Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Meninos, depressa, mudem de roupa e lavem a cara. Vamos à missa!
- À missa? A esta hora? Hoje?
- Já se esqueceram?
- Ah, é verdade! A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima chegou a Anadia!
- Claro. Vá, já estamos atrasados. Corram!
A igreja matriz de Anadia estava cheia. Entrámos, apressados, e logo os nossos olhos repousaram na imagem da Mãe, rodeada de flores. As lágrimas chegaram-me aos olhos. É raro não me emocionar quando se trata de Maria. Como a pequena Jacinta, também eu "gosto tanto do Coração Imaculado de Maria!"
Que há no mistério de Fátima de tão tocante, entre tantos outros fenómenos sobrenaturais na História da Igreja?
Três crianças pequenas, pobres, humildes, que mal sabem ler; campos de flores e ovelhas; e uma Mãe. Sinais de autenticidade? As Palavras do Evangelho são muito claras:
"Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado." (Lc 10, 21)
Por experiência, sei que não vale a pena discutir o fenómeno de Fátima com quem nele não acredita. Ser católico é também saber fazer silêncio, respeitar e acolher quem pensa diferente, sem o mais pequeno sinal de despeito. Há, no mundo da graça, paradoxos que não se conseguem explicar, como a passagem do Evangelho elucida: pessoas com grande valor intelectual incapazes de vislumbrar a luz em determinadas situações; e pessoas sem estudos nem conhecimentos - a Alexandrina de Balazar, o índio de Guadalupe, a Irmã Faustina, a Lúcia, a Jacinta e o Francisco... - capazes de acolher o divino de forma extraordinária. Por que Se esconde Deus de uns e Se revela a outros? Cada vez compreendo melhor que tudo é graça, e que nem todos recebemos as mesmas graças, pois Deus é livre de distribuir a sua graça como mais Lhe apraz.
Nós não adoramos imagens, e a imagem peregrina não é diferente de nenhuma outra: ela aponta para a Mãe, como as fotografias nas nossas casas, expostas nas nossas cómodas e mesas, apontam para os nossos entes queridos. Na minha casa, as fotografias do Tomás - muitas, espalhadas por todos os quartos em abundância - ocupam lugar especial, e eu beijo-as ou sorrio-lhes muitas vezes. E nunca, até hoje, confundi a fotografia com o meu filho, que está no céu...
Receber a imagem peregrina em Anadia foi um pouco a experiência de ir a Fátima e de colocar no Coração da Mãe os nossos mais secretos anseios. Não é fácil rezar rodeada de filhos irrequietos, sobretudo quando nem todas as pessoas à nossa volta são capazes de acolher as crianças que circulam à vontade dentro de uma igreja. Mas a Mãe entendeu os suspiros do meu coração, mesmo quando não tive forma de os traduzir em palavras.
Na sua bela homilia, o nosso bispo relembrou-nos as primeiras palavras de Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos: "Quereis oferecer-vos a Deus?" E recordou a sua resposta imediata: "Sim, queremos."
Maria, em Fátima, fez e continua a fazer o mesmo que durante toda a sua vida terrena: apontar para Deus, conduzir a Deus, facilitar Deus na nossa vida, trazer Deus para dentro das nossas histórias, das nossas dores, das nossas famílias:
"Fazei tudo o que Jesus vos disser." (Jo 2, 5)
A missa terminou. A imagem saiu da igreja ao som de uma salva de palmas, seguida do terno cântico Avé de Fátima. Ah, que pena ter-me esquecido do lenço branco, o lenço do adeus! Mas Maria não parte. Ela está sempre na minha vida e na minha casa...
O Domingo da Misericórdia é sempre um dia muito especial para nós. S. João Paulo II instituiu esta festa, dando cumprimento ao pedido de Jesus a Santa Faustina, sua conterrânea. De acordo com o Diário de Santa Faustina - um dos meus livros de cabeceira, que gosto de meditar com muita frequência antes de adormecer - Jesus exprimiu-Se assim:
"Desejo que esta festa seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pobres pecadores. Nesse dia estão abertas as entranhas da minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre aquelas almas que se aproximarem da fonte da minha misericórdia. A alma que for à confissão e receber a Sagrada Comunhão obterá remissão total das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais se derramam as graças. Que nenhuma alma receie vir a Mim, ainda que os seus pecados sejam tão vivos como escarlate... A minha misericórdia é tão grande que nenhuma mente - nem humana, nem angélica - alcançará a sua profundidade." (D699)
O céu estava muito cinzento e a chuva ia caindo de mansinho, o vento era cortante e o frio apertava.
- Está um ótimo dia para irmos a Fátima, como fizemos no ano passado! Que dizem? - Perguntei, de manhã.
- Fazer a Via Sacra pelo Caminho dos Pastorinhos? Vai chover de certeza!
- Não, não vai. Vamos arriscar?
- Eu quero ir!
- Eu também!
- Eu digo que vai chover...
- Eu não me importo que chova! Nós sempre gostámos de brincar à chuva!
- Vamos?
- Agora?
- Depois da missa das dez, claro. Temos o compromisso de tocar e cantar na missa. Vamos de seguida! Toca a preparar o piquenique.
E assim foi. Quanta alegria, nesta viagem inesperada!
Fátima estava, realmente, fria, molhada e ventosa. Mas continuava branca, pura e linda. Aquele santuário imenso e silencioso fazia-nos esquecer o desconforto, mesmo aos mais novos.
Almoçámos no passeio no início do Caminho dos Pastorinhos, porque é um espaço amplo onde os rapazes gostam de andar de skate. Depois fizemos a nossa Via Sacra, servindo-nos das meditações retiradas do Diário de Santa Faustina e intercalando cada estação com um mistério do Terço da Divina Misericórdia.
- Isto que nos está a molhar levemente a cara são raios de sol, mãe? Ou talvez seja uma chuva de graças? - Brincava o Francisco, que poucos dias antes tinha feito quase cem quilómetros de bicicleta numa manhã e estava com pouca vontade de caminhar.
- Não sei do que falas. Eu não sinto nada! - Ia eu respondendo. E pouco ou muito cansados, todos nos ajoelhávamos nas estações sobre a pedra fria e húmida.
- Quero colo! - Pedia a Sara, já perto do Calvário Húngaro. Os mais velhos foram-lhe oferecendo as costas, à vez... E até o David levou a mana às cavalitas. Que crescido ele está!
Chegámos ao Calvário Húngaro e entrámos para rezar pelas intenções do Santo Padre.
- Que tal se cantássemos "Misericordes sicut Pater" a vozes? - Sugeri. Assim fizémos, e a acústica da capela devolveu-nos o cântico mil vezes mais belo. Acho que foi o entusiasmo com que cantámos e a harmonia das várias vozes que fez o funcionário de serviço aparecer ao nosso lado:
- Que lindo! Que lindo! Que lindo! - Repetia ele, com os olhos a brilhar. - Podem cantar mais?
Mas não podíamos, porque começava a chover com mais força e ainda era preciso regressar...
Regressar ao santuário para a nossa confissão. Descemos as "escadas da humildade", como gostamos de dizer, e fomos à Capela da Reconciliação, que estava a transbordar de gente.
Dei graças a Deus no meu íntimo: as comportas da misericórdia divina estavam realmente abertas! Mas como podíamos, o Niall e eu, confessar-nos se tínhamos de esperar pelo menos duas horas ali? Olhando mais atentamente, percebi que numa das alas da capela havia confissões para estrangeiros... E o confessionário para falantes ingleses estava livre! Ser casada com um irlandês tem as suas vantagens. Sim, o Niall e eu confessámo-nos rapidamente, e em inglês.
A chuva que caía fez-me recordar o post da Olívia sobre a sua peregrinação a Fátima e sobre umas tais mesas de piquenique cobertas, por detrás da basílica antiga. Foi aí que lanchámos. Que lugar magnífico! Como não o tínhamos descoberto antes? De futuro, quando fizermos em Fátima encontros e retiros das Famílias de Caná, já sabemos onde faremos o nosso piquenique.
Terminámos o dia passando, em família, pela Porta Santa. Na minha mente e no meu coração, ressoavam as Palavras de Jesus a Tomé, segundo o Evangelho do dia:
"Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e mete-a no meu peito." (Jo 20, 27)
Pareceu-me que nesta singela peregrinação à Porta Santa de Fátima, em dia da Divina Misericórdia, tocámos, como Tomé, nas chagas de Jesus e entrámos na Porta Santa do seu Sagrado Coração...
"Ó sangue e água que brotastes do coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!" (D187)
No sábado tivemos o nosso Retiro de Natal, em Fátima. Que dia tão cheio de bênçãos! Ainda estamos em clima de retiro nos nossos corações, depois de uma experiência tão forte da misericórdia do Senhor.
E forte porque começou logo de madrugada, com a perceção da sua imensa bondade, nos raios do sol nascente que atravessavam as nuvens ao longo da nossa viagem. Depois de tantos dias de chuva intensa, o sol brilhou para nós! Das trevas nasceu a Luz...
Apesar de muitas baixas de famílias inteiras neste retiro, sobretudo por causa dos vírus da época, estávamos cerca de quinze famílias no Centro Pastoral Paulo VI. Algumas destas famílias fizeram um esforço muito grande para ali estar, pois vinham com bebés muito pequeninos! A mais pequenina era, claro, a Lúcia, da querida Família Batista. E que bem que ela se portou o dia inteiro!
É sempre uma grande alegria ver chegar as famílias aos nossos encontros. Que saudades uns dos outros, durante os períodos mais ou menos longos em que apenas comunicamos por mail - ou por oração!
Com a pontualidade característica das Famílias de Caná, começámos o nosso retiro com oração cantada e dançada, cheios de alegria no Senhor. Rezámos o Shemá, consagrámo-nos a Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná, e por fim, o David ajudou-me a orientar um mistério do Rosário.
Depois, enquanto as crianças saíam com o Niall e a Clarinha para brincar e falar de Jesus numa outra sala, eu fiz a meditação sobre a Misericórdia e o Natal, na sala S. João Paulo II. Os sorrisos abertos fizeram-me sentir que o Senhor estava connosco, também através desta meditação. A Palavra que Ele nos ofereceu ao longo de três quartos de hora foi verdadeiramente desafiante e cheia de esperança:
“Alarga o espaço da tua tenda sem olhar a despesas, estende sem medo as cortinas das tuas moradas, alonga as cordas, reforça as estacas, porque vais expandir-te para a direita e para a esquerda: a tua descendência conquistará as nações e povoará as cidades abandonadas.” (Is 54, 1-3)
Seguiu-se a missa na Basílica da Santíssima Trindade, onde o nosso encontro foi referido, no início, como tratando-se do Encontro Nacional das Famílias de Caná. Na verdade, podemos ser poucas famílias, mas já somos de âmbito nacional... E se continuarmos a alargar o espaço da nossa "tenda", a "reforçar as estacas", a "estender as lonas", em breve conquistaremos o mundo para Deus.
Que alegria, passar pela Porta Santa!
O almoço foi partilhado em grande festa, e durante o tempo livre do início da tarde, muitos tiveram ocasião de se confessar. Depois demos início à Via Stellae, a nossa meditação natalícia, pelo Caminho dos Pastorinhos. O céu ameaçava chuva, pelo que fizemos o caminho com passo rápido e sem demoras. Mas o Senhor segurou as nuvens com a sua mão poderosa, não permitindo senão algumas gotas de chuva de vez em quando!
Como a Cláudia tinha esquecido o carrinho da Alice em casa, decidimos que a Sara faria o caminho a pé e cederia o seu carrinho à amiga, bem mais pequenina. Para nossa grande surpresa, a Sara percorreu o caminho inteiro a pé, como gente grande. Um grande "viva" à Sara!
As crianças fizeram a sua caminhada quase por inteiro no meio das flores, que brotavam abundantes nas ervas dos campos em redor. Felizes, colhiam flores que iam oferecendo aos pais e uns aos outros.
Em cada estação, ajoelhámos, guardámos uns momentos de silêncio e meditámos no texto que vos tinha proposto. Depois, sempre em clima de oração e silêncio, continuávamos o nosso caminho até à estação seguinte.
Ouvido de passagem:
- Coitado de Jesus aqui nesta estação! Vou dar-lhe as minhas flores!
E a Lúcia depositou o seu ramo aos pés de Jesus, caído sob o peso da cruz.
- Os pastorinhos faziam este caminho todos os dias?
- Sim, todos os dias! Sem estrada marcada, claro, sempre pelos montes...
- E sem sapatos também...
- Ah...
Alguns bebés foram carregados ao colo, outros às costas, e outra ainda, muito pequenina, teve de voltar atrás porque precisava de mamar e a chuva miudinha dificultava a operação ali, em plena Via Sacra. Mas que sentido teria uma Via Sacra - uma Via da Estrela - sem algum sofrimento? Amor rima sempre, sempre com dor. No Natal também.
Finalmente chegámos ao Calvário Húngaro, onde terminámos a nossa caminhada. A chuva cá fora empurrou-nos para dentro da capela, e como não estava lá mais ninguém, pudémos cantar e rezar em voz alta, agradecendo ao Senhor, ali presente entre nós no Santíssimo Sacramento, o dom deste dia.
A Via Stellae terminou. Chegou o tempo de brincar! De um momento para o outro, a chuva parou, o sol brilhou, e as crianças puderam correr de novo, felizes, brincando na Loca do Anjo e junto das casas dos pastorinhos, que visitámos por fim.
Quantas lições de humildade e simplicidade, nestas casas pequeninas e pobres!
Tal como no ano passado, também neste retiro terminámos o nosso encontro junto ao poço da casa da Lúcia. Algumas famílias já tinham ido embora, mas ainda tínhamos crianças suficientes para cobrir o poço de canções...
A Sara recuperou o seu carrinho de passeio para um muito merecido descanso e uma bolacha:
"Alarga o espaço da tua tenda", foi-nos dizendo o Senhor ao longo de todo o dia. E nós alargámos... E o milagre da alegria, da paz, da esperança aconteceu!
Ámen.
É com imensa alegria que convidamos todos os leitores deste blogue e todas as Famílias de Caná a virem fazer connosco o Retiro de Natal, no próximo dia 2 de janeiro, sábado, em Fátima! Aqui fica o programa: Programa Retiro Natal 2016
Para podermos decidir qual o tamanho da sala do Centro Paulo VI que reservaremos (gostaríamos que fosse o auditório principal...), pedíamo-vos uma breve inscrição online, aqui.
O almoço é livre, podendo quem quiser trazer merenda ou ir a um dos muitos restaurantes em Fátima. Nós levaremos a nossa merenda habitual. Durante a tarde percorreremos o Caminho dos Pastorinhos, meditando nos mistérios do Natal. Servir-nos-á de meditação o mesmo texto do ano passado, que deverão descarregar e levar convosco: Via Stellae
Como todos os nossos retiros, também este é aberto a todos, bebés, crianças, jovens, adultos. Venham, e aproveitem a ocasião para fazer uma obra de misericórdia espiritual - dar bom conselho - convidando uma família amiga a vir também!
Neste Ano Santo, neste grande Jubileu da Misericórdia, o Santo Padre convida-nos a todos a fazer uma peregrinação a uma das Portas Santas, abrindo o coração à grande indulgência de Deus, ao Grande Perdão. Na Bula de Proclamação do Jubileu, o Santo Padre diz assim: "A peregrinação é um sinal peculiar no Ano Santo, enquanto ícone do caminho que cada pessoa realiza na sua existência. Também para chegar à Porta Santa, cada pessoa deverá fazer, segundo as próprias forças, uma peregrinação. Esta será sinal de que a própria misericórdia é uma meta a alcançar que exige empenho e sacrifício. Ao atravessar a Porta Santa, deixar-nos-emos abraçar pela misericórdia de Deus e comprometer-nos-emos a ser misericordiosos com os outros como o Pai o é connosco."
Depois, na Carta sobre as Indulgências deste ano santo, o Santo Padre especifica: "Espero que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, a qual vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido. Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar estas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro."
Em Fátima, a Porta Santa foi aberta ontem, dia 8, ao mesmo tempo que o Santo Padre abria a Porta Santa na Basílica de S. Pedro. Assim, ao longo de todo este ano santo, a Porta de S. Tomé - o Apóstolo do Evangelho proclamado no Domingo da Misericórdia - na Basílica da Santíssima Trindade estará aberta para nos acolher nos braços do Pai, oferecendo-nos gratuitamente, por pura misericórdia, a grande indulgência.
Façamos então a nossa peregrinação a esta Porta Santa, entregando-nos ao abraço do Pai! Teremos tempo para confissões, para um ensinamento sobre a Misericórdia, para a Eucaristia, para a meditação na Via da Estrela, a "Via Sacra do Natal", e por fim, para grande e alegre brincadeira, visitando as casas dos pastorinhos e saltitando nos seus montes.
O ano jubilar é uma oportunidade na vida que não podemos desperdiçar! Diz-nos o Senhor, com palavras que ecoam desde os tempos antigos, na Lei de Moisés:
"No dia do grande Perdão, fareis ressoar o som da trombeta através de toda a vossa terra. Este será para vós um jubileu!" (Lv 25, 9-10)
Que o som da trombeta a todos nos reuna, preparando desde já a reunião definitiva, um dia, em casa do Pai. Ámen!
- Mãe, não tenho meias!
- Já viste no cesto da roupa lavada?
- Já, e na gaveta também.
- Vai buscar um par à gaveta do mano... SARA! Que estás a fazer?
Um frasco de pomada aberto sobre o tampo da sanita, a Sara besuntada de alto a baixo.
- Quero creme...
- Sara, estavas tão bem vestida para ir à escolinha! E agora? Clarinha, mudas-me a Sara por favor?
- Assina este papel, mamã, se faz favor!
- Que papel, David? A esta hora da manhã? Não podias ter-me dado isso ontem? Hã? Diz aqui que precisas de levar dois euros... Dois euros! Niall, tens aí alguma moeda? Ai, onde vou eu encontrar dois euros agora?
- Bem, com tanta confusão eu vou indo de bicicleta. Até logo!
- Até logo, Francisco! Meninos, despachem-se, estamos atrasados!
- Mãe, diz à Sara para me obedecer! Não consigo penteá-la!
- Mas, Clarinha, também não é preciso fazeres uma trança tão bem feita a esta hora. Despachem-se! António, que estás tu à procura?
- O meu carrinho! QUERO LEVAR O MEU CARRINHO PARA A ESCOLINHA!
- Levas amanhã. Anda, vem para o carro! Por favor não chores, António...
Entramos no carro a correr. Já passa das oito horas.
- Todos têm mochilas? Lanches? Casacos? Sapatos? Vejam se está alguém de pantufas... Não? Ótimo. Vamos então... Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ámen!
A caminho do colégio, é hora de rezar. Mas primeiro, é preciso acalmar um bocadinho, pedir desculpa pelo tom mais elevado ou por aquele puxão no braço para controlar uma birra.
- "... Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte!"
Agora. A-GO-RA. Agora, eis a única realidade que me é dado viver. O ontem já lá vai, confiado à misericórdia do Senhor; o amanhã pode nunca chegar. Agora é hora de ser santo, de ser santa. Agora é hora de trabalhar o meu carácter, dominar a irritação, sorrir, perdoar, pedir desculpa, dizer obrigado. Agora, mesmo com pressa, mesmo que não venha nada a propósito, mesmo que apeteça dizer - agora não, depois! - porque o agora não espera, e muitas vezes não vem a propósito, e geralmente não apetece... Agora, e não quando os filhos crescerem; agora, e não quando tiver tempo; agora, e não quando a minha rotina for mais fácil; agora... Respiro fundo, e o meu pensamento descansa na repetição desta palavra: "Agora... agora... agora..." Ao serão, durante a oração familiar, irei repeti-la cinquenta vezes. Por cinquenta vezes pedirei a Nossa Senhora que reze por mim ao seu filho Jesus, e que o faça AGORA.
Chegamos ao Colégio. Já estamos todos calmos e sorridentes, depois da correria da manhã. Abro as portas do carro, e à medida que saltam para o pátio, dou-lhes um beijo e desenho-lhes uma cruz na testa. Depois, sigo viagem até à minha escola. Como será o nosso dia? Difícil, fácil, luminoso, aborrecido...? Que importa, afinal? A-GO-RA. Um momento de cada vez. Se começar já a pensar na aula que vou ter às onze horas, talvez entre em modo de angústia; e se me lembrar que hoje o Niall não vem jantar e terei de me ver sem a sua ajuda, sinto-me imediatamente cansada. Mas agora estou simplesmente a conduzir no meio do trânsito...
"Não vos preocupeis com o dia de amanhã. Amanhã terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu cuidado!" (Mt 6, 34)
Basta a cada agora o seu cuidado... De agora em agora, chegará um dia o momento da minha morte. Então, de mãos dadas com Maria, estarei pronta para a festa da eternidade.
Obrigada, Senhora mais brilhante do que o Sol, por em Fátima nos teres pedido que rezássemos o terço todos os dias. Que seria eu sem esta oração? Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen!
Quando vou a Fátima, nunca deixo passar a oportunidade para me confessar. Não é porque tenha dificuldade em o fazer na minha terra, mas porque não consigo olhar para a escadaria que me leva ao confessionário sem me sentir chamada a descê-la...
Lá em baixo, uma fonte belíssima onde as pombas brancas gostam de beber recorda-me as águas do Jordão, onde Jesus foi batizado:
"Tendo Jesus sido batizado, e estando em oração, o Céu rasgou-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba. E do Céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado; em Ti pus todo o meu agrado.»" (Lc 3, 21.22)
O som da água a borbulhar no abismo e o céu azul de Fátima contra o branco do santuário são suficientes para acordar esta necessidade intensa de purificação, de regresso à pureza da veste branca do meu batismo.
Desço, porque preciso de me humilhar diante do sacerdote, nomeando um a um os meus pecados, que tanto me envergonham e que tão importantes são para me fazerem entender o nada que eu valho.
Desço e, sob a terra, numa suave penumbra e num doce silêncio, peço perdão.
Então sim, Jesus estende-me a mão e diz-me com amor e com autoridade, como disse um dia ao paralítico, à menina morta, ao filho morto da viúva, ao cego, e a tantos outros com quem se cruzou na Galileia, na Judeia e na Samaria:
"Levanta-te!" (ex: Lc 7, 14)
E eu levanto-me, e regresso à Luz, e subo degrau a degrau, cheia de transbordante alegria, a escada que me devolve ao céu azul de Fátima e do amor de Deus...
Cá em cima, as pombas continuam a brincar ao sol.
Bem dizia S. João da Cruz: Para Deus, sobe-se descendo...
Senhor Jesus, quantas graças Te quero dar pelo sacramento da Confissão!
Num dos cruzamentos da estrada nacional, que todos os dias percorro, esteve durante toda a semana passada esta bela tenda branca:
Há quatro décadas que os peregrinos de Fátima encontram aqui uma sombra fresca, água abundante e os primeiros socorros necessários, especialmente todo o cuidado dos pés e das pernas. Os bombeiros de Anadia e outras pessoas de boa vontade disponibilizam-se todos os anos para este trabalho tão bonito e necessário de serviço aos peregrinos, e a tenda branca levanta-se na estrada como símbolo concreto e real do amor cristão. Na verdade, ao ver os peregrinos descalços, com os pés dentro de bacias de água, e os voluntários ajoelhados a seu lado, tratando as bolhas dos seus pés, não pude senão lembrar-me das palavras de Jesus:
"Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros."
(Jo 13, 14)
Pensei também na parábola do Bom Samaritano:
"Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele." (Lc 10, 33-34)
Foram estas imagens do verdadeiro amor cristão que inspiraram naturalmente o Papa Francisco e oferecer-nos uma imagem da Igreja - uma imagem nova, mas antiga, tão antiga quanto o Evangelho:
«Vejo com clareza que aquilo de que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração dos fiéis, a proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. É inútil perguntar a um ferido grave se tem o colesterol ou o açúcar altos. Devem curar-se as suas feridas. Depois podemos falar de tudo o resto. Curar as feridas, curar as feridas... E é necessário começar de baixo».(Entrevista à Revista Brotéria, Setembro 2013)
“Essa é a missão da Igreja, que cura e cuida. Algumas vezes, eu falei da Igreja como um hospital de campanha. É verdade: quantas feridas há, quantas feridas! Quanta gente que tem necessidade de que suas feridas sejam curadas! Essa é a missão da Igreja: curar as feridas do coração, abrir portas, libertar e dizer que Deus é bom, que perdoa tudo, que é Pai, é terno e nos espera sempre”. (Homilia de 5-2-15)
A tenda branca à beira da estrada, os peregrinos a caminho de Fátima...
A Igreja à beira da estrada da vida, e cada um de nós, peregrino a caminho da verdadeira Pátria...
Não tenhamos receio de nos aproximar da Igreja, de descalçar os sapatos e de deixar que nos cuidem das feridas. Não hesitemos em estender a mão para receber o alimento, beber da Água da Vida, recuperar as nossas forças! Os sacramentos que Jesus nos deixou são os remédios mais eficazes para quem peregrina pelas estradas da vida.
Depois, assim curados e alimentados, sejamos também nós capazes de nos ajoelhar diante do irmão e de lhe lavar os pés...
Ao longo destes últimos dias, a minha vista, durante os curtos trajetos de carro entre a casa, a escola e o colégio foi esta:
A fila de peregrinos foi constante e ininterrupta, ao longo de todo o dia. Caminhavam com alegria e entusiasmo, acenavam quando lhes sorriamos. Nestes dias que antecedem o dia treze, todos os caminhos parecem ir dar a Fátima.
Enquanto os via passar, sentia os olhos molhados. Durante toda a semana anterior, os meus alunos escuteiros trouxeram ao pescoço o lenço que os identifica, em homenagem aos dois jovens escuteiros falecidos no caminho de Fátima, no trágico acidente que vitimou cinco peregrinos, às quatro horas da madrugada. A morte não pareceu, contudo, assustar os peregrinos, que continuaram a caminhar, e que hoje, dia treze, devem estar cansados, transpirados, esgotados - felizes, louvando Jesus e Nossa Senhora, em Fátima.
O caminho dos peregrinos é frágil. Nele, a morte e a vida parecem separadas por um fino véu, por uma fração de segundo, por um passo a mais fora do tracejado.
Como o caminho dos peregrinos, também o caminho da vida é frágil. O perigo espreita a cada esquina, e a morte surge de improviso tantas e tantas vezes.
Porque não protege Nossa Senhora os seus peregrinos? Porque não protege Nosso Senhor os seus fiéis? E no entanto, o Evangelho assegura-nos:
"Nenhum passarinho cai por terra sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados." (Mt 10, 29-30)
Talvez a proteção divina seja um conceito bem diferente do nosso... Talvez Deus nos proteja e nos guarde, mesmo quando permite o mal, a doença, a morte... Talvez o amor de Deus seja tão grande, tão poderoso, tão infinito e tão profundo, que nada, nada mesmo, nem a morte, nem a doença, nem sequer o pecado sejam capazes de o beliscar. Talvez o verdadeiro perigo mortal não seja morrer à beira da estrada, mas caminhar nela sem amor...
Disse S. Paulo:
"Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?
A tribulação, a angústia, a perseguição,
a fome, a nudez,
o perigo, a espada?
Estou convencido de que nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os principados,
nem o presente, nem o futuro,
nem a altura, nem o abismo
nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus!"
(Rm 8, 35-39)
Depois de verem Nossa Senhora, os pastorinhos nada mais desejavam do que estar eternamente junto dela. Diz-se que a Irmã Lúcia, velhinha, no Carmelo de Coimbra, suspirava muitas vezes: "Mãe querida, disseste-me que tinha de ficar na terra mais um bocadinho... É a isto que chamas "mais um bocadinho"?" Um pequeno vislumbre do céu é suficiente para reorientar todas as prioridades de uma vida!
Não somos senão peregrinos nesta Terra, caminhando à beira da estrada em direção ao Céu. Que o nosso caminho seja feito de amor concreto, simples e alegre, como o caminho de tantos peregrinos de Fátima; e que a morte, ao colher-nos por fim numa qualquer curva da nossa peregrinação, não faça senão lançar-nos mais depressa na meta.
Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!
O dia um de maio foi um dia muito especial para o David: ia participar na sua primeira peregrinação anual de acólitos a Fátima! Acordou cheio de energia e, pelas oito da manhã, estava no Santuário, pronto para a viagem. Nós acompanhámo-lo com a nossa oração e o nosso amor, e ao longo do dia fomos imaginando os seus passos. Mas tivemos de esperar pelas oito horas da noite para escutar, da sua boca, o relato de um dia fantástico.
- Mãe, eram seis mil acólitos! Nem imaginas! Tantos, tantos!
- Deve ter sido lindo, David! Como foi na missa? Parecia um manto de neve na basílica, não?
- Sim, parecia mesmo! Tudo branco...
- E sentiste-te bem com o grupo? São todos amigos?
- Muito bem! As crescidas tomaram conta de mim.
- E sabes, mãe, os acólitos são muito animados. Fizemos brincadeiras e cantámos canções de Jesus!
- Mas o mais bonito foi a procissão do Santíssimo. Mãe, tu terias adorado! Eu sei que terias! Nem imaginas como foi bonito, dar a volta ao Santuário atrás de Jesus...
Enquanto escutava o David, pensava no Livro do Apocalipse:
"Depois disto, apareceu na visão uma multidão enorme que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão. E aclamavam em alta voz.
Ele disse-me: «Estes são os que vêm da grande tribulação; lavaram a suas túnicas e branquearam-nas no sangue do Cordeiro.»"
(Ap 7, 9.14)
O David ainda não tinha terminado:
- Mãe, o senhor padre pagou o almoço.
- Ai sim? Então trouxeste de volta os dez euros que te dei esta manhã?
- Não! Quer dizer, trouxe uma moeda.
- Uma moeda? Dois euros?
- Não! Cinquenta cêntimos. Toma!
E estendeu-me a moeda, muito orgulhoso. E antes que eu pudesse reagir, estendeu-me três embrulhos:
- Comprei presentes para o Dia da Mãe. Nem imaginas como são lindos! Eu sei que vais adorar. Abre, abre!
- Mas hoje ainda não é Dia da Mãe, David!
- Ah, mas são tão lindos, vais adorar!
Abri os presentes, depois de trocar um olhar divertido com o Niall e decidir interiormente dar em breve uma lição de economia ao meu filho. Os presentes, contudo, deixaram-me sem palavras:
Abracei o David com força, emocionada com o seu amor.
- Gostas, mãe?
- Lindo, David! Presentes lindos mesmo! Obrigada! Escolheste as prendas mais belas do mundo. Vou colocar o crucifixo e o terço com perfume de rosas na minha mesa de cabeceira, e o anjinho diante da fotografia do Tomás. Pode ser?
- Eu sabia que ias gostar!
- E não compraste nada para ti?
- Comprei. Comprei estes binóculos! O que eu queria mesmo comprar era um avião, mas achei que podia fazer um sacrifício, já que estava em Fátima. Assim comprei os binóculos, que foram mais baratos e fiquei com mais dinheiro para comprar as tuas prendas, e ainda pude oferecer o sacrifício.
Cancelei interiormente a minha lição de economia.
À noite, quem parecia uma criança era eu, adormecendo de terço na mão e com o crucifixo ao lado da almofada. Antes de fechar os olhos, pedi ao Senhor que mantenha sempre limpa a túnica interior do David; e se por acaso ele a sujar na lama do mundo, que tenha a simplicidade de a branquear de novo no Sangue do Cordeiro...
No blogue da Lena podem encontrar alguns vídeos e textos sobre este dia. Espreitem!
- Vou contar-vos uma história verdadeira, que descobri outro dia na net.
Estávamos todos sentados num prado florido, a fazer o nosso piquenique em Fátima. A toda a volta, milhares de flores pequeninas e os sons da primavera.
- Conta, mãe, o que foi?
- A história de um casal de imperadores...
- Imperadores?
- Sim, imperadores santos do século vinte.
- O quê?
- Um deles está sepultado, imaginem, na Ilha da Madeira. Sabiam que havia um imperador já beatificado, Carlos da Áustria, sepultado no nosso país?
- Nunca tal ouvi falar!
- Pois nem eu. Carlos e Zita casaram-se em 1911, e em 1914 eram imperadores do império austro-húngaro. Zita cuidava dos pobres desde pequenina. Clarinha, ela também gostava de costurar, como tu. Quando tinha mais ou menos a tua idade, pediu como presente de anos uma máquina de costura. Imagina para quê? Para fazer roupas para as crianças pobres!
- Que lindo!
- Carlos governou sempre com justiça, empregando todos os esforços para alcançar a paz, antes do rebentar da primeira guerra. Ficou conhecido como "O príncipe da paz". Ele e Zita tiveram oito filhos, que educaram na fé católica todos os dias da sua vida.
- Os imperadores tinham tempo para educar os filhos?
- Tinham. Zita ensinava-lhes o catecismo e preparava-os para os sacramentos; Carlos contava-lhes histórias da Bíblia. Vêem, como nós gostamos de fazer cá em casa! Todos os dias rezavam em família.
- E depois, que aconteceu?
- Depois veio a guerra, a queda do império, e o exílio. Em 1921, Carlos e Zita foram exilados na Madeira, primeiro sem os filhos, depois com permissão de terem os filhos com eles. Juntos, conheceram a pobreza e até alguma fome. Mas tudo aceitaram com alegria e simplicidade. Tinham sido ricos e felizes, agora eram pobres mas continuavam felizes, porque queriam acima de tudo cumprir a vontade de Deus. O povo madeirence levava-lhes leite e ovos para ajudar a alimentar as crianças. Eles aceitavam e sabiam que era Deus a cuidar deles. Entretanto, Zita estava grávida do oitavo filho...
- E depois?
- Carlos apanhou uma pneumonia. Naquele tempo não havia antibióticos, e Carlos ficou de cama, gravemente doente, até morrer. Morreu dois meses antes do nascimento da última menina. Morreu com os olhos fixos no Santíssimo, dizendo ora a Jesus, ora a Zita o seu amor por eles.
- Que triste!
- Durante o seu funeral, o povo aglomerava-se para tocar na urna e prestar a sua homenagem a um príncipe que consideravam santo.
- E Zita? Ficou só?
- Zita cuidou dos filhos sozinha, com coragem, numa vida de oração profunda. Dedicou-se aos pobres e às causas da paz, aos orfãos e aos soldados feridos durante a Segunda Guerra Mundial, e até ao fim da vida esteve envolvida em causas humanitárias. Quando o marido morreu, Zita tinha vinte e oito anos, imaginem! Nunca mais voltou a casar, e pouco antes de morrer alegrava-se com o pensamento de em breve voltar a ver o seu Carlos. Morreu em 1989. Há tão pouco tempo!
- E são santos?
- Carlos já é beato; Zita está em processo de beatificação. Em breve teremos um casal de beatos, queira Deus! Precisamos de muitos casais de santos.
- Porquê?
- Porque eles existem, e é preciso que a Igreja no-los dê a conhecer. Jesus disse:
"Não se acende uma lâmpada para colocar debaixo da mesa, mas sobre o candelabro, e assim iluminar todos os que estão em casa." (Mt 5, 15)
- Em História, nós falamos no Império Austro-Húngaro e na dinastia dos Habsburg, mas ninguém nos fala deste casal!
- Tens, razão, Francisco, e eu lamento imenso que não haja em Portugal um punhado de cristãos capazes de editar livros de História, Português, Inglês, Ciências e todas as disciplinas escolares a partir de uma visão cristã, dando a conhecer os santos e divulgando os valores cristãos. Estes manuais fazem falta nas escolas católicas! Esperemos que surjam um dia, como já surgiram nos E.U.A. e noutros países...
- Eu ia adorar, aprender sobre a vida dos santos nas aulas de História!
- Eu sei, Clarinha. Às vezes, ficamos com a ideia de que os imperadores e reis eram todos corruptos, e afinal havia - e há - santos entre eles. Tenho de investigar mais!
O piquenique estava muito saboroso, o sol brilhava, os sinos de Fátima tocavam as Ave-Marias, e os passarinhos cantavam no céu. A toda a volta, flores e mais flores...
Se quiserem ver um dos vídeos que eu encontrei na net, aqui fica: