista:

 

"Para onde irei, longe do teu sopro?

Para onde fugirei, longe da tua presença?

Se subir aos céus, aí estás;

se descer aos abismos, aí Te encontras também.

Se tomar as asas da aurora

e for morar nos confins do mar,

também aí a tua mão me conduz

e a tua direita me guia.

Se eu disser: «Ao menos as trevas me envolvam

e a noite seja um cinto ao meu redor.»

Mesmo as trevas não são bastante escuras para Ti,

e a noite é tão clara como o dia..." (Sl 139/138)

 

Deus está tão perto, tão perto de nós! Ele habita as nossas trevas e os nossos abismos, desde aquele dia trágico e santo em que morreu na nossa cruz. Sim, Ele vai encontrar-nos, oh se vai...

 

 

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publicado às 06:27



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